Autor Tópico: Liberalismo  (Lida 25252 vezes)

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Offline JJ

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Re:Liberalismo
« Resposta #250 Online: 27 de Fevereiro de 2018, 11:58:26 »
Podia colar a conclusão pra gente.


Atendendo ao pedido:


4. CONSIDERAÇÕES FINAIS


Esta pesquisa teve o intuito de analisar se há indícios de uma relação entre o grau de liberdade econômica, o crescimento econômico e desenvolvimento econômico das nações. Utilizando o índice de Liberdade Econômica, da Fundação Heritage, fez-se uma análise qualitativa, a qual demonstra indícios de que países com maiores níveis de liberdade econômica apresentam maiores níveis de crescimento e desenvolvimento econômico, em comparação com os países de
menor índice de liberdade.


No entanto, ressalta-se que a definição de liberdade econômica ainda é um tema complexo e polêmico na literatura econômica, uma vez que existem subdivisões na forma de pensar e medir a liberdade econômica. Esta pesquisa adota o termo liberdade econômica definido pela Fundação Heritage, que define a mesma como o grau de intervenção que os governos exercem em diversas áreas econômicas das nações. Portanto, a pesquisa investiga como a condução dos governos, e suas decisão de maior intervenção ou não, afetam as variáveis crescimento e desenvolvimento das nações.


As analises dos países ao longo dos últimos vinte e um anos mostram que há uma grande relação entre a liberdade econômica da nação e o PIB. Mesmo ao analisar o PIB per capta é possível notar que nações mais livres apresentam um PIB per capta muito superior ao das nações menos livres. Os dados agregados do mundo demonstram uma clara relação entre a liberdade econômica, o crescimento do PIB e a diminuição da pobreza. Mesmo quando analisando as diferenças entre a liberdade econômica nos países de uma mesma região é possível evidenciar que os países mais livres apresentam um melhor PIB per capta, o que torna a conclusão da existência da relação entre liberdade econômica e crescimento econômico mais sólida, uma vez que, ao analisar os países de cada região separadamente, se minimiza o fator histórico e cultural que pode influenciar nos resultados do crescimento de cada país.


Observa-se, ainda, que é possível dizer que existe uma relação positiva entre  liberdade econômica e desenvolvimento humano, uma vez que países com maior índice de liberdade econômica também apresentam melhores resultados no Índice de Desenvolvimento Humano, ao longo do tempo. Entretanto, as evidências dessa relação são bem mais fracas do que as evidências da relação entre liberdade econômica e crescimento econômico.


Portanto, a presente pesquisa demonstrou que, os países com maior índice de liberdade econômica, apresentam um melhor nível de crescimento econômico, bem como uma melhor renda per capta, e bom nível de desenvolvimento humano. Entretanto sugere-se para trabalhos futuros que busquem investigar mais a fundo a existência da relação entre liberdade econômica e desenvolvimento econômico, abordando mais variáveis como por exemplo o índice de Gini.



« Última modificação: 27 de Fevereiro de 2018, 12:04:59 por JJ »

Offline JJ

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Re:Liberalismo
« Resposta #251 Online: 27 de Fevereiro de 2018, 12:04:17 »
Aviso importante. Câmara prevê votação, nesta semana, de projeto que regulamenta os aplicativos de transporte. Fiquem de olho e vamos divulgar os nomes dos idiotas que lutaram para acabar com os aplicativos de transporte como são atualmente.


Infelizmente a cultura estatista  ainda é muito forte no Brasil.  Mas,  nós que entendemos que o Estado brasileiro normalmente é um obstáculo ao desenvolvimento econômico podemos e devemos fazer isso mesmo:  ficar de olho e divulgar os malefícios que  esses estatistas causam à economia.



Offline JJ

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Re:Liberalismo
« Resposta #252 Online: 27 de Fevereiro de 2018, 16:15:23 »

O texto é de 2015, mas continua bem atual:


O Partido NOVO e a ascensão do liberalismo no Brasil


04/09/2015 13:26 -03 | Atualizado 26/01/2017 22:34 -02


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O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) está para votar o registro de um novo partido político. Não se trata de mais uma legenda fisiológica: o NOVO é um sinal da efervescência do pensamento liberal na sociedade brasileira.


Disseminado através da Internet e consolidado por movimentos civis, o liberalismo popularizou-se entre os que desejam mais prosperidade e liberdade ao cidadão comum, mas não tem seus anseios atendidos pelo PT e o PSDB, pólos de poder da política tradicional.


Enquanto o primeiro é tomado como mais estatista que o último, eles possuem narrativa similar: a solução para os problemas brasileiros reside na ação do Estado, com a promessa de garantias sociais e de uma economia conduzida por órgãos governamentais e regulações estatais, de forma que ela priorize as vontades e metas do governo.

Este consenso social-democrata existe na política nacional desde o início da Nova República, e o fracasso da agenda em atender a população é um dos motivos pelos quais uma parcela crescente da mesma vê no pensamento liberal uma alternativa legítima para a construção de um Brasil que atinja seu potencial.

Os liberais brasileiros pedem menos governo e mais sociedade, acreditando que as pessoas comuns são as mais interessadas e razoáveis para dar respostas aos impasses cotidianos, com propostas mais adequadas que os modelos feitos em gabinete por burocratas e seus grossos manuais de regulamentação.

O aplicativo de transporte Uber é exemplo dessas soluções, com os defensores da livre-iniciativa tendo se colocado contra o cartel de táxis e as tentativas governamentais de proibir uma inovação benéfica que surgiu das trocas voluntárias do mercado.

 2015-09-04-1441366354-1883621-novovalores.png

Uma das bandeiras do NOVO é justamente a defesa da liberdade econômica como forma de criar cenário propício à produtividade e ao aumento do bem-estar da população, removendo barreiras entre o trabalho do cidadão e a recompensa do seu esforço.

O porte civil de armas de fogo, a privatização das estatais, a diminuição da carga tributária e o fim do Fundo Partidário são algumas das outras ideias defendidas pela sigla.

A valorização dessa organização social espontânea, feita da base para o topo, fez o NOVO surgir de forma similar aos grupos liberais civis: sem a participação de políticos tradicionais e sustentado pelas doações dos que se esforçam no projeto.

Assim como as organizações civis, o foco do NOVO não é o curto prazo, mas sim a promoção de um impacto genuíno no meio cultural e político do Brasil. A iniciativa vem se espalhando à medida que as pessoas entram em contato com o liberalismo e desejam contribuir para sua divulgação, visto que ele é desconhecido por boa parte dos políticos e formadores de opinião fora sob definições clichês.

Apesar do sucesso em atingir suas metas ser incerto, o movimento liberal brasileiro é um fenômeno que evidencia a maturação da nossa democracia.

O surgimento do NOVO indica o fim da hegemonia política progressista vista por décadas no Brasil e também a quebra do domínio da esquerda no meio intelectual brasileiro, com a introdução de uma corrente de pensamento que se baseia na descentralização de poder e nos acordos voluntários.


Autor:

Luiz Guilherme Medeiros Diretor do Instituto Liberal do Centro-Oeste


http://www.huffpostbrasil.com/luiz-guilherme-medeiros/o-partido-novo-e-a-ascensao-do-liberalismo-no-brasil_a_21684625/

Offline JJ

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Re:Liberalismo
« Resposta #253 Online: 01 de Março de 2018, 09:02:23 »


Ser contra o laissez-faire é ser a favor da onipotência estatal e da divinização de seus burocratas


Defensores do estado deveriam, no mínimo, ter a franqueza de admitir isso claramente

Ser contra o laissez-faire é ser a favor da onipotência estatal e da divinização de seus burocratas

Defensores do estado deveriam, no mínimo, ter a franqueza de admitir isso claramente

Na França no século XVIII, a expressão laissez-faire, laissez-passer foi a fórmula adotada pelos defensores da liberdade para condensarem a sua filosofia.

