Olha, até entendo suas preocupações, mas exaltar os ideias de liberdade, igualdade e fraternidade (se esse foi seu intuito ao tratar dos princípios da Revolução Francesa) não condiz com a realidade história pós-revolucionária. Nem é preciso ir muito longe para recordar dos movimentos sociais que eclodiram na Europa por mais direitos, haja vista que o modelo liberal e absenteísta, por si só, oportunizava a exploração e a opressão justamente pela ficção da liberdade e igualdade pautados no capitalismo. Não é por outra razão que Constituições de perfil liberal e social tornaram-se comuns.
Não pretendia exaltar os ideais da carta, apenas dizer exatamente isso que você disse: que o desvirtuamento foi grande, a ponto de se confundir esses princípios (que são liberais) com socialismo. Aqueles que desconhecem quais eram as reivindicações da RF são os que fazem essa associação tão equivocada.
No livre mercado, infelizmente para alguns, o empreendedor se destaca, o mais eficiente se adianta, o menos preguiçoso avança. O
coitadismo, política notadamente socialista, que se instalou por conta da ausência das características acima e que fomentou o desejo intervencionista (o Estado como sustentador dos infelizes) fez justamente com que o povo alçasse governos populistas ao poder.
Não são ficção os ideais de
igualdade e
liberdade do liberalismo. O que é duro é que a natureza não dota todo ser humano com as mesmas características, tendências,
dons, inteligência, vigor, etc. Infelizmente é assim, com tudo o que é natural. Lembra de Darwin? O mais bem adaptado... Nem todos o são no micro-universo da sociedade. Fazer o quê? Acho que só nos resta fazer
o melhor que nossa natureza permitir A inevitável consequência é a desigualdade social. Mas a igualdade de oportunidades, num meio liberal, é garantida, embora nem todos venham ter a competência para tornar efetiva a oportunidade.
Por outro lado, usar de coerção para impor a igualdade (como é a praxe em um estado intervencionista) nivela por baixo toda sociedade pois não é o mais bem adaptado que irá exercer sua oportunidade mas sim aquele que foi amparado, independentemente de competência, aptidão ou qualidade, pelo Estado. Infelizmente é assim. Mas se isso fere o brio de alguns, fazer o quê, né?
Isso tudo pode soar frio, desumano e cruel. Só que é assim que o mundo natural trabalha e vai muito bem, obrigado.
Por outro lado, penso falar que o excesso de direitos culmina em direito algum não corresponde à verdade. Conflitos há, como sempre houveram. O Judiciário, contudo, tem dado suas respostas (boas, muitas vezes, más em outras).
Sobre isso, minha intenção era dizer que cria-se um cabo-de-guerra em ações sem fim. E não é isso que vemos no Brasil, onde processos se arrastam por anos, décadas a fio? É tudo muito complexo. Às vezes penso que é de propósito
Acerca do Estado Mínimo, eu não vejo como ele solucionaria muitas das demandas atuais. A lógica do mercado não se coaduna com valores que, hoje, entrariam em conflito se não fosse oportunizada a regulamentação do Estado. Por exemplo, podemos pensar na degradação ambiental e na preservação das espécies em face do desenvolvimento. Assim sendo, quais são os limites para deixar nas mãos da sociedade ou do Estado determinados assuntos?
Sou obrigado a confessar, contudo, que estou inserido no sistema. Vejo diariamente que as pessoas, na verdade, não conseguem gerir seus interesses. Por outras palavras, e infelizmente, não resolvem seus próprios problemas quando assim são instadas.
Também acho que não incumbe ao Estado, pelo menos completamente, a tutela de todos como se continuássemos eternamente na infância. Reconheço, portanto, que tens razão que a institucionalização, via de regra, não é a melhor saída.
Eu fico curioso, na verdade, é como seria um sistema diferente desse. Seria pautado no capitalismo?
Não sei o seu nível de conhecimento sobre o liberalismo, mas essa sua preocupação é bem trabalhada e clara para o liberal. Inclusive, Justiça (no sentido de resolução de conflitos) é um dos pontos onde se considera que um Estado mínimo deva se ocupar. Seguindo as ideias do economista Roberto Campos, as áreas a que o estado deve se ater são:
- Educação básica
- Saúde
- Segurança
- Justiça
- Defesa Nacional
Esse é o Estado mínimo de um liberal. Claro, tem os Anarcocapitalistas que acreditam que até isso pode ser cuidado pelo mercado e pela sociedade, por isso defendem nenhum estado. Eu não tenho muita certeza sobre isso, por isso sou mais moderado.
A resposta ficou grande, muito embora incompleta. Tem gente mais capacitada do que eu aqui no forum que poderá aprofundar o tema.
Saudaçoes