Se o critério usado for o de discriminação estatística a partir de fatores sócio-econômicos, Thomas Sowell já demonstrou em seus estudos que ele é extremamente falho.
Eu fico um pouco com um pé atrás com as coisas dele depois de tê-lo visto citar sem o menor senso crítico alguém como Limbaugh ou Inhofe contra o aquecimento global.
No entanto, os negros que pegam estas vagas, são aqueles negros que tiveram educação de qualidade e/ou que teriam condições ou de passarem numa federal por conta própria (competindo de igual para igual no sistema de seleção tradicional), ou teriam condições de pagarem pelos seus estudos. Mas pelo fato de ter surgido uma oportunidade mais fácil, eles embarcam nela. Logo, aqueles que realmente precisariam das cotas, acabam ficando de fora, e os poucos que conseguirem passarem, acabam não conseguindo se formarem, devido a sua dificuldade de acompanhar o alto nível universitário, tudo isso graças a educação inferior que receberam durante toda sua vida na rede pública. Neste ponto, discriminação estatística é inviável.
Também sou desconfiado das estatísticas oficiais, mas acho que já foi dito que isso não se reproduziu no Brasil, nas cotas para faculdade. É possível, simplesmente por sorte, que a maior parte dos cotistas simplesmente fosse suficientemente capacitada (tendo ou não tido melhores condições anteriores do que o resto do grupo que justifica o benefício da cota), e especulo eu, esses critérios de cota talvez acabem até servindo como processo "seletivo" grosseiro de maior empenho (apesar do estereótipo de pobre como vagabundo).
Se o critério for cultural, ou seja, promover o convívio maior entre negros e brancos e ambiente acadêmico, criando uma nova imagem para o povo negro, e a perda do preconceito através do convívio mútuo. Falha mais uma vez, e por vários motivos:
Isso seria realmente idiota. Como se a maior parte do racismo viesse do meio acadêmico ou mais esclarecido em geral.
Eu simplesmente não acredito na sinceridade de um motivo como esse exposto, e acho difícil acreditar que alguém acredite. É só uma tentatíva pífia de maquiar o populismo de forma mais atraente, para engrossar os pontos positivos da noção mais míope de estar se "promovendo a igualdade racial", e depois poder se vangloriar de "N mais negros nas universidades", "enquanto antes, o lugar do negro não era na universidade".
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Segundo, se de fato o objetivo é acabar com o preconceito, o melhor caminho é fazer isso na infância
Eu acho que de qualquer forma mais negros em posições/profissões de prestígio tem um efeito sobre o desenvolvimento de estereótipos na infância. Se existem no mundo pequenas localidades onde os negros estão em posições mais ou menos iguais às dos brancos, não devem se reproduzir os efeitos de alguns testes psicológicos
em crianças que classificam mais como "brancos" os fenótipos intermediários vestidos de terno, e de "negros", os vestidos como operário.
http://www.sciencedaily.com/releases/2011/09/110926173121.htmAchava que era algo que se observou em crianças, mas acho que foram adultos. Deve de qualquer maneira começar na infância.
De qualquer forma, para essas coisas de imagem influenciando estereótipos e expectativas, acho que programas/políticas de "imagem" mesmo seriam muito melhores. Acho que já se falou de "cotas para atores", que eu acho que seria mais efetivo nesse sentido (se os papéis não forem também estereotipados), e também poderia haver alguma campanha de imagem contra o bad-boyzismo/gangstazismo, de diminuir o glamur da bandidagem e imagem associada. Mas o segundo é extremamente improvável de vir de qualquer governo recente, que prefere abraçar isso como uma "expressão cultural" que merece ser igualmente valorizada.
Seria por tanto, mais inteligente criar-se cotas para negros estudarem em escolas primárias, ao invés de em universidades, teriam não só uma educação de qualidade, que prepararam eles para prestar vestibular nu futuro (e se formarem com louvor), como promoveria o convívio com jovens brancos de classe média (com o objetivo de acostuma-los a verem o negro como um igual em capacidade).
Mas o ideal mesmo, como todos aqui sabem, é promover ensino de qualidade para todos, desde a base. Promovendo um ambiente atraente para todos, negros e brancos, pobres e ricos, buscariam ambos as escolas públicas para terem o melhor ensino, equilibrando as oportunidades, visto que ambos estariam recebendo educação de qualidade, e reduziriam os preconceitos, graças ao fato de conviverem juntos.
Abraços!
É o ideal, mas longe de ser o necessário para se eleger com base em populismo. Na verdade, é mais fácil você se eleger se colocando como contra algo que melhora a educação do país e que pode ser facilmente eliminado -- como a progressão continuada -- se for fácil usar a aparência superficial para caracterizar isso como um grande problema causado pelo opositor.
E de fato tem discursos assim, acho que compartilhados pelo PT e PSDB, ainda que talvez vindos principalmente do PT.
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Primeiro, até que ponto vale apena sacrificar o tempo e o esforço de uma pessoa apenas para coloca-la como figurante num ambiente universitário, para fazer bonito, digamos assim (hó, olha como minha universidade é diversificada, tem tanto negros quanto brancos)? Figurante e sacrifício pois esta pessoa evidentemente não terá condições de se formar.
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Esta é fácil de responder.
Nos projetos destes esquerdistas possivelmente deve estar incluído algo do tipo "negros não precisam de avaliação, podem obter o diploma ao findar o curso".
Afinal de contas, avaliações de qualidade e de mérito são coisas da burguesia preconceituosa.
Me pergunto se diferentes graus de conclusão do curso, nada inesperado (apesar de não ser também conseqüência necessária) como decorrência de cotas que reduzem os critérios de admissão iniciais, não vão acabar também gerando um discurso de vítima/acusações de discriminação no processo de avaliação, ou no decorrer do curso, e sendo proposta uma "cota de aprovação", para que a aprovação de pessoas de todas as raças, sexos, e classes sociais seja a mesma, que seria o "esperado" de cursarem nas mesmas salas, na cabeça de quem acha que os critérios de admissão não servem para nada.