Tais pessoas aspiravam a implantar uma sociedade em que o mercado não fosse obstruído por regulamentações que impedissem a livre iniciativa de cada cidadão, por privilégios concedidos pelo estado aos seus empresários favoritos, por impostos que desestimulam o empreendedorismo, pela burocracia, e por todos os tipos de subsídios e tarifas protecionistas.

Para poder atingir esse objetivo, os defensores do laissez-faire propunham a abolição de todas as leis e regulamentações que arbitrariamente impedissem os indivíduos mais esforçados e mais eficientes de superar seus concorrentes menos esforçados e menos eficientes, os quais só se mantinham no mercado por serem protegidos por tarifas, subsídios e regulamentações criadas pelo governo exatamente para blindá-los da concorrência.

Propunham também a abolição de todas as barreiras que impedissem a livre circulação de bens e de pessoas.

Era esse o significado dessa famosa máxima.

A verdadeira batalha

Em nossa época atual, em que prevalece uma preferência passional e irracional pela onipotência governamental, a expressão laissez-faire está desacreditada. A opinião pública e os intelectuais a consideram hoje uma manifestação de depravação moral e de suprema ignorância.

Na visão dos intervencionistas, a escolha estaria entre, de um lado, "forças automáticas" e, do outro, "planejamento consciente". É evidente, acrescentam eles, que confiar em processos automáticos é pura estupidez. Nenhuma pessoa sensata poderia seriamente recomendar não se fazer nada e deixar as coisas seguirem seu curso sem a interferência de uma ação intencional.

Um planejamento — prosseguem eles —, pelo simples fato de apresentar um ordenamento racional, é incomparavelmente superior à ausência de qualquer planejamento. Laissez-faire, dizem eles, significa: deixem perdurar as desgraças; não tentem melhorar a sorte da humanidade por meio de ações sensatas.

Esse argumento é completamente falacioso. Ele defende o planejamento estatal, feito por burocratas, baseando-se exclusivamente em uma interpretação metafórica inadmissível. Baseia-se apenas nas conotações implícitas ao termo "automático", utilizado habitualmente — em um sentido metafórico — para explicar o funcionamento do mercado.

Automático, segundo o Concise Oxford Dictionary, significa "inconsciente, ininteligente, meramente mecânico". Automático, segundo o Webster's Collegiate Dictionary, significa "não sujeito ao controle da vontade ... feito sem pensar e sem intenção ou direção consciente". Que vitória para o defensor do planejamento poder dispor desse trunfo!

A verdade é que a opção não é entre, de um lado, um mecanismo rígido e sem vida, e, de outro, um planejamento consciente e onisciente. A alternativa não é entre ter ou não ter um plano. A questão essencial é: quem deve fazer o planejamento?

Deveria cada indivíduo planejar para si mesmo ou caberia a um governo benevolente planejar por todos? A disputa não é entre automatismo "versus" ação consciente; é entre ação individual autônoma "versus" ação exclusiva do governo.

É entre liberdade "versus" onipotência governamental.

Quem deve decidir?

Laissez-faire não significa "deixem funcionar as forças mecânicas e desalmadas". Significa, isso sim, "deixem os indivíduos escolherem de que maneira desejam cooperar na divisão social do trabalho; deixem que os consumidores determinem o que os empresários devem produzir."

Já o planejamento defendido pelos intervencionistas significa "deixem ao governo a tarefa de determinar e a capacidade de impor suas decisões por meio do seu aparato de coerção e compulsão."

No regime de laissez-faire, diz o entusiasta do planejamento centralizado, os bens produzidos não são aqueles de que as pessoas "realmente" necessitam, mas sim aqueles cuja venda proporciona maiores lucros.

O objetivo do planejamento seria, portanto, dirigir a produção no sentido de satisfazer as "verdadeiras" necessidades dos consumidores. 

Ora, mas quem, senão os próprios consumidores, deve decidir quais são suas "verdadeiras" necessidades?

São os próprios consumidores que determinam, por meio do seu ato de comprar ou se abster de comprar, o que eles desejam e o que deve ser produzido. São essas pessoas, por meio de seus atos voluntários, que determinam quem dirigirá as grandes indústrias e quem limpará o chão; quantas pessoas trabalharão nas minas de cobre e quantas trabalharão no cinema.

Atribuir a cada um o seu lugar próprio na sociedade é tarefa dos consumidores, os quais, ao comprarem ou absterem-se de comprar, estão determinando a posição social de cada indivíduo. Os consumidores determinam, em última instância, não apenas os preços dos bens de consumo, mas também os preços de todos os fatores de produção. Determinam a renda de cada membro da economia de mercado. São os consumidores e não os empresários que basicamente pagam os salários ganhos por qualquer trabalhador.

Se um empreendedor não obedecer estritamente às ordens do público tal como lhe são transmitidas pela estrutura de preços do mercado, ele sofrerá prejuízos e irá à falência. Outros homens que melhor souberam satisfazer os desejos dos consumidores o substituirão.

Os consumidores prestigiam as lojas nas quais podem comprar o que querem pelo menor preço. Ao comprarem e ao se absterem de comprar, os consumidores decidem sobre quem permanece no mercado e quem deve sair; quem deve dirigir as fábricas, as fornecedoras e as distribuidoras. Enriquecem um homem pobre e empobrecem um homem rico. Determinam precisamente a quantidade e a qualidade do que deve ser produzido. São patrões impiedosos, cheios de caprichos e fantasias, instáveis e imprevisíveis. Para eles, a única coisa que conta é sua própria satisfação. Não se sensibilizam nem um pouco com méritos passados ou com interesses estabelecidos.

Nenhuma dessas escolhas dos consumidores é definitiva: são revogáveis a qualquer momento. O processo de seleção não pára nunca.

O que os amantes do estado realmente querem

No fundo, o que os defensores do planejamento desejam é afrontar a vontade dos consumidores, e substituí-la pela sua própria vontade. É suprimir essa democracia do mercado e se auto-declararem czares da produção. Estão convencidos de que suas motivações são mais elevadas e que, como se fossem super-homens, estão sendo chamados a impor os seus valores à massa de seres inferiores.

Sendo assim, eles deveriam, no mínimo, ter a franqueza de admitir isso claramente.

Toda essa louvação apaixonada pela proeminência da ação governamental não passa de um pobre disfarce para a autodeificação do intervencionista. O grande deus estado só é assim considerado porque se espera que faça exclusivamente aquilo que o defensor do intervencionismo gostaria que fosse feito. O único plano genuíno é aquele aprovado pessoalmente pelo próprio planejador. Todos os outros planos são meras falsificações.

Ao se referir a "plano", o que o crente dos benefícios do planejamento tem em mente é, sem dúvida, o seu próprio plano. Não lhe ocorre a possibilidade de que o plano implantado pelo governo possa ser diferente do seu. Os vários planejadores só concordam em um ponto: na sua rejeição ao laissez-faire, isto é, a que o indivíduo possa escolher e agir. O desacordo entre eles é total, quando se trata de definir o plano a ser adotado.

Sempre que se lhes mostram os evidentes e incontáveis defeitos das políticas intervencionistas, reagem dizendo que essas falhas são o resultado de um intervencionismo espúrio; o que nós defendemos, dizem eles, é o bom intervencionismo e não o mau intervencionismo. E, é claro, bom intervencionismo é o preconizado por quem assim o qualifica.

