Autor Tópico: Reforma da Previdência  (Lida 18737 vezes)

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Offline Buckaroo Banzai

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #600 Online: 16 de Julho de 2019, 12:12:52 »
mas (sem ofensa) não consigo "me identificar" com a perspectiva de "ah, se pelo menos eu fosse um pouco mais pobre, então poderia me valer do benefício X.

Mas gente, onde é que eu disse isso? Aponte-me, por favor...

O que eu quis dizer é que não é tão fácil quanto muitos pensam, que benesses sociais seriam distribuídas como milho a pombos, homessa! :vergonha:


Foi o que me pareceu expresso em seu "dilema," "dúvida entre duas escolhas." :|

Quanto mais pobre se é, menos há para investir/guardar. Lei de Engel.

Sempre foi o meu dilema, não ser pobre o bastante para usufruir de programas sociais governamentais e nem ser rico o bastante para me manter sem dificuldades... :umm:






Offline Brienne of Tarth

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #601 Online: 16 de Julho de 2019, 12:21:09 »
Bucky man...a palavra "dilema", colocada como apenas "dúvida entre duas escolhas", não exprime exatamente o que eu quis dizer. Veja:

    1.
    filosofia
    raciocínio que parte de premissas contraditórias e mutuamente excludentes, mas que paradoxalmente terminam por fundamentar uma mesma conclusão [Em um dilema, ocorre a necessidade de uma escolha entre alternativas opostas A e B, que resultará em uma conclusão ou consequência C, que deriva necessariamente tanto de A quanto de B.].
    2.
    por extensão
    necessidade de escolher entre duas saídas contraditórias e igualmente insatisfatórias.

Ou seja, a questão não é a escolha, mas as saídas igualmente insatisfatórias. Capicce? I hope so. Kisses and hugs.  :hihi:



GNOSE

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #602 Online: 16 de Julho de 2019, 12:26:43 »
Eu acho que legal que essa discussão toda começou por um texto do Piketty cheio de informações falsas.

Seriam falsas essas afirmações desse trecho?

Citar
[...] O risco ao sistema advém igualmente do fim da contribuição fiscal dos empregadores, como a Cofins e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). Com o PIS-Pasep, somam cerca de metade das receitas da Seguridade Social.

[...]

Segundo, deveria focar no topo do funcionalismo público e não nos trabalhadores pobres e precários. Nas projeções do governo para a proposta original, no entanto, a suposta "justiça fiscal" com o aumento das alíquotas de contribuições de funcionários públicos representa 1% da economia, enquanto 91% (R$ 4,1 trilhões em 20 anos) viria da assistência social e do regime geral, onde 90% dos aposentados recebem até 2 salários mínimos.


Terceiro, a reforma previdenciária deve ser necessariamente complementada pela reforma tributária, mantendo o financiamento tripartite da Previdência, mas combatendo os privilégios na tributação. Afinal, o Brasil parece um paraíso fiscal para detentores de capital e para a elite de profissionais de alta renda.

Quase metade da receita de impostos (49,19% em média entre 2008 e 2017) vem embutida em bens e serviços que não distinguem o consumidor miserável do endinheirado. Como o pobre consome tudo ou quase tudo o que ganha, paga proporcionalmente mais impostos que o rico.


Por sua vez, a alíquota máxima do imposto de renda (27,5%) captura tanto o assalariado de R$ 5 mil quanto o de R$ 10 milhões. Já o detentor do capital simplesmente não paga imposto pessoal sobre sua renda em lucros e dividendos. Profissionais que prestam serviços como pessoas jurídicas têm o mesmo privilégio. Outra jabuticaba brasileira é que as empresas deduzem o "pagamento" de juros sobre seu "capital próprio", o que aumenta os lucros distribuídos sem impostos.

Combater estes privilégios pode levantar bem mais de R$ 100 bilhões ao ano como quer o governo. Ademais, a sonegação se aproximou de R$ 620 bilhões em 2018, segundo nova estimativa do Sinprofaz. Isto é muito mais que a economia com o corte de aposentadorias e pensões proposto pelo governo Bolsonaro. Isto sem falar de outras isenções e das dívidas tributárias.
[...]


Offline Buckaroo Banzai

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #603 Online: 16 de Julho de 2019, 12:33:57 »
Bucky man...a palavra "dilema", colocada como apenas "dúvida entre duas escolhas", não exprime exatamente o que eu quis dizer. Veja:

    1.
    filosofia
    raciocínio que parte de premissas contraditórias e mutuamente excludentes, mas que paradoxalmente terminam por fundamentar uma mesma conclusão [Em um dilema, ocorre a necessidade de uma escolha entre alternativas opostas A e B, que resultará em uma conclusão ou consequência C, que deriva necessariamente tanto de A quanto de B.].
    2.
    por extensão
    necessidade de escolher entre duas saídas contraditórias e igualmente insatisfatórias.

