Autor Tópico: Prova de redação no ENEM causa polêmica  (Lida 8540 vezes)

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Offline Johnny Cash

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Re:Prova de redação no ENEM causa polêmica
« Resposta #50 Online: 27 de Outubro de 2015, 15:01:38 »
Qual é a resposta da questão da China?

Letra E?

Offline João da Ega

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Re:Prova de redação no ENEM causa polêmica
« Resposta #51 Online: 27 de Outubro de 2015, 15:04:00 »
Qual é a resposta da questão da China?

Letra E?

Eu marcaria E.
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Offline Skeptikós

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Re:Prova de redação no ENEM causa polêmica
« Resposta #52 Online: 27 de Outubro de 2015, 15:05:39 »
O problema não é abordar o tema por um ponto de vista socialista e/ou anti-capitalista, e sim em oferecer as opções de resposta com base neste ponto de vista, não como simples pontos de vistas, como seria aceitável, e sim como fatos concretos, que é o que foi questionado por alguns.

Mas a questão é a partir daquele charge postada, em que o sujeito diz que a mulher dele tá tentando matá-lo porque tá dando legumes e frutas pra ele comer, postada aqui pelo libertário.
E menciona que é do "ponto de vista" da charge há uma crítica ao uso de agrotóxicos.

Querer ver doutrinação marxista gramsciana aí me parece esticar demais.

E Geotecton, desculpe.
Não tenho nada contra esta, e me expressei mal ao não fazer esta observação de que achei exagerada e forçadas algumas das críticas levantadas aqui (como algumas levantadas pelo forista Libertário, em especial a desta charge), minha crítica se concentra por exemplo, nas questões que envolviam a globalização e a Simone Beauvoir e o feminismo.
"Che non men che saper dubbiar m'aggrada."
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Offline Geotecton

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Re:Prova de redação no ENEM causa polêmica
« Resposta #53 Online: 27 de Outubro de 2015, 15:10:54 »
Mas a questão é a partir daquele charge postada, em que o sujeito diz que a mulher dele tá tentando matá-lo porque tá dando legumes e frutas pra ele comer, postada aqui pelo libertário.
E menciona que é do "ponto de vista" da charge há uma crítica ao uso de agrotóxicos.

Querer ver doutrinação marxista gramsciana aí me parece esticar demais.

E Geotecton, desculpe.

Não há do que se desculpar, meu caro João da Ega.

É que considero muito importante a participação dos foristas ativos, especialmente daqueles que sei que podem contribuir muito para o debate, como é o seu caso e o do Dr. Manhattan.

E, ciente de minhas limitações, aceito (algumas vezes não de bom grado  :P) as críticas e exposições de meus eventuais erros conceituais ou de análise.
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Offline Dr. Manhattan

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Re:Prova de redação no ENEM causa polêmica
« Resposta #54 Online: 27 de Outubro de 2015, 15:24:27 »
Gente, falar de agrotóxicos é coisa de esquerda também.....

Não, não é.

Mas dependendo de como ele é abordado, pode indicar um discurso anti-capitalista. E dos mais atávicos e tacanhos da esquerda.

Quer dizer que certas pessoas estão ficando es can da li za das por algo que, dependendo de como foi abordado, pode indicar um discurso anticapitalista? Vocês não estão achando isso um caso de hipersensibilidade?* Por exemplo, muitos partidos de esquerda defendem posições de defesa da ecologia. Portanto, se uma questão criticar a derrubada de árvores, devemos nos revoltar contra a invasão marxista do ENEM?


*Ou, em linguagem técnica, frescura.

 :histeria:

 :ok:

Pode participar com palavras.

Aceito críticas sem problema algum.

Só queria ressaltar que minha postagem não se referia a sua pessoa. A tentação para tirar sarro é sempre grande, mas nesse caso trata-se mais um interpretação franca de uma atitude de certas pessoas (baseado no que vi principalmente no facebook). Ou seja: não estou lhe chamando de fresco. :)
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Offline Geotecton

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Re:Prova de redação no ENEM causa polêmica
« Resposta #55 Online: 27 de Outubro de 2015, 15:35:05 »
Só queria ressaltar que minha postagem não se referia a sua pessoa. A tentação para tirar sarro é sempre grande, mas nesse caso trata-se mais um interpretação franca de uma atitude de certas pessoas (baseado no que vi principalmente no facebook). Ou seja: não estou lhe chamando de fresco. :)

Senhor, sim senhor.