Laissez-faire significa "deixem o homem comum escolher e agir; não o forcem a se submeter a um tirano".

Quem pode ser contra?

____________________________________

O artigo acima contém excertos do livro Ação Humana, de 1948.



https://www.mises.org.br/Article.aspx?id=2363



« Última modificação: 01 de Março de 2018, 13:17:16 por JJ »

Offline JJ

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Re:Liberalismo
« Resposta #254 Online: 02 de Março de 2018, 12:59:32 »

Defender o protecionismo é defender a escassez - defender o livre comércio é defender a abundância


Impossível salários altos e inflação de preços baixa sem livre comércio


Quanto mais barato e facilitado for o nosso acesso aos produtos que os estrangeiros gentilmente querem nos vender, maior será o nosso padrão de vida.


Quanto mais baratos forem os produtos estrangeiros importados, mais iremos ganhar com a abundância de bens e serviços acessíveis.


E, ao contrário do que os protecionistas acreditam, maior será a criação de empregos com salários maiores.


Comecemos pelo básico


Todos nós trabalhamos porque queremos trocar os frutos do nosso trabalho (dinheiro) por aqueles bens e serviços que ainda não temos ou dos quais necessitamos continuamente.  Trabalhamos e produzimos para que então possamos demandar bens e serviços.  Por isso, nossa produção representa, tautologicamente, nossa demanda.


Se as fronteiras do território dentro do qual você vive estão completamente abertas para todos os bens e serviços produzidos mundialmente, então você é uma pessoa de sorte: você está na privilegiada situação de ter os indivíduos mais talentosos do mundo trabalhando e produzindo para atender às suas demandas.


Mais ainda: esses indivíduos talentosos estão concorrendo acirradamente entre eles para fornecer a você as melhores ofertas. Sob este arranjo, por definição, o poder de compra do seu salário alcança sua máxima capacidade.


Todos aqueles que gostam de barganhas e de pechinchas adoram, intuitivamente, o livre comércio.


Por outro lado, se o governo fecha artificialmente as fronteiras do país para os produtos estrangeiros, então a população passa a viver sob um permanente estado de isolamento e autarquia.  Ao serem praticamente proibidas de utilizar os frutos do seu trabalho para adquirir aqueles bens e serviços que são produzidos com mais qualidade por estrangeiros, as pessoas acabam sendo obrigadas a desempenhar várias atividades nas quais não têm nenhuma habilidade.


Uma pessoa boa em informática acaba tendo de trabalhar como operário em uma siderurgia, pois seu governo restringe a importação de aço, que poderia ser adquirido mais barato de estrangeiros.  Engenheiros acabam virando operários de fábricas.


Estando isoladas da divisão mundial do trabalho, tais pessoas trabalham apenas para sobreviver, e não para desenvolver seus talentos.  Elas não podem trabalhar naquilo em que realmente são boas, pois a restrição ao livre comércio obriga os cidadãos a fazerem de tudo, inclusive aquilo de que não entendem.


Em países de economia aberta, as pessoas, exatamente por poderem adquirir bens e serviços fornecidos por estrangeiros que são melhores no suprimento destes, podem se concentrar naquilo em que realmente são boas.  Em países de economia fechada, as pessoas não têm essa opção.


Queremos abundância e alta produtividade


Em uma economia baseada em transações comerciais, há um certo antagonismo natural entre produtores e consumidores: produtores se beneficiam quando há uma escassez (baixa concorrência) nos produtos que vendem; consumidores se beneficiam quando há uma abundância (alta concorrência) nos produtos que querem comprar.


(Produtores, obviamente, também se beneficiam de uma abundância em bens de capital utilizados para fabricar os produtos que eles compram para revender).


Um produtor sempre quer ser a única loja da cidade a vender um número limitado de produtos.  Consumidores, por outro lado, querem a máxima abundância, com o máximo possível de produtores concorrendo entre si e o maior número possível de produtos disponíveis, o que geraria preços menores.


Esse conflito de interesses surge naturalmente em uma economia de trocas.  Robinson Crusoé caçando para se alimentar obviamente preferirá abundância a escassez.


Em um ambiente não-concorrencial, no qual as indústrias nacionais não estão sujeitas à concorrência de produtos estrangeiros, empregos com altos salários podem surgir naquelas indústrias protegidas da concorrência externa.  Mas isso dependerá da capacidade dos sindicatos de controlar a oferta de mão-de-obra disponível.  A pressão oriunda da mão-de-obra não-sindicalizada será uma constante ameaça para esses empregos de altos salários, os quais só existem porque o governo criou uma escassez artificial por meio de barreiras protecionistas.


No entanto, ainda assim, não há nenhuma garantia de que isso irá gerar empregos de altos salários em vez de apenas altos lucros para essas indústrias protegidas.  Afinal, ao encarecer artificialmente os produtos que podem ser importados, o governo cria uma reserva de mercado para o poderoso empresariado local, o qual agora, sem a concorrência externa, se sente mais livre para cobrar preços altos e oferecer produtos de pior qualidade.  Não sobra alternativa para os consumidores senão consumir os produtos deste baronato nacional, a altos preços.


A maior receita oriunda destes altos preços pode perfeitamente se converter em maiores lucros para os industriais, e não necessariamente em maiores salários.


Os mais prejudicados, é claro, serão exatamente os mais pobres, que terão sua renda consumida por produtos mais caros e de pior qualidade.


Daí o grande contra-senso de ser a esquerda a maior entusiasta das políticas protecionistas.


Por outro lado, em um ambiente concorrencial, a abundância é a norma.  Consequentemente, altos salários só serão alcançados por meio de uma maior produtividade.  As pessoas só conseguirão salários maiores se forem capazes de produzir mais durante um mesmo período de tempo.  E, para conseguirem isso, elas terão de utilizar mais bens de capital — ferramentas, maquinários, edificações e meios de transporte que tornam o trabalho mais produtivo.


O padrão de vida dos países ricos é maior que o dos países da África não porque as pessoas trabalham mais, mas sim porque a mão-de-obra dos países ricos utiliza uma maior quantidade de bens de capital para fazer seu trabalho.  Isso as torna muito mais produtivas.  Trabalhar menos e produzir mais é o resultado direto da acumulação de capital. Assim como um trator multiplica enormemente a produção agrícola em relação a uma enxada, o uso de máquinas e equipamentos modernos multiplica enormemente a produtividade dos trabalhadores — e, consequentemente, seus salários e sua qualidade de vida.


Robinson Crusoé pegará mais peixes com uma rede do que com suas mãos.  E quanto mais redes ele tiver, mais peixes ele pegará.  Sua produtividade estará constantemente aumentando quanto mais recursos ele tiver à sua disposição.


Logo, para obter maiores salários, um trabalhador tem de produzir bens ou serviços que os consumidores queiram.  Ninguém irá pagar a um trabalhador mais do que o valor que ele produz (defensores do aumento contínuo do salário mínimo não entendem esse básico).


Por exemplo, suponha que você consegue fabricar um aparelho eletrônico de cinco componentes que consegue ser vendido pelo subjetivamente alto preço de $ 100 por unidade, em um setor altamente concorrencial.  Para fabricar este produto, você contrata 100 trabalhadores que irão, de forma independente, construir um aparelho cada um.  Em 10 horas, cada um dos 100 trabalhadores terá construído um produto completo.


Ignorando os eventuais custos não-trabalhistas, quanto você poderia pagar a cada trabalhador?  $ 10 por hora.


