Estado destruindo empregos e um negócio, e afundando um município:
“Situação é de desespero, diz prefeito”O Popular 09/08/2017 22:00
A Mina Cana Brava, administrada pela Sama Minerações Associadas, que faz a extração da fibra de amianto crisotila, gera 457 empregos diretos e 463 indiretos. Para o prefeito de Minaçu, Agenor Ferreira (DEM), o banimento do amianto pode significar a falência do município. Isso porque cerca de 80% da economia de Minaçu tem alguma dependência da mina.
O prefeito diz que a arrecadação do município já sofreu outro forte baque: a queda na produção de energia na Usina de Serra da Mesa, em virtude da forte redução no nível do reservatório, e a divisão dos recursos com outros municípios. Com isso, segundo ele, a receita bruta caiu de R$ 9 milhões no ano passado para R$ 6 milhões este ano. “Só nossa folha de pagamento consome R$ 3,9 milhões”, destaca Agenor Ferreira.
Para ele, a situação de Minaçu seria desesperadora, caso a exploração de amianto fosse totalmente interrompida. “Os doentes que existem vieram da mina que era explorada antigamente na Bahia, sem nenhum critério. Hoje, o controle é muito rígido e, de 1980 para cá, não houve mais casos de doenças em nossa região”, defende o prefeito. Para ele, a defesa do banimento é resultado, apenas, de interesses econômicos provocados por uma
guerra pelo mercado de telhas. “Estamos confiantes na atuação da bancada goiana em Brasília”.
Produção
Cerca de 98% da fibra produzida no município é aplicada em produtos de fibrocimento, principalmente telhas. O restante é utilizado pela indústria de soda cloro e produtos de fricção. A Sama é a terceira maior produtora de crisotila do mundo, concorrendo com produtores da Rússia, China e Cazaquistão. Cerca de 45% da produção é exportada.
Minaçu praticamente não tem produção agrícola e pecuária. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria Extrativa e de Beneficiamento de Minaçu e Região, Adelman Araújo Filho, também acredita que a defesa do banimento seja resultado de interesses econômicos. Segundo ele, os trabalhadores da mina e toda população local estão apreensivos, já que Minaçu vive há 40 anos em função da mina.
Adelman diz que os trabalhadores confiam no uso controlado da fibra, já comprovado por estudos científicos. “Estou na companhia há 27 anos e nunca tive problemas de saúde.
Tenho companheiros que estão há 41 anos e ainda estão atuantes na produção, sem qualquer problema”, afirma o representante dos trabalhadores.
Segundo ele, todos os casos de doenças registrados são anteriores à 1980, um passivo pelo qual a empresa tem se responsabilizado. “Aprendemos a trabalhar de forma segura aqui, sem ajuda do Ministério Público do Trabalho, pois a empresa investiu pesado em toda
tecnologia necessária para proteger o meio ambiente e os trabalhadores”.
Sindicalista lamenta imagem negativa
Apesar dos altos riscos à saúde anunciados pelos defensores do banimento do amianto, muitos moradores de Minaçu vivem dentro da Vila Sama, que fica no complexo da Sama Minerações, ao lado da Mina de Cana Brava.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria Extrativa e de Beneficiamento de Minaçu e Região, Adelman Araújo, lembra que várias autoridades do município vivem na Vila, como o promotor e o delegado da cidade, e até o médico da empresa junto com toda a sua família. “Se houvesse risco, com certeza essas pessoas não estariam vivendo lá”, afirma.
Para ele, é um grande mal abrir mão de um produto goiano, natural, para utilizar fibras sintéticas produzidas em laboratório e que podem oferecer mais riscos à saúde humana.
“Hoje, o controle do ar na mina é muito rígido, sofrendo avaliação até na Europa”, diz.
Porém, ele lamenta que o mercado do amianto já esteja comprometido com toda a propaganda contrária.
O amianto é proibido na União Europeia desde 2005, apesar de seus defensores alegarem que a proibição envolveu apenas o tipo anfibólio. Para a jornalista Eliane Brum, o banimento é certo no Brasil. Por enquanto, o País estaria na fase do “nosso amianto é menos perigoso” e “possível de ser controlado”, com o argumento da necessidade de garantir os empregos e a economia.
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