Ou seja, a questão não é a escolha, mas as saídas igualmente insatisfatórias. Capicce? I hope so. Kisses and hugs.  :hihi:


Então simplesmente não entendi.

A alternativa política a não ter programas de bem-estar social não é "as pessoas serem mais ricas," mas "darwinismo social," ao menos por parte do estado.

A "alternativa" política de "enriquecer" as pessoas não é algo trivial, e é em parte* conseguido justamente com políticas de bem-estar social, já que pessoas menos-miseráveis/menos-pobres têm maiores chances de enriquecer, além de menores chances de agravarem sua situação de forma que afete também a outros. Ex.: provavelmente sua propriedade/terreno se desvaloriza menos se ao lado tem um "Cingapura" do que se tem uma favela.


* não só com isso, ambiente econômico favorável ao empreendimento e geração de empregos é imprescindível, mas não há dicotomia necessária entre isso e programas de bem-estar social.

Offline Sergiomgbr

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #604 Online: 16 de Julho de 2019, 12:48:33 »
A palavra enriquecer não procede nem com aspas. Enriquecer é produzir riquezas. A única solução é o pobre enriquecer, produzir riquezas ainda que tenha que ser espoliado por politicas que acolhem à retóricas de agendas oportunistas nem sempre bem intencionadas de distribuição de renda à favor da moda da vez em termos de critério do que seja um pobre(ou o mais merecedor da vez). O melhor termo a se usar no caso seria remediar.
Até onde eu sei eu não sei.

Offline -Huxley-

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #605 Online: 16 de Julho de 2019, 13:19:03 »
O argumento de Piketty e dos economistas da Uniasno é mais ou menos assim: "Não vamos fazer a reforma da previdência assim, pois uma reforma tributária assim arrecadaria X bilhões de reais." Devido à elisão fiscal e ao efeito peso morto, as estimativas de aumento de arrecadação por aumento na progressividade tributária não passam de chute. Mostrem o histórico da acurácia preditiva dessas pobres criaturas em arrecadação de imposto por causa de mudanças na legislação como eles querem e depois conversamos.

O fato de a diminuição prevista com gastos com servidores federais gerarem pouca contribuição na economia prevista de gasto público se deve ao fato de eles estarem em número infinitamente menor do que os trabalhadores da CLT (até os empregadores das empresas federais 100% públicas pertencem a categoria de celetistas). E também ao fato de que os tribunais superiores provavelmente julgariam como inconstitucionais mudanças nos direitos adquiridos dos marajás do setor público federal.

E, apesar de tudo, devido a mudança demográfica em curso no Brasil, é bastante questionável que a relação gasto público com previdência/PIB nos próximos anos não irá aumentar, se a reforma parar por aqui. 
« Última modificação: 16 de Julho de 2019, 14:25:56 por -Huxley- »


Offline -Huxley-

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #607 Online: 16 de Julho de 2019, 15:39:22 »
Tudo o mais constante, com uma reforma da previdência de grande porte, como poderia haver perda de arrecadação, se as pessoas vão contribuir por mais tempo para a previdência antes de se aposentarem?  :o E as taxas de juros futuros já caíram recentemente com a notícia da reforma aprovada.

Com ou sem reforma tributária ideal, a contribuição da reforma da previdência para o ajuste fiscal nunca deveria ser desprezada. Ainda mais quando se oferece um substituto de ajuste fiscal sem comprovação de aumento arrecadatório.
« Última modificação: 16 de Julho de 2019, 15:57:04 por -Huxley- »

Offline Entropia

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #608 Online: 16 de Julho de 2019, 17:53:23 »


Seriam falsas essas afirmações desse trecho?

Citar
[...] O risco ao sistema advém igualmente do fim da contribuição fiscal dos empregadores, como a Cofins e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). Com o PIS-Pasep, somam cerca de metade das receitas da Seguridade Social.

[...]

Segundo, deveria focar no topo do funcionalismo público e não nos trabalhadores pobres e precários. Nas projeções do governo para a proposta original, no entanto, a suposta "justiça fiscal" com o aumento das alíquotas de contribuições de funcionários públicos representa 1% da economia, enquanto 91% (R$ 4,1 trilhões em 20 anos) viria da assistência social e do regime geral, onde 90% dos aposentados recebem até 2 salários mínimos.


Terceiro, a reforma previdenciária deve ser necessariamente complementada pela reforma tributária, mantendo o financiamento tripartite da Previdência, mas combatendo os privilégios na tributação. Afinal, o Brasil parece um paraíso fiscal para detentores de capital e para a elite de profissionais de alta renda.

Quase metade da receita de impostos (49,19% em média entre 2008 e 2017) vem embutida em bens e serviços que não distinguem o consumidor miserável do endinheirado. Como o pobre consome tudo ou quase tudo o que ganha, paga proporcionalmente mais impostos que o rico.


