Autor Tópico: A neo-direita brasileira  (Lida 8978 vezes)

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Offline Johnny Cash

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Re:A neo-direita brasileira
« Resposta #50 Online: 11 de Maio de 2015, 11:53:54 »
Se você parte de visão absolutamente determinista, não faz muita diferença se a coisa é desigual ou igual pra todos. Só existiria mesmo essa maneira das coisas serem. Mesmo se fosse extinguido um sistema meritocrático, ele o seria pq pessoas com carga genética e de ambiente específico o decidiram e isso se prolongaria infinitamente.

A desigualdade atrapalha por que torna o sistema social instável (mais caótico) e menos livre (dentro do que podemos ser livres).

Não entendi pq menos livre. Não entendo como uma igualdade arbitrária e imposta possa significar mais liberdade, dado que um sistema mais livre deve comportar inclusive cenários desiguais.

A parte da instabilidade social… ok.

Podemos mudar a estrutura, não é algo determinado a ser como é. Basta que os que, por possuírem contexto pertinente, conseguiram entender a falência do sistema meritocrático, unam-se e construam um novo modelo que mude o ambiente e assim mude os valores, seja por vivenciar este novo modelo ou por perceber seus frutos como melhores (mais conforto, mais liberdade) do que o modelo vigente.

O Sistema meritocrático faliu?
Se o contexto é determinista a ponto de invalidar o Sistema meritocrático, como esperar que as pessoas já moldadas pela genética e ambiente partam pra uma mudança de modelo? Como garantir que a prévia programação delas contém esse gatilho pra mudança de modelo e que resultará em situação melhor?

De toda forma, esse pessoal pode se isolar e construir o próprio sistema tipo numa aldeia Hippie agora. Não há oq esperar, é só correr pra felicidade e satisfação total.

Agora, dar "o mesmo acesso" pra todos com critério estabelecido previamente, desconsiderando as idiossincrasias de cada um seria injusto também de alguma forma.

Se todos tiverem acesso ao que necessitam para que tenham alta qualidade de vida, fazendo livremente somente o que gostam, enquanto gostam, penso que não seria injusto.

Quem tem mais necessidade de recurso acessa mais recurso? É isso?

Como e oq define a quantidade de recurso “liberada” pra cada indivíduo e o que garante que haverá disponibilidade?

Se me permite talvez sair um pouco do objeto central da discussão, no campo das relações pessoais, por exemplo, isso de igualdade de acesso é praticamente insolúvel. Se alguém tem mais acesso, seja por qualquer fator, em se relacionar com outros como equilibrar a balança?

Qualidade de relações sociais depende muito de como as pessoas se enxergam em sociedade e quão bem motivadas estão para viver. Imagine que numa sociedade sem a existência de hierarquias sem fim, as relações seriam mais simétricas, mais acessíveis e fluidas.

Mas como equilibrar a balança nesse aspecto? Como garantir que todos tenham acesso às mesmas relações que bem desejarem?

E partindo para um campo pragmático, como seria a organização de um sistema brasileiro de igualdade de acesso a recursos? Sem o estado, quem/oq garante que isso ocorra?

Aí já teria que haver uma mudança estrutural de funcionamento da economia, com a revisão ou mesmo o fim de valores atualmente em voga, como propriedade, trabalho, democracia, escassez etc...

Quais mudanças especificamente? Quem vai conduzir e garantir?
« Última modificação: 11 de Maio de 2015, 11:57:15 por Johnny Cash »

Offline Peter Joseph

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Re:A neo-direita brasileira
« Resposta #51 Online: 11 de Maio de 2015, 12:14:36 »
Talvez um dia todos vivamos 100% imersos numa realidade virtual como a do filme "matrix", onde qualquer um possa "ser"/simular ser o que quiser, quando quiser, independente do que quer que seja, sem qualquer repercussão negativa para outros e etc e tal.

Ninguém deveria ser obrigado a ser ou fazer algo específico para que tenha mais acesso aos recursos para viver com qualidade. Obrigar que se  exerça atividades mercadologicamente estabelecidas como mais importantes, das quais muitos não terão nem contexto social nem genético para exercer. Por que devo passar maior necessidade só por que o que eu gosto de fazer e posso fazer não possui mérito socioeconômico suficiente? Cada um possuindo a liberdade para estudar e realizar aquilo que gosta, sem o imperativo de fazer por sobrevivência, é o que tornaria a vida muito mais significativa, prazerosa, além de menos desigual e, portanto, mais estável. Enfim, mais liberdade.

Também poderia se dizer que os animais não deveriam ser obrigados a devorar uns aos outros, todos sendo herbívoros e pacíficos, como nos livros das testemunhas de Jeová. "Eco"nomia não é muito diferente de "eco"logia, embora por ser, de certa forma, uma "microecologia" artificialmente criada por e para populações de uma espécie, haja comumente esforços em reduzir o sofrimento dos membros da população.  Mas ainda não é possível se ter paraísos milagrosos.

Mas isto é arbitrário, pois não há necessidade de que os animais não se comam para que haja uma sociedade mais sustentável, tanto do ponto de vista ecológico como social. Já no caso da meritocracia e da sua desigualdade inerente no acesso aos recursos, faria total diferença para o sistema social.

Milagres não existem, o que existe é uma ferramenta para tentar entender a realidade e a lógica e a tecnologia para tentar modificá-la a favor da humanidade. Nunca saberemos se conseguiremos se não tentarmos.
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Offline Peter Joseph

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Re:A neo-direita brasileira
« Resposta #53 Online: 11 de Maio de 2015, 12:34:37 »
Estão atrelando a validade do meu argumento sobre meritocracia à possibilidade de que seja implantável uma sociedade não meritocrática. Mas, ser possível ou não uma transição (onde certamente por algum tempo ambos os modelos permaneçam funcionando em paralelo), não anula automaticamente os argumentos referentes aos limites e ineficiências do sistema meritocrático.

