Autor Tópico: Reforma da Previdência  (Lida 18735 vezes)

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Offline Entropia

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #550 Online: 12 de Julho de 2019, 15:12:59 »
BPC e, principalmente, o aumento da carência mínima para se aposentar por idade. Atualmente a maioria de quem é pobre sofre muito para conseguir comprovar 15 anos de contribuição. A maioria trabalhou 30, alguns 40 anos, porém, sem comprovação de vínculo trabalhista. Isso vai afastar milhões de pessoas de conseguirem se aposentar. Vão bater nas portas da assistência social, que é não contributiva. Pode ser um tiro no pé com efeitos próximos...

OBS: mais respeito com os pobres. Reforma de verdade faria uma devassa no topo, sobretudo servidores civis e militares. No Judiciário a única coisa que fizeram foi aumentar a alíquota
, é muito muito muito pouco.

A alteração no BPC já foi derrubada a tempos. Em termos de judiciário(até agora) as regras foram igualadas ao setor privado, 65 anos recebendo o teto. Concordo com relação aos militares(e os PFs que foram poupados da reforma também), mas a realidade é que quem perderá mais é quem se aposenta por tempo de contribuição. Em geral pessoas com mais renda do que a média.

Offline Pregador

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #551 Online: 12 de Julho de 2019, 17:42:36 »
BPC e, principalmente, o aumento da carência mínima para se aposentar por idade. Atualmente a maioria de quem é pobre sofre muito para conseguir comprovar 15 anos de contribuição. A maioria trabalhou 30, alguns 40 anos, porém, sem comprovação de vínculo trabalhista. Isso vai afastar milhões de pessoas de conseguirem se aposentar. Vão bater nas portas da assistência social, que é não contributiva. Pode ser um tiro no pé com efeitos próximos...

OBS: mais respeito com os pobres. Reforma de verdade faria uma devassa no topo, sobretudo servidores civis e militares. No Judiciário a única coisa que fizeram foi aumentar a alíquota
, é muito muito muito pouco.

A alteração no BPC já foi derrubada a tempos. Em termos de judiciário(até agora) as regras foram igualadas ao setor privado, 65 anos recebendo o teto. Concordo com relação aos militares(e os PFs que foram poupados da reforma também), mas a realidade é que quem perderá mais é quem se aposenta por tempo de contribuição. Em geral pessoas com mais renda do que a média.

O judiciário não está igual setor privado não. Os antigos, antes de 2013, ainda aposentam com proventos integrais. Só mudou a alíquota. Que eu saiba é isso, ou eu estou viajando... Os que entraram depois de 2013 (março acho) tem como teto o regime geral e se quiserem mais precisam aderir ao regime complementar.
"O crime é contagioso. Se o governo quebra a lei, o povo passa a menosprezar a lei". (Lois D. Brandeis).

Offline -Huxley-

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #552 Online: 12 de Julho de 2019, 22:47:18 »
Notícias recentes da reforma da previdência têm me feito me lembrar de Tabata Amaral. :love: :love:

Offline JJ

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #553 Online: 13 de Julho de 2019, 08:00:36 »
Notícias recentes da reforma da previdência têm me feito me lembrar de Tabata Amaral. :love: :love:


Tem gente da esquerda chamando ela de bonitinha, mas ordinária


 :biglol:

Offline JJ

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #554 Online: 13 de Julho de 2019, 08:08:12 »
Se certas profissões são vistas como de maior valor social, isso é visto imediatamente no preço do seus respectivos trabalhos. Não existe valor social independentemente do que é precificado subjetivamente por toda a sociedade, a menos que exista um inescapável monopólio do setor público para a demanda pela profissão.


