As estatísticas com certeza vão indicar isto, mas não implicam que homens têm mais interesse por tecnologia que mulheres per se, e o mesmo vale para quase todos os outros ítens do texto, imagino (li rápido, estou com pressa); as normas de gênero que as mulheres ainda são submetidas (ainda mais no Brasil) que causam estas correlações, provavelmente.
https://www.youtube.com/v/G0J9KZVB9FMSe você não assistiu ainda, este vídeo foi postado por mim em outro tópico e fez imenso sucesso por lá.
E eu expliquei no tópico em que o postei pela primeira vez: fez extremo sucesso na Noruega também, o sujeito que apresenta o doc é um humorista famoso por lá, mas é formado em Ciências Sociais, este doc passou no canal mais importante da Noruega e após a sua exibição a população norueguesa, revoltada com o que aparece no vídeo e convencida de que o que se fazia no instituto (estatal) de estudos de gênero que aparece no vídeo não podia ser chamado de Ciência, forçou o Estado a interromper as suas atividades, o que foi feito.
Meu, dar um salário inferior a uma mulher baseado em estatísticas é o mesmo que parar um ônibus e só revistar os negros por causa de estatísticas. É discriminação por causa do gênero/raça, ué.
Dar aos homens mais horas de trabalho em atividades mais pesadas em lugares menos confortáveis apenas porque ganham mais é o quê?
Leia as duas frases a seguir:
"Mulheres estatisticamente ganham menos porque trabalham menos horas, em atividades mais leves, blablabla..."
"Mulheres ganham menos porque estatísticamente trabalham menos horas, em atividades mais leves, blablabla..."Não é que as duas frases digam coisas diferentes, é que elas talvez criem na sua cabeça ideias diferentes sobre uma mesma coisa.
Se você planificar todas as variáveis listadas pelo texto acima o que você provavelmente vai ter é pessoas ganhando a mesma coisa independente do gênero: se você tiver uma mulher formada em engenharia ambiental pela UFRJ nas turma de 2012/2 que desde formada trabalha numa mesma empresa, cargo, função, sala... que um colega do sexo masculino formado pela UFF 2012/2 eles muito provavelmente ganharão o mesmo.
Na verdade o mercado não pergunta o gênero para definir o salário: ele pergunta o número de horas trabalhadas, a especificidade do serviço, o turno de trabalho, o quanto aquela profissão tem de gente habilitada nas filas de emprego...
Acontece que calha de as mulheres optarem (por um monte de variáveis, inclusive a questão de ser dona de casa, mas o empregador não pergunta sobre isso, assim como ele não pergunta sobre se o homem tem uma menor formação porque começou a trabalhar forra muito mais cedo) por trabalhar menos horas, em atividades mais confortáveis, et cetera...
Ou eu não sei se fui eu quem não pesquei seu ponto: talvez eu tenha passado a impressão de achar que as reclamções pontuadas pelo Barata são verdadeiras, ou seja, que mesmo quando trabalham com todas as variáveis idẽnticas elas ganham menos por conta das estatísticas.
Não, isso é falso, as alegações sobre isso vem sempre de dados bogus em que se controla apenas uma das variáveis e deixa-se escapar propositalmente as demais: exemplo, já li uma pesquisa que se baseava apenas nas profissões (uma das variáveis) para chegar a esta conclusão, então eles pegaram os salários médios de enfermeiros homens e mulheres, engenheiros homens e mulheres, biólogos, administradores, psicólogos... e viram que nas mais diversas formações embora a diferença não fosse mais tão grande (saia da casa dos 30% e descia para uns 10%, óbvio, uma importante variável que tem forte correlação com outras, tinha sido controlada) os homens ainda ganhavam mais, logo os homens ganham mais mesmo fazendo a mesma coisa,
certo? Errado. Errado porque possivelmente estes engenheiros, médicos, biólogos não faziam as mesmas coisas, eles só tinha a mesma formação, não tinham a mesma carga horária ou mesmo ambiente de trabalho, é provavel que os biólogos homens exercessem mais ocupações de campo como coletas para estudos em herpetologia (sapo, cobra, jacaré...), realizadas em mata densa sob condições climáticas nem sempre confortáveis, frequentemente à noite (os bichos não são como aparelhos de laboratório, que trabalham quando o biólogo quer) e sob ameaça constante de bater de frente com animais perigosos, exigindo frequentes e grandes deslocamentos... enquanto as mulheres exercessem mais trabalhos laboratoriais como análises clínicas em uma sala com ar condicionado a quatro quarteirões de casa numa carga horária fixa e enxuta em que embora exista um risco de contaminação por patógenos não é nem de perto comparável aos riscos vindos de se embrenhar na mata...
São ambos trabalhos de biólogo, mas nem de longe são fazer a mesma coisa. E numa pesquisa não bogus tudo isto tinha que ser correlacionado. Você não espera que alguém estude no mínimo 4 anos para depois se submeter a ficar pulando de reserva florestal em reserva florestal catando jacaré e cobra debaixo de sol e chuva pra receber a mesma coisa que outra pessoa que estudou a mesma coisa no mesmo tempo para ficar conferindo os números que uma maquininha mostra quando se coloca um frasquinho lá dentro, espera?