Eu criei um tópico sobre economia, onde acho que seria mais pertinente continuarmos a conversa. Inclusive já escrevi várias coisas lá que respondem alguns questionamentos aqui. Entrem lá é participem se acharem pertinente: ../forum/topic=29108.0.html

Por enquanto me despeço.
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Offline Johnny Cash

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Re:A neo-direita brasileira
« Resposta #54 Online: 11 de Maio de 2015, 12:50:21 »
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Offline Sergiomgbr

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Re:A neo-direita brasileira
« Resposta #55 Online: 11 de Maio de 2015, 13:13:07 »
Talvez um dia todos vivamos 100% imersos numa realidade virtual como a do filme "matrix", onde qualquer um possa "ser"/simular ser o que quiser, quando quiser, independente do que quer que seja, sem qualquer repercussão negativa para outros e etc e tal.

Ninguém deveria ser obrigado a ser ou fazer algo específico para que tenha mais acesso aos recursos para viver com qualidade.
Isso é uma impossibilidade óbvia já, de partida inclusive geográfica, melhor dizendo, biológica! Para ver uma coisa você é obrigado a abrir os olhos, para sentar você é obrigado a flexionar os joelhos, para comer você tem que abrir a boca, para hagar(com alguma humanidade) tem que ir até a privada e se tiver outro lá, tem que esperar e se o outro demorar, dependendo da sua urgência tem que providenciar umas folhas de jornal e escolher um cantinho discreto e talz. Para trabalhar tem que pegar o onz ou então ir a pé ou de carro ou de trem? fazendo escolhas sempre nem sempre as que gostaria, tem que tolerar, tem que postergar tem que negar ou aceitar coisas, a despeito de que desejasse que fosse de outro modo, e a coisa vai se nessa toada o tempo todo. Ninguém deveria ser ou fazer o que não quisesse é uma incongruência existencial.
Até onde eu sei eu não sei.


Offline Peter Joseph

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Re:A neo-direita brasileira
« Resposta #57 Online: 11 de Maio de 2015, 14:07:16 »
Talvez um dia todos vivamos 100% imersos numa realidade virtual como a do filme "matrix", onde qualquer um possa "ser"/simular ser o que quiser, quando quiser, independente do que quer que seja, sem qualquer repercussão negativa para outros e etc e tal.

Ninguém deveria ser obrigado a ser ou fazer algo específico para que tenha mais acesso aos recursos para viver com qualidade.
Isso é uma impossibilidade óbvia já, de partida inclusive geográfica, melhor dizendo, biológica! Para ver uma coisa você é obrigado a abrir os olhos, para sentar você é obrigado a flexionar os joelhos, para comer você tem que abrir a boca, para hagar(com alguma humanidade) tem que ir até a privada e se tiver outro lá, tem que esperar e se o outro demorar, dependendo da sua urgência tem que providenciar umas folhas de jornal e escolher um cantinho discreto e talz. Para trabalhar tem que pegar o onz ou então ir a pé ou de carro ou de trem? fazendo escolhas sempre nem sempre as que gostaria, tem que tolerar, tem que postergar tem que negar ou aceitar coisas, a despeito de que desejasse que fosse de outro modo, e a coisa vai se nessa toada o tempo todo. Ninguém deveria ser ou fazer o que não quisesse é uma incongruência existencial.

Você tirou do contexto. Não se trata de não fazer nada absolutamente do que não se quer, pois não existe liberdade absoluta, de uma forma ou de outra vai ter que seguir alguma regra, nem que sejam as leis da natureza. A questão em foco é que ninguém deveria ser obrigado a se dedicar ao que não gosta ou que não quer para poder garantir sua sobrevivência e qualidade de vida, tendo em vista que já existem meios pra isto, além de ser algo mais lógico, que produziria mais liberdade individual e que reduziria significativamente a pobreza, desigualdade e os problemas vindos delas.
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Offline Peter Joseph

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Re:A neo-direita brasileira
« Resposta #58 Online: 11 de Maio de 2015, 14:08:56 »
O mal não deveria existir.

Quem discorda defende o mal.

Não existe mal ou bem, o que existem são causas e efeitos que, dependendo do contexto socioeconômico, serão encarados como boas ou ruins. O que podemos no máximo afirmar é que existem valores mais ou menos sustentáveis do ponto de vista ambiental e social.
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Offline Galthaar

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Re:A neo-direita brasileira
« Resposta #59 Online: 11 de Maio de 2015, 14:48:52 »


A meritocracia , na Teoria dos Jogos, pode ser considerada um jogo de soma zero, ou simples competição por recursos. Neste sistema, há uma quantidade de recursos disponíveis, que ao invés de ser amplificada pela alocação igualitária que possibilite um desenvolvimento horizontal e posteriormente exponencial devido à cooperação, é disputada pelos indivíduos de uma forma que inviabiliza o progresso social, criando hierarquias, reforçando o autoritarismo, a legitimação do sofrimento e a continuidade do totalitarismo do sistema social vigente.
"A dominação social no capitalismo, no seu nível mais fundamental, não consiste na dominação das pessoas por outras pessoas, mas na dominação das pessoas por estruturas sociais abstratas constituídas pelas próprias pessoas."

Moishe Postone, Tempo, trabalho e dominação social

Offline Buckaroo Banzai

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Re:A neo-direita brasileira
« Resposta #60 Online: 11 de Maio de 2015, 14:57:02 »
"Meritocracia" é só as pessoas terem posições de acordo com suas capacidades, sem favoritismos ou trapaças, e também sem uso de força (com exceção como, competições esportivas).

É o melhor que se tem até agora, e não exclui a possibilidade de assistencialismo.

Não importando se, é injusto isso porque os homens das cavernas, se transportados como embriões até a era atual, e criados com uma pessoa, digamos, um médico ou professor, também pudesse ser professor ou médico. Etc.

Todos são livres para criar suas próprias organizações não-meritocráticas e etc, desde que não ocorra algo ilegal, como dar a qualquer um o direito de ser médico, sem que essa pessoa seja qualificada, por exemplo.


Offline Johnny Cash

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Re:A neo-direita brasileira
« Resposta #61 Online: 11 de Maio de 2015, 15:05:05 »
E o meritocrático é mesmo o melhor até o momento.

