Pense que num game as mulheres são modeladas. Não é uma questão de colocar roupas comportadas, mas de construir as mulheres para serem excessivamente sexualizadas, com muita roupa ou não. Isso não vai corromper a juventude, mas seria melhor as mulheres nos games serem mais interessantes de outras maneiras também.
Dificilmente a gente se preocupa com isso quando temos menos de 20 anos, mas hoje eu acho infantil ver personagens estereotipadas ou sexualizadas demais.
Mas É "infantil" (ou melhor, adolescente).
Por isso mesmo é assim, para vender para garotos adolescentes. Criações com outros públicos-alvos terão apelos diferentes, respectivos ao que se supõe que os atraia.
Eu por exemplo gosto de jogos de luta e estou acompanhando as notícias sobre o novo King of Fighters. Algumas lutadoras novas só estão lá para preencher certas cotas de fetiches dos japoneses, como esta daqui:
Ela não tem o menor perfil de uma lutadora. Parece que pegaram uma apresentadora infantil e colocaram no game. Acho um puta desperdício isso. E ela nem é sexualizada, mas cai no ridículo pelos excessos e pela bizarrice.
Já no Street Fighter a minha personagem feminina favorita é a Makoto, que muitos desavisados acham até que ela é um menino no game:
E o motivo de eu gostar dela é justamente por ela ser realista e "casca grossa", uma exímia lutadora de karatê que convence e tem golpes legais.
Mas tive que esperar décadas para aparecer uma assim no meio das lutadoras top models desse tipo de game.
Bem, do que eu me lembro do King of Fighters, mais da metade dos personagens masculinos também se pareciam mais com modelos emos do que algo no perfil de "lutadores":
Uma ou duas apenas estão mais para o "sexualizado" (uma de roupas menores e uma de saia curta), o resto está bem dentro do nível médio masculino, e razoavelmente distribuído por quase todos os "tipos" no contínuo modelo-lutador. Só não tem diferença proporcional de tipo físico, alguma mulher mais excepcionalmente gorda ou musculosa (se a pessoa loira de "top" com abdome musculoso de fora não for mulher; se for, é uma aproximação razoável), nem em
topless.
De qualquer forma... as empresas devem fazer suas criações mais ou menos de acordo com o que pensam que será a predileção da demanda. Não sei se desvios nesse sentido que você particularmente prefere chegariam a ser negativos, ou muito inferiores a algo no sentido contrário, para o "mesmo" investimento (mas já vi reclamações feministas de que os homens acham que já tem mulheres demais num jogo quando são ainda apenas algo como duas em dez; não sei se bate com a realidade da aceitação). Acho que quem preferiria as coisas de um jeito ou de outro tem todo direito de se manifestar/cobrar e tal (e talvez parte do público masculino se manifeste contrariamente de forma vocal -- ironicamente talvez mais agora com a reação a essa linha de críticas, do que se jogos diferentes vissem "do nada"), mas isso já acaba fugindo completamente da linha de crítica feita por Sarkeesian e sarkeesianetes, que é de sugerir influência comportamental-ideológica-sexual deletéria em jogos, geralmente jogos destinados a adultos, e não um mero "poderia haver jogos mais legais assim e assim", ainda que ela tente um pouco ir por aí também (não sem contradições, segundo os críticos).
Agora eu não me lembro ponto a ponto de cada colocação e não vou rever o vídeo, mas não tive essa impressão de que ele tenha tentado "negar o apelo sexual", mas sim de negar que isso seja o foco principal do jogo e algo dramático/danoso como ela coloca.
Eu nem vi o vídeo inteiro. É cansativo demais porque ele não resume o que quer dizer. Eu só vi a primeira metade onde ele tenta justificar de todas as formas que a Lara não foi feita para ser sexualizada e mostrar a bunda é só uma coincidência, pois a ideia seria mostrá-la de costas, como fazem com o Mario (o que é falso).
Eu não sei se é "tão" falso, nem se é "tão" presente a afirmação de que não tem nada de "sexualizado". Me lembro de em algum momento ele ter falado algo como que os moleques não compram para se masturbar, "a reação do jogador de vídeo game médio -- coisa que você não é -- é apenas, nossa essa Lara Croft tem um traseiro e tanto hein
nossa mas que louco esses monstros agora, pula ali, naquele barranco, segura na corda, vai!".
Ao mesmo tempo tem também jogos com bundas masculinas em proeminência equivalente, que nem devem estar lá para tentar fisgar um pouco de um nicho "gaymer" ou feminino.
Ou seja, bundas podem aparecer tanto apenas pelo aspecto "funcional", quanto de apelo sexual. Não é porque tem bunda à vista que isso é o centro do jogo (a não ser que seja, que poderá ser o caso em jogos para maiores).
Diga-se de passagem, parece que a idéia original era que fosse "Larry Croft" o tomb raider, mudado para se distanciar de Indiana Jones. Então é possível que essa visão de jogo já antecedesse ser uma mulher. Se bem que pode talvez até ter influenciado a mudança, de qualquer forma...
Veja bem, eu não acho que sexualizar uma personagem seja ruim (eu acho bem legal, aliás), mas não se pode negar que a sexualização existe ou que seja proposital.
Acho que ele não negou exatamente, e inclusive deve ter dito algo como que ele gostaria, como bissexual, que houvesse mais sexualização masculina, que admitiu ser bem inferior. Em um exemplo de uma capa de jogo que dava destaque à bunda de uma persoangem feminina, ele ironizou algo sobre não se ver equivalente "masculino", num mundo onde os jogos devem ter o público mais de 90% masculino. "Não vai levar essa merda aqui não, moleque", e o pai dá um tapa na nuca do moleque para ver se ele vai se corrigindo desse caminho.
A Anita reconhece que existe e todo mundo acha que ela é louca e ainda tentam negar isso, que é absurdo e etc. Mas no fundo a Anita critica o fato de colocarem a sexualização das personagens na frente da personalidade na maioria dos games, e isso é fato.
A crítica dela não se resume a isso, que é um detalhe insignificante dentro do seu discurso, detalhe com o qual deve haver concordância próxima de 100% numa versão amena ("jogos raramente tem um desenvolvimento de personagem comparável ao das melhores obras literárias e cinematográfias; os femininos sendo largamente apenas fonte de apelo sexual"). O discurso dela é de que esses jogos (mesmo sendo para adultos ou adolescentes) são muito nocivos, fazendo os jogadores objetificarem e desrespeitarem as mulheres, até mesmo quando o objetivo do jogo é salvá-las (elas são um "objeto" a ser salvo).
Tanto é que a Lara atual é bem mais humana e carismática que a antiga versão bunduda e peituda.
Mas agora é para maiores de 18 anos, não para adolescentes.