Mérito, segundo o dicionário, significa merecimento. Fulano teve mérito então ele mereceu.
Ou seja, sociedade meritocrática, no seu sentido honesto, ideal, seria tão somente um sistema aonde as pessoas atingem suas conquistas por meios legítimos, sem trapacear ou por ser apadrinhado de alguém.
Em tese não é algo impossível de se alcançar ou aproximar, mas eu acho que o que o Peter quer dizer é que mesmo uma sociedade verdadeiramente meritória não dá oportunidade a todos de se realizarem plenamente, de serem felizes. Talvez a confusão aí advenha dele achar que meritocracia seja interpretada como um meio de promover a justiça social, e esta, por sua vez, significando igualdade social.
Não é função do Estado promover o bem estar e a felicidade do individuo, porque essa é uma empreitada pessoal. Mais ninguém, a não ser o próprio individuo, pode definir o que é a sua realização e cabe unicamente a ele alcançar as metas que ele mesmo define de acordo com a sua própria natureza.
Porém, a sociedade, idealmente, não deveria ser um sistema que em si mesmo é um obstáculo a ser superado por cada um de nós na busca do bem estar e de uma vida o mais plena possível.
Mas eu acredito que se este bem estar coletivo dependesse da eliminação artificial das desigualdades seria inatingível. O problema não está na desigualdade, nem mesmo a econômica. A desigualdade faz parte da natureza e a igualdade não é nem mesmo desejável. O problema está em uma organização sócioestrutural ( o que engloba desde sistema politico, aos modos de produção, valores culturais subjacentes, etc ) que implica em uma qualidade de vida ruim. Pior para os que tem pouco, materialmente falando, e longe de ser boa para mesmo para os que gozam de um razoável conforto.
Ai me parece que está havendo um desencontro semântico. O Peter não quer realmente eliminar ou criticar o mérito, mas ele sonha com uma sociedade inteiramente diferente, desenvolvida sob novos paradigmas, que apenas não seja ela mesma um entrave quase insuperável na busca pela realização de cada individuo, para aqueles que mesmo assim serão poucos, que, no final das contas, terão o mérito de conseguir.