Agora, suponha que a mão-de-obra se torne mais especializada, de modo que cada trabalhador se concentre em apenas um dos cinco componentes do aparelho.  Os ganhos dessa divisão do trabalho permitem que cada aparelho seja construído em metade do tempo, ou 5 horas.  Quanto você pode pagar agora para cada trabalhador?  Até $ 20 por hora.


Agora, suponha que você adquira uma máquina (bem de capital) que permite a cada trabalhador construir um aparelho em uma hora.  Quanto você pode pagar agora a cada trabalhador?  Até $ 100 por hora.


Não há segredo nem mágica: aumentos salariais só são possíveis se houver divisão do trabalho e abundância de capital.  Quanto maior a quantidade de capital disponível, maior a produtividade e maior o valor dessa produtividade.  E, em um ambiente concorrencial, maiores os salários.


Tarifas protecionistas afetam as empresas domésticas que querem importar bens de capital e maquinários modernos para incrementar a produtividade de seus trabalhadores e, com isso, fabricar produtos melhores e mais baratos.  Tarifas as obrigam a pagar mais caro por seus insumos ou então a comprar insumos nacionais mais caros e de pior qualidade.


Isso reduz a produtividade e aumenta seus custos.  Sendo menos produtivas e operando com custos maiores, essas empresas se tornam menos competitivas internacionalmente.


Consequentemente, as exportações também tendem a declinar.  E estimular exportações era exatamente uma das intenções do protecionismo.


Por fim, suponha que a China resolva subsidiar suas exportações ao ponto em que pudéssemos adquirir produtos chineses de graça.  O que isso significaria?  Significaria que não mais teríamos de utilizar recursos escassos para produzir esses mesmos produtos domesticamente, de modo que agora poderíamos redirecionar bens de capital (que são escassos) para outras indústrias, as quais produzirão os bens não fornecidos pelos chineses.  Com mais capital, essas outras indústrias, ceteris paribus, terão empregos com salários maiores do que eram antes do comércio com a China.


Por causa do aumento da renda disponível e do aumento da capacidade de consumo da população permitido pelas importações baratas, e também por causa dos empregos agora mais produtivos gerados em outros setores, até mesmo empregados demitidos por causa da concorrência estrangeira ficam em melhor situação.


Utilizando o governo para criar escassez artificial


O protecionismo é uma política voltada para criar escassez.  Restrições ao comércio não apenas não aumentam a quantidade de capital disponível, como ainda forçam um uso não-produtivo do capital.  Dado que o país protecionista, por definição, necessariamente terá uma mão-de-obra menos especializada, o capital ficará mais dispersado por toda a economia, o que fará com que os salários sejam menores do que poderiam ser.


Adicionalmente, tendo agora de pagar mais caro por produtos nacionais de qualidade mais baixa, os consumidores nacionais estarão incapacitados de consumir mais e de investir mais.  A restrição às importações e a reserva de mercado criada por ela faz com que a capacidade de consumo e de investimento da população seja artificialmente reduzida.


E sempre que a capacidade de consumo e de investimento da população é artificialmente reduzida, lucros e empregos diminuem por toda a economia.


Assim, empregos de baixa produtividade nas indústrias protegidas são mantidos à custa de empregos de alta produtividade em empresas que tiveram suas vendas reduzidas por causa da queda da capacidade de consumo e de investimento das pessoas.


Toda a economia se torna mais ineficiente, a produção diminui, os preços médios aumentam, e os salários reais caem.


Protecionismo é uma política que atende apenas aos interesses dos empresários mais ineficientes, menos competitivos e mais avessos a atender aos desejos dos consumidores.  Empresários interessados em produzir produtos de qualidade, utilizando bens de capital importados, são prejudicados.  E toda a população é prejudicada ao ter de consumir apenas produtos nacionais ruins e artificialmente caros, prejudicando sua capacidade de poupar até mesmo para sua aposentadoria.


No que diz respeito ao comércio, a melhor política sempre será a eliminação de todas as barreiras à importação.  Mesmo que unilateralmente.  A abundância sempre deve ser preferida à escassez.

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Leia também:

A abertura comercial é imprescindível para o crescimento econômico - e isso não é folclore

Não há argumentos econômicos contra o livre comércio - o protecionismo é a defesa de privilégios

Países pobres tributam pesadamente importados; países ricos têm suas fronteiras abertas

Por que economistas são histéricos em relação à balança comercial?

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Frank Hollenbeck é Ph.D. em economia e leciona na Universidade Internacional de Genebra.

Leandro Roque é o editor e tradutor do site do Instituto Ludwig von Mises Brasil.

John Tamny é o editor do site Real Clear Markets e contribui para a revista Forbes.


https://www.mises.org.br/Article.aspx?id=2518


Offline JJ

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Re:Liberalismo
« Resposta #255 Online: 03 de Março de 2018, 08:23:55 »
Enquanto os governos estaduais e os deputados estaduais (e os altos burocratas)  (e também o governo federal e a alta burocracia federal) vivem com privilégios  (e também roubam) as custas dos pagadores de impostos,  nós (os pagadores de impostos abusivos)  temos o nosso poder de compra reduzido pela metade  (ou menos):



Preço dos carros brasileiros sem impostos | julho de 2016


Veja quanto custariam os carros mais vendidos do Brasil se não fossem os absurdos impostos que incidem no preço final:

Chevrolet Onix | De (a partir de) R$ 44.890 por R$ 20.290
Hyundai HB20 | De (a partir de) R$ 40.545 por R$ 18.327
Ford Ka | De (a partir de) R$ 41.990 por R$ 18.979
Volkswagen Gol | De (a partir de) R$ 34.250 por R$ 15.481
Fiat Palio | De (a partir de) R$ 42.410 por R$ 19.169
Toyota Corolla | De (a partir de) R$ 68.740 por R$ 31.070
Honda HR-V | De (a partir de) R$ 78.700 por R$ 35.572
Fiat Strada | De (a partir de) R$ 44.490 por R$ 20.109
Volkswagen Fox | De (a partir de) R$ 44.690 por R$ 20.199

Compare outros exemplos da diferença de preços entre Brasil e outros países
Os valores servem apenas como base, já que mudam com bastante frequência.

BMW X1 XDRIVE 28i 2.0 turbo
Brasil: 164.797,00 reais
EUA: 32.500,00 dólares (R$ 64.489,75)



Chevrolet Camaro
Brasil: 203.000,00 reais
EUA: 32.635,00 dólares (R$ 64.757,63)
Chevrolet Camaro
Fiat 500
Brasil: 42.630,00 reais
EUA: 16.000,00 dólares (R$ 31.699,20)
Fiat 500
Ford Ecosport
Brasil: 57.990,00 reais
Chile: 40.385,25 reais
Ford Ecosport
Grand Cherokee Laredo
Brasil: 159.900,00 reais (preço promocional) e 165.100,00 reais no preço normal.
EUA: 29.695,00 dólares (R$ 58.923,79)
Grand Cherokee Laredo
Honda Fit
Brasil: 52.096,00 reais (US$ 26.454,07)
México: 15.933,35 dólares (R$ 31.368,34)
Honda Fit
Novo Gol
Brasil: 32.490,00 reais (sem ar condicionado)
México: 150.400,00 pesos mexicanos (R$ 23.342,08) com ar condicionado
Novo Gol
Range Rover Evoque
Brasil: 176.500,00 reais (US$ 88.925,84)
EUA: 42.040,00 dólares (R$ 83.419,97)
Range Rover Evoque
Renault Sandero
Brasil: 34.850,00 reais (US$ 17.558,44)
Chile: 27.579,15 reais (US$ 13.897,09)
Renault Sandero
Toyota Prius
Brasil: 120.830,00 reais (US$ 61.356,83)
EUA: 24.200,00 dólares (R$ 47.644,96)
Toyota Prius
[Fonte: ACARA/UOL]



http://curiosando.com.br/carros-precos-brasil-mundo/#ixzz58gS7nIL6



Obs.  A diferença diminuiu pois o dólar aumentou de preço, mas  podemos lembrar que se o Brasil  se tornar bem mais liberal isto geraria incentivos para que viessem mais dólares para o Brasil, de modo que o preço do dólar voltaria a cair,  e os  brasileiros  teriam uma moeda mais forte e consequentemente maior poder de compra.