Muitas  vezes,  provavelmente na maioria das vezes,  esse   "maior valor social"    tem a ver  mesmo é com uma  menor oferta causada por  regulamentações   estatais e não por uma atuação de um verdadeiro livre mercado. 
« Última modificação: 13 de Julho de 2019, 08:10:18 por JJ »

Offline Arcanjo Lúcifer

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #555 Online: 13 de Julho de 2019, 08:35:38 »
Notícias recentes da reforma da previdência têm me feito me lembrar de Tabata Amaral. :love: :love:


Tem gente da esquerda chamando ela de bonitinha, mas ordinária


 :biglol:

Caso raro de mulher bonita que apesar de ser esquerdista não se parece com um caminhoneiro gay que vira lobisomem em noite de lua cheia.

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #556 Online: 13 de Julho de 2019, 08:39:25 »
Pouca importância tem a irracionalidade típica do indivíduo médio (que está fartamente presente também na mente do planejador central). O comportamento médio do participante do mercado não nos permitirá entender o comportamento geral do mercado. Aí não se pode generalizar do conhecimento das partes, pois grupos são unidades por si próprios. Razão pela qual indivíduos pouco racionais podem produzir racionalidade coletiva.

E não tem qualquer base na realidade a ideia de que planejadores centrais têm capacidade diferencial de acertar a valoração social subjetiva de uma profissão.

Eu não pretendi sugerir isso. Que nem faz sentido.

Ninguém precisa "acertar" a valoração social subjetiva-coletiva de uma profissão/qualquer coisa, isso já é dado pelo mercado.

O que as pessoas podem fazer, incluindo planejadores políticos, é avaliar de maneira diferente o valor público/social de certas coisas/atividades, e então ajustar o pagamento ou condições que o estado ou eles próprios oferecem de forma a tornar a coisa mais atrativa, atraindo e retendo mais profissionais.

"Educação é algo importante para a sociedade; calha do que é tipicamente oferecido a professores não ser algo tão atrativo, e isso tem implicações como baixa retenção e desempenho dos mesmos, logo, se oferecemos mais, tendemos a obter melhor desempenho e ter menor custo com reposição de profissionais."

Pode similarmente trocar "educação" por "segurança" e professores por "policiais." Calha da oferta de "mais" poder ser algo de longo prazo, o que não é necessariamente sustentável no caso desse "mais" ser previdência.

Isso não implica que "não há importância em outros trabalhos" (questionamento que parece bizarramente igualitarista), só nisso; pessoas vão avaliar que diferentes trabalhos têm diferente importância, que coisas como educação e segurança são sim mais cruciais, sendo então vantajoso que se oferte "mais" a estes profissionais.

Não é tão diferente de outros "preços verdadeiros" ao que a ação do coletivo é naturalmente cega, podendo incorrer em "juros" muito altos pelos preços com "descontos" naturais.


Offline JJ

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #557 Online: 13 de Julho de 2019, 08:42:07 »
Pouca importância tem a irracionalidade típica do indivíduo médio (que está fartamente presente também na mente do planejador central). O comportamento médio do participante do mercado não nos permitirá entender o comportamento geral do mercado. Aí não se pode generalizar do conhecimento das partes, pois grupos são unidades por si próprios. Razão pela qual indivíduos pouco racionais podem produzir racionalidade coletiva.

E não tem qualquer base na realidade a ideia de que planejadores centrais têm capacidade diferencial de acertar a valoração social subjetiva de uma profissão.

Eu não pretendi sugerir isso. Que nem faz sentido.

Ninguém precisa "acertar" a valoração social subjetiva-coletiva de uma profissão/qualquer coisa, isso já é dado pelo mercado.






Seria  dado pelo mercado,  Se  houvesse um mercado verdadeiramente livre.  Só que nós estamos muito longe disso.




Offline Buckaroo Banzai

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #558 Online: 13 de Julho de 2019, 09:02:10 »
Não, meio que independe disso, no caso. O que as pessoas estão "aceitando receber" e "oferecendo por" é o preço de mercado e é a valoração subjetiva real.