Vejam, se questões não puderam ser respondidas no plano conceitual sobre o sistema não meritocrático igualitário, imagina a tendência ao caos e ao improviso num campo pragmático de real aplicação.

Offline Galthaar

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Re:A neo-direita brasileira
« Resposta #62 Online: 11 de Maio de 2015, 15:08:20 »

"Meritocracia" é só as pessoas terem posições de acordo com suas capacidades, sem favoritismos ou trapaças, e também sem uso de força (com exceção como, competições esportivas).

É o melhor que se tem até agora, e não exclui a possibilidade de assistencialismo.

Não importando se, é injusto isso porque os homens das cavernas, se transportados como embriões até a era atual, e criados com uma pessoa, digamos, um médico ou professor, também pudesse ser professor ou médico. Etc.

Todos são livres para criar suas próprias organizações não-meritocráticas e etc, desde que não ocorra algo ilegal, como dar a qualquer um o direito de ser médico, sem que essa pessoa seja qualificada, por exemplo.



Talvez não seja injusto (o que discordo), mas é altamente ineficiente. Ao privar alguns indivíduos (no caso do sistema atual, a maioria) dos elementos indispensáveis ao crescimento da consciência, privamos a própria humanidade de uma parte descomunal de sua capacidade de desenvolvimento.

O posicionamento hierárquico e econômico de acordo com as capacidades é alcançado de forma subjetiva pelo próprio sistema sempre de forma a legitimar o status quo, reforçando um sistema de exploração que nutre o próprio capital, que é o sistema em si e que se nutre da atividade do ser humano.
"A dominação social no capitalismo, no seu nível mais fundamental, não consiste na dominação das pessoas por outras pessoas, mas na dominação das pessoas por estruturas sociais abstratas constituídas pelas próprias pessoas."

Moishe Postone, Tempo, trabalho e dominação social

Offline Geotecton

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Re:A neo-direita brasileira
« Resposta #63 Online: 11 de Maio de 2015, 15:28:10 »
"Meritocracia" é só as pessoas terem posições de acordo com suas capacidades, sem favoritismos ou trapaças, e também sem uso de força (com exceção como, competições esportivas).

É o melhor que se tem até agora, e não exclui a possibilidade de assistencialismo.

Não importando se, é injusto isso porque os homens das cavernas, se transportados como embriões até a era atual, e criados com uma pessoa, digamos, um médico ou professor, também pudesse ser professor ou médico. Etc.

Todos são livres para criar suas próprias organizações não-meritocráticas e etc, desde que não ocorra algo ilegal, como dar a qualquer um o direito de ser médico, sem que essa pessoa seja qualificada, por exemplo.
Talvez não seja injusto (o que discordo),...

Porquê?


mas é altamente ineficiente.

Em termos de quê?


Ao privar alguns indivíduos (no caso do sistema atual, a maioria) dos elementos indispensáveis ao crescimento da consciência,...

O que significa "crescimento da consciência"?


privamos a própria humanidade de uma parte descomunal de sua capacidade de desenvolvimento.

Como?

E o que significa "desenvolvimento" neste caso?


O posicionamento hierárquico e econômico de acordo com as capacidades é alcançado de forma subjetiva pelo próprio sistema...

E da forma que você prefere/idealiza não seria subjetivo também?


sempre de forma a legitimar o status quo,

Bem vindo à realidade.


reforçando um sistema de exploração que nutre o próprio capital, que é o sistema em si e que se nutre da atividade do ser humano.

No sentido de 'mais-valia' marxista?

Ou tem algum outro significado?
Foto USGS

Offline Galthaar

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Re:A neo-direita brasileira
« Resposta #64 Online: 11 de Maio de 2015, 15:59:25 »
Geotecton,


A ineficiência ocorre no desperdício da cooperação como geradora da ampliação das capacidades humanas tanto no sentido da produção de riquezas como de desenvolvimento emocional e intelectual, além da própria manutenção da desigualdade de acesso aos recursos que gera violência e mal-estar social. Matematicamente, se utilizando da Teoria dos Jogos, suponhamos:

- 1 indíviduo plenamente desenvolvido e com acesso a recursos gera X para a sociedade (por trabalho, criação).

- 1 indivíduo subdesenvolvido e privado de recursos retira Y da sociedade (através de violência, destruição e improdutividade).

Suponhamos ainda, que exista um coeficiente Z que seja incrementado conforme se aumente o número de indivíduos desenvolvidos (o fator cooperação, como liberdade de patentes, etc...)

Em uma sociedade meritocrática e desigual, apenas alguns poderão se desenvolver ao máximo de suas capacidades, teríamos portanto X - Y (obviamente a quantidade de X e Y variaria bastante).

Já uma sociedade igualitária, além de ter um número X muito maior, ainda teria os efeitos exponenciais do fator de cooperação (produtivo, intelectual e tecnológico), ou seja X * Z.

É lógico supor que uma maior quantidade de indivíduos desenvolvidos gerará mais riqueza e desenvolvimento tecnológico, isto para mim demonstra a ineficiência, neste parco esboço que pude fazer...



Crescimento de consciência é a ampliação da capacidade de percepção da realidade e de formas de alterá-la, e desenvolvimento conforme expliquei acima.

O sistema que idealizo não tem posicionamento hierárquico de acordo com a função, apenas associações, mas entendo que você não veja isso como uma possibilidade.

A mais-valia marxista é apenas a forma pela qual o capital se acumula, não existe dominação dos capitalistas, por exemplo, e sim dominação das pessoas em geral pelo capital. Ao invés de desenvolvermos o ser humano, desenvolvemos a estrutura capital, que apesar de inconsciente, nos utiliza como substrato, assim como os primeiros corpos se originaram de células aglutinadas que já não trabalhavam mais para si, mas para o corpo como sujeito.


edit: para colocar fórmula com o coeficiente da cooperação.
« Última modificação: 11 de Maio de 2015, 17:20:44 por Galthaar »
"A dominação social no capitalismo, no seu nível mais fundamental, não consiste na dominação das pessoas por outras pessoas, mas na dominação das pessoas por estruturas sociais abstratas constituídas pelas próprias pessoas."

