Autor Tópico: Ateísmo é fundamentado numa crença  (Lida 11762 vezes)

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Offline AlienígenA

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Re:Ateísmo é fundamentado numa crença
« Resposta #125 Online: 05 de Fevereiro de 2014, 21:25:19 »
Na verdade cara, a suspensão do juízo é um estado mental onde não construímos nem julgamento e nem mesmo opinião, sem opinião ou julgamento não existe uma crença, pois crença é uma opinião ou um julgamento acompanhado por uma convicção a considerar algo falso ou verdadeiro.   :ok:

Como assim se acredita na suspensão do juízo, em que sentido isso poderia ser colocado, o cético não acredita na suspensão do juízo, a suspensão do juízo é uma consequência da duvida, da irresolução de uma questão, da inquietação desta irresolução, desta cadeia de fatores chega-se a suspensão do juízo. (não há julgamento nem opinião a respeito de verdades).

Autoengano. Acredita-se que é possível não construir um julgamento ou mesmo não formar uma opinião, escapar das crenças instintivas.  :) 


Offline Skeptikós

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Re:Ateísmo é fundamentado numa crença
« Resposta #126 Online: 06 de Fevereiro de 2014, 00:31:03 »
Algo interessante sobre o ceticismo é que ele recebeu muitas criticas por não assentir ou considerar nenhuma verdade sobre nada. Diriam que por tanto estaria fadado a uma filosofia da inação, já que não podia se decidir por nada.

O cético não afirma verdades, de fato, nem decide que uma proposição é falsa e outra verdadeira, ele não diz por exemplo como as coisas são em si mesmas, mas em sentido prático, quando assim é necessário, ele diz como as coisas parecem a ele.

Para não viver uma vida de inação, após suspender o juízo sobre as questões que pretendiam dizer algo sobre como as coisas são em si mesmas, ele se comporta de acordo com a vida comum e prática, com base na experiência, principalmente, ele chega a conclusões que não se pode por exemplo dizer que o mel é doce em si mesmo, mas pode dizer que ele parece doce a ele, não pode dizer que a água mata a sede de fato, mas é assim que parece a ele, então quando ele esta com sede, com base na experiência e na prática, ele tomara água, quando quer comer algo doce, comera mel, e por ai vai.

O cético não diz por tanto que é categoricamente possível não julgar, não emitir opinião, ele diz que parece a ele, que ao menos para ele, é possível suspender o juízo diante de questões irresolutas. Ele por tanto não afirma uma verdade, ele descreve uma impressão pessoal.
"Che non men che saper dubbiar m'aggrada."
"E, não menos que saber, duvidar me agrada."

Dante, Inferno, XI, 93; cit. p/ Montaigne, Os ensaios, Uma seleção, I, XXV, p. 93; org. de M. A. Screech, trad. de Rosa Freire D'aguiar

Offline AlienígenA

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Re:Ateísmo é fundamentado numa crença
« Resposta #127 Online: 06 de Fevereiro de 2014, 22:31:48 »
Algo interessante sobre o ceticismo é que ele recebeu muitas criticas por não assentir ou considerar nenhuma verdade sobre nada. Diriam que por tanto estaria fadado a uma filosofia da inação, já que não podia se decidir por nada.

O cético não afirma verdades, de fato, nem decide que uma proposição é falsa e outra verdadeira, ele não diz por exemplo como as coisas são em si mesmas, mas em sentido prático, quando assim é necessário, ele diz como as coisas parecem a ele.

Para não viver uma vida de inação, após suspender o juízo sobre as questões que pretendiam dizer algo sobre como as coisas são em si mesmas, ele se comporta de acordo com a vida comum e prática, com base na experiência, principalmente, ele chega a conclusões que não se pode por exemplo dizer que o mel é doce em si mesmo, mas pode dizer que ele parece doce a ele, não pode dizer que a água mata a sede de fato, mas é assim que parece a ele, então quando ele esta com sede, com base na experiência e na prática, ele tomara água, quando quer comer algo doce, comera mel, e por ai vai.

O cético não diz por tanto que é categoricamente possível não julgar, não emitir opinião, ele diz que parece a ele, que ao menos para ele, é possível suspender o juízo diante de questões irresolutas. Ele por tanto não afirma uma verdade, ele descreve uma impressão pessoal.

