Se testes com animais não são 100% conclusivos, mesmo assim não são melhores que nenhum teste?
Não estou dizendo pra fazer nenhum teste, mas que teste em animais não são o ideal.
Qual seria sua sugestão? Não fazer teste algum? Testar diretamente em humanos?
Eles já fazem isso, a segurança de medicamentos baseado em teste em animais são um conto de fadas que as pessoas querem ouvir.
Isso é, simplesmente, falacioso. Geralmente, a resposta para tal tipo de falácia varia de sim a não de acordo com a perspectiva da realidade ou da fantasia. Quer a segurança absoluta da fantasia? A resposta é sim, tal segurança é conto de fadas. Quer a resposta sóbria da realidade? Não, não é.
Eu não disse que os laboratórios ficam monitorando os remédios no mercado?
É claro que ficam! O mundo real é real. Alguma novidade nisto?
Veja, nem eles sabem direito o que estão vendendo, pegue uma bula qualquer e veja se acha algo assim "o mecanismo ainda é desconhecido", ou melhor ainda, veja se acha "os efeitos colaterais a longo prazo são desconhecidos".
Mas o mecanismo da ação sob a recomendação normalmente é conhecido. O que não é conhecido é o desconhecido nosso de todo dia. Quanto a efeitos de longo prazo, eu já vi advertências em bulas quanto a isso. Francamente, da indústria farmacêutica mundial vejo menos para reclamar que da média das instituições humanas.
Em alguns remédios eles só dizem qual foi a máxima dose cavalar que o ratinho aguentou e é comum remédios serem retirados do mercado porque se mostraram tóxicos em humanos posteriormente.
Que bom, não é mesmo? Seria melhor se os "institutos supercientíficos americanos" pudessem fazer essas análises teóricas para todos, mas, talvez, eles cobrem muito caro... Então, nos resta a nós, pobres mortais, fazermos nossos testinhos tupinikins de etapas 'cobaiais', sendo a última a própria máquina humana.
Mesmo as cobaias humanas, que ingerem o medicamento em um curto período de tempo, não podem garantir a segurança do remédio, principalmente esses aí de uso comum: aspirinas, analgésicos...
Nem a curto nem a longo, porque as máquinas humanas não são todas iguais e pode-se descobrir bem tardiamente que alguma substância produz efeitos indesejáveis só em alguns grupos bem restritos ou mesmo num só humano sobre a face da Terra. E o problema aqui é o de sempre, aquele mesmo que induz religiosidade: o ser humano exige perfeição absoluta, ou, melhor, atendimento absoluto de todos os seus desejos, mas não funciona assim a coisa.
Você esqueceu que só depois de muita gente morrer quando usou AAs quando estava com dengue é que a indústria farmacêutica alertou para os riscos de usar esse medicamento se tiver com dengue. E a talidomida? Só depois de muitos abortos e bebês deformados que descobriram os efeitos nocivos em fetos. Todos foram testados em animais, mas como as cobaias não vivem no mesmo ambiente que o nosso, não levam a nossa vida, esses efeitos colaterais não apareceram. Ou os ratinhos, vão trabalhar, casam, frequentam o shopping e comem em restaurante chique?
Bom, deixando a leveza divertida de lado, isso é simplismo demais. Não é porque "os bichinhos não vivem no mesmo ambiente e demais condições que humanos" (isso, certamente, tenta-se implementar reproduzir o máximo possível; talvez, como no exemplo da talidomida, não se tenha realizado testes sobre efeitos na prole em outros animais e talvez haja algum em que ocorra o mesmo ou similar efeito...; nunca é possível testar tudo, todas as possibilidades, mesmo antevê-las todas, indo-se aprendendo mais e mais) mas porque são diferentes mesmo. A próposito, eu ia escrever isso para os posts do Donatelo, que são tão completos que pouco se retoca, mas que peca num detalhe importante: a divisão classificatória abrupta 'claro-implícita' que ele faz na "fronteira humano/outros animais". Nem mesmo humanos são iguais a humanos e nem mesmo testes nestes são *jamais* conclusivos, definitivos; jamais, possivelmente, servem igualmente para todos, os mesmos medicamentos.
O ideal seria eles conhecerem bem a química e a biologia,
Sim, seria, ideal, inclusive, que é alcançado (sempre incompletamente) pela pesquisa experimental.
as universidades americanas dominam isso, sabem que proteína humana reage com qual remédio, qual remédio consegue passar por certos tecidos humanos...Sabem todo esse mecanismo, sem cobaias, só com conhecimento sobre bioquímica.
Juro por todo o profano do universo, fico surpresíssimo em ser informado de que a bioquímica (americana) está com tal tremendo grau de avanço... Mas incrível ainda é constatar como isso se integra bem com o fato de que "as indústrias monitoram constantemente os tratados" (claro, à exceção dessas indústrias americanas, que não precisam disso).
Os defensores de direitos de animais nos EUA são contra esses testes em animais,
E no Brasil ou em qualquer outro lugar tais respectivos "defensores" são a favor???...
não porque eles querem colocar a saúde de toda a humanidade em risco,
Ah, sim, uma condição especial...mente furada:
mas porque as pessoas comuns acham que teste em animais garante a segurança de remédios,
"Pessoas comuns"? As "pessoas comuns" nem pensam nisso, pelo menos não até uma palhaçada dessas.
e muitos institutos recebem dinheiro pra realizar esses testes, e fazem mesmo sem precisar.
Caramba... isso aqui... seria para "agradar" as "pessoas comuns" e fazê-las comprar ...aqueles medicamentos de que precisam e que são prescritos por profissionais de medicina?
Pérola que ouvi de um ativista num jornal televisivo (mais ou menos isso): "ninguém merece/aguenta ver um animal sendo tratado assim..."
Conclusão única que tiro: pelo menos para esse (embora eu já esteja exaurido de ver menções que expressam esse mesmo egoísmo), o que o perturba não é o suposto/possível sofrimento do animal em si mas o próprio de ver/saber o que se passa com ele. Não é diferente do que seria alguém alegar que, como não gosta de "ver sangue ou vísceras expostas", tem que invadir salas cirúrgicas para retirar os "carniceiros" de cima dos pacientes e carregá-los abertos para longe dos "carniceiros".
Podem se intitular e sentir como os paladinos maravilhosos que quiserem, de fato são frescos criminosos e nada mais, esses, para dizer o mínimo. Deveriam ser severissimamente apenados.