Por sua vez, a alíquota máxima do imposto de renda (27,5%) captura tanto o assalariado de R$ 5 mil quanto o de R$ 10 milhões. Já o detentor do capital simplesmente não paga imposto pessoal sobre sua renda em lucros e dividendos. Profissionais que prestam serviços como pessoas jurídicas têm o mesmo privilégio. Outra jabuticaba brasileira é que as empresas deduzem o "pagamento" de juros sobre seu "capital próprio", o que aumenta os lucros distribuídos sem impostos.

Combater estes privilégios pode levantar bem mais de R$ 100 bilhões ao ano como quer o governo. Ademais, a sonegação se aproximou de R$ 620 bilhões em 2018, segundo nova estimativa do Sinprofaz. Isto é muito mais que a economia com o corte de aposentadorias e pensões proposto pelo governo Bolsonaro. Isto sem falar de outras isenções e das dívidas tributárias.
[...]

1 - CSLL e PIS nao foram extintos, isso é claramente falso, a proposta, inclusive, era pra aumentá-lo para bancos.

https://www.infomoney.com.br/mercados/acoes-e-indices/noticia/8462511/relator-da-previdencia-muda-novamente-texto-sobre-csll-quais-acoes-devem-ser-mais-impactadas

https://extra.globo.com/noticias/economia/dona-socorro/reforma-da-previdencia-veja-como-ficou-texto-aprovado-pelos-deputados-23806300.html

Que tipo de reforma iria querer reduzir as receitas desse mesma reforma? o.O

2- Acredito que o número correto seja 77%, mas de qualquer maneira, pela milésima vez. A economia é maior para o regime geral pois este comporta dezenas de milhoes de pessoas, enquanto que os servidores sao centenas de milhares ou um milhao. o Gasto Per Capta é muito maior pro funcionalismo público.

3- Sobre a parte de reforma tributária nao há o que falar agora, já que existe de fato várias propostas de reforma tributária para serem discutidas após a reforma da previdência ser aprovada


4- Os números da sonegacao estao muito provavelmente superestimados, pois sao baseados em estimativas de números antigos e nao lá muito confiáveis para se basear no que ocorre agora.

Ver mais aqui:

http://lmonasterio.blogspot.com/2015/02/a-sonegacao-de-impostos-no-brasil-e.html

Citar
Os autores obtiveram o "Indicador de Sonegação Estimado % do Tributo" das fontes listadas na última coluna. Vejamos a metodologia de cada estimativa de sonegação por imposto:
IBPT (2009): Utilizaram valores estimados de evasão a partir do autos de infração das empresas. Ora, as empresas fiscalizadas não são uma amostra aleatória. Elas foram investigadas porque eram suspeitas. Logo, a estimativa provavelmente superestima a sonegação;
Siqueira (2006): Não olhei a metodologia, mas a estimativa de evasão do IRPF (34%) foi feita com dados das declarações de 1999. Desde então, a Receita melhorou muito a fiscalização.  Logo, o número também deve estar superestimado;
 Paes (2011): Parece ser um trabalho muito bem feito de cálculo de hiato tributário (ou seja, a diferença entre a arrecadação legal e a efetiva). Nada tenho contra essa estimativa.
(Outra peculiaridade: como os autores não atualizaram os percentuais estimados de sonegação, a cada aumento da arrecadação, maior será o valor absoluto da sonegação estimada.)
É bem verdade que o documento completo do Sinprofazenda chama atenção para as limitações dos métodos e sugere cautela na interpretação dos dados. Parabéns aos autores pelo cuidado e sinceridade.

Além do mais, sobre a sonegacao, engana-se quem acha que ela vem dos ultra ricos majoritariamente, boa parte dela também vem de pequenas empresas.

Ver também aqui
http://mercadopopular.org/direito/sonegacao-fiscal-merece-um-debate-mais-serio-no-brasil/

Citar
É importante analisar, igualmente, de onde vem a sonegação no Brasil para um melhor diagnóstico. Apenas assim podemos tentar descobrir as motivações subjacentes de tal atividade. Em 2009 o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário publicou um estudo que apontou quais setores sofrem mais com a sonegação.

A base de dados veio de fiscalizações da Receita Federal, Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), além de Secretarias de Fazenda e de Finanças de Estados e capitais. As conclusões demonstraram que o setor que mais sonega é o industrial, com 30,77% das empresas, seguida do comércio (29,02%) e serviços (24,22%). As pequenas empresas são as que mais sonegam, com índice de  64,65%, contra 49,05% das médias empresas e 26,78% das grandes empresas. Os tributos mais sonegados são ligados a previdência social (27,75% das empresas), ICMS (27,14%) e Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (26,64%).