Entendido.

Senhor, sim senhor.

 :P
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Offline João da Ega

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Re:Prova de redação no ENEM causa polêmica
« Resposta #56 Online: 27 de Outubro de 2015, 18:04:39 »



Não há do que se desculpar, meu caro João da Ega.

É que considero muito importante a participação dos foristas ativos, especialmente daqueles que sei que podem contribuir muito para o debate, como é o seu caso e o do Dr. Manhattan.

E, ciente de minhas limitações, aceito (algumas vezes não de bom grado  :P) as críticas e exposições de meus eventuais erros conceituais ou de análise.

Como o Dr. Manhattan disse, a tentação de tirar sarro é grande, mas reconheço que foi gratuita, desnecessária.
Quanto a contribuir muito, com relação ao Dr. eu concordo. Não sou dado a falsa modéstia, mas sei que não contribuo muito aqui, venho mais pra aprender. O número baixo de mensagens, mesmo com tantos anos, é resultado disso. E mesmo assm a maioria das mensagens é mais tirando dúvidas, perguntando, que contribuindo. O gap de conhecimento em comparação a você e ao Dr. Manhattan é grande.
Esse é um ambiente muito caro pra mim.

 :ok:
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Offline Cumpadi

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Re:Prova de redação no ENEM causa polêmica
« Resposta #57 Online: 27 de Outubro de 2015, 21:11:15 »
Tem que ser muito desocupado para ficar feliz/indignado com o tema da redação de uma prova.
Edit: e o quanto é condenável. Se fosse o NOVO no poder, não estariam recheados de textos de Mises?
Se o NOVO talvez. Mas fosse um partido liberal, essa prova não existiria.
http://tomwoods.com . Venezuela, pode ir que estamos logo atrás.

Offline Sr. Alguém

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Re:Prova de redação no ENEM causa polêmica
« Resposta #58 Online: 27 de Outubro de 2015, 21:24:09 »
Se você acha que sua crença é baseada na razão, você a defenderá com argumentos e não pela força e renunciará a ela se seus argumentos se mostrarem inválidos. (Bertrand Russell)
http://pt.wikipedia.org/wiki/Humanismo_secular
http://pt.wikipedia.org/wiki/Liberalismo_social

Offline Lorentz

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Re:Prova de redação no ENEM causa polêmica
« Resposta #59 Online: 27 de Outubro de 2015, 22:22:11 »


É engraçado, mas esconde algo complicado.

O sujeito não pode deixar de pagar o imposto em educação para usá-lo como bem entender.
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Offline Pasteur

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Re:Prova de redação no ENEM causa polêmica
« Resposta #60 Online: 27 de Outubro de 2015, 22:26:40 »
Skeptikós, só contando as vitimas de violência doméstica, quem sofre mais? O homem ou a mulher? Qual a proporção?
Alguns estudos revelam uma proporção equilibrada, outros apresentam as mulheres como maiores vítimas, e outros apresentam por incrível que pareça, as mulheres como maioria entre os agressores e os homens como maioria entre as vítimas, isso depende muito das características especificas do grupo estudado e da metodologia utilizada no estudo:

[...]

 :ok:


Skeptikós, já viu esses links?:

http://pubpages.unh.edu/~mas2/V71-Straus_Thirty-Years-Denying-Evidence-PV_10.pdf

http://time.com/2921491/hope-solo-women-violence/

http://www.theguardian.com/society/2010/sep/05/men-victims-domestic-violence

http://www.mintpressnews.com/woman-aggressor-unspoken-truth-domestic-violence/196746/


Offline Buckaroo Banzai

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Re:Prova de redação no ENEM causa polêmica
« Resposta #61 Online: 27 de Outubro de 2015, 23:47:59 »
99,999% de chance que os estudos que mostram as mulheres como principais agressoras falam mais em quantidade do que "intensidade". Praticamente em lugar nenhum você vai encontrar mais casos de homens hospitalizados por agressões de mulheres do que vice-versa. Mulheres vão mais ficar dando aqueles tapinhas descoordenados só com a força do pulso, ainda que mais raramente alguém vá apanhar com uma vassoura ou panela, e ou ainda algo como ser esfaqueado e etc.