Redução de liberdade de mercado só "muda" isso no sentido de talvez haver pessoas dispostas a serem "professores" aceitando trabalhar por menos do que salário mínimo ou algum eventual "piso" sindicalmente imposto. Mas 1 - não seriam baixas as chances desses "professores" serem de qualidade que deixa muito a desejar, e 2 - talvez argumentavelmente mesmo restrições à liberdade de mercado criadas pela sociedade não deixam de ser produto da "valoração social subjetiva-coletiva" (é um investimento feito por agentes de mercado com custos pagos dentro do mercado), ainda mais se também é incluído o preço num "mercado negro."

Offline JJ

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #559 Online: 13 de Julho de 2019, 09:21:58 »
Não, meio que independe disso, no caso. O que as pessoas estão "aceitando receber" e "oferecendo por" é o preço de mercado e é a valoração subjetiva real.

Redução de liberdade de mercado só "muda" isso no sentido de talvez haver pessoas dispostas a serem "professores" aceitando trabalhar por menos do que salário mínimo ou algum eventual "piso" sindicalmente imposto. Mas 1 - não seriam baixas as chances desses "professores" serem de qualidade que deixa muito a desejar, e 2 - talvez argumentavelmente mesmo restrições à liberdade de mercado criadas pela sociedade não deixam de ser produto da "valoração social subjetiva-coletiva" (é um investimento feito por agentes de mercado com custos pagos dentro do mercado), ainda mais se também é incluído o preço num "mercado negro."



Regulamentos "criadas pela sociedade" são verdadeiramente criados por agentes estatais,   são  coisas criadas a partir de  interesses políticos, normalmente de grupos de pressão política, não é algo estabelecido  realmente pela livre oferta e procura num mercado livre a partir de livres interações entre ofertantes de bens e serviços e livres consumidores que procuram bens e serviços. 


Offline Buckaroo Banzai

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #560 Online: 13 de Julho de 2019, 09:23:36 »
Não existe "liberdade" plena. Agentes sociais vão impor custos arbitrários nas coisas. E isso é parte do que define preços no mercado real, e não naquele imaginário que existiria se todas pessoas fossem boazinhas e agissem só como eu considero ideal.

Offline JJ

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #561 Online: 13 de Julho de 2019, 09:28:35 »
Não existe "liberdade" plena. Agentes sociais vão impor custos arbitrários nas coisas. E isso é parte do que define preços no mercado real, e não naquele imaginário que existiria se todas pessoas fossem boazinhas e agissem só como eu considero ideal.


Plena, certamente que não,  mas existem graus muito maiores de liberdade possíveis do que o que a gente tem atualmente na  estatista  Brazucolândia.     :brasil:



Offline Buckaroo Banzai

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #562 Online: 13 de Julho de 2019, 09:37:19 »
Mas o mercado ao todo* não valoriza subjetivamente a revolução armada e derrubada do governo restritor em troca dessa liberdade muito maior, preferindo assim esse status quo, embora considere "comprar" liberdade um pouco maior por outros meios.

* o mais próximo disso são as gangues armadas como traficantes e milicianos.

Offline Entropia

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #563 Online: 13 de Julho de 2019, 10:02:49 »
O judiciário não está igual setor privado não. Os antigos, antes de 2013, ainda aposentam com proventos integrais. Só mudou a alíquota. Que eu saiba é isso, ou eu estou viajando... Os que entraram depois de 2013 (março acho) tem como teto o regime geral e se quiserem mais precisam aderir ao regime complementar.

Integralidade acabou em 2003. 2013 foi o estabelecimento do teto para o funcionalismo. O que essa reforma introduz é idade mínima, mudança de alíquota e tempo de contribuição. Mexer nos “direitos” do povo que se insere nas regras pré 2003 é basicamente impossível por causa de direitos adquirido e tal.

—————————————————————————————————

reforma sendo lentamente minguada

PFs fora
Professores fora
Tempo de contribuição reduzido para 15 anos pra todos novamente

Daqui a pouco até a reforma do temer vai ser melhor.