Moishe Postone, Tempo, trabalho e dominação social

Offline Jack Carver

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Re:A neo-direita brasileira
« Resposta #65 Online: 11 de Maio de 2015, 16:07:52 »
Mais ou menos como o Leandro Zayd expõe no canal dele? :?
..Tenho que ver mais isso.
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Offline Galthaar

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Re:A neo-direita brasileira
« Resposta #66 Online: 11 de Maio de 2015, 16:11:29 »
Mais ou menos como o Leandro Zayd expõe no canal dele? :?
..Tenho que ver mais isso.

Sim, mais ou menos, os vídeos dele são muito bons para demonstrar algumas ineficiências.
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Moishe Postone, Tempo, trabalho e dominação social

Offline Peter Joseph

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Re:A neo-direita brasileira
« Resposta #67 Online: 11 de Maio de 2015, 16:21:18 »
Galthaar, muito interessantes suas explanações sobre a ineficiência intrínseca à meritocracia. A eficiência de mercado define a competição como a melhor forma de se conseguir inovação e melhorias, estabelecendo a meritocracia como a forma mais justa para isto. Mas é logicamente muito mais eficiente um sistema onde a premissa básica seja a cooperação e o livre acesso a recursos, incluindo acesso a informação relevante.
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Offline Peter Joseph

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Re:A neo-direita brasileira
« Resposta #68 Online: 11 de Maio de 2015, 16:47:01 »
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Competição vs. Colaboração

O problema da sociedade buscar uma cultura competitiva ou colaborativa tem gerado um contínuo debate durante séculos, trazendo suposições sobre a natureza humana como uma comum defesa da competição. [305] Hoje, economistas discutem, sobretudo, a concorrência como um incentivo necessário para a contínua inovação, [306] juntamente com a suposição, geralmente implícita, de que simplesmente não há o suficiente nesse planeta para todos e, portanto, não temos escolha a não ser lutarmos uns com os outros em algum nível, restando inevitáveis perdedores. [307] ​​Apontadas tais premissas, o contexto aqui destacado de eficiência de mercado versus eficiência técnica será explorado no que diz respeito aos benefícios e/ou consequências da competição.

Há dois ângulos principais a serem considerados: o primeiro é (a) como a concorrência afeta a própria produção industrial, o segundo é (b) como ela de fato afeta a inovação ou o desenvolvimento criativo.

(a) Se examinarmos o formato da produção industrial atual, vemos um sistema de interação global complexo; de recursos, materiais e bens movendo-se constantemente de um local para outro para fins diversos de produção ou distribuição. Os negócios, em sua busca por lucro e custo-benefício, procuram, a todo momento, invariavelmente, trabalho, equipamentos e instalações baratas para se manter competitivos no mercado. O que pode assumir a forma de trabalho local imigrante pago com um salário mínimo, um "trabalho escravizante" no exterior, fábricas de processamento relativamente barato por todo o país, etc.

A questão fundamental é que a partir do ponto de vista da eficiência de mercado, a taxa de lucro sobre o custo é tudo o que importa, mesmo se a produção global estiver desperdiçando quantidades desproporcionais de combustível, transporte, força de trabalho, etc. [308] A noção de "eficiência proximal", neste caso a eficiência derivada da distância entre os pontos de produção industrial e de distribuição, não é levada em conta, e a globalização hoje, na prática, empenha-se em uma movimentação dispendiosa de recursos ao redor do mundo, baseando-se quase inteiramente em um interesse por economia de dinheiro, e não por eficiência técnica otimizada.

Esse desprezo pela importância da "eficiência proximal" por parte das indústrias, sejam nacionais ou internacionais, é fonte de muito desperdício. Hoje em dia, a produção industrial é quase inteiramente internacional, especialmente na era tecnológica. O grau em que isso se faz necessário, do ponto de vista técnico, é mínimo, na pior das hipóteses. Enquanto, historicamente, a produção agrícola tem sido regional, dada a propensão de certas regiões para a produção de certos tipos de bens, ou, talvez, pelo ambiente mais propício para outros cultivos, essa é uma pequena produção em relação à grande maioria de bens industriais produzidos, sem contar as diversas possibilidades tecnológicas atuais que permitem superar tais necessidades regionais. [309]

"Localização", significando a redução deliberada da distância entre e ao redor de todas as facetas da produção e distribuição, é a maneira tecnicamente mais eficiente para uma comunidade operar, tendo em conta as exceções óbvias, por exemplo, a extração mineral que obviamente precisa ser feita em sua fonte de origem na terra, etc. É simples notar que, especialmente no que diz respeito às aplicações técnicas modernas que atualmente não são empregadas, a grande maioria dos bens que sustentam a vida podem ser produzidos nas proximidades de onde devam ser utilizados.

Como será descrito com mais detalhes na parte III deste texto, há uma linha de raciocínio tecnicamente eficiente em relação à proximidade quando se trata da extração, produção, distribuição e eliminação ou reciclagem de resíduos. O resultado ao final seria a preservação de enormes quantidades de recursos e energia humana - preservação de uma capacidade que, de fato, poderia ser realocada no caso de necessidade de desenvolver mais projetos, ao invés de descartada como mero desperdício através do modelo de mercado atual. [310]

Como uma nota final sobre esse assunto de como a competição limita a eficiência técnica da produção industrial, aumentando o desperdício - a realidade da "multiplicidade" de bens é outro problema. Toda a produção de empresas concorrentes entre si é normalmente orientada em torno de estatísticas históricas sobre qual é sua "cota de mercado" e quantos bens elas podem, em média, vender por região; paralelamente, o próprio fato de várias empresas, que trabalham no mesmo gênero de produção de bens, produzirem produtos quase idênticos, com apenas pequenas diferenças, só contribui para as fontes desnecessárias de desperdício.