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Prova de redação no ENEM causa polêmica
« Resposta #62 Online: 27 de Outubro de 2015, 23:53:54 »
A propósito, são 180 questões, que vão desde língua portuguesa até física, até o momento todas as críticas que vi giram em torno da redação e de apenas duas questões: uma que tem a frase da Simone e a outra sobre globalização.
É isso mesmo?

Eu pelo menos não "critiquei" a prova pela frase; apenas li a frase em uma captura de tela que a enaltecia e fiz uma pergunta não relacionada com sua utilidade ou questionabilidade em uma prova.

Gente, falar de agrotóxicos é coisa de esquerda também.....

Não, não é.

Mas dependendo de como ele é abordado, pode indicar um discurso anti-capitalista. E dos mais atávicos e tacanhos da esquerda.

Tenho um amigo super capitalista, ganhando rios de dinheiro vendendo produtos orgânicos. Ele fala mal de agrotóxicos, nenhum argumento dele tem a ver com economia ou política.

Ele evidentemente não é do MST.


.... MAS... me parece que a questão da charge é de "interpretação de charge". O que não necessariamente vai "endossar" sua mensagem... ainda assim eu ficaria razoavelmente surpreso em ver charges que destoem mais da esquerda ou mesmo critiquem ao governo federal, nessas provas.

Offline Dodo

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Re:Prova de redação no ENEM causa polêmica
« Resposta #63 Online: 28 de Outubro de 2015, 00:30:06 »
Até o momento são três questões: a da Simone, a dos agrotóxicos e a da China! Reitero minha pergunta: é só isso?
Não tive tempo de ler a prova eu mesmo, pelo menos não ainda!
Você é único, assim como todos os outros.
Alfred E. Newman

Offline Lakatos

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Re:Prova de redação no ENEM causa polêmica
« Resposta #64 Online: 28 de Outubro de 2015, 08:42:14 »
Na questão da Simone apresentaram um texto e perguntaram qual foi o movimento que os pensamentos dela ajudaram a estruturar. Não dá pra acreditar que "problematizaram" essa questão. Não tem absolutamente nada que possa ser interpretado como apologia à autora.

Offline Fabrício

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Re:Prova de redação no ENEM causa polêmica
« Resposta #65 Online: 28 de Outubro de 2015, 09:27:41 »
Tudo muito exagerado.
"Deus prefere os ateus"

Rhyan

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Re:Prova de redação no ENEM causa polêmica
« Resposta #66 Online: 28 de Outubro de 2015, 10:02:08 »
A esquerda odeia o agronegócio. A esquerda adora pseudociências do tipo naturebas e tal, anti-gmo e cia...

O movimento ecológico foi sequestrado pela esquerda e transformado num movimento anti-capitalista. Infelizmente por isso é comum ver direitistas e libertários falando bobagens negacionistas.

Sobre universidades públicas, a quantidade de liberais e libertários que estudaram, estudam ou até dão aula por lá é muito grande. Todos eles concordam que deveria ser privatizado ou pelo menos pago pelo estudante, ou ter um sistema de vouchers pelo menos. As universidades distorcem completamente o mercado da educação, nenhuma faculdade particular vai conseguir competir com o preço e o luxo de não precisar de lucros que as universidades públicas têm. Elas vão atrair os melhores alunos, exceto pelo criação das cotas, isso muda um pouco. Como não faz parte da educação obrigatória, não sofre os graves problemas que a educação pública tem no ensino médio e fundamental.