“Ah, mas política é a arte do possível”

O que é possível é que daqui a 5 anos vai ter que ter uma nova reforma. Parabéns aos politicos e adoradores da política.

PS: Tabata Amaral votou a favor de todos os destaques corporativistas.
« Última modificação: 13 de Julho de 2019, 10:08:06 por Entropia »

Offline -Huxley-

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #564 Online: 13 de Julho de 2019, 10:46:40 »
Pouca importância tem a irracionalidade típica do indivíduo médio (que está fartamente presente também na mente do planejador central). O comportamento médio do participante do mercado não nos permitirá entender o comportamento geral do mercado. Aí não se pode generalizar do conhecimento das partes, pois grupos são unidades por si próprios. Razão pela qual indivíduos pouco racionais podem produzir racionalidade coletiva.

E não tem qualquer base na realidade a ideia de que planejadores centrais têm capacidade diferencial de acertar a valoração social subjetiva de uma profissão.

Eu não pretendi sugerir isso. Que nem faz sentido.

Ninguém precisa "acertar" a valoração social subjetiva-coletiva de uma profissão/qualquer coisa, isso já é dado pelo mercado.

O que as pessoas podem fazer, incluindo planejadores políticos, é avaliar de maneira diferente o valor público/social de certas coisas/atividades, e então ajustar o pagamento ou condições que o estado ou eles próprios oferecem de forma a tornar a coisa mais atrativa, atraindo e retendo mais profissionais.

"Educação é algo importante para a sociedade; calha do que é tipicamente oferecido a professores não ser algo tão atrativo, e isso tem implicações como baixa retenção e desempenho dos mesmos, logo, se oferecemos mais, tendemos a obter melhor desempenho e ter menor custo com reposição de profissionais."

Pode similarmente trocar "educação" por "segurança" e professores por "policiais." Calha da oferta de "mais" poder ser algo de longo prazo, o que não é necessariamente sustentável no caso desse "mais" ser previdência.

Isso não implica que "não há importância em outros trabalhos" (questionamento que parece bizarramente igualitarista), só nisso; pessoas vão avaliar que diferentes trabalhos têm diferente importância, que coisas como educação e segurança são sim mais cruciais, sendo então vantajoso que se oferte "mais" a estes profissionais.

Não é tão diferente de outros "preços verdadeiros" ao que a ação do coletivo é naturalmente cega, podendo incorrer em "juros" muito altos pelos preços com "descontos" naturais.



Isso de "oferecer mais" a determinadas categorias pelos motivos expostos acima não é muito diferente de dizer que mais desempenho profissional geralmente não se traduz em salário de mercado maior e que somente planejadores centrais sabem disso e podem corrigir essa distorção. Mas aí essa "cegueira do mercado" seria válida para qualquer categoria.

Offline nikita

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #565 Online: 13 de Julho de 2019, 13:54:50 »
O judiciário não está igual setor privado não. Os antigos, antes de 2013, ainda aposentam com proventos integrais. Só mudou a alíquota. Que eu saiba é isso, ou eu estou viajando... Os que entraram depois de 2013 (março acho) tem como teto o regime geral e se quiserem mais precisam aderir ao regime complementar.
O judiciário não está igual setor privado não. Os antigos, antes de 2013, ainda aposentam com proventos integrais. Só mudou a alíquota. Que eu saiba é isso, ou eu estou viajando... Os que entraram depois de 2013 (março acho) tem como teto o regime geral e se quiserem mais precisam aderir ao regime complementar.

Integralidade acabou em 2003. 2013 foi o estabelecimento do teto para o funcionalismo. O que essa reforma introduz é idade mínima, mudança de alíquota e tempo de contribuição. Mexer nos “direitos” do povo que se insere nas regras pré 2003 é basicamente impossível por causa de direitos adquirido e tal.