Além do mais, sonegacao pode-se confundir com elisao fiscal, que sao métodos legais de se "evitar" impostos.
« Última modificação: 16 de Julho de 2019, 18:01:43 por Entropia »

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #609 Online: 16 de Julho de 2019, 22:15:18 »

FLÁVIO BOLSONARO, QUEIROZ E AS FAKE NEWS DA PREVIDÊNCIA

<a href="https://youtube.com/v/kyYATqPtFKg?start=881" target="_blank" class="new_win">https://youtube.com/v/kyYATqPtFKg?start=881</a>

Offline -Huxley-

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #610 Online: 23 de Julho de 2019, 15:50:36 »
Citação de: Alexandre Schwartsman
Lorotas

TERÇA-FEIRA, JULHO 23, 2019 ALEX

Os comentários de Ciro Gomes sobre a reforma da previdência revelam sua completa falta de intimidade com o tema, apesar do tom pomposo de sempre

Ainda não é possível dizer com precisão qual será o impacto da aprovação da reforma previdenciária sobre as contas públicas, mesmo porque teremos o segundo turno de votação no mês que vem e não podemos descartar a possibilidade de desidratação adicional da proposta.

De qualquer forma, estimativas de desidratação apontam para uma redução do impacto da ordem de R$ 250 bilhões em 10 anos. A Instituição Fiscal Independente (IFI) estima o impacto total pouco inferior a R$ 750 bilhões (dos quais R$ 700 bilhões correspondem a despesas menores), enquanto o Executivo apresenta previsão mais otimista, pouco abaixo da meta de R$ 1 trilhão, do qual a redução de despesas atingiria R$ 970 bilhões.

É possível, porém, apontar desde já as lorotas acerca da reforma, vindas, é claro, dos suspeitos de sempre. O melhor exemplo vem do indefectível Ciro Gomes, sempre pronto a proferir barbaridades acerca de assuntos que pouco (ou nada) entende, mas num tom de quem se considera a suprema autoridade no tema.

Assim, ele papagueia a lenda urbana sobre 83% do impacto da reforma vir de quem ganha até R$ 2 mil reais. Mesmo que isto fosse verdade (e não é, como veremos), esta afirmação deixa de lado que há hoje cerca de 30 milhões de segurados na previdência para trabalhadores do setor privado (RGPS) contra 1,1 milhão no caso do funcionalismo (RPPS).

Posto de outra forma, o RGPS concentra nada menos do que 96,5% dos beneficiários do sistema, enquanto o RPPS atende os 3,5% restantes. Se a conversinha dos 83% tivesse qualquer base na realidade ainda assim revelaria que o fardo maior recai sobre o funcionalismo, cuja aposentadoria média é algo como seis vezes maior que registrada no RGPS.

Na verdade, porém, de acordo com a proposta original mais da metade das economias viria nas mudanças das aposentadorias por tempo de contribuição (35%) e RPPS (18%), justamente os grupos mais bem posicionados na escala de renda. Em ambos os casos, note-se, a idade de aposentadoria hoje se dá ao redor dos 55 anos, enquanto os pobres (que se aposentam por idade) se aposentam na casa de 60 anos (mulheres) e 65 (homens), com valores bastante próximos do salário mínimo.

Com o projeto aprovado em primeiro turno isto fica ainda mais nítido, já que 40% da economia estimada virá da eliminação da aposentadoria por tempo de contribuição e algo como 15% das novas regras do RPPS. A menor contribuição do funcionalismo é prova do poder do seu lobby, ao qual curvou-se toda esquerda brasileira, inclusive o partido de Ciro Gomes.

Afora este erro, Ciro também insiste na tese que o cálculo da aposentadoria com base em todos os salários (e não apenas nos 80% maiores) implicaria perda de 13% no valor das aposentadorias. Parece esquecer (se é que cabe aqui o verbo) que nada menos do que 24 milhões de aposentados (praticamente 2/3 do total no RGPS) hoje recebem um salário mínimo, o piso das aposentadorias, ou seja, que para a imensa maioria a regra dos 80% não faz a menor diferença.

Aliás, como o salário mínimo (ajustado ao INPC) mais do que dobrou nos últimos 25 anos (na verdade teve aumento na casa de 140%), os hoje 24 milhões de aposentados nesta faixa ganham mais do que ganhariam pela regra de 80%. Isto obviamente não quer dizer que vivem confortavelmente com esta renda, mas sim que a crítica de Ciro Gomes mais uma vez se mostra desinformada.

Afirma também que “a combinação de idade mínima com tempo de contribuição de 40 anos na prática levará os pobres a não ter mais aposentadoria: em 40 anos o trabalhador fica ao menos 8 anos sem carteira assinada (IBGE) assim, para ter a aposentadoria integral teria que trabalhar até os 73 anos pelo menos (soma da idade mínima com mais 8 anos de contribuição adicionais).”

