3. Certamente não é obrigado a concordar comigo, mas como eu disse antes: este é uma argumento ainda utilizado na atualidade para criticar o assistencialismo. E eu repito: é puro achismo. O assistencialismo não é perfeito, e muito menos defendo-o amplamente, mas os argumentos que Mises usa para refutá-los são ridículos. É pior que Freud discursando sobre o complexo de Édipo. Se eu for levar Mises a sério, eu nem mesmo poderia chamá-lo de liberal devido a sua colocação:
Eu não consigo entender quando você coloca que é puro achismo. Você se refere ao fato, por exemplo, de que as observações sobre pessoas que se tornam profissionais em fraudar o seguro desemprego, ou espertinhos aproveitando os furos no INSS para agir com corrupção, são achismo e não servem como evidência da falência desse sistema? Se for isso, não concordo contigo. Se não for, não entendi.
Ninguém tornará fáceis os caminhos para o liberalismo para quem quer que seja, pois não importa que os homens se declarem liberais, mas que se tornem liberais e pensem e ajam como liberais.
Um homem que critica o assistencialismo (como Mises o fez), mas aceita pensão do Estado (como Mises o fez), não pode, portanto, ser considerado liberal, a não ser em termos de hipocrisia.
Realmente parece ser hipocrisia. Mas o que fazer em um Estado onde as coisas são assim? Não é pelo mesmo motivo que se cunhou o termo pejorativo
Esquerda Caviar? Socialistas que vivem uma vida capitalista não seria hipocrisia do mesmo jeito? Mas isso se deve pelo fato de que não vivemos num regime 100% socialista. Em parte não é culpa dos
toddynhos.
Por exemplo: para um liberal, ser servidor público pode ser considerado a maior hipocrisia que se tem. Mas o que fazer se o Estado impede o empreendedorismo, sufoca a livre iniciativa, impossibilita, com regras e impostos, o crescimento do mercado? Só resta trabalhar para o único empregador possível: o Estado! Fazer o quê, se é esse que detém a maioria do capital e dos recursos. Ou é preferível uma postura
bolchevique, onde se prefere a morte a ceder de seus ideais?
Sinceramente é um radicalismo burro.
Quanto a Mises, você tem todo o direito de achá-lo o que bem entender. Eu penso diferente.
Eu não levo mais liberais tão a sério como a maioria das pessoas por apenas um motivo: é ideologia pura e eu me enganei achando que não fosse. Eles pegam um simples aspecto da sociedade – geralmente o econômico, levam esse aspecto para o campo das ideias e de repente passam a deduzir toda a totalidade da realidade a partir desse simples e miserável aspecto.
Naquele artigo dos problemas do conservadorismo e de uma ala do libertarianismo, o autor tenta levar o leitor conservador a crer que a culpa da perversão moral é do assistencialismo do Estado sem apresentar nenhum argumento plausível que confirme alguma relação entre os dois. Partido desse falso pressuposto de que o assistencialismo é a causa da “decadência das famílias, do divórcio, da ilegitimidade, da perda da autoridade, do multiculturalismo, dos estilos de vida alternativos, da desintegração do tecido social, da promiscuidade e da criminalidade.”, ele conclui que “os verdadeiros conservadores só podem ser libertários radicais(!!!!?????), e eles devem exigir a demolição de toda a atual estrutura do aparato estatal, pois ela é uma perversão moral e econômica.” Vai tomar no cu! Como é que o autor dessa merda de artigo conseguiu um PhD? Dizer que conservadorismo e libertarianismo estão lado a lado no campo de batalha é, ou o cúmulo da ignorância, ou uma falácia tendenciosa, e está óbvio aí do que se trata.
Já não bastando esse caso, há outro artigo no libertarianismo.org que sugere que os marxistas se tornem libertários porque o marxismo é antiquado, ou seja, viva o libertarianismo: a nova modinha do momento! Sinceramente, vão brincar com ideologia lá na casa da mãe Joana, por favor. Napoleão estava certo: os ideólogos são os verdadeiros causadores de toda as desgraças que assolam as nações.
Aqui eu concordo com muita coisa. Como eu disse, não sou conservador, além de achar um contrassenso um liberal (que defende a liberdade) querer impor o liberalismo. Aí sim, seria duplipensar!
Eu, particularmente, entendo que existe um liberalismo utópico e um possível. O possível, que reduz o Estado, reduz impostos, simplifica leis, etc., pode ser praticado até pelo PT. Já seria um começo. não?
Até onde pude compreender, não existe uma ideologia liberal, apenas princípios. Tanto é que existem várias correntes, até anarcocapitalistas (que não é meu caso- ainda
). Não é como os socialistas, que se pautam exclusivamente em Marx e Lenin (embora sempre usem o subterfúgio que
não se compreendeu Marx).
Enfim. Não é preciso fazer um
pinga-fogo sobre o tema. Você tem sua opinião e eu a minha. Você segue o que considera valoroso e eu idem. Cada um na sua...
Como diz
Leonardo Boff: todo ponto de vista é a vista de um ponto.
Saudações