Como também será descrito na próxima subseção, a ideia de, por exemplo, várias empresas de telefonia celular competirem por participação de mercado com simples variações de projetos, consequentemente gerando ineficiências relativas nos mesmos como estratégia para obter melhor custo-benefício, aliado à ausência geral de compatibilidade entre os componentes em vista do benefício financeiro de estabelecer padrões de marcas e compatibilidades de sistemas, cria uma outra complexa rede de ineficiência. [311]

Obviamente, a partir da perspectiva da eficiência técnica, uma única e coletiva empresa de telefonia celular, que produzisse o estrategicamente melhor, com o design universalmente mais adaptável e compatível, não só seria mais respeitosa com o meio ambiente, mas também criaria um uso tremendamente mais fácil e eficiente, já que os problemas de reparo de peças e de incompatibilidades seriam drasticamente reduzidos.

Costuma-se argumentar, no entanto, que a busca competitiva e as resultantes variações de produtos oriundas da busca, entre empresas concorrentes, por cotas de mercado seria uma forma de apresentar novas ideias ao público. No entanto, também se poderia alcançar esse método por meio de sistemas de feedback direto em massa que esclareceriam as necessidades do público, juntamente com uma campanha emergente de conscientização sobre o que é possível, no momento, realizar, dada a evolução empírica do avanço tecnológico.

(b) A segunda questão aqui, como já dito, tem a ver com a forma como a concorrência afeta a própria inovação ou desenvolvimento criativo. Conquanto ainda exista hoje a suposição de que recompensas distintas pela contribuição de alguém motiva outras pessoas a buscarem a mesma recompensa, o que também é uma comum justificativa sobre a existência de "classes", estudos sociológicos modernos apontam visões conflitantes. [312] A ideia de que os seres humanos são motivados por uma necessidade inerente de "vencer" os outros, ganhando, por exemplo, mais recompensas materiais e financeiras que os outros, não tem justificativa confiável fora a visão intuitiva extraída da condição do mercado, por design altamente competitivo e voltado para a escassez, em que a humanidade encontra-se hoje.

No entanto, mais uma vez, o debate sociológico pode ser posto de lado, enquanto o contexto é como a competição se relaciona diretamente com o mercado e a eficiência técnica. Resumindo, o sistema competitivo procura sigilo quando se trata de ideias de negócio, em geral universalmente, contra o fluxo de livre conhecimento. O uso de patentes e direitos autorais ou "segredos comerciais" não perpetua o avanço da inovação, como muitos defensores do mercado competitivo assumem - mas o retarda.

É muito interessante pensar sobre o que o conhecimento significa, como é gerado e como é estranho alguém reivindicar racionalmente "propriedade" sobre uma ideia ou invenção. Em nenhum momento da história humana qualquer indivíduo por si mesmo chegou a uma ideia que não tivesse sido gerada em série por muitos antes dele. A culminação histórica do conhecimento é um processo social e, portanto, qualquer reivindicação de propriedade de uma ideia por pessoa ou corporação é intrinsecamente defeituosa. O termo semieconômico usual usado hoje é "usufruto", que significa "o direito legal de usar e aproveitar os frutos ou benfeitorias de algo que pertence a outrem". [313] Na realidade, porém, todos os atributos de cada ideia em existência hoje, no passado, e para sempre no futuro, têm, sem exceção, um ponto de origem distintamente social e não pessoal.

Torna-se óbvio que a noção de propriedade intelectual, ou seja, a posse de meros pensamentos e ideias, manifestou-se a partir do período da história humana em que a criatividade de uma pessoa se tornou atada a sua sobrevivência pessoal. Em um sistema econômico onde as ideias das pessoas têm a capacidade de gerar renda para elas, a noção desse tipo de propriedade torna-se relevante. Afinal, se você "inventar" algo no sistema moderno que possa gerar vendas e, consequentemente, ajudar na sua sobrevivência econômica, seria extremamente ineficiente, do ponto de vista do mercado, permitir que a ideia seja "open-source", uma vez que os outros, buscando a própria sobrevivência, provavelmente se aproveitariam rapidamente da invenção de modo a explorá-la financeiramente.

Também é fácil notar como o fenômeno do "ego" se manifesta na ideia de propriedade intelectual, uma vez que a base de recompensa em tal sistema tem, invariavelmente, um laço psicológico com o senso de autoestima pessoal. Se uma pessoa "inventa" algo, transforma-o numa propriedade intelectual, explora-o por lucro e, em seguida, compra uma casa grande e uma extensa propriedade, o seu "status" como ser humano é tradicionalmente elevado na medida das normas estabelecidas pela cultura - essa pessoa é considerada um "sucesso".

No entanto, se pararmos para pensar sobre isso de um modo geral, o compartilhamento de conhecimento não tem um resultado negativo fora da premissa econômica de propriedade para fins de exploração por lucro. Não há nada a perder e, sem dúvida, muito a ganhar socialmente através da partilha de informação. Voltando ao anterior exemplo deste ensaio, de empresas concorrentes de telefonia celular, perceberemos que dentro dos limites das reuniões de diretoria, onde frequentemente marqueteiros, designers e engenheiros consideram como em geral melhorar seu produto, o compartilhamento de suas ideias é fundamental.

No entanto, imagine se essa reunião fosse estendida de uma vez a todas as empresas de telefonia celular, onde elas não só poderiam remover suas artificiais e pouco úteis perspectivas de mercado, concebidas para tomar a fatia de mercado de outras concorrentes (como através de truques estéticos), elas poderiam trabalhar para produzir cumulativamente a "melhor" combinação. Estendendo ainda mais, e se todos os projetos fossem de "domínio público", no sentido de que qualquer pessoa no mundo que tivesse interesse em ajudar a melhorar uma ideia fosse capaz disso?

Os esquemas de design de um telefone celular poderiam ser expostos publicamente com um sistema de interação técnica, onde pessoas de todo o mundo poderiam ajudar, se possuíssem a habilidade, na eficiência técnica e utilidade do design. Embora este seja um exemplo hipotético abstrato, é claro que o resultado de uma abordagem aberta à troca de informações facilitaria uma explosão de criatividade e produtividade nunca antes vista. Como será discutido na Parte III, a remoção do sistema de mercado monetário é crítica para a facilitação dessa capacidade.

