Bastet, por motivos que expliquei em outro tópico eu tenho lido bastante artigos sobre o assunto nos últimos meses e sim, uma série de pesquisas em diversos campos (dentro de biomédicas) têm apontado para diferenças cognitivas entre homens e mulheres (o que seria surpreendente não haver em se considerando os locais por onde evoluímos, o tamanho do nosso dimorfismo físico e o fato de sermos mamíferos).
Pesquisadores menos teóricos e mais empíricos de relevo neste campo são a neurocientista (já morta) Doreen Kimura (autora de
Sex and Cognition), a psicóloga Anne Campbell, o neurocientista Simon Baron-Cohen e o psicólogo Richard Lynn.
Há, ao meu ver, um simples e firme suporte à ideia de que somos cognitivamente/comportamentalmente dimórficos: este suporte é o fato de que somos fisicamente dimórficos.
Animais com dimorfismo físico acentuado (que ultrapassem besteirinhas como pinta vermelha debaixo do olho ou uma pena central no ramo 2 centímetros maior que as outras) tendem a se comportar de modo diverso no ambiente: galo e galinha, leão e leoa, zangão e operária... o inverso é verdadeiro, quando machos são menos diferenciáveis fisicamente das fêmeas eles também tendem a ser menos diferenciáveis comportamentalmente: gato e gata, onça-macho e onça-fêmea, urubu-macho e urubu-fêmea.
Mas para além disso os cientistas citados acima (e um montão de outros menos quotados) têm feito inúmeros estudos controlados envolvendo respostas a estresse, mensuração de hormônios sabidamente envolvidos com comportamento e cognição, exames com imagem da atividade encefálica.
Este PDF da SciAm tem um texto escrito pela Doreen que resume bastante as bases de tal pesquisa:
http://www.ucd.ie/artspgs/langimp/genderbrain.pdfDeixa eu só dizer algo, pode parecer eufemistico, principalmente em um clube de nerds (quase todos homens) que valorizam 'demais' a cognição lógico-matemática... mas o que a maioria dos achados neste campo apontam é que homens e mulheres são melhores uns que os outros em campos diferentes da cognição (sendo os homens no campo lógico-matemático e as mulheres no campo emotivo-socio-comunicacional, e havendo diferenças favoráveis para ambos os lados em termos de coordenação corporal/espacial).
Simon Baron-Cohen, um dos pesquisadores citados acima, por exemplo, é especialista em autismo (seu principal campo de pesquisa, de onde derivou o seu estudo sobre diferenças cognitivas) e afirma que o autismo é uma forma de hipermasculização, de exacerbação das características psíquicas masculinas (aliás, a própria discrepância epidemiológica do autismo em função do sexo já é outra simples e firme corroboração da ideia de que cérebros masculino e feminino não são iguais, se fossem o que justificaria que uma doença psiquica e inata se distribuísse de modo diferente em ambos os sexos?):
http://www1.folha.uol.com.br/folha/equilibrio/noticias/ult263u2905.shtmlAhhh, e é óbvio que estas diferenças são por um lado meramente estatísticas e por outro algo moldáveis pelo ambiente: digo, embora em geral os homens carreguem mais frequentemente os
genes de "fazer contas muito bem e ser violento contra outros homens" há homens que não carregam nem os primeiros nem os segundos
genes mas sim os de "se comunicar bem e ter sangue de barata". E para qualquer dos grupos resta um espaço do ambiente/cultura/escola em que estudou/renda da família/morar ou não numa favela/et cetera...