A diferença é que o cético considera suas impressões como simplesmente algo aparente, que só devem ser levadas em consideração caso possam produzir resultados práticos em sua vida.
Como a possibilidade de ir para o inferno caso não execute certos rituais, por exemplo?
Impressão seria de uma forma a influência sobre os órgãos dos sentidos, por tanto é aquilo que pode ser verificado empiricamente, a maioria, se não todas as teses religiosas sobre o inferno são metafisicas e/ou sobrenaturais, não podem ser investigadas empiricamente além de serem geralmente infalseáveis, o cético poderia considerar o conceito de inferno neste caso sem sentido e suspender por consequência o seu juízo sobre a questão sem precisar dar a ela nenhum significado aparente.
Enquanto os dogmáticos consideram aquilo que é percebido por eles como verdadeiro ou real em si mesmo, independente se a conclusão possui sentido ou se agrega ou não uma utilidade pratica em suas vidas.
Só que a conclusão possui sentido, agrega e tem utilidade prática.
Para haver sentido é preciso haver ao menos lógica, e a maioria, se não todas as teorias dogmáticas sobre a verdade absoluta ou não possuem lógica que sustente sua afirmação, e/ou não podem serem verificadas empiricamente, logo são destituídas de sentido.
Se possuí sentido mas não possuí utilidade prática, é desconsiderada pelo cético, ele suspende seu juízo sobre a questão.
Se a expectativa gerada pela crença em considerar a proposição verdadeira pode produzir uma influência nos resultados, ou seja, ela possui utilidade prática apesar de a proposição dogmática ser destituída de sentido, o cético pode isolar a expectativa que parece ser a responsável pela influência nos resultados, daquilo que pela proposição é definido como a causa do efeito produzido.
Neste caso a proposição se torna sem sentido novamente e apenas a expectativa passa a ser considerada útil (Novamente apesar da utilidade verificada, nenhuma verdade é afirmada).
[Estudos já comprovaram que a expectativa das crenças é capaz de produzir influência nos resultados independe da causa do resultado imaginada na crença existir ou não de fato (exemplo: efeito placebo)]
Como exemplo, a questão da existência de Deus que pelo fato do conceito ser entendido como algo transcendente, metafisico, sobrenatural, seja o que for, é infalseável, (não pode ser analisado pela lógica), e incognoscível (não apresenta evidências empíricas, e por isso não pode ser investigado empiricamente), e apesar disso ateus e teístas insistem em defender veemente seus pontos de vista como os detentores da verdade, apesar de nenhum deles poder provar alguma coisa se quer sobre o que afirmam.
Só que ambos acham que podem provar alguma coisa, tanto os teístas com seus rituais, quanto os ateus com sua indiferença aos rituais. No mínimo, sobre os rituais.
Verdade, enquanto o cético ao analisar os ponto de vistas conflitantes não optaria por nenhum e suspenderia o juízo sobre a questão.
E mesmo não podendo comprovar ou tirar algo de útil disso, eles se mantêm firmes sobre sua verdade enquanto o cético nestes casos simplesmente investiga de maneira crítica ambos os lados, não optando por nenhum deles, suspendendo seu juízo e neste caso sem tomar nenhuma impressão aparente já que as proposições tanto de um lado quanto do outro são destituídas de sentido e de utilidade prática para a vida comum.
Nada mais útil ao teísta do que dispensar parte do seu tempo com rituais, os mais diversos, já que acredita não só na existência de deus, mas na intervenção deste em suas vidas[...]
O cético consideraria útil por exemplo, como no exemplo de milagres operados por Deus após preces de cura, não a crença de que deus pode curar, mas sim, pura e simplesmente a expectativa na cura.
Nada mais útil ao teísta do que dispensar parte do seu tempo com rituais, os mais diversos, já que acredita não só na existência de deus, mas na intervenção deste em suas vidas, enquanto para ateus é mais útil gastar seu tempo com outras atividades.
Sim, o teísta pode considerar útil a sua crença e práticas religiosas, e o ateísta igualmente útil a sua posição ateísta e o que sucede disso.
Mas o cético não consideraria tais crenças em absoluto, da maneira como estão elaboradas, úteis e necessárias para os resultados obtidos.
Sobre os rituais religiosos por exemplo, rituais possuem alguma utilidade de fato, mas as causas que explicam o sucesso de sua prática é que não é aceita pelo cético, esta é considerada sem sentido.
Por que?
A hipnose por exemplo é capaz de produzir sucessos semelhantes aos dos rituais religiosos, quando tratando problemas psicológicos (que os religiosos consideram problemas espirituais) de forma cientifica digamos assim, sem recorrer a explicações sobre-naturais (ou esotéricas) como feito pelos religiosos.
Não que a hipnose esteja certa por recorrer a uma explicação mais cientifica para os fenômenos produzidos tanto pela hipnose quanto pelos rituais religiosos, e os religiosos errados por recorrer a uma explicação esotérica ou sobrenatural. Isso mostra apenas que a explicação que eles dão não necessariamente tem relação direta com o fenômeno manifestado e com os resultados produzidos (já que são contraditórias apesar parecerem produzirem os mesmos fenômenos e resultados).
Neste caso então o cético isola/elimina a parte teórica (a explicação do porque os fenômenos acontecem daquela maneira) que parece não influenciar nos resultados, da parte prática propriamente dita que parece ser aquela que influencia de fato os resultados.
E o cético filosófico, fecha com Pascal ou gasta seu tempo com outras atividades? Vai depender das impressões, não?
O cético pode gastar seu tempo com outras atividades sim, o prazer, a alegria e outras sensações mais produzidas pela prática de atividades variadas além das filosóficas ou cientificas tem sua utilidade por exemplo, e ele pode escolher aquelas que lhe parecem ideais ao seu gosto, ele simplesmente não tentara explicar como as atividades que ele exerce são em si mesmas. hehe