« Última modificação: 03 de Março de 2018, 08:37:10 por JJ »

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Re:Liberalismo
« Resposta #256 Online: 03 de Março de 2018, 08:27:34 »


E os esquerdistas/socialistas que sonham  fazer parte da Nomenklatura  (eles não sonham  ser  operários após  a implantação  da revolução  socialista do século XXI )  aplaudem e aprovam o  Estado pesado que  interfere bastante na economia e tira poder de compra  das pessoas que trabalham e produzem.



« Última modificação: 03 de Março de 2018, 08:31:24 por JJ »

Offline Gauss

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Re:Liberalismo
« Resposta #257 Online: 03 de Março de 2018, 10:10:15 »
Um carro para você, outro para o governo.
Citação de: Gauss
Bolsonaro é um falastrão conservador e ignorante. Atualmente teria 8% das intenções de votos, ou seja, é o Enéas 2.0. As possibilidades desse ser chegar a presidência são baixíssimas, ele só faz muito barulho mesmo, nada mais que isso. Não tem nenhum apoio popular forte, somente de adolescentes desinformados e velhos com memória curta que acham que a ditadura foi boa só porque "tinha menos crime". Teria que acontecer uma merda muito grande para ele chegar lá.

Offline JJ

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Re:Liberalismo
« Resposta #258 Online: 30 de Março de 2018, 11:12:52 »
O Estado sempre será fraco e capturado pelas elites enquanto não houver uma redistribuição do poder politico e economico no interior do sistema.




Quais exemplos socialistas de sucesso você pode dar para essa  "redistribuição do poder politico e econômico no interior do sistema" ?



 :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?:



Offline JJ

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« Resposta #259 Online: 30 de Março de 2018, 11:17:57 »
Um carro para você, outro para o governo.


É por aí mesmo.  E depois nós vemos  vários pobres nos jornais de TVs  clamando  para os  políticos  por +  ônibus .  Os políticos tiram metade do poder de compra dos pobres (e além de criar impostos extorsivos, ainda criam regulamentos impedindo que possam comprar carros usados baratos e bons (com menos de 30 anos, com idade entre 1 e 29 anos) que existem no exterior), de modo que fica muito mais difícil para os pobres comprarem um carro e comprarem o combustível para abastecer o automóvel, e depois  estes mesmos pobres espoliados  aparecem na TV clamando aos  papais  políticos  que lhes forneçam mais  ônibus. 


« Última modificação: 30 de Março de 2018, 11:24:09 por JJ »

Offline JJ

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Re:Liberalismo
« Resposta #260 Online: 30 de Março de 2018, 11:23:04 »


A ignorância faz muitos e muitos  pobres fazerem papel de bobos  (e de dependentes)   perante os políticos e altos burocratas brasileiros.



« Última modificação: 30 de Março de 2018, 11:54:04 por JJ »

Offline Fabrício

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Re:Liberalismo
« Resposta #261 Online: 02 de Abril de 2018, 08:40:05 »
Um carro para você, outro para o governo.

Muito justo, ou você quer que o governo ande a pé ou de ônibus?
"Deus prefere os ateus"

Offline Gauss

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Re:Liberalismo
« Resposta #262 Online: 02 de Abril de 2018, 17:32:09 »
Um carro para você, outro para o governo.

Muito justo, ou você quer que o governo ande a pé ou de ônibus?
De cadeira de rodas.
Citação de: Gauss
Bolsonaro é um falastrão conservador e ignorante. Atualmente teria 8% das intenções de votos, ou seja, é o Enéas 2.0. As possibilidades desse ser chegar a presidência são baixíssimas, ele só faz muito barulho mesmo, nada mais que isso. Não tem nenhum apoio popular forte, somente de adolescentes desinformados e velhos com memória curta que acham que a ditadura foi boa só porque "tinha menos crime". Teria que acontecer uma merda muito grande para ele chegar lá.

Offline JJ

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Re:Liberalismo
« Resposta #263 Online: 17 de Abril de 2018, 09:35:10 »

Os problemas de venerar e obedecer “as leis”



Grande parte da imoralidade à sua volta foi intencionalmente criada pela legislação

Nota do editor

O artigo abaixo é uma adaptação de um discurso proferido no mais recente Fórum da Liberdade ocorrido em Porto Alegre nos dias 9 e 10 de abril de 2018. Daí seu tom mais coloquial.

______________________________________________


Acreditamos que a lei deve ser justa, deve fazer o bem, e deve evitar e punir o mal.


Acreditamos que os problemas surgem quando a lei é desrespeitada, corrompida, e não aplicada.


E, óbvio, o que todos nós queremos é estado de direito (e não estado de exceção), segurança jurídica, império da lei, e governo das leis (e não o governo dos homens).

Mas há um problema: a lei é feita por homens.

Consequentemente, essa mesma lei que queremos ver sendo cumprida e aplicada pode também ser injusta, ineficiente e geradora de corrupção. Mais ainda: pode se tornar ferramenta de poder, de pilhagem e de controle social.

Eis alguns exemplos.

1) Acreditamos que deveríamos ser todos iguais perante a lei. Este é o princípio da isonomia e da igualdade formal e jurídica.

Mas é a própria lei que, às vezes, cria diferenças.

É a lei que cria diferenças entre quem tem foro privilegiado e quem tem a justiça comum.

Entre terra privada e terra estatal — na terra privada, alguém pode exigir o usucapião; na terra estatal, nunca.

Entre trabalhadores privados que pagam impostos e burocratas estatais que recebem impostos e salários acima do de mercado.

É a lei que cria diferenças entre quem pode e quem não pode. Entre quem pode tudo e quem nada pode.

2) Acreditamos que o estado deveria aplicar a lei.

Mas são os entes do estado os primeiros a não respeitarem a lei.

Quando, por exemplo, fazem o impeachment de um(a) presidente, mas não retiram seus direitos políticos.

Quando confiscam depósitos judiciais de terceiros para pagar os rombos nas contas estatais, que eles próprios fizeram.

São eles que não respeitam as leis, com encontros fora da agenda e com salários acima do teto.

3) Acreditamos que a lei deveria limitar o poder.

Mas é a própria lei que dá poder, ao ponto de muitos quererem virar juristas e advogados exatamente para ter poder, favores, privilégios e dar "carteiradas".

É a lei que concede privilégios como carros oficiais com motoristas, auxílio-moradia, auxílio-transporte, auxílio-creche, auxílio-educação, auxílio-funeral, auxílio plano de saúde, reembolso por despesas médicas e odontológicas não cobertas pelo plano de saúde, além de cafezinho, vale-terno e sofá no gabinete.

Todas essas leis estão na Constituição — a qual, não por acaso, é a terceira mais longa do planeta—, e são elas que dão poder ao estado e oneram o STF.

A vagueza da lei sempre deixa alguma margem de interpretação e muita margem de poder.

Como já dizia a máxima, "aos amigos, os favores; aos inimigos, a lei".

4) Acreditamos que a lei deve ser moral. E até acreditamos que ela é moral.