NOTAS

[305] Referência: A Influência da hierarquia social na Saúde dos primatas [The Influence of Social Hierarchy on Primate Health], Ronabert M. Sapolsky, Science 29 de abril de 2005: Vol. 308 nº. 5722 pp. 648-652 DOI: 10.1126 / science.1106477 (http://www.sciencemag.org/content/308/5722/648.abstract)

[306] Referência: Sobre as defesas tradicionais de competição como fonte de inovação: Concorrência e Inovação: Uma Relação em U Invertido (http://www.nber.org/papers/w9269)

[307] Ver o ensaio anterior, História da Economia, e seu tratamento em Thomas Malthus, que via o mundo como incapaz de apoiar a população e foi influente na sua opinião.

[308] O economista canadense Jeff Rubin fez esta observação bem no que diz respeito às tendências dos preços do petróleo: "O que vamos encontrar é que não vai fazer sentido para produzir coisas do outro lado do mundo, não importa o quanto os custos do trabalho estão baratos lá, quando é tão caro para transportar as coisas." (http://www.npr.org/templates/story/story.php?storyId=104466911)

[309] Isto é mencionado de passagem, para apontar os extensos avanços modernos em métodos agrícolas que não são baseados em massas de terra aráveis ​​tradicionais. "Agricultura vertical", por exemplo, tem demonstrada ter imensas possibilidades em uma escala global, removendo as restrições regionais comuns para a produção agrícola. Sugestão de leitura: A Fazenda Vertical: Alimentar o mundo no século XXI [The Vertical Farm: Feeding the World in the 21st Century], Dickson Despommier, Thomas Dunne Books, 2010

[310] É importante notar, como será discutido na parte III, que essa noção de transformar a ineficiência ou desperdício de recursos e energia inerente à economia de mercado em produtividade real se situa no cerne da capacidade da sociedade humana, não só para transcender o ambiente de escassez que temos hoje, mas ultrapassá-lo bastante com uma abundância.

[311] A coisa mais próxima hoje que tenta superar os problemas e os resíduos gerados por componentes proprietários, ou seja, componentes que só podem vir do fabricante, é o sistema padrão ISO. No entanto, este sistema, na verdade, faz muito pouco para superar o verdadeiro problema e é principalmente sobre a conformidade com os padrões básicos de qualidade, não adaptabilidade universal de componentes de toda a indústria global. (Ref: http://www.iso.org/iso/home.html)

[312] Referência: Sem Concurso: O caso contra competição [No Contest: The Case Against competition], Alfie Kohn, Boston, Boston: Houghton Mifflin, 1986

[313] Fonte: Merriam-Webster.com (http://www.merriam-webster.com/dictionary/usufruct)


http://umanovaformadepensar.com.br/eficiencia_de_mercado_vs_eficiencia_tecnica
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Offline Geotecton

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Re:A neo-direita brasileira
« Resposta #69 Online: 11 de Maio de 2015, 17:13:07 »
Citar
[...]
http://umanovaformadepensar.com.br/eficiencia_de_mercado_vs_eficiencia_tecnica

O irônico é que a fonte utiliza uma extensão de internet tipicamente de mercado ('.com').
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Offline Buckaroo Banzai

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Re:A neo-direita brasileira
« Resposta #70 Online: 11 de Maio de 2015, 17:26:37 »

"Meritocracia" é só as pessoas terem posições de acordo com suas capacidades, sem favoritismos ou trapaças, e também sem uso de força (com exceção como, competições esportivas).

É o melhor que se tem até agora, e não exclui a possibilidade de assistencialismo.

Não importando se, é injusto isso porque os homens das cavernas, se transportados como embriões até a era atual, e criados com uma pessoa, digamos, um médico ou professor, também pudesse ser professor ou médico. Etc.

Todos são livres para criar suas próprias organizações não-meritocráticas e etc, desde que não ocorra algo ilegal, como dar a qualquer um o direito de ser médico, sem que essa pessoa seja qualificada, por exemplo.



Talvez não seja injusto (o que discordo), mas é altamente ineficiente. Ao privar alguns indivíduos (no caso do sistema atual, a maioria) dos elementos indispensáveis ao crescimento da consciência, privamos a própria humanidade de uma parte descomunal de sua capacidade de desenvolvimento.

Indivíduos não são "ativamente" privados desses elementos. Isso é apenas resultado natural de uma economia (também natural) que não é capaz de sustentar todo mundo como marajá, para que possam fazer o que quiser, se quiserem, sem se preocuparem com seu próprio sustento.

Na verdade "o sistema" já tem coisas como organizações filantrópicas e políticas públicas para melhorar o acesso geral das pessoas às coisas essenciais e até nem tão essenciais, com variados graus de sucesso.


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O posicionamento hierárquico e econômico de acordo com as capacidades é alcançado de forma subjetiva pelo próprio sistema sempre de forma a legitimar o status quo, reforçando um sistema de exploração que nutre o próprio capital, que é o sistema em si e que se nutre da atividade do ser humano.

Não, "de acordo com as capacidades" é objetividade, não subjetividade.

As pessoas são livres para se juntarem em grupos cooperativos onde, definem que não existre propriedade privada (ou mesmo pessoal, se assim quiserem), e até que cada um "pode" fazer tudo que quiser, sem precisar trabalhar, etc. Mas provavelmente vão ter que trabalhar para sobreviver, se não quiserem morrer de fome enquanto brincam de faz-de-conta. Isso muito provavelmente exigirá que as pessoas façam coisas que não necessariamente seriam as que mais gostariam de estar fazendo. Mas, se o comunismo é realmente mais eficaz, podem então compartilhar tudo entre si, até que eventualmente tenham recursos para que cada um possa fazer só o que quiser, se quiser, e tudo dar certo para todos. As pessoas são livres para fazer isso.

Offline Galthaar

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Re:A neo-direita brasileira
« Resposta #71 Online: 11 de Maio de 2015, 17:46:23 »

"Meritocracia" é só as pessoas terem posições de acordo com suas capacidades, sem favoritismos ou trapaças, e também sem uso de força (com exceção como, competições esportivas).