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reforma sendo lentamente minguada

PFs fora
Professores fora
Tempo de contribuição reduzido para 15 anos pra todos novamente

Daqui a pouco até a reforma do temer vai ser melhor.

“Ah, mas política é a arte do possível”

O que é possível é que daqui a 5 anos vai ter que ter uma nova reforma. Parabéns aos politicos e adoradores da política.

PS: Tabata Amaral votou a favor de todos os destaques corporativistas.

Integralidade acabou em 2003. 2013 foi o estabelecimento do teto para o funcionalismo. O que essa reforma introduz é idade mínima, mudança de alíquota e tempo de contribuição. Mexer nos “direitos” do povo que se insere nas regras pré 2003 é basicamente impossível por causa de direitos adquirido e tal.

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reforma sendo lentamente minguada

PFs fora
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Tempo de contribuição reduzido para 15 anos pra todos novamente

Daqui a pouco até a reforma do temer vai ser melhor.

“Ah, mas política é a arte do possível”

O que é possível é que daqui a 5 anos vai ter que ter uma nova reforma. Parabéns aos politicos e adoradores da política.

PS: Tabata Amaral votou a favor de todos os destaques corporativistas.
E todos os deputados do NOVO e o Kim Kataguiri votaram contra os destaques corporativistas. Votei no Van Hattem e está correpondendo minhas expectativas. Próximas eleições, NOVO de novo.

Offline JJ

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #566 Online: 15 de Julho de 2019, 08:53:15 »

11/07/2019 às 05h00 57


A quem interessa aumentar a desigualdade?




O Brasil discute uma reforma da previdência que tende a aumentar desigualdades, embora sua propaganda aluda ao combate de privilégios. O país também se prepara para debater uma reforma tributária de modo independente da previdência. Se a redução das desigualdades fosse finalidade das reformas, as mudanças na previdência deveriam ser outras. E ambas as reformas deveriam ser debatidas conjuntamente.

Com 379 votos, Câmara aprova reforma da Previdência Reforma da Previdência traz risco recessivo, diz estudo IFI prevê economia R$ 200 bi menor que o governo A reforma da previdência proposta aumenta muito a desigualdade de acesso à aposentadoria. Muitos brasileiros pobres começam a trabalhar muito cedo, mas não conseguem contribuir pelos 20 anos exigidos para obter a aposentadoria parcial, para não falar dos 40 anos para a aposentadoria integral.

Nas regras atuais, a primeira alternativa para aposentadoria é somar um tempo mínimo de contribuição (30 anos para mulheres e 35 para homens)com sua idade para alcançar um período de 86 anos para mulheres e 96 para homens, que aumentará a cada dois anos até chegar à soma 90/100 em 2027. A segunda opção é alcançar a idade mínima de 60 anos para mulheres e 65 para homens, com pelo menos 15 anos de contribuição. A desvantagem é o desconto do valor da aposentadoria pelo "fator previdenciário" que varia com a idade, o tempo de contribuição e a expectativa de sobrevida.

A proposta atual elimina a primeira opção. Aumenta a idade mínima feminina para 62 anos (com os mesmos 15 anos de contribuição) e mantem 65 anos para homens, mas exige 20 anos de contribuição. Também reduz a aposentadoria integral (obtida com 40 anos de contribuição) e aumenta o desconto da aposentadoria parcial (entre 20 e 39 anos de contribuição). O problema é que os cidadãos que só conseguem se aposentar hoje por idade são trabalhadores precários que estão longe de alcançar o tempo de contribuição e idade exigidos nas novas regras: 56,6% dos homens e 74,82% das mulheres não alcançam. Em média os homens só conseguem contribuir 5,1 vezes por ano, e as mulheres 4,7 vezes, segundo estudo de Denise Gentil (UFRJ) e Claudio Puty (UFPA) para a Anfip.