Offline André Luiz

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Re:Prova de redação no ENEM causa polêmica
« Resposta #67 Online: 28 de Outubro de 2015, 10:33:47 »
Desde quando falar contra a violência da mulher é coisa de esquerda?
Tem razão, mas por exemplo, no congresso são os partidos de esquerda quem lideram esse debate, assim como direitos humanos, direitos das minorias, etc... Talvez por isso a associação imediata e por consenquência o espantalho para com a esquerda.

Entrei no blog e fiquei curioso com alguns termos que as feministas usam

O que é mascu e validadora?


Offline Lorentz

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Re:Prova de redação no ENEM causa polêmica
« Resposta #68 Online: 28 de Outubro de 2015, 14:22:38 »
mascu é masculinista (o inverso de feminista).
"Amy, technology isn't intrinsically good or bad. It's all in how you use it, like the death ray." - Professor Hubert J. Farnsworth

Offline _Juca_

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Re:Prova de redação no ENEM causa polêmica
« Resposta #69 Online: 28 de Outubro de 2015, 16:31:10 »
"...O feminismo não é de esquerda nem de direita..."

E se eu te contar que você é feminista?

Citar
Ruth Manus
28/10/2015, 11:19 14

Olha só que boa notícia.

 

Semana passada fui dar aula sobre assédio sexual num curso de pós graduação em São Paulo. Cheguei na sala, composta predominantemente por advogados, e perguntei “Quem aqui se considera feminista?”. Silêncio. Uma moça levanta timidamente o braço. Dois ou três caras fazem comentários baixinho e riem.

Disse “Ok. Vou fazer duas leituras rápidas para vocês”. Continuei.

“Dicionário Houaiss da língua portuguesa: FEMINISMO: teoria que sustenta a igualdade política, social e econômica de ambos os sexos.

Dicionário Jurídico da Professora Maria Helena Diniz: FEMINISMO: movimento que busca equiparar a mulher ao homem no que atina aos direitos, emancipando-a jurídica, econômica e sexualmente.”

Esperei um pouquinho e mudei a pergunta “Quem aqui pode me dizer que NÃO se considera feminista?”. Ninguém levantou a mão.

Pois é. Tenho a sensação de que 99% do mundo não entendeu até agora o que é feminismo. Porque se as pessoas entendessem, quase todo mundo teria orgulho de se dizer feminista. E o melhor: dizer “eu não sou feminista” seria considerado algo mais feio do que dizer “eu não gosto de filhote de golden”.

Não vou perder tempo aqui dizendo que feministas não são mulheres que não se depilam, não usam soutien e não transam. Primeiro porque ser feminista não tem a ver com ser mulher, tem a ver com ser humano. Segundo porque nunca entendi que raio que os pelos têm a ver com posicionamentos ideológicos. Terceiro porque soutien serve para sustentar peitos, não para sustentar ideias. E quarto porque eu já vi gente deixar de transar por causa da igreja, por causa de promessa, por falta de opção, por infecção ginecológica, problemas de ereção… Mas por feminismo nunca vi. Alguém já viu?

Enfim. Acho que ser feminista não é bom ou ruim. Ser feminista é necessário.  Uma vez ouvi uma amiga dizer “a mulher que diz que nunca foi discriminada é apenas uma mulher muito distraída”. É simples assim. Não precisamos ir até o Oriente Médio. Não precisamos ir até tribos africanas. Não precisamos ir ao sertão do nordeste. Não precisamos ir até a periferia de São Paulo. Não precisamos sair dos nossos bairros.  O machismo que limita, que agride, que marginaliza, que ofende, que diminui, mora ao lado, dorme por perto.

E agora, quem poderá nos defender? O feminismo. O mesmo feminismo que nos tornou civilmente capazes e independentes perante a lei. O mesmo feminismo que nos possibilitou votarmos e sermos votadas. O mesmo feminismo que segue lutando diariamente por uma sociedade mais justa para mulheres, homens, mães, pais, filhas, filhos, trabalhadoras e trabalhadores.

No século XIX, as brilhantes irmãs Brontë escreviam através de pseudônimos masculinos por saberem que suas obras não seriam aceitas na sociedade se soubessem que as autoras eram mulheres. Se não fosse o feminismo eu provavelmente também não estaria escrevendo aqui neste momento. Pelo menos não como Ruth.