É o melhor que se tem até agora, e não exclui a possibilidade de assistencialismo.

Não importando se, é injusto isso porque os homens das cavernas, se transportados como embriões até a era atual, e criados com uma pessoa, digamos, um médico ou professor, também pudesse ser professor ou médico. Etc.

Todos são livres para criar suas próprias organizações não-meritocráticas e etc, desde que não ocorra algo ilegal, como dar a qualquer um o direito de ser médico, sem que essa pessoa seja qualificada, por exemplo.



Talvez não seja injusto (o que discordo), mas é altamente ineficiente. Ao privar alguns indivíduos (no caso do sistema atual, a maioria) dos elementos indispensáveis ao crescimento da consciência, privamos a própria humanidade de uma parte descomunal de sua capacidade de desenvolvimento.

Indivíduos não são "ativamente" privados desses elementos. Isso é apenas resultado natural de uma economia (também natural) que não é capaz de sustentar todo mundo como marajá, para que possam fazer o que quiser, se quiserem, sem se preocuparem com seu próprio sustento.

Na verdade "o sistema" já tem coisas como organizações filantrópicas e políticas públicas para melhorar o acesso geral das pessoas às coisas essenciais e até nem tão essenciais, com variados graus de sucesso.


Citar
O posicionamento hierárquico e econômico de acordo com as capacidades é alcançado de forma subjetiva pelo próprio sistema sempre de forma a legitimar o status quo, reforçando um sistema de exploração que nutre o próprio capital, que é o sistema em si e que se nutre da atividade do ser humano.

Não, "de acordo com as capacidades" é objetividade, não subjetividade.

As pessoas são livres para se juntarem em grupos cooperativos onde, definem que não existre propriedade privada (ou mesmo pessoal, se assim quiserem), e até que cada um "pode" fazer tudo que quiser, sem precisar trabalhar, etc. Mas provavelmente vão ter que trabalhar para sobreviver, se não quiserem morrer de fome enquanto brincam de faz-de-conta. Isso muito provavelmente exigirá que as pessoas façam coisas que não necessariamente seriam as que mais gostariam de estar fazendo. Mas, se o comunismo é realmente mais eficaz, podem então compartilhar tudo entre si, até que eventualmente tenham recursos para que cada um possa fazer só o que quiser, se quiser, e tudo dar certo para todos. As pessoas são livres para fazer isso.

A economia é tão natural quanto a evolução do cão, dependendo do quanto de intervenção humana se considere "natural". A economia é moldada pela prática humana e pode, já foi e será alterada pela mesma. O sistema possui, sim, alguns remendos, mas nada que influencia de forma relevante no funcionamento dele.

Questiono muito esta "liberdade para se juntar em grupos cooperativos", afinal sempre estarão dentro de um estado que pode interferir de fora. Seria mesmo muito bom se pudessem haver sociedades "em teste", mas infelizmente os estados dominam tudo em escala global. Além disso, é interessante quando se quer comparar o capitalismo total com uma pequena sociedade comunista que obviamente sempre se provará incapaz sem os recursos em escala global. Você acredita mesmo que o capitalismo é o último estágio na evolução da sociedade?
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Offline Peter Joseph

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Re:A neo-direita brasileira
« Resposta #72 Online: 11 de Maio de 2015, 18:21:27 »
Você acredita mesmo que o capitalismo é o último estágio na evolução da sociedade?

A pergunta não foi pra mim, mas vou responder assim mesmo  :)
Eu acho que o capitalismo seja o ultimo estágio da evolução social. Não por ser o de maior avanço que podemos conseguir, mas por que provavelmente será o fim para nós, ao menos o fim do que chamamos atualmente de civilização. Sou pessimista quanto a uma transição para outro sistema mais eficiente e mais sustentável, pois aparentemente estamos presos a uma estrutura socioeconômica que não permite que nos adaptemos com a rapidez necessária às mudanças ambientais e tecnológicas. Apesar das enormes potencialidades que possuímos para transcender o atual patamar civilizacional, sou pessimista, provavelmente vamos ser só mais uma espécie que não deu certo no planeta Terra. Seremos destruídos pela nossa incapacidade de adaptar em tempo hábil nossos valores e nossa cultura a novas realidades técnicas e ambientais. Quem sabe a próxima espécie racional e tecnológica que aparecer tenha mais sorte.
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Offline Buckaroo Banzai

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Re:A neo-direita brasileira
« Resposta #73 Online: 11 de Maio de 2015, 18:39:35 »
A "economia" é natural porque surge das pessoas precisarem dar um jeito de sobreviver. Desde produzindo/caçando/criando comida, fabricando utensílios, e fazendo toda uma rede de trocas conforme consideram ser conveniente, na medida do possível.

Assim, nunca houve algo como esses cenários que ficam meio implicitamente sugeridos, como se fosse tudo um limbo, e então burocratas, ou caras ricos com cartolas e fumando charutos ou cigarros com prolongadores, de repente estabelecessem "competição como a melhor forma de se conseguir inovação e melhoria", em detrimento de "colaboração". Na realidade existe sim colaboração em toda parte, e existe competição. No que tange a "meritocracia" essa competição é não-violenta, e tão justa quanto possível de se obter no mundo real, não criado ex-nihilo por um deus, com condições magicamente iguais para todos.




De fato há "comunidades-teste" em variados graus, e mesmo fora dessas comunidades "literais" geograficamente restritas, as pessoas ainda poderiam se organizar em "associações" menos geograficamente limitadas, dividindo tudo o que tem e vendo o quanto dá certo isso de terem que sustentar uns aos outros se de repente uns não quiserem mais trabalhar em algo que ponha pão na mesa.

Uma "pequena comunidade comunista" não seria incapaz sem os "recursos em escala global" se o comunismo em si já não for inerentemente "incapaz".


Não faço idéia de qual seria o "último estágio da evolução da sociedade", mas desconfio muitíssimo que ainda requerirá que as pessoas trabalhem para viver, fazendo nem sempre aquilo que mais gostariam de fazer, e elas provavelmente ainda terão interesse em fazer trocas umas com as outras, estas intermediadas por uma "moeda", que dá maior "liquidez" em comparação a trocas diretas de objeto por objeto.