É mais uma vez traído pela memória fraca. Como vimos, para os trabalhadores mais pobres, que já se aposentam por idade, as mudanças foram marginais. Mulheres se aposentarão aos 62 anos (não mais aos 60), enquanto homens seguirão se aposentando aos 65, em ambos os casos com 15 anos de contribuição. Pelos próprios números de Ciro Gomes (40 anos de trabalho, dos quais 8 sem carteira assinada), nenhum deles seria impedido de continuar se aposentando aos 65 (ou 62 no caso das mulheres).

À luz das lorotas de Ciro deve ficar claro o acerto de Tabata Amaral. Não se deixou guiar pelo oportunismo e entendeu como políticas públicas devem ser guiadas por fatos, não por “narrativas”, cuja função é justificar, a posteriori, decisões que não se sustentam em evidências.

Fica clara também, como notou meu filho, a diferença entre estudar de verdade em Harvard e fazer por lá um curso de inglês, cujo resultado consegue ser ainda pior que Eduardo Bolsonaro se expressando no idioma de Shakespeare.


(Publicado 17/Jul/2019)

Fonte: http://maovisivel.blogspot.com/2019/07/lorotas.html?m=1

Offline Sergiomgbr

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #611 Online: 23 de Julho de 2019, 16:25:59 »
Ainda se fala sobre Ciro Gomes como se houvesse uma mínima expectativa sobre o que ele diz ou faz?  Um cara que se autointitula esquerda? Ou alguém ai isento e sem viés ideologico apontaria um nome que nem precisa ser de politico, de alguém de esquerda com alguma real contribuição  ao Bradil?É meio que a mesma coisa de especular sobre a validade de uma nota de cem com um daqueles carimbos de nota falsa.

« Última modificação: 23 de Julho de 2019, 16:30:56 por Sergiomgbr »
Até onde eu sei eu não sei.

Offline Horacio

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #612 Online: 24 de Julho de 2019, 16:58:31 »
1. Qual o impacto do "gasto previdenciario " que está sendo cortado no crescimento do PIB e da arrecadação? Engenheiro que só olha um lado da equação acaba derrubando pontes.

2. Uma reforma que aumenta a desigualdade pode ser considerada uma boa reforma, considerando nossas prioridades mais urgentes e o tipo de pais que queremos para o futuro?

3. Porque o ajuste fiscal pelo lado da melhor gestão dos orçamentos adminstrativos dos tres poderes nunca é exigido por essas forças que se dizem da nova politica?

4. O debate publico sobre o tema através da midia conseguiu seguir uma linha racional ou foi conduzido em tom de chantagem, abuso de poder economico, e informações falsas ou incompletas?

5. Os critérios corporativos foram vencidos ou na area da segurança criamos um monstro que em poucos anos consumirá a maior parte do orçamento do setor, como já aconteceu nas universidades anteriormente?

« Última modificação: 24 de Julho de 2019, 17:16:07 por Horacio »

Offline -Huxley-

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #613 Online: 24 de Julho de 2019, 18:49:17 »
Eu não sei que história é essa que a reforma que foi aprovada aumentará a desigualdade. Aumento na desigualdade? Não naquela existente entre os mais pobres e o restante que não faz parte desse grupo. Os que ganham até o nível do salário mínimo não é um grupo pequeno dos mais pobres. Foi noticiado recentemente que o IBGE aponta que metade dos trabalhadores brasileiros tem, em média, a renda mensal 19,5% abaixo do salário mínimo. Pois bem, os mais pobres que ganham até o salário mínimo continuarão podendo se aposentar até os 65 anos com o BPC no nível do salário mínimo. Já vários que estão entre os 10% mais ricos da população terão seus benefícios previdenciários reduzidos.

Não sei o que a nova política quer, eu, de uma forma geral,  não confio em políticos mesmo. Mas não se pode usar a ausência de mudança em algo para justificar outra ausência de mudança.
« Última modificação: 24 de Julho de 2019, 20:52:36 por -Huxley- »

Offline Agnoscetico

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #614 Online: 24 de Julho de 2019, 19:18:57 »
Artur do Val criticou uns do PSL por querer tirar gente de certos grupos dele da reforma da previdência.

A uma curiosidade: Em 25:44 https://youtu.be/fPmCr67mRM4?t=1544
Leda Nagle disse que Nando Moura (sim, ele ta sendo quase onipresente mesmo quando só como menção) foi grosseiro com ela, quando foi convidado por indicação de comentários.

Mas Leda Nagle indicar Brasil Paralelo no final foi de acabar.