Mas esquecemos que a escravidão foi legal, que os campos de concentração foram legais, que o apartheid foi legal, que o fundo eleitoral é legal, que as desapropriações nas favelas e nas periferias são legais, que ambulantes e mendigos são legalmente retirados todos os dias das calçadas "com a força de lei".

Esquecemos de que o BNDES, legalmente, retira 9% do PIB e redistribui dos pobres para as grandes empresas.

A verdade é que a lei acaba com a moralidade.

Quando, por exemplo, o estado finge que está redistribuindo recursos para os pobres, isso gera uma consequência nefasta: as pessoas deixam de ajudar os desvalidos, pois pensam: "Eu já fiz a minha parte; já paguei impostos."

Ou quando o estado institui, por exemplo, prioridades nos caixas e nos ônibus. A consequência natural é que, quando chega uma gestante ou um idoso a um caixa normal ou a um assento normal, as pessoas não os deixam passar, pois pensam que, afinal, há o caixa e o assento específicos para eles.

Confundimos lei com moralidade e, consequentemente, acabamos nos tornando meros robôs obedientes e amorais.

5) Acreditamos que a lei deve promover um ambiente econômico eficiente.

Mas é a própria lei que gera ineficiências, quando torra, por exemplo, bilhões de dinheiro de impostos com Copa do Mundo, Olimpíadas e estádios (elefantes brancos) em Manaus e Brasília.

Foi por lei que se instituiu e que se administra o BNDES, o maior banco de desenvolvimento do mundo (maior que o Banco Mundial), o qual não gera desenvolvimento nenhum. Deveria se chamar BNSUB: Banco Nacional do Subdesenvolvimento.

É por lei que se faz protecionismo, o qual prejudica o pobre e premia o rico bem conectado ao governo. Foi assim que o Brasil virou uma das economias mais fechadas do planeta.

É por lei que se exigem autorizações, concessões, alvarás, cartórios, filas, licenças e variados carimbos, ao ponto de o Brasil estar nos últimos lugares nos rankings de liberdade econômica do planeta (posição 153 em 180, um pouco antes de Cuba, Venezuela e Coreia do Norte).

Este não é um estado que redistribui dos ricos para os pobres; é um estado que impede os pobres de ficarem ricos.

6) É por lei que, diariamente, hiper-regulamentam a nossa vida.

Eis alguns casos mais recentes: rádio obrigatório nos celulares, regulação do esporte eletrônico, proibição de descontos para mulheres em bares e boates, segunda-feira sem carne, revisão obrigatória do ar condicionado, kit anti-incêndio nos carros, proibição do sal na mesa, proibição de cobrança para orçamentos (não existe orçamento grátis!), proibição de cobrar para se sentar na mesa do bar.

Já houve até uma lei para decidir se a espuma do chope podia ser considerada parte do chope (!).

Recentemente, foi instituído o "Dia nacional do desafio" — em todas as últimas quartas-feiras de maio, todas as empresas devem fazer 15 minutos de ginástica. (Como o sábado fascista de Mussolini, quando as pessoas eram obrigadas a fazer ginástica em Praça pública)

Desde 1988, foram aprovados 5,4 milhões de dispositivos legislativos (769 por dia). Só em nível federal foram 15,96 por dia. Considerando os três entes federativos, tem-se uma média de 217 mil leis em cima de cada um de nós.

7) E, ainda assim, muitos repetem que "o Brasil tem boas leis; o problema é que não são aplicadas".

Errado. O Brasil tem leis demais. Se todas fossem aplicadas perfeitamente, o país simplesmente pararia — exatamente como já ocorre com o mercado de trabalho, estagnado pelas leis trabalhistas.

É esta visão fantástica das leis que faz com que, em todas as universidades do país, seja ensinada a visão do "direito como ferramenta de mudança social" — isto é, a ideia de utilizar o direito para plasmar e moldar a sociedade segundo os próprios caprichos. E geralmente com idéias socialistas mascaradas.

Trata-se de pura engenharia social, puro coletivismo, puro totalitarismo jurídico.

Ao passo que, no resto do mundo, o direito é um simples "método de resolução de conflitos", aqui no Brasil a regra é criar mais conflitos por meio da "judicialização das relações sociais", algo que muitos até celebram. E os advogados agradecem — afinal, a indústria do dano moral gera milhões de causas lucrativas.

É esta visão da lei que cria o fenômeno do fiscal "que se acha importante e 'empoderado'", com um crachá a marcar seu status. Segundo ele, "o Brasil não dá certo porque a lei não é aplicada; se fosse, seríamos uma Suíça!".

E, finalmente, é ainda por causa desta visão que as pessoas chegam até a delatar o próprio vizinho porque ousou cortar uma arvore na própria propriedade ou porque deu um tapa no filho. Delatar o próximo ao Príncipe é uma mentalidade típica da SS nazista. Mas, para o estado, é perfeito, pois isso, além de representar uma terceirização da fiscalização, joga as pessoas umas contra as outras, consolidando ainda mais seu poder.

8) E, com tudo isso, as pessoas ainda repetem que "falta fiscalização!"

Mas o que acontece de fato é o seguinte: a grande empresa corrompe diretamente o legislador  para fazer uma  regulação que irá encarecer os processos de produção de todo o setor em que  atua. Por que ela faz isso? Porque, ao encarecer artificialmente o empreendimento neste setor, está criando dificuldades para os concorrentes menores, bem como impedindo a entrada de novos concorrentes. A grande empresa, rica, consegue bancar tranquilamente esse aumento artificial dos custos. A pequena, não.

Como consequência, quando o fiscal vai "fazer seu trabalho de fiscalização" e flagra o pequeno comerciante em desacordo com esta lei corrupta, ao comerciante não resta alternativa senão pagar a multa ou pagar o fiscal.

Só que a lei é feita exatamente para gerar essa situação.

9) Acreditamos que a lei deva evitar e punir a corrupção. Afinal, a corrupção é exatamente desviar do fim oficial e mais nobre da lei,  e desviar recursos e dinheiro.

Mas é a própria lei a gerar corrupção.

Empresas estatais e bancos estatais servem para ser (legalmente) aparelhados e ter seus cargos loteados por políticos e seus apadrinhados. Servem também para (legalmente) fazer licitações para obras em que as empresas amigas serão as ganhadoras.

A hiper-burocracia reinante em nossos portos, os mais lentos do mundo, serve exatamente para que, em um determinado momento, um empregado do porto apareça e apresente uma "alternativa", um "jeitinho" para despachar ou desembarcar a mercadoria mais rapidamente

O superfaturamento das obras de infraestrutura não é um "erro", não é uma "falta de planejamento". Ao contrário: é um planejamento extremamente esperto. A obra para se construir uma ponte é contratada exatamente para se desviar dinheiro: a empreiteira selecionada é amiga do político responsável pela estatal ou pelo ministério, e irá cobrar um preço superfaturado em troca da propina que pagou ao político para ser a escolhida. O dinheiro da obra vem dos nossos impostos. E a construção efetiva da ponte representa o custo legal para se fazer esse desvio.

Ou seja: há um custo para o dinheiro ser legalmente desviado, e esse custo é a ponte.

Com a merenda escolar ocorre o mesmo. Gritar "roubaram a merenda de meu filho" é algo que pode render notícias de jornal, mas, assim como a construção da ponte, o objetivo claro do programa sempre foi desviar dinheiro. E o custo de fazer esse desvio, para os envolvidos, é ter de nos dar algumas merendas.

O que nós chamamos de corrupção é, na verdade, o objetivo real dos políticos. É a função normal do estado.

Para concluir

Existe uma grande — e quase intransponível — diferença entre lei e legislação.

