Alguém tem uma proposta viável para substituir os modelos animais em pesquisa pré-clínica ?
Tá, talvez no momento não tenha ainda uma alternativa melhor para
remédios novos que o teste em animais. E você (e todos os cardiologistas do mundo) terá que conviver (e lidar) com os efeitos colaterais de remédios que afetam/afetaram o coração de alguém permanentemente.
Vai saber quantos hipertensivos não são assim porque associaram um tipo de remédio com um tipo de dieta? E sem falar da arritmia, que é difícil de detectar pois, primeiro, ela tem que acontecer na frente do médico, e em caso de suspeita de arritmia ainda tem que usar um aparelhinho que mede os batimentos 24 horas por dia*, resumo, é meio difícil de detectar se ela não for grave. E terceiro, como você vai saber se não é o xaropinho pra tosse seca que o paciente andou tomando?
Antes de responder essa pergunta com...
"o paciente vai falar e eu vou saber", se o paciente é assim tão honesto então minha proposta pra remédios e efeitos desconhecidos dos que estão no mercado será de fácil aplicação. Quarto, como você vai saber que é xaropinho pra tosse seca? Se não aparecer um segundo paciente com essa coincidência, como você vai saber que é o tal remédio? Foi testado em animais, depois em humanos (esse é o filtro mais ruinzinho, pois é por um curto período de tempo e com uma amostragem pequena, se comparada aos ratinhos) , e a bula diz:
o mecanismo de ação desse medicamento não é totalmente conhecido...?
*Tenho uma família de
cardíacos. Entaõ apresente e fique rico porque qualquer indústria farmacẽutica vai querer usar sua alternativa já que manter um biotério é mais complexo , mais caro e mais instável que manter uma cultura de células.
Para novos medicamentos talvez não tenha, mas saber o que acontece se cai lidocaína no olho humano, se um remédio interage com outro, pra isso não precisa de animais em laboratório. Nós já temos 7 bilhões de animais que fazem esses
testes voluntariamente.
Vai dizer que nunca pode acontecer de (sei lá) a sujeita ir numa esteticista, a tal esteticista usa lidocaína nela, e de repente cai no olho, e a sujeita vai no oftamologista e conta o caso, ele vai examina e conclui
"é, lidocaína no olho não faz bem, vou te dar um remedinho e você volta em 15 dias pra fazer exames".
Ou seja, os médicos forneçam os dados desses casos, e criem um banco de dados eficiente, porque com certeza, repetem testes em animais que já foram feitos por outros grupos de pesquisa (com a mesma substância e mesmos parâmetros)e esses casos já aconteceram com humanos. E não to falando só de casos muito bizarros que viram estudo clínico e vão parar em revistas científicas da área, to falando de casos rotineiros onde esses dados possam ser consultados e cruzados. Sim, to falando do tal prontuário e histórico do paciente, disponível num grande banco de dados.
Mas aí o paciente tem que ser honesto, e num país onde recém formados só fazem diagnóstico de virose e parecem mais despreparados do que quando entraram na faculdade (aí assustam os pacientes, ficam julgando as más escolhas e levam o paciente a mentir), é meio difícil.
To falando isso por causos que eu conheço, onde a grande maioria diz
"não fale pro médico que você tomou isso, senão ele vai achar aquilo e não vai te tratar direito" ou
"nem adianta falar que você tomou isso porque ele só vai dizer que é virose e te dispensar sem nem te olhar na cara", ouvir isso é mais comum do que você imagina. Pode ser que você não seja assim, mas como o paciente vai saber? Essa confiança demora pra acontecer, por causa dos médicos-juízes do mercado. Por isso a população mais pobre (que não pode pagar médicos experientes) apoiou totalmente a vinda de médicos estrangeiros, porque acha que vai receber um tratamento humano melhor. Mais isso deve acontecer em qualquer país, pelo menos é o que mostra Greys Anatomy (essa parte é brincadeira) .
Conclusão: se os médicos facilitassem, haveria mais dados, e um monte de pesquisas em animais não precisariam ser feitas.
No exemplo que fiz um teste em animais teria que garantir que todos os animais utilizados fossem similares em todas as características previsiveis para evitar erros por heterogeneidade na amostra.
Mas não existe animal mais parecido com o humano do que o humano, nem o ratinho tem a fisiologia exatamente parecida com a nossa, como eu já disse, não pode ser coincidência o fato de um monte de remédios que causam problemas cardíacos passarem por esse filtro.
Como você explica (o lançamento do) Viagra? E a alteração da indicação de outros medicamentos, depois deles mostrarem um outro efeito que não foi verificado nem em testes in vitro, nem em animais, e nem
naquele teste em humanos.
E a pesquisa em animais ( assim como em humanos ) é submetida a uma regulação internacional que deve ser cumprida a risca sob pena de se perder todo o trabalho , além da credibilidade dos pesquisadores.
Mas precisa deixar os animais em meio a fezes e dormindo num ambiente claro? Estavam pesquisando o que? Os efeitos dos remédios para os presos de Guantanamo?
E nem vem falar que isso não existe, o laboratório só foi invadido porque temos uma polícia pateta, que não investiga nada direito, não resolve nem crimes cometidos contra humanos, tem credibilidade zero. Além da nossa legislação contra maus-tratos patética, que pune com cesta básica quem ensina os filhos a chutar yorkshires.
A legislação americana, só foi alterada (em relação a maus-tratos) porque começaram a invadir laboratórios, punir quem maltratava animais (tudo fora da lei). E foram essas invasões a laboratórios pra libertar animais (tem um documentário) que levou a comunidade científica a aplicar uma legislação para testes em animais super rígida, nesse aspecto de maus-tratos.
Foi só quando divulgaram imagens chocantes (dessas invasões nos EUA) que algo foi feito, em relação a ética na pesquisa em animais. Veja esse documentário, os videos divulgados por essas associações de direitos dos animais, meio que chocaram o mundo (civilizado pelo menos, mas é onde as pesquisas sérias são feitas, é onde está o investimento da indústria farmacêutica).
Se não existir o PETA fazendo coisas como afundar navios japoneses que caçam baleias, e os caçadores que caçam caçadores de animais na áfrica, ou outras atitudes extremas, a relação entre o homem e o meio ambiente nunca vai mudar. E aí quando de forma pacífica e educada, pelas vias legais e burocráticas fizerem alguma coisa aí não vai haver mais baleia no mundo, nem elefante, e teriam feito tantas coisas nos testes em animais que seriam tão chocantes quanto foi o... holocausto**... aí nunca mais aceitariam a possibilidade de testes em animais.
Apesar de ser vandalismo e ser feio, o mundo só mudou com isso, ou a Revolução Francesa foi bonitinha? E a Independência Americana? E o que a Inglaterra fazia com os navios negreiros*** (depois que decidiram que escravidão era crueldade)? Nenhuma mudança pra melhor foi feita pelas vias democráticas e educadas.
No Brasil que ainda tem o vício das oligarquias, corrupção e políticos
pegando helicópteros usados para acidentados e achando normal e legal , me pergunto, o que vai precisar acontecer pra mudar esse cenário? (De impunidade, polícia pateta e lenta, legislação ruim).
Se as vias legais e democráticas tivessem mostrado serviço essa invasão ao laboratório não teria acontecido.
**Deixa eu adiantar: Lei de Godwin
***Afundava