Recentemente algumas alegações de que mulheres são minorias seguindo carreira acadêmica de pesquisa avançada nas universidades, apesar de serem maioria na iniciação cientifica, se dava pelo fato de estas estarem a abandonarem suas carreiras por causa de assédios sexuais praticados por seus colegas homens. No entanto, nenhuma evidência e/ou lógica fundamentada que desse suporte a esta alegação foi apresentada, restando a ela apenas o caráter de suposição infundamentada. Não obstante, saiu neste mês na revista Você S/A, a noticia de um estudo que refuta a alegação acima, e explica o por quê das mulheres irem diminuindo sua participação na comunidade científica conforme quanto mas avançada for a carreira.
Menos saias na ciênciaTexto de Cibele Reschke;
Publicado em Você S/A, ano 17, nº 8, p. 20;
Agosto de 2014.
Um estudo da organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) revelou que apenas 30% das cientistas do mundo são mulheres. O levantamento mostra que, embora elas já sejam maioria na graduação, a maior parte das alunas deixa os estudos antes de atingir o nível necessário para se tornar pesquisadora. A dificuldade em conciliar carreira e família é uma das principais causas para a baixa presença delas no mestrado ou no doutorado. Leia sobre a situação no Brasil nesse cenário.
- No Brasil o número de pesquisadores homens e mulheres é equilibrado. Segundo o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnlógico, 52% dos 128600 cientistas são mulheres. Entretanto, a proporção de mulheres vai diminuindo quanto mais avançada for a carreira.
- Na iniciação científica, as mulheres correspondem a 56% dos pesquisadores. Nas bolsas de produtividade, cedidas a pesquisadores seniores, a parcela de mulheres cai para apenas 36% do total.
- Enquanto os homens conseguem bolsas de produtividade entre 45 e 54 anos, para as mulheres isso acontece entre 50 e 59 anos. As faixas menos contempladas coincidem com a idade fértil, evidenciando o dilema das pesquisadoras de ter de escolher entre carreira e família.
O artigo acima, com base no estudo citado, concluí que, assim como no caso da divergência salarial, no caso da ciência não é diferente, a representação feminina é menor não por motivos de discriminação de gênero, e muito menos de assédios sexuais, e sim por causa das próprias escolhas que as mulheres fazem. Como visto, para a maioria das mulheres, o dilema da carreira e da família ainda é uma constante, e boa parte delas abandonam a carreira por um tempo, para que possam dedicar tempo e cuidado à família, diminuindo por consequência a representação feminina na ciência.