Não há, portanto, suspensão de juízo. Ninguém está imune. Crer é o mesmo que ter uma impressão da realidade aparente, nos mais variados graus. Se deus te parece existir, você é teísta, se não, você é ateu. E mesmo que ora te parece existir ora não, não há suspensão de juízo, apenas alternância.  :) 

Offline Skeptikós

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Re:Ateísmo é fundamentado numa crença
« Resposta #128 Online: 07 de Fevereiro de 2014, 15:40:02 »
A diferença é que o cético considera suas impressões como simplesmente algo aparente, que só devem ser levadas em consideração caso possam produzir resultados práticos em sua vida.

Enquanto os dogmáticos consideram aquilo que é percebido por eles como verdadeiro ou real em si mesmo, independente se a conclusão possui sentido ou se agrega ou não uma utilidade pratica em suas vidas.

Como exemplo, a questão da existência de Deus que pelo fato do conceito ser entendido como algo transcendente, metafisico, sobrenatural, seja o que for, é infalseável, (não pode ser analisado pela lógica), e incognoscível (não apresenta evidências empíricas, e por isso não pode ser investigado empiricamente), e apesar disso ateus e teístas insistem em defender veemente seus pontos de vista como os detentores da verdade, apesar de nenhum deles poder provar alguma coisa se quer sobre o que afirmam.

E mesmo não podendo comprovar ou tirar algo de útil disso, eles se mantêm firmes sobre sua verdade enquanto o cético nestes casos simplesmente investiga de maneira crítica ambos os lados, não optando por nenhum deles, suspendendo seu juízo e neste caso sem tomar nenhuma impressão aparente já que as proposições tanto de um lado quanto do outro são destituídas de sentido e de utilidade prática para a vida comum.
« Última modificação: 07 de Fevereiro de 2014, 15:43:15 por Skeptikós »
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Offline Entropia

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Re:Ateísmo é fundamentado numa crença
« Resposta #129 Online: 07 de Fevereiro de 2014, 15:56:24 »
A diferenca é que essa pessoa não existe. O cético toma como verdade a afirmacão de que não se pode afirmar nada sobre a verdade, o que existe são apenas aparências. Logo o cético se contradiz e, portanto, não existe.

Offline AlienígenA

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Re:Ateísmo é fundamentado numa crença
« Resposta #130 Online: 07 de Fevereiro de 2014, 18:49:55 »
A diferença é que o cético considera suas impressões como simplesmente algo aparente, que só devem ser levadas em consideração caso possam produzir resultados práticos em sua vida.

Como a possibilidade de ir para o inferno caso não execute certos rituais, por exemplo?

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Enquanto os dogmáticos consideram aquilo que é percebido por eles como verdadeiro ou real em si mesmo, independente se a conclusão possui sentido ou se agrega ou não uma utilidade pratica em suas vidas.

Só que a conclusão possui sentido, agrega e tem utilidade prática.

Citar
Como exemplo, a questão da existência de Deus que pelo fato do conceito ser entendido como algo transcendente, metafisico, sobrenatural, seja o que for, é infalseável, (não pode ser analisado pela lógica), e incognoscível (não apresenta evidências empíricas, e por isso não pode ser investigado empiricamente), e apesar disso ateus e teístas insistem em defender veemente seus pontos de vista como os detentores da verdade, apesar de nenhum deles poder provar alguma coisa se quer sobre o que afirmam.

Só que ambos acham que podem provar alguma coisa, tanto os teístas com seus rituais, quanto os ateus com sua indiferença aos rituais. No mínimo, sobre os rituais.

Citar
E mesmo não podendo comprovar ou tirar algo de útil disso, eles se mantêm firmes sobre sua verdade enquanto o cético nestes casos simplesmente investiga de maneira crítica ambos os lados, não optando por nenhum deles, suspendendo seu juízo e neste caso sem tomar nenhuma impressão aparente já que as proposições tanto de um lado quanto do outro são destituídas de sentido e de utilidade prática para a vida comum.

Nada mais útil ao teísta do que dispensar parte do seu tempo com rituais, os mais diversos, já que acredita não só na existência de deus, mas na intervenção deste em suas vidas, enquanto para ateus é mais útil gastar seu tempo com outras atividades.