Se precisarem contribuir mais 60 meses, supondo que continuem empregados e consigam contribuir no mesmo ritmo na velhice (o que é uma proposição absurda), a idade mínima real de aposentadoria parcial seria 74,8 anos para mulheres e 76,8 para homens, na média. Na prática, milhões não chegariam a se aposentar ou, com "sorte", seriam transferidos para a assistência social, mas suas contribuições não seriam nem devolvidas.


Como são trabalhadores em empregos precários, aumentar seu tempo de contribuição não significa combater privilégios, mas aumentar a desigualdade. Significa retirar recursos de muitos trabalhadores pobres e vulneráveis que não conseguirão se aposentar.

De nada adianta reduzir a alíquota mensal de contribuição para os pobres se a contribuição se alonga por mais 60 meses e, no fim, nem garante a aposentadoria. O incentivo é para que não contribuam, o que coloca em risco até o pagamento das atuais aposentadorias.

O risco ao sistema advém igualmente do fim da contribuição fiscal dos empregadores, como a Cofins e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). Com o PIS-Pasep, somam cerca de metade das receitas da Seguridade Social.

A proposta atual retira as contribuições fiscais do financiamento das aposentadorias (mantendo-as na Seguridade). O financiamento tripartite da aposentadoria acabaria, no sentido em que a reforma deixaria apenas o contrato de trabalho formalizado entre o trabalhador e seu empregador como fonte de recursos (através da contribuição previdenciária sobre a folha salarial).

Isto tudo provavelmente já inviabilizaria o sistema, mas para completar o governo Bolsonaro promete reforma tributária que libera o empregador de contribuir para a Previdência com uma percentagem da folha salarial, além de abolir a Cofins e a CSLL.

Em um país tão desigual, deixar apenas os trabalhadores e, a depender da reforma tributária, talvez os empresários como responsáveis por um sistema contributivo de aposentadoria é condenálo, especialmente nas circunstâncias atuais. A crise e o desemprego levaram 6,2 milhões de trabalhadores e milhares de empresas a deixaram de contribuir para o sistema, contraindo as receitas em cerca de R$ 230 bilhões entre 2014 e 2017 em termos reais.

Para completar, o desvio das contribuições sociais da Seguridade Social para o Tesouro aumentou de 20% para 30% em 2016, saltando da média de R$ 63,4 bilhões entre 2013-2015 para nada menos que R$ 113 bilhões em 2017. Foi a crise econômica que contribuiu para o déficit, e não o contrário. Quando a crise for superada, porém, não é provável que as receitas se recuperem o suficiente caso o emprego do futuro venha sem contribuição empresarial sobre a folha salarial.

Se, como hoje, a solução proposta para a insuficiência de receitas no futuro for elevar de novo a idade mínima, a alíquota média e o tempo de contribuição, qual segurança jurídica terão os trabalhadores para serem incentivados a contribuir para a previdência pública mesmo que tenham empregos estáveis?

Em suma, trabalhadores com emprego e renda precários não terão capacidade de alcançar o tempo de contribuição requerido para se aposentar, enquanto trabalhadores com emprego estável e maior renda não terão incentivos para contribuir para um sistema insustentável. É por isso que, se o objetivo for realmente combater privilégios e reduzir desigualdades, a proposta deveria, primeiro, explicar em detalhe as projeções atuariais e demográficas que justificam atrasar e até inviabilizar a aposentadoria de milhões de brasileiros pobres.

Segundo, deveria focar no topo do funcionalismo público e não nos trabalhadores pobres e precários. Nas projeções do governo para a proposta original, no entanto, a suposta "justiça fiscal" com o aumento das alíquotas de contribuições de funcionários públicos representa 1% da economia, enquanto 91% (R$ 4,1 trilhões em 20 anos) viria da assistência social e do regime geral, onde 90% dos aposentados recebem até 2 salários mínimos.


Terceiro, a reforma previdenciária deve ser necessariamente complementada pela reforma tributária, mantendo o financiamento tripartite da Previdência, mas combatendo os privilégios na tributação. Afinal, o Brasil parece um paraíso fiscal para detentores de capital e para a elite de profissionais de alta renda.

