E diferença de comportamento dos manifestantes, haveria?
Não sei como as coisas se deram em São Paulo, mas diferença de tratamento existe e eu sou testemunha ocular disto.
Em 2013 estava na Av. Presidente Vargas, no Rio, em uma manifestação linda. Sem querer ser piegas quase comovente: famílias, crianças, pais com seus filhos, estudantes, executivos, donas de casa, todas as classes sociais representadas em uma multidão absolutamente pacífica. Apesar da concentração de prédios e estabelecimentos comerciais nenhum ato de vandalismo era registrado.
Mas a Globo, na véspera, tinha utilizado seus telejornais noturnos para fabricar notícias sobre protestos violentos e atos de vandalismo. Não que não possam ter ocorrido, mas a tônica dos telejornais era a de focar casos muito pontuais e dar a impressão que o caos havia se instalado por meio de vândalos atuando selvagemente na cidade.
Uma mentira tão descarada, que gerou tanta revolta nas redes sociais, que tiveram que mudar de tom no dia seguinte.
Mas voltando para a manifestação na Pres. Vargas...
Para quem não conhece o Rio de Janeiro a foto abaixo mostra apenas um trecho da avenida, que é imensa.

Estava eu lá pela altura da Central do Brasil, mais ou menos no metade da Presidente Vargas, que estava tomada de ponta a ponta naquele dia. Como eu disse em um clima quase de Woodstock: bom humor, famílias com filhos pequenos, muita gente colando seus cartazes improvisados de última hora. Não vi nenhum líder político, nenhuma bandeira de partido.
De repente, lá pela altura da Cidade Nova, em uma das extremidades da avenida começou uma confusão com os imbecis dos black blocks. Ao longe dava para ver o incêndio, talvez de um carro ou de uma banca de jornal.
O pretexto que eles precisavam e esperavam. O batalhão de choque imediatamente começou a descer toda a avenida com violência, agredindo e lançando bombas em cidadãos comuns. Porém o mais absurdo é que foi uma ação coordenada demonstrando que a estratégia a ser utilizada já havia sido estabelecida: ao mesmo tempo, sincronizadamente com a tropa que descia a avenida empurrando os manifestantes em direção à Candelária, grupos lançavam bombas nas ruas transversais, impedindo que a multidão se dispersasse, encurralando uma massa cada vez mais compactada na avenida.
O objetivo claramente não foi dispersar, mas causar pânico, desestimular novas manifestações, mesmo pondo em risco a vida das pessoas.
Fiquei encurralado e subi em um muro de um laboratório de exame de imagens com medo de ser pisoteado pela multidão que retrocedia. Ao mesmo tempo, preso ali, estava cada vez mais próximo de ser atingido pelas bombas. Pensei em pular para dentro do estacionamento da clínica, o que poderia me deixar definitivamente encurralado. Milhares de pessoas se viram em situação semelhante, imagine pais que estavam com seus filhos...
Milhares de pessoas são testemunhas e podem confirmar o que eles fizeram nesse dia.
Muito diferente do tratamento que estas manifestações patrocinadas estão recebendo agora.