E o cético filosófico, fecha com Pascal ou gasta seu tempo com outras atividades? Vai depender das impressões, não?  :)


Offline Skeptikós

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Re:Ateísmo é fundamentado numa crença
« Resposta #131 Online: 07 de Fevereiro de 2014, 22:05:17 »
A diferença é que o cético considera suas impressões como simplesmente algo aparente, que só devem ser levadas em consideração caso possam produzir resultados práticos em sua vida.

Como a possibilidade de ir para o inferno caso não execute certos rituais, por exemplo?
Impressão seria de uma forma a influência sobre os órgãos dos sentidos, por tanto é aquilo que pode ser verificado empiricamente, a maioria, se não todas as teses religiosas sobre o inferno são metafisicas e/ou sobrenaturais, não podem ser investigadas empiricamente além de serem geralmente infalseáveis, o cético poderia considerar o conceito de inferno neste caso sem sentido e suspender por consequência o seu juízo sobre a questão sem precisar dar a ela nenhum significado aparente.

Enquanto os dogmáticos consideram aquilo que é percebido por eles como verdadeiro ou real em si mesmo, independente se a conclusão possui sentido ou se agrega ou não uma utilidade pratica em suas vidas.

Só que a conclusão possui sentido, agrega e tem utilidade prática.
Para haver sentido é preciso haver ao menos lógica, e a maioria, se não todas as teorias dogmáticas sobre a verdade absoluta ou não possuem lógica que sustente sua afirmação, e/ou não podem serem verificadas empiricamente, logo são destituídas de sentido.

Se possuí sentido mas não possuí utilidade prática, é desconsiderada pelo cético, ele suspende seu juízo sobre a questão.

Se a expectativa gerada pela crença em considerar a proposição verdadeira pode produzir uma influência nos resultados, ou seja, ela possui utilidade prática apesar de a proposição dogmática ser destituída de sentido, o cético pode isolar a expectativa que parece ser a responsável pela influência nos resultados, daquilo que pela proposição é definido como a causa do efeito produzido.

Neste caso a proposição se torna sem sentido novamente e apenas a expectativa passa a ser considerada útil (Novamente apesar da utilidade verificada, nenhuma verdade é afirmada).

[Estudos já comprovaram que a expectativa das crenças é capaz de produzir influência nos resultados independe da causa do resultado  imaginada na crença existir ou não de fato (exemplo: efeito placebo)]

Como exemplo, a questão da existência de Deus que pelo fato do conceito ser entendido como algo transcendente, metafisico, sobrenatural, seja o que for, é infalseável, (não pode ser analisado pela lógica), e incognoscível (não apresenta evidências empíricas, e por isso não pode ser investigado empiricamente), e apesar disso ateus e teístas insistem em defender veemente seus pontos de vista como os detentores da verdade, apesar de nenhum deles poder provar alguma coisa se quer sobre o que afirmam.

Só que ambos acham que podem provar alguma coisa, tanto os teístas com seus rituais, quanto os ateus com sua indiferença aos rituais. No mínimo, sobre os rituais.
Verdade, enquanto o cético ao analisar os ponto de vistas conflitantes não optaria por nenhum e suspenderia o juízo sobre a questão.

E mesmo não podendo comprovar ou tirar algo de útil disso, eles se mantêm firmes sobre sua verdade enquanto o cético nestes casos simplesmente investiga de maneira crítica ambos os lados, não optando por nenhum deles, suspendendo seu juízo e neste caso sem tomar nenhuma impressão aparente já que as proposições tanto de um lado quanto do outro são destituídas de sentido e de utilidade prática para a vida comum.

Nada mais útil ao teísta do que dispensar parte do seu tempo com rituais, os mais diversos, já que acredita não só na existência de deus, mas na intervenção deste em suas vidas[...]
O cético consideraria útil por exemplo, como no exemplo de milagres operados por Deus após preces de cura, não a crença de que deus pode curar, mas sim, pura e simplesmente a expectativa na cura.

Nada mais útil ao teísta do que dispensar parte do seu tempo com rituais, os mais diversos, já que acredita não só na existência de deus, mas na intervenção deste em suas vidas, enquanto para ateus é mais útil gastar seu tempo com outras atividades.
Sim, o teísta pode considerar útil a sua crença e práticas religiosas, e o ateísta igualmente útil a sua posição ateísta e o que sucede disso.

Mas o cético não consideraria tais crenças em absoluto, da maneira como estão elaboradas, úteis e necessárias para os resultados obtidos.