Nós precisamos falar sobre feminismo. Com nossos amigos, nossos pais, nossos filhos, grandes ou pequenos. É hora de falar sobre igualdade entre meninos e meninas. É hora de falar que meninas podem jogar bola e ter carrinhos e que meninos podem cuidar de bonecas. Quem não quer ter um filho feminista? Quem não quer que eles vivam num mundo de igualdade, no qual nem meninos nem meninas sejam massacrados pela truculência do machismo?

Nesse domingo, o tema da redação do Enem foi a violência contra a mulher. Milhões de jovens tiveram que parar para pensar sobre isso. Que avanço lindo. Pensar é sempre o primeiro passo. Perceber que a questão existe, que o tema não é antiquado e que, infelizmente, as questões de gênero estão muito longe de serem superadas. A violência persiste, a discriminação no ambiente de trabalho persiste, a desigualdade salarial persiste, a discriminação com as tarefas domésticas persiste, as pequenas (e não menos graves) agressões machistas do dia a dia persistem. Então a luta tem que persistir.

O feminismo não é de esquerda nem de direita. Não é só para mulheres nem é só para homens. Não é ameaça. Não é um estranho. Mas perceba que quando você trata os feministas na terceira pessoa do plural, excluindo-se deste rol, você está afirmando não fazer parte do grupo que prega a igualdade de oportunidades entre homens e mulheres. Pense bem de que lado você quer estar.

Se você percebeu que é feminista, fique tranquilo. Nós não contaremos para ninguém. Mas, sabe? Se eu fosse você, eu sairia contando para todo mundo. Porque ser feminista é lindo, é importante, é sinal da inteligência e da decência de qualquer ser humano. Como diz o lindo livrinho da nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie (leiam, ele é pequenino e indispensável): Sejamos todos feministas. E o mundo será melhor a cada dia. Pode apostar.

Rhyan

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Re:Prova de redação no ENEM causa polêmica
« Resposta #70 Online: 28 de Outubro de 2015, 16:55:52 »

Offline André Luiz

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Re:Prova de redação no ENEM causa polêmica
« Resposta #71 Online: 28 de Outubro de 2015, 16:59:43 »
O problema é que esse parece ser o feminismo de grife, o texto da Ruth Manus

Tá cheio de comunidades feministas onde querem proibir o flerte, a cantada, a ereção, masturbação sem o consentimento da homenageada, proibir mulher de gostar de sacanagem e falar de putaria, pois é se equiparar ao macho ou estão preocupadas  com gostosas em games, filmes e gibis   :lol:

Ai fica foda ser simpático ao movimento,  com essa sacralização da mulher conseguem tirar a graça do mundo, pior que igreja.

As demandas como combate a violência, equiparação salarial, contra o assedio e demais causas justas acabam ficando para o segundo plano


Offline Gaúcho

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Re:Prova de redação no ENEM causa polêmica
« Resposta #73 Online: 28 de Outubro de 2015, 17:14:11 »
"...O feminismo não é de esquerda nem de direita..."

E se eu te contar que você é feminista?

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Ruth Manus
28/10/2015, 11:19 14

Olha só que boa notícia.

 

Semana passada fui dar aula sobre assédio sexual num curso de pós graduação em São Paulo. Cheguei na sala, composta predominantemente por advogados, e perguntei “Quem aqui se considera feminista?”. Silêncio. Uma moça levanta timidamente o braço. Dois ou três caras fazem comentários baixinho e riem.

Disse “Ok. Vou fazer duas leituras rápidas para vocês”. Continuei.

“Dicionário Houaiss da língua portuguesa: FEMINISMO: teoria que sustenta a igualdade política, social e econômica de ambos os sexos.

Dicionário Jurídico da Professora Maria Helena Diniz: FEMINISMO: movimento que busca equiparar a mulher ao homem no que atina aos direitos, emancipando-a jurídica, econômica e sexualmente.”

Esperei um pouquinho e mudei a pergunta “Quem aqui pode me dizer que NÃO se considera feminista?”. Ninguém levantou a mão.