Isso de que estamos falando e na qual geralmente pensamos é a legislação (e não lei).

As leis são as leis da economia (como a lei da demanda e da oferta) ou as leis naturais.

A lei é um fenômeno descritivo, espontâneo, de baixo para cima, natural. Já a legislação é um fenômeno prescritivo, de cima para baixo, impositivo, um fenômeno político.

A legislação é a mera vontade do Leviatã.

Sim, temos de respeitar a lei e temos de tentar melhorar a lei. E o que estes dois grandes juízes aqui fizeram [Sérgio Moro e Antonio di Pietro participam do painel] para domar a besta é fundamental.

Mas não basta.

Temos de revirar o estado do avesso. Temos de reverter a estrutura do estado. Temos de mudar sua função. Temos de limitar o impacto de seus incentivos perversos. Temos de fazer tudo isso para que a lei seja mais poderosa que a legislação. Para que sejam eles — os membros do estado — a obedecer a nós, e não o contrario.

Temos de diluir o poder político ao máximo possível, descentralizar de Brasília para os estados, os municípios, os bairros, para que assim nós possamos fiscalizar o Príncipe. E também para que possamos ter diferentes sistemas jurídicos concorrendo entre si. Só assim poderemos experimentar e testar os melhores, emular os casos de sucesso e evitar os casos de fracasso. Métodos privados de resolução de conflitos, como a arbitragem, têm de ser ampliados para mais esferas.

E, especialmente, temos de fazer uma divisão clara e forte entre economia e política, para minimizar o conluio, os lobbies, os poderes dos grupos de interesse e, por consequência, a própria corrupção.

Temos, em suma, de tirar a política da nossa vida.

Recordo aqui um depoimento de uma senadora famosa ao TRF-4 (de Curitiba), no qual ela estava sendo perguntada se sabia sobre nomeações políticas nas empresas estatais. Ela respondeu: "Sim, claro, mas esta é a lógica da política. Assim como judiciário tem sua lógica, a política também. Vocês estão querendo criminalizar a lógica da política!"

Sim, caríssima senadora. Queremos criminalizar a lógica política porque esta lógica da política é criminosa.



https://www.mises.org.br/Article.aspx?id=2876



Offline -Huxley-

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Re:Liberalismo
« Resposta #264 Online: 17 de Abril de 2018, 22:04:13 »

Os problemas de venerar e obedecer “as leis”



Grande parte da imoralidade à sua volta foi intencionalmente criada pela legislação

Nota do editor

O artigo abaixo é uma adaptação de um discurso proferido no mais recente Fórum da Liberdade ocorrido em Porto Alegre nos dias 9 e 10 de abril de 2018. Daí seu tom mais coloquial.

______________________________________________


Acreditamos que a lei deve ser justa, deve fazer o bem, e deve evitar e punir o mal.


Acreditamos que os problemas surgem quando a lei é desrespeitada, corrompida, e não aplicada.


E, óbvio, o que todos nós queremos é estado de direito (e não estado de exceção), segurança jurídica, império da lei, e governo das leis (e não o governo dos homens).

Mas há um problema: a lei é feita por homens.

Consequentemente, essa mesma lei que queremos ver sendo cumprida e aplicada pode também ser injusta, ineficiente e geradora de corrupção. Mais ainda: pode se tornar ferramenta de poder, de pilhagem e de controle social.

Eis alguns exemplos.

1) Acreditamos que deveríamos ser todos iguais perante a lei. Este é o princípio da isonomia e da igualdade formal e jurídica.

Mas é a própria lei que, às vezes, cria diferenças.

É a lei que cria diferenças entre quem tem foro privilegiado e quem tem a justiça comum.

Entre terra privada e terra estatal — na terra privada, alguém pode exigir o usucapião; na terra estatal, nunca.

Entre trabalhadores privados que pagam impostos e burocratas estatais que recebem impostos e salários acima do de mercado.

É a lei que cria diferenças entre quem pode e quem não pode. Entre quem pode tudo e quem nada pode.

2) Acreditamos que o estado deveria aplicar a lei.

Mas são os entes do estado os primeiros a não respeitarem a lei.

Quando, por exemplo, fazem o impeachment de um(a) presidente, mas não retiram seus direitos políticos.

Quando confiscam depósitos judiciais de terceiros para pagar os rombos nas contas estatais, que eles próprios fizeram.

São eles que não respeitam as leis, com encontros fora da agenda e com salários acima do teto.

3) Acreditamos que a lei deveria limitar o poder.

Mas é a própria lei que dá poder, ao ponto de muitos quererem virar juristas e advogados exatamente para ter poder, favores, privilégios e dar "carteiradas".

É a lei que concede privilégios como carros oficiais com motoristas, auxílio-moradia, auxílio-transporte, auxílio-creche, auxílio-educação, auxílio-funeral, auxílio plano de saúde, reembolso por despesas médicas e odontológicas não cobertas pelo plano de saúde, além de cafezinho, vale-terno e sofá no gabinete.

Todas essas leis estão na Constituição — a qual, não por acaso, é a terceira mais longa do planeta—, e são elas que dão poder ao estado e oneram o STF.

A vagueza da lei sempre deixa alguma margem de interpretação e muita margem de poder.

Como já dizia a máxima, "aos amigos, os favores; aos inimigos, a lei".

4) Acreditamos que a lei deve ser moral. E até acreditamos que ela é moral.

Mas esquecemos que a escravidão foi legal, que os campos de concentração foram legais, que o apartheid foi legal, que o fundo eleitoral é legal, que as desapropriações nas favelas e nas periferias são legais, que ambulantes e mendigos são legalmente retirados todos os dias das calçadas "com a força de lei".

Esquecemos de que o BNDES, legalmente, retira 9% do PIB e redistribui dos pobres para as grandes empresas.

A verdade é que a lei acaba com a moralidade.

Quando, por exemplo, o estado finge que está redistribuindo recursos para os pobres, isso gera uma consequência nefasta: as pessoas deixam de ajudar os desvalidos, pois pensam: "Eu já fiz a minha parte; já paguei impostos."

Ou quando o estado institui, por exemplo, prioridades nos caixas e nos ônibus. A consequência natural é que, quando chega uma gestante ou um idoso a um caixa normal ou a um assento normal, as pessoas não os deixam passar, pois pensam que, afinal, há o caixa e o assento específicos para eles.

Confundimos lei com moralidade e, consequentemente, acabamos nos tornando meros robôs obedientes e amorais.

5) Acreditamos que a lei deve promover um ambiente econômico eficiente.

Mas é a própria lei que gera ineficiências, quando torra, por exemplo, bilhões de dinheiro de impostos com Copa do Mundo, Olimpíadas e estádios (elefantes brancos) em Manaus e Brasília.

Foi por lei que se instituiu e que se administra o BNDES, o maior banco de desenvolvimento do mundo (maior que o Banco Mundial), o qual não gera desenvolvimento nenhum. Deveria se chamar BNSUB: Banco Nacional do Subdesenvolvimento.

É por lei que se faz protecionismo, o qual prejudica o pobre e premia o rico bem conectado ao governo. Foi assim que o Brasil virou uma das economias mais fechadas do planeta.

É por lei que se exigem autorizações, concessões, alvarás, cartórios, filas, licenças e variados carimbos, ao ponto de o Brasil estar nos últimos lugares nos rankings de liberdade econômica do planeta (posição 153 em 180, um pouco antes de Cuba, Venezuela e Coreia do Norte).

Este não é um estado que redistribui dos ricos para os pobres; é um estado que impede os pobres de ficarem ricos.

