Eu tinha achado que fariam um mea culpa após tantas loas ao MBL por aqui, mas acho que essas três semanas longe do fórum inflaram minhas expectativas.
Bem, pelo menos eles não são anti-contracepção, são?
Acho que talvez até engatar a promoção de anti-contracepção na aversão ao aborto dos conservadores (maioria nesse caso) seja o melhor que se possa obter num futuro próximo.
Dar ao Estado a autoridade de definir quando começa a vida e quando é lícito tirá-la é contrário a premissa do pensamento liberal, por isso usarei o Estado para impor um entendimento particular sobre a questão, tirando o direito de as pessoas decidirem por si sobre o assunto.
"De forma que sua vida esteja sempre protegida, que você não seja uma vítima legal de homicídio pelo estado te considerar um ser indesejável ou sem valor. É irônico que a esquerda se coloque como protetora dos fracos e oprimidos, ao mesmo tempo em que nega essa proteção ao indivíduo mais frágil que pode existir. Isso deriva ou da visão de que o coletivo deve se sobrepor aos direitos individuais, ou das previsões alarmistas de que filhos negligenciados se tornam criminosos, como se o errado fosse a vida, e não a negligência ao filho. Esse é exatamente o mesmo tipo de pensamento que permite ao genocídio quando são pessoas já nascidas os indesejáveis para a sociedade, desde que estes não tenham mais uso para o estado como massa de manobra."
"(E, de qualquer forma, somos também a favor de maior liberação de armas, assim as pessoas podem sempre se denfender depois)"
E os esquerdinhas sequer aceitam discutir a questão principal, que é a liberação da posse de armas para nascituros. Só assim eles poderiam exercer plenamente seu direito de defesa contra as mães abortistas e garantirem o próprio nascimento. O passo seguinte é dar a eles o direito de escolherem de qual mãe querem nascer, em um sistema de livre concorrência onde a maternidade seria um bem obtido através do mérito, e não nesse sistema coletivista que temos atualmente.
Tudo isso decorre de diferenças de valores fundamentais que tornam irreconciliáveis quaisquer posições de esquerda ou direita: honestidade e responsabilidade.
É o valor da honestidade que faz com que um casal (homem e mulher, no caso) assuma a responsabilidade por seus atos, em vez do homem cair fora, e/ou da mulher cometer infanticídio. É a honestidade que faz com que o indivíduo trabalhe por seu sustento, em vez de roubar, ou pedir esmolas à sociedade, ou exigí-las do estado. É a honestidade intelectual que faria qualquer ser humano decente sequer cogitar propor um espantalho como esse. Que parece ignorar aquilo que supostamente seria seu princípio norteador, "de cada um, de acordo com sua possibilidade, para cada um, de acordo com sua necessidade", ao propor o nascituro como um ser completamente autônomo.
E faz isso ironicamente tendo como objetivo final a equiparação mesmo do adulto ao nascituro, sendo então necessário um estado gigantesco para cuidar de embriões/bebês incapazes, estrategicamente ignorando que tal estado não é o ventre materno ou os pais, mas uma organização formada por esses mesmos embriões/bebês incapazes.
Isso já seria apenas risível nesse aspecto mais abstrato/teórico, até que nos lembramos de que, a fim de justificar essa ideologia, que requer a irresponsabilidade e incapacidade individual, os esquerdistas se empenham em disseminar a irresponsabilidade, com a promoção de comportamentos como uso de drogas e sexo fora do casamento, e reduzir ao máximo a autonomia do indivíduo, o que precisa ser feito de maneira ardilosa o suficiente para que ele seja cúmplice voluntário em sua própria prisão. Isso é parcialmente conseguido através do maniqueísmo e da ridicularização de espantalhos. A piada é o argumento mais fácil para convencer as mentes mais rasas. Justamente as mais úteis ao esquerdismo.