Di Stéfano, Garrincha e Pelé jogaram em tempos em que o nível do esporte era muito menor. Marcações ingênuas, esquemas táticos extremamente abertos e falta de condicionamento físico dos defensores facilitava muito a vida dos atacantes. Você pode notar que era extremamente comum a ocorrência de placares com mais de 5 gols.
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e Pelé, apesar de ser tido como o melhor do mundo por 7 vezes segundo a France Football, nunca em toda a vida disputou uma liga europeia e inflou suas estatísticas com jogos contra times muito fracos do Campeonato Paulista e de outros torneios de segunda linha.
Esse tipo de discussão é eterna e jamais se chega a uma conclusão.
Mas há algumas falhas no seu argumento.
Eu infelizmente não vi Pelé jogar, e quando tive oportunidade de assistir aos antigos "tapes" da Copa de 70 fiquei bem decepcionado com o time, e especialmente com Pelé. Mas depois vendo as jogadas de Pelé no documentário Pelé Eterno entendi porque foi considerado rei do futebol.
Um ponto é difícil questionar: Pelé foi o jogador mais 'plástico' da história. O que fazia as jogadas mais espetaculares. A simples movimentação do Pelé no campo já era um espetáculo plástico, e está aí o Youtube que não me deixa mentir.
Mas na Copa de 70 Pelé estava velho, era uma época em que atacantes se aposentavam com 30 anos. E se a preparação física não ajudava os zagueiros, é claro que também não favorecia os atacantes. Pelé não teve os benefícios da preparação física de hoje, da fisioterapia e medicina esportiva e nutricional. Não teve o mesmo material esportivo e nem jogou nos gramados perfeitos da Champions League.
Acima de tudo os atacantes não tinham a proteção dos juízes, e um zagueiro para ser expulso só baleando o adversário.
Mas quando se diz que Pelé, Garrincha e outros não foram testados jogando na Europa esse é o maior erro, porque está se imaginando que a Europa era naquela época o centro do futebol mundial como é hoje. Que eram lá que estavam os melhores times, os melhores jogadores. Claro que não! Na década de 60 os clubes sulamericanos ganharam mais títulos mundiais que os europeus.
O campeonato paulista que você se refere com certeza era mais forte comparado com a maioria dos campeonatos nacionais da Europa. E há muitos dados em que se pode comprovar isto. Times como Ferroviária, do interior, frequentemente excursionavam na Europa deitando e rolando em cima de times europeus... E certamente, se estes times fossem fracos, não receberiam para fazer amistosos na Europa. Havia vários torneios ( ainda há! ) como Tereza Herrera, Ramon de Carranza, e outros, que os clubes brasileiros cansavam de ganhar em cima de Real Madri, Barcelona...
Já na década de 80, quando o Flamengo ainda estava montando o time que seria campeão mundial, ganhou um torneio que o Real Madrid patrocinava, contra o Real Madrid, só com 8 jogadores em campo. Porque era uma roubalheira danada pra favorecer o time da casa nestes torneios. Depois esse time enfrentou o Liverpool na final do mundial, que era um clube que dominava o futebol europeu nos últimos 10 anos, um combinado da seleção da Escócia com a seleção da Inglaterra, e no final do 1 tempo já goleava por 3x0 e os britânicos mal tinham tocado na bola.
O próprio Santos quando disputou o título mundial duas vezes contra campeões da Europa atropelou estes times.
Por que então supor que a carreira de Pelé teria sido mais difícil na Europa?
Estatística: Pelé contra times europeus. Impressionantes 205 gols em 194 jogos.
Foi testado ou não foi?
Dá uma olhadinha em Pelé contra os defensores europeus. Que o crioulo jogava bonito, isso jogava.