Os UFOs, no sentido strictu, são um convite à especulação. Do ponto de vista cético isso é inadmissível, como se fosse proibido abrir a mente para devaneios prazeirosos em torno de hipóteses irracionais que carecem de evidências inquestionáveis. Para aqueles que não possuem a disciplina do pensamento crítico, ver um UFO significa acreditar que viu aquilo que deseja, construir uma experiência real a partir de um "achismo" livre que se consolida numa bela estória para se contar. Mesmo as experiências de avistamento compartilhadas reunem fragmentos desse achismo individual organizadas na forma de um consenso coletivo que dá origem e reforça uma estória única apesar de diferentes pontos de vista.
Portanto, não tenham medo de dizer que aquele ponto azul no céu é uma nave-mãe com loiras peitudas de pele esverdeada na escotilha. Não importa se você viu ou imaginou. O importante é que agora você é um cético feliz, de mente aberta e que tem uma bela estória para contar para não-céticos.
Realmente, quando alguém vê um objeto no céu que não sabe explicar dá um profundo desejo de sair contanto pra todo mundo que foi visto algo único. Isso faz se sentir especial. Falo por experiência própria. Nas duas avistagens me senti assim e deu vontade de espalhar a boa nova para todos. Ah, se eu tivesse uma câmera para gravar e colocar no iutubi... Mas o pior é que tem uma maioria de infelizes que passa por isso e faz de tudo para soar como experiência alienígena, sem bem que irresistível a estória é mesmo. Dá essa sensação.
Há alguns anos conheci um chileno pelo soulseek e ficamos amigos durante um tempo. Ele gostava de me contar sua experiência com fantasmas no seu quarto. Um dia pedi para ele narrar isso melhor. Sua estória tinha todas as características clássicas de uma
paralisia do sono (que é o que ocorre com os abduzidos). Então achei um bom site que descrevia essa condição e passei o link para ele ler.
Ao término da leitura, ele de repente disse, atônito: ''caraca! é isso mesmo que eu senti! Puxa, como você descobriu?''
Não foi difícil para ele ficar convencido de que tinha sofrido os sintomas da paralisia do sono, o que explicaria facilmente sua experiência com espectros amorfos e cinzentos.
Quer dizer então que o chileno se sentiu melhor após isso?
Nananinanão. Na verdade ele falou que eu havia destruído a experiência dele e depois me confessou que era muito mais feliz quando acreditava que eram fantasmas que ele via. Então concluiu que iria continuar a contar para todo mundo sua estória sobrenatural porque soava muito mais interessante (do que a realidade) e isso fazia dele um cara muito especial aos olhos de outros.
A realidade é chata e imprevisível. Acreditar em Bob(o) Lazar ou em Operação Prato é muito mais legal porque mantém a chama do mistério sobrenatural acesa. Não para mim, pois fico muito mais intrigado com que tipo de caças stealth e armas do futuro são desenvolvidas na Área 51 (fico encucado com os Janets também, hahaha). Sou fã da Lockheed e suas aeronaves U2, SR-71 e F-117 (e do B-2 Spirit projetado também em Groom Lake). Não estou nem aí com devaneios de naves que voam com o fantasioso elemento 115. É apenas uma estorinha interessante para se saber, e só. Mas enquanto os humanos tiverem um sistema límbico os causos continuarão a existir (ou seja, é impossível eliminados).