O conceito moral de que a honra de uma mulher ( e até de toda a sua família ) recaía exclusivamente sobre a condição de um hímen intacto se apoiava tão somente em valores culturais arbitrariamente estabelecidos.
O hímem intacto não é realmente o foco, apenas relacionado ao comportamento desejado, de castidade. Esse associado a melhores "resultados", de saúde individual, familiar, e social.
Arbitrários sim, porque moral significa "correto do ponto de vista de uma determinada ética", e imoral o oposto. E nenhuma argumentação plausível poderia sustentar como aético, anti-ético, o comportamento de uma mulher solteira que tivesse vida sexual ativa.
A condenação se dá (ou, mais significativamente, se dava), pela inconseqüência que isso representa, o risco de engravidar de qualquer um e de contrair doenças, bem como apenas ser um comportamento pouco promissor para constituição de família monogâmica. Com camisinha e contraceptivos isso vai deixando de fazer tanto sentido.
Portanto não acho que a abordagem sensata seja querer resolver o problema da gravidez na adolescência incutindo na sociedade uma crença infundada que condiciona a honradez pessoal com a abstinência de sexo.
Não estou exatamente "defendendo" qualquer coisa como "abordagem sensata", apenas apontando que não é exatamente algo meramente imaginado, como você está colocando.
São comportamentos de risco e um "perfil" que não é o ideal para constituição de família e etc, e então a sociedade naturalmente tenderá a condenar, na medida que preza isso. Mesmo na medida que os motivos se enfraquecem, não é algo que muda facilmente. Poucas pessoas, por mais liberais que sejam, não hesitariam nada em entrar em um relacionamento poliamoroso, aberto, moderno, hippie e chiquérrimo, com toda uma rede de pessoas que você não conhece nem pelo facebook, onde, se alguém tiver filho, nem se sabe de quem é, mais tudo bem.
Entre outras coisas porque esta é uma crença imaginada, que vai criar nas pessoas um conflito irreal e patológico entre impulsos naturais e uma socialmente induzida auto-censura moral. psiquicamente desestruturante, na qual o indivíduo ainda tem de lidar, além do seu próprio tumulto interno, com um contexto social hostil e discriminante.
Como disse, não é algo 100% imaginado, a condenação moral na sociedade é a forma natural de desencorajar comportamentos socialmente indesejáveis.
Não sei se a coisa tem necessariamente toda essa gravidade em nível individual (as pessoas que seguem um comportamento mais estrito não são necessariamente ou mesmo mais comumente, mais problemáticas), ou maior do que qualquer outra pressão social para se ser uma pessoa "correta" em outros aspectos.