Nāo porque não vejo graça no humor de Charlie & Cia que também considero de mau gosto, desnecessário e inoportuno mas apoio a liberdade de expressāo irrestrita, condeno veementemente qualquer tipo de ato terrorista e lamento com tristeza a morte de tantas pessoas.
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Também não gosto do estilo do Charlie Hebdo (e o colunista tem razão, eu nem conhecia a revista antes do ataque, embora não sei em que isso seja relevante), acho excessivamente agressivo e de péssimo gosto. Mas há quem goste, e eles tem direito de fazer o que fazem, por mais que seja ofensivo para alguns.
No texto algumas coisas me chamam a atenção:
Irreverência tem hora, lugar e limite.
E quem determina essa "hora, lugar e limite"? Na falta de coisa melhor, eu sugeriria as leis, e se o que o Charlie Hebdo faz não é ilegal, eles tem direito de fazer, por mais desagradável que seja.
Portanto, ao fazerem gracinhas com a figura do Profeta, os caricaturistas estavam assumindo um risco conhecido.
Mais uma vez entramos no pantanoso terreno de culpar a vítima, mesmo que em parte. Ninguém deveria criticar ditaduras também, pois está assumindo um risco conhecido. Ninguém deve denunciar traficantes ou assassinos, para não assumir um risco conhecido. Ninguém deve denunciar abuso policial, é um risco conhecido que não se deve assumir.
Se na França há ilimitada liberdade de expressão, há que dela se desfrutar com responsabilidade. Profissionais têm que saber avaliar situações e sentir até onde avançar, ousar; sejam eles motoristas, pilotos, cirurgiões, ou jornalistas.
E como "sentir" isso?
Afinal, quem diz o que quer, pode ouvir o que não quer; questão de ação e reação.
Essa frase é perfeita. Os cartunistas poderiam ouvir o que quer que fosse dito pelos fiéis das religiões que atacaram. Poderiam ser criticados, boicotados, ignorados, xingados, processados (não sei como isso funciona na França), poderiam organizar protestos contra eles, falar mal deles nas igrejas, mesquitas e sinagogas, publicar contestações na imprensa, etc., etc.
O que não pode é jogar bombas ou entrar atirando na revista.
A propósito: onde não há liberdade irrestrita de expressão é por aqui. Lembram-se da suástica pintada no fundo da piscina? (Rigorosamente, apenas uma questão de expressão). Por muito pouco o autor da façanha não foi processado, multado, preso.
Um jornalista, um chargista, que ouse fazer uma gracinha sobre um afrodescendente ou um gay e o mundo lhe cairá sobre a cabeça. Será tratado como criminoso, processado, apenas por ter se expressado de forma a não agradar a todos. Portanto, a liberdade de expressão no Brasil é parcial; há temas censurados, interditos; ilhas de prerrogativas de minorias.
Liberdade de expressão é para ser irrestrita. Limitada apenas pelo bom senso e autocensura, jamais por leis.
Querem saber? A mordaça à liberdade de expressão já principia pelo (Argh!) “politicamente correto”.
Concordo.