Sobre os rituais religiosos por exemplo, rituais possuem alguma utilidade de fato, mas as causas que explicam o sucesso de sua prática é que não é aceita pelo cético, esta é considerada sem sentido.

Por que?

A hipnose por exemplo é capaz de produzir sucessos semelhantes aos dos rituais religiosos, quando tratando problemas psicológicos (que os religiosos consideram problemas espirituais) de forma cientifica digamos assim, sem recorrer a explicações sobre-naturais (ou esotéricas) como  feito pelos religiosos.

Não que a hipnose esteja certa por recorrer a uma explicação mais cientifica para os fenômenos produzidos tanto pela hipnose quanto pelos rituais religiosos, e os religiosos errados por recorrer a uma explicação esotérica ou sobrenatural. Isso mostra apenas que a explicação que eles dão não necessariamente tem relação direta com o fenômeno manifestado e com os resultados produzidos (já que são contraditórias apesar parecerem produzirem os mesmos fenômenos e resultados).

Neste caso então o cético isola/elimina a parte teórica (a explicação do porque os fenômenos acontecem daquela maneira) que parece não influenciar nos resultados, da parte prática propriamente dita que parece ser aquela que influencia de fato os resultados.

E o cético filosófico, fecha com Pascal ou gasta seu tempo com outras atividades? Vai depender das impressões, não?  :)
O cético pode gastar seu tempo com outras atividades sim, o prazer, a alegria e outras sensações mais produzidas pela prática de atividades variadas além das filosóficas ou cientificas tem sua utilidade por exemplo, e ele pode escolher aquelas que lhe parecem ideais ao seu gosto, ele simplesmente não tentara explicar como as atividades que ele exerce são em si mesmas. hehe
« Última modificação: 07 de Fevereiro de 2014, 22:10:24 por Skeptikós »
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Offline AlienígenA

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Re:Ateísmo é fundamentado numa crença
« Resposta #132 Online: 07 de Fevereiro de 2014, 23:43:27 »
A diferença é que o cético considera suas impressões como simplesmente algo aparente, que só devem ser levadas em consideração caso possam produzir resultados práticos em sua vida.

Como a possibilidade de ir para o inferno caso não execute certos rituais, por exemplo?
Impressão seria de uma forma a influência sobre os órgãos dos sentidos, por tanto é aquilo que pode ser verificado empiricamente, a maioria, se não todas as teses religiosas sobre o inferno são metafisicas e/ou sobrenaturais, não podem ser investigadas empiricamente além de serem geralmente infalseáveis, o cético poderia considerar o conceito de inferno neste caso sem sentido e suspender por consequência o seu juízo sobre a questão sem precisar dar a ela nenhum significado aparente.

Assim como todas as teses religiosas sobre deuses. Logo, o cético filosófico, na prática, é como o ateu, vive como se não existissem deuses, já que estes não podem ser empiricamente verificados e não são falseáveis. Não há, portanto, suspensão de juízo, mas uma escolha clara.

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Enquanto os dogmáticos consideram aquilo que é percebido por eles como verdadeiro ou real em si mesmo, independente se a conclusão possui sentido ou se agrega ou não uma utilidade pratica em suas vidas.

Só que a conclusão possui sentido, agrega e tem utilidade prática.
Para haver sentido é preciso haver ao menos lógica, e a maioria, se não todas as teorias dogmáticas sobre a verdade absoluta ou não possuem lógica que sustente sua afirmação, e/ou não podem serem verificadas empiricamente, logo são destituídas de sentido.

Se possuí sentido mas não possuí utilidade prática, é desconsiderada pelo cético, ele suspende seu juízo sobre a questão.

Se a expectativa gerada pela crença em considerar a proposição verdadeira pode produzir uma influência nos resultados, ou seja, ela possui utilidade prática apesar de a proposição dogmática ser destituída de sentido, o cético pode isolar a expectativa que parece ser a responsável pela influência nos resultados, daquilo que pela proposição é definido como a causa do efeito produzido.

Neste caso a proposição se torna sem sentido novamente e apenas a expectativa passa a ser considerada útil (Novamente apesar da utilidade verificada, nenhuma verdade é afirmada).