Pois é. Tenho a sensação de que 99% do mundo não entendeu até agora o que é feminismo. Porque se as pessoas entendessem, quase todo mundo teria orgulho de se dizer feminista. E o melhor: dizer “eu não sou feminista” seria considerado algo mais feio do que dizer “eu não gosto de filhote de golden”.

Não vou perder tempo aqui dizendo que feministas não são mulheres que não se depilam, não usam soutien e não transam. Primeiro porque ser feminista não tem a ver com ser mulher, tem a ver com ser humano. Segundo porque nunca entendi que raio que os pelos têm a ver com posicionamentos ideológicos. Terceiro porque soutien serve para sustentar peitos, não para sustentar ideias. E quarto porque eu já vi gente deixar de transar por causa da igreja, por causa de promessa, por falta de opção, por infecção ginecológica, problemas de ereção… Mas por feminismo nunca vi. Alguém já viu?

Enfim. Acho que ser feminista não é bom ou ruim. Ser feminista é necessário.  Uma vez ouvi uma amiga dizer “a mulher que diz que nunca foi discriminada é apenas uma mulher muito distraída”. É simples assim. Não precisamos ir até o Oriente Médio. Não precisamos ir até tribos africanas. Não precisamos ir ao sertão do nordeste. Não precisamos ir até a periferia de São Paulo. Não precisamos sair dos nossos bairros.  O machismo que limita, que agride, que marginaliza, que ofende, que diminui, mora ao lado, dorme por perto.

E agora, quem poderá nos defender? O feminismo. O mesmo feminismo que nos tornou civilmente capazes e independentes perante a lei. O mesmo feminismo que nos possibilitou votarmos e sermos votadas. O mesmo feminismo que segue lutando diariamente por uma sociedade mais justa para mulheres, homens, mães, pais, filhas, filhos, trabalhadoras e trabalhadores.

No século XIX, as brilhantes irmãs Brontë escreviam através de pseudônimos masculinos por saberem que suas obras não seriam aceitas na sociedade se soubessem que as autoras eram mulheres. Se não fosse o feminismo eu provavelmente também não estaria escrevendo aqui neste momento. Pelo menos não como Ruth.

Nós precisamos falar sobre feminismo. Com nossos amigos, nossos pais, nossos filhos, grandes ou pequenos. É hora de falar sobre igualdade entre meninos e meninas. É hora de falar que meninas podem jogar bola e ter carrinhos e que meninos podem cuidar de bonecas. Quem não quer ter um filho feminista? Quem não quer que eles vivam num mundo de igualdade, no qual nem meninos nem meninas sejam massacrados pela truculência do machismo?

Nesse domingo, o tema da redação do Enem foi a violência contra a mulher. Milhões de jovens tiveram que parar para pensar sobre isso. Que avanço lindo. Pensar é sempre o primeiro passo. Perceber que a questão existe, que o tema não é antiquado e que, infelizmente, as questões de gênero estão muito longe de serem superadas. A violência persiste, a discriminação no ambiente de trabalho persiste, a desigualdade salarial persiste, a discriminação com as tarefas domésticas persiste, as pequenas (e não menos graves) agressões machistas do dia a dia persistem. Então a luta tem que persistir.

O feminismo não é de esquerda nem de direita. Não é só para mulheres nem é só para homens. Não é ameaça. Não é um estranho. Mas perceba que quando você trata os feministas na terceira pessoa do plural, excluindo-se deste rol, você está afirmando não fazer parte do grupo que prega a igualdade de oportunidades entre homens e mulheres. Pense bem de que lado você quer estar.

Se você percebeu que é feminista, fique tranquilo. Nós não contaremos para ninguém. Mas, sabe? Se eu fosse você, eu sairia contando para todo mundo. Porque ser feminista é lindo, é importante, é sinal da inteligência e da decência de qualquer ser humano. Como diz o lindo livrinho da nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie (leiam, ele é pequenino e indispensável): Sejamos todos feministas. E o mundo será melhor a cada dia. Pode apostar.

