Para marqueteiros, Lula ‘não está morto’ politicamenteProfissionais afirmam que, pela primeira vez, história de ex-presidente não depende dele próprio
POR LETÍCIA FERNANDES 26/09/2016 4:30 / atualizado 26/09/2016 16:45
BRASÍLIA — Apesar de ter a imagem desgastada por denúncias de corrupção, além de ter se tornado duas vezes réu na Lava-Jato, marqueteiros ouvidos pelo GLOBO acreditam que o ex-presidente
Lula ainda está “vivo” para uma eventual candidatura presidencial em 2018. Mesmo com o enfraquecimento natural que enfrenta o petista, boa parte dos publicitários procurados, e que atuam hoje em campanhas de oposição a candidatos do PT,
afirmam que Lula ainda tem condições de ter a imagem trabalhada, usando o legado de seus dois mandatos e a boa oratória.
Para o publicitário Alexandre Oltramari, responsável pela campanha da ex-petista Marta Suplicy (PMDB) à prefeitura de São Paulo, Lula “não está morto", mas uma
eventual volta à Presidência dependeria de duas variáveis: o sucesso ou fracasso do governo de Michel Temer e o desenrolar da Operação Lava-Jato. Caso o governo vá bem e Lula seja condenado, disse, a situação do petista ficaria inviável.
— Pela primeira vez na história, o futuro do Lula não depende dele, ainda que o PT saiba fazer uma oposição forte. Você usa o marketing quando pode construir uma história, e ele sempre pôde contar a própria história, mas agora ela será contada pelos outros, a Lava-Jato e o governo Temer.
Se o governo naufragar, Lula pode relembrar as conquistas de sua gestão, que é tudo que ele tem a oferecer — disse o marqueteiro.Para Oltramari, Lula parte de um piso de votos de cerca de 20% — um eleitorado das classes mais baixas e, sobretudo, em estados do Nordeste — mas, a depender do desenrolar dos fatos, esse poderia ser também o máximo que ele alcançaria numa eleição presidencial.
O marqueteiro Lula Guimarães, hoje na campanha de João Doria (PSDB) à prefeitura de São Paulo, também concorda que a imagem do petista, como a de qualquer político, é possível de ser trabalhada.
Ele afirmou que o petista tem marcas fortes que são fáceis de serem exploradas, e que o eleitor do Nordeste ainda tem o ex-presidente como principal referência política.— Ele tem marcas muito fortes como presidente, e elas continuam muito poderosas, vejo isso especialmente na população mais pobre do Nordeste, que ainda tem uma relação muito poderosa com o Lula — disse, citando relatos que ouviu fazendo pesquisas qualitativas no Nordeste:
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No interior de Pernambuco, ouvi uma senhora dizer que não importava se Lula roubou, mas, “se ele roubou, pelo menos dividiu com a gente", e outra que dizia que agora podia comer o frango inteiro, não só carne de pescoço. É essa identificação que ele tem que é tão poderosa, e isso não desaparece. Ele está muito enfraquecido, mas não daria o Lula como morto se ele tiver chance de se candidatar.
Publicitário do PT, Edinho Barbosa não quis comentar em detalhes a possibilidade de Lula chegar em 2018. Ele disse ser cedo demais para pensar nisso, mas afirmou que o marketing político não tem tanta relevância:
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— O marketing tem menos importância do que supõe a nossa vã filosofia. O principal é a responsabilidade com o tipo de estado que queremos — afirmou o publicitário.
Perguntado se o ex-presidente ainda tem força para voltar à Presidência, desconversou:
— Ainda tem muita água para rolar debaixo dessa ponte.
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