[Estudos já comprovaram que a expectativa das crenças é capaz de produzir influência nos resultados independe da causa do resultado  imaginada na crença existir ou não de fato (exemplo: efeito placebo)]

Novamente, a postura é de quem não acredita em deuses.

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Como exemplo, a questão da existência de Deus que pelo fato do conceito ser entendido como algo transcendente, metafisico, sobrenatural, seja o que for, é infalseável, (não pode ser analisado pela lógica), e incognoscível (não apresenta evidências empíricas, e por isso não pode ser investigado empiricamente), e apesar disso ateus e teístas insistem em defender veemente seus pontos de vista como os detentores da verdade, apesar de nenhum deles poder provar alguma coisa se quer sobre o que afirmam.

Só que ambos acham que podem provar alguma coisa, tanto os teístas com seus rituais, quanto os ateus com sua indiferença aos rituais. No mínimo, sobre os rituais.
Verdade, enquanto o cético ao analisar os ponto de vistas conflitantes não optaria por nenhum e suspenderia o juízo sobre a questão.

Se o cético filosófico é indiferente aos rituais, na prática, vive como se não existissem deuses - portanto, como ateu.

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E mesmo não podendo comprovar ou tirar algo de útil disso, eles se mantêm firmes sobre sua verdade enquanto o cético nestes casos simplesmente investiga de maneira crítica ambos os lados, não optando por nenhum deles, suspendendo seu juízo e neste caso sem tomar nenhuma impressão aparente já que as proposições tanto de um lado quanto do outro são destituídas de sentido e de utilidade prática para a vida comum.

Nada mais útil ao teísta do que dispensar parte do seu tempo com rituais, os mais diversos, já que acredita não só na existência de deus, mas na intervenção deste em suas vidas[...]
O cético consideraria útil por exemplo, como no exemplo de milagres operados por Deus após preces de cura, não a crença de que deus pode curar, mas sim, pura e simplesmente a expectativa na cura.

E não havendo cura?

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Nada mais útil ao teísta do que dispensar parte do seu tempo com rituais, os mais diversos, já que acredita não só na existência de deus, mas na intervenção deste em suas vidas, enquanto para ateus é mais útil gastar seu tempo com outras atividades.
Sim, o teísta pode considerar útil a sua crença e práticas religiosas, e o ateísta igualmente útil a sua posição ateísta e o que sucede disso.

Mas o cético não consideraria tais crenças em absoluto, da maneira como estão elaboradas, úteis e necessárias para os resultados obtidos.

Sobre os rituais religiosos por exemplo, rituais possuem alguma utilidade de fato, mas as causas que explicam o sucesso de sua prática é que não é aceita pelo cético, esta é considerada sem sentido.

Por que?

A hipnose por exemplo é capaz de produzir sucessos semelhantes aos dos rituais religiosos, quando tratando problemas psicológicos (que os religiosos consideram problemas espirituais) de forma cientifica digamos assim, sem recorrer a explicações sobre-naturais (ou esotéricas) como  feito pelos religiosos.

Não que a hipnose esteja certa por recorrer a uma explicação mais cientifica para os fenômenos produzidos tanto pela hipnose quanto pelos rituais religiosos, e os religiosos errados por recorrer a uma explicação esotérica ou sobrenatural. Isso mostra apenas que a explicação que eles dão não necessariamente tem relação direta com o fenômeno manifestado e com os resultados produzidos (já que são contraditórias apesar parecerem produzirem os mesmos fenômenos e resultados).

Neste caso então o cético isola/elimina a parte teórica (a explicação do porque os fenômenos acontecem daquela maneira) que parece não influenciar nos resultados, da parte prática propriamente dita que parece ser aquela que influencia de fato os resultados.

Ou seja, como o ateu, busca explicações mais simples, com base na realidade verificável. Não recorre a deuses.

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E o cético filosófico, fecha com Pascal ou gasta seu tempo com outras atividades? Vai depender das impressões, não?  :)
O cético pode gastar seu tempo com outras atividades sim, o prazer, a alegria e outras sensações mais produzidas pela prática de atividades variadas além das filosóficas ou cientificas tem sua utilidade por exemplo, e ele pode escolher aquelas que lhe parecem ideais ao seu gosto, ele simplesmente não tentara explicar como as atividades que ele exerce são em si mesmas. hehe

Como se não existissem deuses.  :)

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Re:Ateísmo é fundamentado numa crença
« Resposta #133 Online: 08 de Fevereiro de 2014, 02:53:22 »
A diferença é que o cético considera suas impressões como simplesmente algo aparente, que só devem ser levadas em consideração caso possam produzir resultados práticos em sua vida.