Então não precisa de um rótulo, apenas de bom senso. Eu também acho que homossexuais devem ter os mesmos direitos que heterossexuais, ou que não devem apanhar na rua por causa da sua orientação sexual, ou que são inferiores aos heterossexuais, e nem por isso me chamam de gaysista/homossexualista.

É muito mimimi. Dos dois lados. E as feministas de hoje estão lutando uma guerra que a geração anterior delas já lutou. E já ganhou. Olha o número de idiotas que hoje ainda acham seriamente que "lugar de mulher é na cozinha", ou que "mulher que apanha do marido, gosta", ou que "mulher tem é que cuidar da casa", e compara com o número de 20/30 anos atrás.

Ficar toda serelepe porque uma autora feminista foi citada em uma prova do ENEM, ou ficar escrevendo "omi" e "masc" no FB, se achando a super revolucionária, é uma total ofensa àquelas mulheres que, como eu já citei, lutaram, e venceram, essa luta. Aquelas, sim, verdadeiras feministas.

A luta agora é outra, meu amigo. É por aquela diferença salarial. Ou por aquela oportunidade de trabalho igual. Não é mais por "viu, só! fala agora que lugar é na cozinha!! hahahahaha, masc não passarão! chora omi!! HUEHUE...."
« Última modificação: 28 de Outubro de 2015, 17:16:20 por Gaúcho »
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Offline _Juca_

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Re:Prova de redação no ENEM causa polêmica
« Resposta #74 Online: 28 de Outubro de 2015, 17:31:10 »
"...O feminismo não é de esquerda nem de direita..."

E se eu te contar que você é feminista?

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Ruth Manus
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Olha só que boa notícia.

 

Semana passada fui dar aula sobre assédio sexual num curso de pós graduação em São Paulo. Cheguei na sala, composta predominantemente por advogados, e perguntei “Quem aqui se considera feminista?”. Silêncio. Uma moça levanta timidamente o braço. Dois ou três caras fazem comentários baixinho e riem.

Disse “Ok. Vou fazer duas leituras rápidas para vocês”. Continuei.

“Dicionário Houaiss da língua portuguesa: FEMINISMO: teoria que sustenta a igualdade política, social e econômica de ambos os sexos.

Dicionário Jurídico da Professora Maria Helena Diniz: FEMINISMO: movimento que busca equiparar a mulher ao homem no que atina aos direitos, emancipando-a jurídica, econômica e sexualmente.”

Esperei um pouquinho e mudei a pergunta “Quem aqui pode me dizer que NÃO se considera feminista?”. Ninguém levantou a mão.

Pois é. Tenho a sensação de que 99% do mundo não entendeu até agora o que é feminismo. Porque se as pessoas entendessem, quase todo mundo teria orgulho de se dizer feminista. E o melhor: dizer “eu não sou feminista” seria considerado algo mais feio do que dizer “eu não gosto de filhote de golden”.

Não vou perder tempo aqui dizendo que feministas não são mulheres que não se depilam, não usam soutien e não transam. Primeiro porque ser feminista não tem a ver com ser mulher, tem a ver com ser humano. Segundo porque nunca entendi que raio que os pelos têm a ver com posicionamentos ideológicos. Terceiro porque soutien serve para sustentar peitos, não para sustentar ideias. E quarto porque eu já vi gente deixar de transar por causa da igreja, por causa de promessa, por falta de opção, por infecção ginecológica, problemas de ereção… Mas por feminismo nunca vi. Alguém já viu?

Enfim. Acho que ser feminista não é bom ou ruim. Ser feminista é necessário.  Uma vez ouvi uma amiga dizer “a mulher que diz que nunca foi discriminada é apenas uma mulher muito distraída”. É simples assim. Não precisamos ir até o Oriente Médio. Não precisamos ir até tribos africanas. Não precisamos ir ao sertão do nordeste. Não precisamos ir até a periferia de São Paulo. Não precisamos sair dos nossos bairros.  O machismo que limita, que agride, que marginaliza, que ofende, que diminui, mora ao lado, dorme por perto.