Quase metade da receita de impostos (49,19% em média entre 2008 e 2017) vem embutida em bens e serviços que não distinguem o consumidor miserável do endinheirado. Como o pobre consome tudo ou quase tudo o que ganha, paga proporcionalmente mais impostos que o rico.

Por sua vez, a alíquota máxima do imposto de renda (27,5%) captura tanto o assalariado de R$ 5 mil quanto o de R$ 10 milhões. Já o detentor do capital simplesmente não paga imposto pessoal sobre sua renda em lucros e dividendos. Profissionais que prestam serviços como pessoas jurídicas têm o mesmo privilégio. Outra jabuticaba brasileira é que as empresas deduzem o "pagamento" de juros sobre seu "capital próprio", o que aumenta os lucros distribuídos sem impostos.

Combater estes privilégios pode levantar bem mais de R$ 100 bilhões ao ano como quer o governo. Ademais, a sonegação se aproximou de R$ 620 bilhões em 2018, segundo nova estimativa do Sinprofaz. Isto é muito mais que a economia com o corte de aposentadorias e pensões proposto pelo governo Bolsonaro. Isto sem falar de outras isenções e das dívidas tributárias. Ainda é tempo de debater com honestidade como combater privilégios e reduzir desigualdades. Porém, levar adiante a reforma da previdência nos termos atuais tornaria o Brasil um exemplo mundial de como destruir um sistema solidário de previdência e aumentar a desigualdade.

Thomas Piketty é diretor da l´Ecole des Hautes Etudes en Sciences Sociales (EHESS) e professor da Paris School of Economics (PSE).

Marc Morgan e Amory Gethin são pesquisadores do World     Inequality Lab da PSE.

Pedro Paulo Zahluth Bastos é professor do IE-Unicamp e
pesquisador do Cecon-Unicamp.

https://www.valor.com.br/opiniao/6339199/quem-interessa-aumentar-desigualdade


« Última modificação: 15 de Julho de 2019, 09:02:08 por JJ »

Offline Sergiomgbr

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #567 Online: 15 de Julho de 2019, 09:23:14 »
A desigualdade é inerente à Realidade. A desigualdade é o resultado de uma dicotomia de alguns produzindo riqueza diante dos que não a produzem. Será que tem mesmo alguém que ache interessante ter uma multidão de desocupados a lhes sobrecarregar a as costas?
Até onde eu sei eu não sei.

Offline JJ

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #568 Online: 15 de Julho de 2019, 09:31:11 »
A desigualdade é inerente à Realidade. A desigualdade é o resultado de uma dicotomia de alguns produzindo riqueza diante dos que não a produzem. Será que tem mesmo alguém que ache interessante ter uma multidão de desocupados a lhes sobrecarregar a as costas?


S,  diferentes organizações econômicas, sociais e políticas levam a diferentes índices de Gini.  Não existe uma questão estruturalmente ligada a uma  "realidade natural" como você ingenuamente acredita.


Pela sua análise rasa como você explica o índice de Gini da Suécia em comparação com o do Brasil ?



« Última modificação: 15 de Julho de 2019, 09:34:37 por JJ »

Offline Sergiomgbr

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #569 Online: 15 de Julho de 2019, 09:37:57 »


Não existe uma questão estruturalmente ligada a uma  "realidade natural" como você ingenuamente acredita.

Claro que existe, acabei de citar que há pessoas que produzem riquezas enquanto outras não a produzem.
« Última modificação: 15 de Julho de 2019, 09:44:41 por Sergiomgbr »
Até onde eu sei eu não sei.

Offline Sergiomgbr

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #570 Online: 15 de Julho de 2019, 09:52:48 »
A desigualdade é inerente à Realidade. A desigualdade é o resultado de uma dicotomia de alguns produzindo riqueza diante dos que não a produzem. Será que tem mesmo alguém que ache interessante ter uma multidão de desocupados a lhes sobrecarregar a as costas?