Como a possibilidade de ir para o inferno caso não execute certos rituais, por exemplo?
Impressão seria de uma forma a influência sobre os órgãos dos sentidos, por tanto é aquilo que pode ser verificado empiricamente, a maioria, se não todas as teses religiosas sobre o inferno são metafisicas e/ou sobrenaturais, não podem ser investigadas empiricamente além de serem geralmente infalseáveis, o cético poderia considerar o conceito de inferno neste caso sem sentido e suspender por consequência o seu juízo sobre a questão sem precisar dar a ela nenhum significado aparente.

Assim como todas as teses religiosas sobre deuses. Logo, o cético filosófico, na prática, é como o ateu, vive como se não existissem deuses, já que estes não podem ser empiricamente verificados e não são falseáveis. Não há, portanto, suspensão de juízo, mas uma escolha clara.
Há uma atitude, que é suspender o juízo, mas não há um posicionamento como o do ateu de rejeitar ou o do teísta de aceitar a existência de Deus.

Imagine como seria se uma pergunta de sim ou não lhe fosse feita, e ao perceber que você não poderia chegar a uma conclusão, e impossibilitado de decidir, simplesmente se calasse, não optando nem por uma e nem por outra, é isso que o cético faz quando suspende seu juízo. não há uma posição racional, uma opinião ou julgamento, há uma suspensão de todas estas coisas, seguido de um estado de mente vazia.

Enquanto os dogmáticos consideram aquilo que é percebido por eles como verdadeiro ou real em si mesmo, independente se a conclusão possui sentido ou se agrega ou não uma utilidade pratica em suas vidas.

Só que a conclusão possui sentido, agrega e tem utilidade prática.
Para haver sentido é preciso haver ao menos lógica, e a maioria, se não todas as teorias dogmáticas sobre a verdade absoluta ou não possuem lógica que sustente sua afirmação, e/ou não podem serem verificadas empiricamente, logo são destituídas de sentido.

Se possuí sentido mas não possuí utilidade prática, é desconsiderada pelo cético, ele suspende seu juízo sobre a questão.

Se a expectativa gerada pela crença em considerar a proposição verdadeira pode produzir uma influência nos resultados, ou seja, ela possui utilidade prática apesar de a proposição dogmática ser destituída de sentido, o cético pode isolar a expectativa que parece ser a responsável pela influência nos resultados, daquilo que pela proposição é definido como a causa do efeito produzido.

Neste caso a proposição se torna sem sentido novamente e apenas a expectativa passa a ser considerada útil (Novamente apesar da utilidade verificada, nenhuma verdade é afirmada).

[Estudos já comprovaram que a expectativa das crenças é capaz de produzir influência nos resultados independe da causa do resultado  imaginada na crença existir ou não de fato (exemplo: efeito placebo)]

Novamente, a postura é de quem não acredita em deuses.
Na verdade é a postura de quem não se manifesta sobre o assunto, considera-o apenas sem sentido, e isso não implica que seja falso a proposição de que Deus existe (como defendida pelos ateístas), implica apenas que a existência ou não de Deus incapaz de ser resolvida, é desconsiderada pelo cético.

Como exemplo, a questão da existência de Deus que pelo fato do conceito ser entendido como algo transcendente, metafisico, sobrenatural, seja o que for, é infalseável, (não pode ser analisado pela lógica), e incognoscível (não apresenta evidências empíricas, e por isso não pode ser investigado empiricamente), e apesar disso ateus e teístas insistem em defender veemente seus pontos de vista como os detentores da verdade, apesar de nenhum deles poder provar alguma coisa se quer sobre o que afirmam.

Só que ambos acham que podem provar alguma coisa, tanto os teístas com seus rituais, quanto os ateus com sua indiferença aos rituais. No mínimo, sobre os rituais.
Verdade, enquanto o cético ao analisar os ponto de vistas conflitantes não optaria por nenhum e suspenderia o juízo sobre a questão.