« Última modificação: 24 de Julho de 2019, 19:21:20 por Agnoscetico »

Offline Horacio

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #615 Online: 27 de Julho de 2019, 19:12:50 »
Eu não sei que história é essa que a reforma que foi aprovada aumentará a desigualdade. Aumento na desigualdade? Não naquela existente entre os mais pobres e o restante que não faz parte desse grupo. Os que ganham até o nível do salário mínimo não é um grupo pequeno dos mais pobres. Foi noticiado recentemente que o IBGE aponta que metade dos trabalhadores brasileiros tem, em média, a renda mensal 19,5% abaixo do salário mínimo. Pois bem, os mais pobres que ganham até o salário mínimo continuarão podendo se aposentar até os 65 anos com o BPC no nível do salário mínimo. Já vários que estão entre os 10% mais ricos da população terão seus benefícios previdenciários reduzidos.

Não sei o que a nova política quer, eu, de uma forma geral,  não confio em políticos mesmo. Mas não se pode usar a ausência de mudança em algo para justificar outra ausência de mudança.

Essa é a lógica do Guedes, considerar privilegiado quem ganha acima de uma salario minimo...revela o projeto de pais que ele tem em mente.

Aqui um video curto que analisa a questão por um angulo mais interessante
« Última modificação: 27 de Julho de 2019, 19:17:48 por Horacio »

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #616 Online: 27 de Julho de 2019, 19:37:00 »
O negacionismo orçamentário esquerdista é justamente o atraso que impede de uma reforma mais esquerdista ser formulada e implementada.

Não que, havendo menos desse tipo de atraso, fosse necessariamente viável ou plausível algo tremendamente melhor, já que isso depende das oligarquias estatais abdicarem de suas mamatas, e parte disso seria até inconstitucional, tendo até mesmo criminosos o privilégio adquirido de 33 mil por mês.

Offline Horacio

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #617 Online: 27 de Julho de 2019, 20:00:20 »
O negacionismo orçamentário esquerdista é justamente o atraso que impede de uma reforma mais esquerdista ser formulada e implementada.

Não que, havendo menos desse tipo de atraso, fosse necessariamente viável ou plausível algo tremendamente melhor, já que isso depende das oligarquias estatais abdicarem de suas mamatas, e parte disso seria até inconstitucional, tendo até mesmo criminosos o privilégio adquirido de 33 mil por mês.

Não tenho a menor ideia do que seja "esquerda" hoje. Depois da terceira via do Blair e do Clinton nos anos 90 o termo perdeu rigor conceitual e só serve para animar o circo ideológico promovido pelos meios midiaticos e intelectuais comprometidos com suas proprias agendas. Feita a ressalva, cabe destacar que o video revela justamente a gravidade do nosso quadro fiscal, só que não cai na armadilha manjada de ignorar a dimensão financeira do déficit.

Offline -Huxley-

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #618 Online: 28 de Julho de 2019, 00:11:51 »
Eu não sei que história é essa que a reforma que foi aprovada aumentará a desigualdade. Aumento na desigualdade? Não naquela existente entre os mais pobres e o restante que não faz parte desse grupo. Os que ganham até o nível do salário mínimo não é um grupo pequeno dos mais pobres. Foi noticiado recentemente que o IBGE aponta que metade dos trabalhadores brasileiros tem, em média, a renda mensal 19,5% abaixo do salário mínimo. Pois bem, os mais pobres que ganham até o salário mínimo continuarão podendo se aposentar até os 65 anos com o BPC no nível do salário mínimo. Já vários que estão entre os 10% mais ricos da população terão seus benefícios previdenciários reduzidos.

Não sei o que a nova política quer, eu, de uma forma geral,  não confio em políticos mesmo. Mas não se pode usar a ausência de mudança em algo para justificar outra ausência de mudança.

Essa é a lógica do Guedes, considerar privilegiado quem ganha acima de uma salario minimo...revela o projeto de pais que ele tem em mente.

Aqui um video curto que analisa a questão por um angulo mais interessante

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Além de gastar muito, o estado gasta mal, de forma ineficiente e injusta. O foco do estudo do Bird foi também a equidade. A conclusão não é nada favorável: os governos (federal, estaduais e municipais) gastam mais do que podem; os gastos são ineficientes, pois não cumprem seus objetivos; e, em muitos casos, de forma injusta, beneficiando os ricos em detrimento dos mais pobres.

O caso mais gritante é mesmo o da Previdência: o estudo aponta que 35% dos subsídios beneficiam aqueles que estão entre os 20% mais ricos. E apenas 18% dos subsídios vão para os 40% mais pobres.

Fonte: https://istoe.com.br/orgia-dos-gastos-publicos/




Para maior aprofundamento sobre o assunto, artigos de Alexandre Schwartsman sobre equívocos sobre a política fiscal, especialmente a brasileira. Isso inclui a refutação de argumentos como...