Pela sua análise rasa como você explica o índice de Gini da Suécia em comparação com o do Brasil ?
Em qualquer lugar com menores indices de Gini a diferença entre o que o mais rico aufere do que produz e o menos rico é menor. Num país justo há menos pessoas(ou nenhuma) que não produzem riquezas recebendo riquezas às custas de quem produz riquezas que no Brasil.
« Última modificação: 15 de Julho de 2019, 09:59:52 por Sergiomgbr »
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Offline JJ

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #571 Online: 15 de Julho de 2019, 10:40:08 »



Em qualquer lugar com menores indices de Gini a diferença entre o que o mais rico aufere do que produz e o menos rico é menor. Num país justo há menos pessoas(ou nenhuma) que não produzem riquezas recebendo riquezas às custas de quem produz riquezas que no Brasil.


Gostei dessa análise sociológica sua, o resumo é que os brasileiros são mais preguiçosos do que os suecos, e por isso são mais improdutivos do que eles, e por isso o índice de Gini da Suécia é baixo e o do Brasil é alto,  beleza.


 :ok:


Gostei dessa sociologia sergimegiana br azuca.  :ok:

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #572 Online: 15 de Julho de 2019, 10:43:28 »
A desigualdade é inerente à Realidade. A desigualdade é o resultado de uma dicotomia de alguns produzindo riqueza diante dos que não a produzem. Será que tem mesmo alguém que ache interessante ter uma multidão de desocupados a lhes sobrecarregar a as costas?

No caso o argumento não é "temos que acabar com toda a desigualdade," apenas "essa reforma continua sendo regressiva, produzindo ou aumentando as desigualdades, não através de qualquer processo justo, mas apenas tirando dinheiro dos pobres e dando aos mais ricos, sem nada em troca."

Offline Sergiomgbr

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #573 Online: 15 de Julho de 2019, 10:50:20 »



Em qualquer lugar com menores indices de Gini a diferença entre o que o mais rico aufere do que produz e o menos rico é menor. Num país justo há menos pessoas(ou nenhuma) que não produzem riquezas recebendo riquezas às custas de quem produz riquezas que no Brasil.


Gostei dessa análise sociológica sua, o resumo é que os brasileiros são mais preguiçosos do que os suecos, e por isso são mais improdutivos do que eles, e por isso o índice de Gini da Suécia é baixo e o do Brasil é alto,  beleza.


 :ok:


Gostei dessa sociologia sergimegiana br azuca.  :ok:

Não, não necessariamente é sempre assim. Muito embora seja uma mazela muito recorrente, nem sempre se trata só de preguiçosos ou de indolentes(ou ambos) mas também de cultura de levar vantagem em tudo e de pura espertalhice mesmo.
« Última modificação: 15 de Julho de 2019, 10:53:06 por Sergiomgbr »
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Offline Sergiomgbr

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Re:Reforma da Previdência
« Resposta #574 Online: 15 de Julho de 2019, 11:29:21 »
A desigualdade é inerente à Realidade. A desigualdade é o resultado de uma dicotomia de alguns produzindo riqueza diante dos que não a produzem. Será que tem mesmo alguém que ache interessante ter uma multidão de desocupados a lhes sobrecarregar a as costas?

No caso o argumento não é "temos que acabar com toda a desigualdade," apenas "essa reforma continua sendo regressiva, produzindo ou aumentando as desigualdades, não através de qualquer processo justo, mas apenas tirando dinheiro dos pobres e dando aos mais ricos, sem nada em troca."
Acontece que essa reforma não se destina objetivamente à diminuição de desigualdades, mas tão somente a evitar a inviabilidade do que já está em prática.
« Última modificação: 15 de Julho de 2019, 12:09:56 por Sergiomgbr »
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