Se o cético filosófico é indiferente aos rituais, na prática, vive como se não existissem deuses - portanto, como ateu.
O cético é capaz de reconhecer utilidade nos rituais caso eles produzam resultados positivos, ele é inerente apenas as partes que se retiradas da equação, sua falta não afetara o resultado (como as teorias explicativas esotéricas).

Mas a diferença fundamental sobre as questões esotéricas, religiosas e metafisicas é que o cético não opta  por nega-las como falsas, como por exemplo negar a existência de deus ou deuses (definidos por uma tese metafisica, esotérica e etc.), principalmente por isso ser improvável, enquanto o ateu rejeita veemente a existência de um deus, apesar de não poder provar sua inexistência.

E mesmo não podendo comprovar ou tirar algo de útil disso, eles se mantêm firmes sobre sua verdade enquanto o cético nestes casos simplesmente investiga de maneira crítica ambos os lados, não optando por nenhum deles, suspendendo seu juízo e neste caso sem tomar nenhuma impressão aparente já que as proposições tanto de um lado quanto do outro são destituídas de sentido e de utilidade prática para a vida comum.

Nada mais útil ao teísta do que dispensar parte do seu tempo com rituais, os mais diversos, já que acredita não só na existência de deus, mas na intervenção deste em suas vidas[...]
O cético consideraria útil por exemplo, como no exemplo de milagres operados por Deus após preces de cura, não a crença de que deus pode curar, mas sim, pura e simplesmente a expectativa na cura.

E não havendo cura?
Estudos parecem demonstrar que a expectativa de cura pode ajudar no processo de cura, mas não é garantia de cura, logo, não havendo cura, bola pra frente.

Nada mais útil ao teísta do que dispensar parte do seu tempo com rituais, os mais diversos, já que acredita não só na existência de deus, mas na intervenção deste em suas vidas, enquanto para ateus é mais útil gastar seu tempo com outras atividades.
Sim, o teísta pode considerar útil a sua crença e práticas religiosas, e o ateísta igualmente útil a sua posição ateísta e o que sucede disso.

Mas o cético não consideraria tais crenças em absoluto, da maneira como estão elaboradas, úteis e necessárias para os resultados obtidos.

Sobre os rituais religiosos por exemplo, rituais possuem alguma utilidade de fato, mas as causas que explicam o sucesso de sua prática é que não é aceita pelo cético, esta é considerada sem sentido.

Por que?

A hipnose por exemplo é capaz de produzir sucessos semelhantes aos dos rituais religiosos, quando tratando problemas psicológicos (que os religiosos consideram problemas espirituais) de forma cientifica digamos assim, sem recorrer a explicações sobre-naturais (ou esotéricas) como  feito pelos religiosos.

Não que a hipnose esteja certa por recorrer a uma explicação mais cientifica para os fenômenos produzidos tanto pela hipnose quanto pelos rituais religiosos, e os religiosos errados por recorrer a uma explicação esotérica ou sobrenatural. Isso mostra apenas que a explicação que eles dão não necessariamente tem relação direta com o fenômeno manifestado e com os resultados produzidos (já que são contraditórias apesar parecerem produzirem os mesmos fenômenos e resultados).

Neste caso então o cético isola/elimina a parte teórica (a explicação do porque os fenômenos acontecem daquela maneira) que parece não influenciar nos resultados, da parte prática propriamente dita que parece ser aquela que influencia de fato os resultados.

Ou seja, como o ateu, busca explicações mais simples, com base na realidade verificável. Não recorre a deuses.
Não como o ateu, porque o ateu considera as explicações verificáveis que ele conheceu como reais e verdadeiras, e o cético, as consideram apenas úteis (caso se mostrem na prática) e aparentes (como parecem a ele), não mais do que isso.

E o cético filosófico, fecha com Pascal ou gasta seu tempo com outras atividades? Vai depender das impressões, não?  :)
O cético pode gastar seu tempo com outras atividades sim, o prazer, a alegria e outras sensações mais produzidas pela prática de atividades variadas além das filosóficas ou cientificas tem sua utilidade por exemplo, e ele pode escolher aquelas que lhe parecem ideais ao seu gosto, ele simplesmente não tentara explicar como as atividades que ele exerce são em si mesmas. hehe

Como se não existissem deuses.  :)
É como se a questão da existência ou não de Deus não fosse relevante, ou foco de sua atenção.
« Última modificação: 08 de Fevereiro de 2014, 02:58:25 por Skeptikós »
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