"Auditoria cidadã da dívida pública já"/"Há caráter financeiro do déficit público (e dívida pública)":
http://maovisivel.blogspot.com/2016/10/os-alquimistas-estao-voltando.html?m=1

"O Brasil tem histórico recente de fracasso na política macroeconômica por causa de arrocho fiscal neoliberal":

http://maovisivel.blogspot.com/2009/01/nanismo-estatal-e-outras-tolices.html?m=1

http://maovisivel.blogspot.com.br/2017/03/sete-anos-em-tres.html

http://maovisivel.blogspot.com.br/2013/07/o-fracasso-orfao.html

"Dá para baixar drasticamente a taxa Selic sem ajuste fiscal para aliviar a dívida pública, pois juro alto não tem eficácia desinflacionária (especialmente no Brasil)":
http://maovisivel.blogspot.com/2014/04/derruba-sim.html?m=1

"O Brasil não tem, comparado a experiência mundial, sistema previdenciário imprudentemente custoso e injusto":
http://maovisivel.blogspot.com/2016/12/previdencia-muitos-fatos-e-uma-opiniao.html?m=1

"O Brasil sobrevive bem com uma reforma da previdência muito menos parruda do que a sugerida por Paulo Guedes e companhia"/"A reforma previdenciária defendida atualmente é muito contracionista fiscalmente":
http://maovisivel.blogspot.com/2019/05/dano-colateral.html?m=1
« Última modificação: 28 de Julho de 2019, 08:39:48 por -Huxley- »

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #619 Online: 28 de Julho de 2019, 00:27:11 »
O grande mito e líder democrático inconteste Jair "se acostumando" Messias Bolsonaro é defensor da auditoria da dívida. "Auditoria da dívida pública? Qual o problema? Tem gente que se diz em prol do Brasil que não vai gostar."

Offline Marciano

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #620 Online: 28 de Julho de 2019, 10:45:17 »
Eu acho que o melhor sistema seria a previdência privada. Previdência do Estado é uma enganação, em qualquer país, pois nunca se cumpre o que foi proposto quando se ingressa do sistema previdenciário.

Nem nos Estado Unidos, país rico, a previdência pública funciona.

A interferência do Estado na vida dos cidadãos deve ser mínima. Não digo que não deveria haver previdência pública, pois alguém que necessite trabalhar para se manter (a culpa é do Adão) pode ter um infortúnio no início de sua carreira de trabalho e precisar de ajuda. O que eu acho errado é que o Estado, ladrão e corrupto em qualquer lugar do mundo, pois é uma ficção jurídica - o Estado são aqueles que se encontram no poder em um dado momento, o Estado, como eu estava dizendo, administre meu futuro, a época em que vou me tornar improdutivo devido à idade e dependerei da contribuição de novas vítimas do Estado para a minha manutenção, visto que o dinheiro com que contribuí foi malversado.

O problema é que essas coisas não mudam de um dia para o outro.

O mesmo vale para saúde pública e planos de saúde. Pobres dependem de saúde pública, ou seja, estão perdidos. Classe média depende de planos de saúde. Estão menos perdidos do que os pobres, mas nas mãos da máfia de branco internacional, com preços superfaturados de tudo, de uma gaze à hospedagem num hotel espelunca, que chamam de internação em um hospital. Cada palito de dente e cobrado à parte, uma visita médica de alguns segundos, totalmente inútil, pois o médico, em geral, só está preocupado com sua renda e suas dezenas de ocupações em consultórios e clínicas ou hospitais nos horários mais incompatíveis que se possa imaginar, custa um braço e uma perna, ou os olhos da cara, como preferirem.

Classe média alta para cima não têm esse problema. Sócios de redes particulares de hospitais privados ou os administradores de hospitais públicos não dependem nem de assistência do Estado nem de planos de saúde.

Quem tiver juízo, que trate de poupar para seu futuro e não confie em previdência pública.
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Offline Buckaroo Banzai

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #621 Online: 28 de Julho de 2019, 16:48:31 »
Eu acho que o melhor sistema seria a previdência privada. Previdência do Estado é uma enganação, em qualquer país, pois nunca se cumpre o que foi proposto quando se ingressa do sistema previdenciário.

Nem nos Estado Unidos, país rico, a previdência pública funciona.

O que você quer dizer por "não funciona"? Isso dá um caráter absoluto à afirmação, como se as pessoas simplesmente não tivessem qualquer aposentadoria, o que é falso.

Comparação internacional:

https://www.mercer.com.br/newsroom/indice-global-mercer-melbourne-de-sistemas-previdenciarios-2018-ranking.html


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A interferência do Estado na vida dos cidadãos deve ser mínima. Não digo que não deveria haver previdência pública, pois alguém que necessite trabalhar para se manter (a culpa é do Adão) pode ter um infortúnio no início de sua carreira de trabalho e precisar de ajuda. O que eu acho errado é que o Estado, ladrão e corrupto em qualquer lugar do mundo, pois é uma ficção jurídica - o Estado são aqueles que se encontram no poder em um dado momento, o Estado, como eu estava dizendo, administre meu futuro, a época em que vou me tornar improdutivo devido à idade e dependerei da contribuição de novas vítimas do Estado para a minha manutenção, visto que o dinheiro com que contribuí foi malversado.