Quanto mais o cenário hipotético se desviar disso, mais provável será ser só ficção científica fantasiosa. O que quer que se desvie disso, para que seja um "novo estágio da evolução da sociedade", terá muito provavelmente que vir gradualmente de grupos de se mostrando capazes de sustentar seus membros com eficiência maior do que a alternativa natural, e não de uma conversão religiosa em escala global, ou revolução sangrenta do mesmo porte.

Offline Cientista

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Re:A neo-direita brasileira
« Resposta #74 Online: 12 de Maio de 2015, 03:14:10 »
Vocês estão levando a questão muito para o lado puramente abstrato do termo "mérito".
Dizer que mérito é um complexo paramétrico da máquina é "levar para o abstrato"???

Estamos falando de mérito no âmbito de meritocracia.
Eu não, e nem poderia. Falo de meritocracia no "âmbito do mérito". Meritocracia existe porque (e não pode deixar de existir exatamente porque) mérito existe, não o contrário. Meritocracia realmente não importa; questão irrelevante; não pode(ria) criar mérito. O problema é só a tentativa de contestação ou mesmo refutação do parâmetro mérito.

Ou seja, o limite está bem definido.
Não.

E meritocracia é um arranjo social para o estabelecimento de hierarquias, em teoria, de forma mais justa. E a consequência prática do estabelecimento de hierarquias é a diferenciação no acesso aos recursos, que são coisas tangíveis que estabelecem não só nossa sobrevivência como também a qualidade da vida que temos, portanto não sendo pouco relevantes como parâmetro de avaliação.
Meritocracia não é uma criação deliberada humana, especialmente não criada por humanos "malvados, ávidos ou inconsequentes".

Uma pessoa, pela lógica (não pela lógica de mercado), não deveria ser recompensada com mais acesso a recursos, ou desmerecida com menos acessos, simplesmente por ser quem é.
Só um princípio arbitrário desconectado da realidade.

Ela não escolheu isto, não foi responsável pelas duas mais básicas variáveis que definem quem é, o que quer e o que pode.
Exatamente. Ela não escolheu, nem ninguém mais, isso para ela. Porque a incapacidade de "escolha" existe em todos sempre de ponta a ponta.

Não é lógico nem justo que alguém desfrute menos do acesso
Até aqui, nada mais que julgamento arbitrário do que "deve(ria) ser", conflitante com a realidade.

aos recursos naturais
Aqui é o ponto chave. Recursos naturais é o que menos se deseja. Os bens cobiçados não são majoritariamente naturais, são produtos de habilidades específicas detidas por alguns, recursos humanos específicos. Se se considerar o produto da genialidade de alguém, após cair em domínio público, um "recurso natural" "justa e logicamente" compartilhável por todos, está-se na contradição de reduzir pessoas a recursos naturais, portanto sem direitos especiais maiores que os de água e pedras.

Exatamente por não ser de "recursos naturais" que fala-se aqui, que tal proposta-sonho não se sustenta em possibilidade.

Aqui, já mais que suficiente para encerrar tudo, há. Mas vou ao fim.

só por que não possui correspondente genético nem ambiental àqueles dos que são escolhidos, ou merecidos ter. É o mesmo que dizer que alguém merece mais por ser branco ou por ser europeu.
Não, nem é o mesmo que dizer que um indivíduo merece mais porque cria algo que outro não criaria nem que vivesse sozinho (não por inexistência ou isolamento de outros) uma longevidade desde o último neadertal até hoje; É!  dizer isto!

Dois "médicos que se formam" não são dois equimeritizados. Um assume uma profissão de rotina, sem brilho e qualidade. Outro, pode revolucionar a medicina, mesmo tendo se formado em muito mais desvantajosas condições. A deriva de mérito é inevitável.

Em termos práticos da lógica de mercado, de fato faz sentido o estabelecimento de mérito dada a necessidade de grande hierarquização social neste sistema. Mas será que realmente é obrigatório existir hierarquias, ou tanta hierarquia, para que a sociedade funcione?
Depende do que você define/entende como "obrigatório". É "obrigatório" energia para uma máquina funcionar?

Se sim, então, sim, é a resposta.

Eu, dentro de minha visão influenciada pelo anarquismo, entendo que não. Além de não ser necessário, ainda é prejudicial.
O problema do anarquismo é que ele não pode ser anti(qualquer)arquismo, portanto, autocontradizendo-se.




Citação de: Cientista
Ai me parece que está havendo um desencontro semântico. O Peter não quer realmente eliminar ou criticar o mérito, mas ele sonha com uma sociedade inteiramente diferente, desenvolvida sob novos paradigmas, que apenas não seja ela mesma um entrave quase insuperável na busca pela realização de cada individuo, para aqueles que mesmo assim serão poucos, que, no final das contas, terão o mérito de conseguir.
Ele sonha com a versão 'núcleo duro' do tecnocomunismo. Só não está ciente da impossibilidade de realização do sonho.
Se estiver se referindo ao marxismo, ele não é a solução, estabelece também valores baseados no abstrato, com filosofia subjetiva, sem referencial objetivo na realidade observável.
Estou falando bem claramente de (um) **tecnocomunismo**, que, ao gosto do freguês que desejar, pode ser indistinguido, confundido, interpretado...  como um ápice de marxismo ultraideal em que um sistema erigido à independência divina e paternal supra todas as necessidades humanas, cumprindo todas as tarefas necessárias.

É claro que não é "a solução", porque nem há "o problema" dessa perspectiva analítica que propões. Esse "o problema" é abstrato (do tipo vazio), filosófico, sem objetividade, irreal.

Tecnocracia, se fala do movimento tecnocrático do início do século XX, também era falho por perpetuar vícios do atual sistema, como classicismo estrutural e hierarquias sem fim.
Não, tecnocracia é meritocrática. O "sistema atual" não é falho. O único "vício" encontrado nele são as frequentes contra-correntes.

 

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