E agora, quem poderá nos defender? O feminismo. O mesmo feminismo que nos tornou civilmente capazes e independentes perante a lei. O mesmo feminismo que nos possibilitou votarmos e sermos votadas. O mesmo feminismo que segue lutando diariamente por uma sociedade mais justa para mulheres, homens, mães, pais, filhas, filhos, trabalhadoras e trabalhadores.

No século XIX, as brilhantes irmãs Brontë escreviam através de pseudônimos masculinos por saberem que suas obras não seriam aceitas na sociedade se soubessem que as autoras eram mulheres. Se não fosse o feminismo eu provavelmente também não estaria escrevendo aqui neste momento. Pelo menos não como Ruth.

Nós precisamos falar sobre feminismo. Com nossos amigos, nossos pais, nossos filhos, grandes ou pequenos. É hora de falar sobre igualdade entre meninos e meninas. É hora de falar que meninas podem jogar bola e ter carrinhos e que meninos podem cuidar de bonecas. Quem não quer ter um filho feminista? Quem não quer que eles vivam num mundo de igualdade, no qual nem meninos nem meninas sejam massacrados pela truculência do machismo?

Nesse domingo, o tema da redação do Enem foi a violência contra a mulher. Milhões de jovens tiveram que parar para pensar sobre isso. Que avanço lindo. Pensar é sempre o primeiro passo. Perceber que a questão existe, que o tema não é antiquado e que, infelizmente, as questões de gênero estão muito longe de serem superadas. A violência persiste, a discriminação no ambiente de trabalho persiste, a desigualdade salarial persiste, a discriminação com as tarefas domésticas persiste, as pequenas (e não menos graves) agressões machistas do dia a dia persistem. Então a luta tem que persistir.

O feminismo não é de esquerda nem de direita. Não é só para mulheres nem é só para homens. Não é ameaça. Não é um estranho. Mas perceba que quando você trata os feministas na terceira pessoa do plural, excluindo-se deste rol, você está afirmando não fazer parte do grupo que prega a igualdade de oportunidades entre homens e mulheres. Pense bem de que lado você quer estar.

Se você percebeu que é feminista, fique tranquilo. Nós não contaremos para ninguém. Mas, sabe? Se eu fosse você, eu sairia contando para todo mundo. Porque ser feminista é lindo, é importante, é sinal da inteligência e da decência de qualquer ser humano. Como diz o lindo livrinho da nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie (leiam, ele é pequenino e indispensável): Sejamos todos feministas. E o mundo será melhor a cada dia. Pode apostar.

Então não precisa de um rótulo, apenas de bom senso. Eu também acho que homossexuais devem ter os mesmos direitos que heterossexuais, ou que não devem apanhar na rua por causa da sua orientação sexual, ou que são inferiores aos heterossexuais, e nem por isso me chamam de gaysista/homossexualista.

É muito mimimi. Dos dois lados. E as feministas de hoje estão lutando uma guerra que a geração anterior delas já lutou. E já ganhou. Olha o número de idiotas que hoje ainda acham seriamente que "lugar de mulher é na cozinha", ou que "mulher que apanha do marido, gosta", ou que "mulher tem é que cuidar da casa", e compara com o número de 20/30 anos atrás.

Ficar toda serelepe porque uma autora feminista foi citada em uma prova do ENEM, ou ficar escrevendo "omi" e "masc" no FB, se achando a super revolucionária, é uma total ofensa àquelas mulheres que, como eu já citei, lutaram, e venceram, essa luta. Aquelas, sim, verdadeiras feministas.

A luta agora é outra, meu amigo. É por aquela diferença salarial. Ou por aquela oportunidade de trabalho igual. Não é mais por "viu, só! fala agora que lugar é na cozinha!! hahahahaha, masc não passarão! chora omi!! HUEHUE...."

Muito longe da luta estar ganha, muito longe do machismo estar enterrado, os avanços parecem grandes porque os direitos das mulheres eram nulos, a luta só vai estar ganha o dia em que homens e mulheres estiverem de fato equiparados, economica, social e politicamente em toda sociedade e em todo mundo. Anos luz disso estar perto, pra mim a luta está só no começo.
« Última modificação: 28 de Outubro de 2015, 17:33:11 por _Juca_ »

 

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