O que você está falando parece se referir no fim das contas mais ao problema de previdência exclusivamente redistributiva (se não me engano, apenas existente no Brasil, Venezuela, e Argentina), e não de tamanho do estado ou previdência estatal.

De modo geral os estados mais grandinhos (de economia de mercado) terão as melhores posições no IDH. Saúde pública bastante regulada (como Alemanha) ou mesmo gerenciada pelo estado (NHS inglês) também lideram os rankings de custo/benefício no setor.

O que mais tem é explicação simplista de direita ou de esquerda, "libera tudo que dá certo, acabe com o comunismo," versus "saúde, segurança, aposentadoria, não são mercadorias." Ambas são mais bordões que se focam num galho de uma árvore e daí generalizam para toda a floresta.


Offline Marciano

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #622 Online: 28 de Julho de 2019, 18:13:30 »
Eu acho que o melhor sistema seria a previdência privada. Previdência do Estado é uma enganação, em qualquer país, pois nunca se cumpre o que foi proposto quando se ingressa do sistema previdenciário.

Nem nos Estado Unidos, país rico, a previdência pública funciona.

O que você quer dizer por "não funciona"? Isso dá um caráter absoluto à afirmação, como se as pessoas simplesmente não tivessem qualquer aposentadoria, o que é falso.

Comparação internacional:

https://www.mercer.com.br/newsroom/indice-global-mercer-melbourne-de-sistemas-previdenciarios-2018-ranking.html


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A interferência do Estado na vida dos cidadãos deve ser mínima. Não digo que não deveria haver previdência pública, pois alguém que necessite trabalhar para se manter (a culpa é do Adão) pode ter um infortúnio no início de sua carreira de trabalho e precisar de ajuda. O que eu acho errado é que o Estado, ladrão e corrupto em qualquer lugar do mundo, pois é uma ficção jurídica - o Estado são aqueles que se encontram no poder em um dado momento, o Estado, como eu estava dizendo, administre meu futuro, a época em que vou me tornar improdutivo devido à idade e dependerei da contribuição de novas vítimas do Estado para a minha manutenção, visto que o dinheiro com que contribuí foi malversado.

O que você está falando parece se referir no fim das contas mais ao problema de previdência exclusivamente redistributiva (se não me engano, apenas existente no Brasil, Venezuela, e Argentina), e não de tamanho do estado ou previdência estatal.

De modo geral os estados mais grandinhos (de economia de mercado) terão as melhores posições no IDH. Saúde pública bastante regulada (como Alemanha) ou mesmo gerenciada pelo estado (NHS inglês) também lideram os rankings de custo/benefício no setor.

O que mais tem é explicação simplista de direita ou de esquerda, "libera tudo que dá certo, acabe com o comunismo," versus "saúde, segurança, aposentadoria, não são mercadorias." Ambas são mais bordões que se focam num galho de uma árvore e daí generalizam para toda a floresta.

O que eu quis dizer é que (e isto vale para os países de primeiro mundo) quando a gente começa a trabalhar e ingressa na previdência, o pactuado é que a gente trabalhe n anos e depois disso de aposente recebendo proventos de m unidades monetárias.
O que acontece, na realidade, é que a gente acaba trabalhando mais tempo do que foi pactuado e recebendo menos do que o esperado.
Ao longo do tempo, piora mais ainda.

Quem tiver juízo, que trate de poupar dinheiro para após a aposentadoria, pois vai faltar. Isto, independentemente do lugar onde vivemos. Pode ser pior ou melhor, mas nunca é satisfatório. Só isso.
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Offline Marciano

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #623 Online: 28 de Julho de 2019, 18:15:36 »
Eu não falei em liberar nada. Falei que a gente deve se prevenir para quando parar de trabalhar, pois a previdência não funciona, no sentido de que vamos ter uma queda violenta na nossa renda, seja na Alemanha, Brasil, Estados Unidos ou no inferno.
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Offline Marciano

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #624 Online: 28 de Julho de 2019, 18:18:32 »
Conheço pelo menos dois membros do CC que são aposentados. Não vou citá-los, mas gostaria que dessem sua opinião, baseada em sua experiência pessoal. Suas expectativas e o que aconteceu realmente.

Até aonde sei, os dois estão trabalhando, mesmo aposentados, para tentar manter o mesmo padrão de vida anterior.  E eles são de diferentes walks of life, digamos assim. Um bancário e um engenheiro.
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