6) É por lei que, diariamente, hiper-regulamentam a nossa vida.

Eis alguns casos mais recentes: rádio obrigatório nos celulares, regulação do esporte eletrônico, proibição de descontos para mulheres em bares e boates, segunda-feira sem carne, revisão obrigatória do ar condicionado, kit anti-incêndio nos carros, proibição do sal na mesa, proibição de cobrança para orçamentos (não existe orçamento grátis!), proibição de cobrar para se sentar na mesa do bar.

Já houve até uma lei para decidir se a espuma do chope podia ser considerada parte do chope (!).

Recentemente, foi instituído o "Dia nacional do desafio" — em todas as últimas quartas-feiras de maio, todas as empresas devem fazer 15 minutos de ginástica. (Como o sábado fascista de Mussolini, quando as pessoas eram obrigadas a fazer ginástica em Praça pública)

Desde 1988, foram aprovados 5,4 milhões de dispositivos legislativos (769 por dia). Só em nível federal foram 15,96 por dia. Considerando os três entes federativos, tem-se uma média de 217 mil leis em cima de cada um de nós.

7) E, ainda assim, muitos repetem que "o Brasil tem boas leis; o problema é que não são aplicadas".

Errado. O Brasil tem leis demais. Se todas fossem aplicadas perfeitamente, o país simplesmente pararia — exatamente como já ocorre com o mercado de trabalho, estagnado pelas leis trabalhistas.

É esta visão fantástica das leis que faz com que, em todas as universidades do país, seja ensinada a visão do "direito como ferramenta de mudança social" — isto é, a ideia de utilizar o direito para plasmar e moldar a sociedade segundo os próprios caprichos. E geralmente com idéias socialistas mascaradas.

Trata-se de pura engenharia social, puro coletivismo, puro totalitarismo jurídico.

Ao passo que, no resto do mundo, o direito é um simples "método de resolução de conflitos", aqui no Brasil a regra é criar mais conflitos por meio da "judicialização das relações sociais", algo que muitos até celebram. E os advogados agradecem — afinal, a indústria do dano moral gera milhões de causas lucrativas.

É esta visão da lei que cria o fenômeno do fiscal "que se acha importante e 'empoderado'", com um crachá a marcar seu status. Segundo ele, "o Brasil não dá certo porque a lei não é aplicada; se fosse, seríamos uma Suíça!".

E, finalmente, é ainda por causa desta visão que as pessoas chegam até a delatar o próprio vizinho porque ousou cortar uma arvore na própria propriedade ou porque deu um tapa no filho. Delatar o próximo ao Príncipe é uma mentalidade típica da SS nazista. Mas, para o estado, é perfeito, pois isso, além de representar uma terceirização da fiscalização, joga as pessoas umas contra as outras, consolidando ainda mais seu poder.

8) E, com tudo isso, as pessoas ainda repetem que "falta fiscalização!"

Mas o que acontece de fato é o seguinte: a grande empresa corrompe diretamente o legislador  para fazer uma  regulação que irá encarecer os processos de produção de todo o setor em que  atua. Por que ela faz isso? Porque, ao encarecer artificialmente o empreendimento neste setor, está criando dificuldades para os concorrentes menores, bem como impedindo a entrada de novos concorrentes. A grande empresa, rica, consegue bancar tranquilamente esse aumento artificial dos custos. A pequena, não.

Como consequência, quando o fiscal vai "fazer seu trabalho de fiscalização" e flagra o pequeno comerciante em desacordo com esta lei corrupta, ao comerciante não resta alternativa senão pagar a multa ou pagar o fiscal.

Só que a lei é feita exatamente para gerar essa situação.

9) Acreditamos que a lei deva evitar e punir a corrupção. Afinal, a corrupção é exatamente desviar do fim oficial e mais nobre da lei,  e desviar recursos e dinheiro.

Mas é a própria lei a gerar corrupção.

Empresas estatais e bancos estatais servem para ser (legalmente) aparelhados e ter seus cargos loteados por políticos e seus apadrinhados. Servem também para (legalmente) fazer licitações para obras em que as empresas amigas serão as ganhadoras.

A hiper-burocracia reinante em nossos portos, os mais lentos do mundo, serve exatamente para que, em um determinado momento, um empregado do porto apareça e apresente uma "alternativa", um "jeitinho" para despachar ou desembarcar a mercadoria mais rapidamente

O superfaturamento das obras de infraestrutura não é um "erro", não é uma "falta de planejamento". Ao contrário: é um planejamento extremamente esperto. A obra para se construir uma ponte é contratada exatamente para se desviar dinheiro: a empreiteira selecionada é amiga do político responsável pela estatal ou pelo ministério, e irá cobrar um preço superfaturado em troca da propina que pagou ao político para ser a escolhida. O dinheiro da obra vem dos nossos impostos. E a construção efetiva da ponte representa o custo legal para se fazer esse desvio.

Ou seja: há um custo para o dinheiro ser legalmente desviado, e esse custo é a ponte.

Com a merenda escolar ocorre o mesmo. Gritar "roubaram a merenda de meu filho" é algo que pode render notícias de jornal, mas, assim como a construção da ponte, o objetivo claro do programa sempre foi desviar dinheiro. E o custo de fazer esse desvio, para os envolvidos, é ter de nos dar algumas merendas.

O que nós chamamos de corrupção é, na verdade, o objetivo real dos políticos. É a função normal do estado.

Para concluir

Existe uma grande — e quase intransponível — diferença entre lei e legislação.

Isso de que estamos falando e na qual geralmente pensamos é a legislação (e não lei).

As leis são as leis da economia (como a lei da demanda e da oferta) ou as leis naturais.

A lei é um fenômeno descritivo, espontâneo, de baixo para cima, natural. Já a legislação é um fenômeno prescritivo, de cima para baixo, impositivo, um fenômeno político.

A legislação é a mera vontade do Leviatã.

Sim, temos de respeitar a lei e temos de tentar melhorar a lei. E o que estes dois grandes juízes aqui fizeram [Sérgio Moro e Antonio di Pietro participam do painel] para domar a besta é fundamental.

Mas não basta.

Temos de revirar o estado do avesso. Temos de reverter a estrutura do estado. Temos de mudar sua função. Temos de limitar o impacto de seus incentivos perversos. Temos de fazer tudo isso para que a lei seja mais poderosa que a legislação. Para que sejam eles — os membros do estado — a obedecer a nós, e não o contrario.

Temos de diluir o poder político ao máximo possível, descentralizar de Brasília para os estados, os municípios, os bairros, para que assim nós possamos fiscalizar o Príncipe. E também para que possamos ter diferentes sistemas jurídicos concorrendo entre si. Só assim poderemos experimentar e testar os melhores, emular os casos de sucesso e evitar os casos de fracasso. Métodos privados de resolução de conflitos, como a arbitragem, têm de ser ampliados para mais esferas.

E, especialmente, temos de fazer uma divisão clara e forte entre economia e política, para minimizar o conluio, os lobbies, os poderes dos grupos de interesse e, por consequência, a própria corrupção.

Temos, em suma, de tirar a política da nossa vida.

Recordo aqui um depoimento de uma senadora famosa ao TRF-4 (de Curitiba), no qual ela estava sendo perguntada se sabia sobre nomeações políticas nas empresas estatais. Ela respondeu: "Sim, claro, mas esta é a lógica da política. Assim como judiciário tem sua lógica, a política também. Vocês estão querendo criminalizar a lógica da política!"

Sim, caríssima senadora. Queremos criminalizar a lógica política porque esta lógica da política é criminosa.



https://www.mises.org.br/Article.aspx?id=2876


Os problemas de não obedecer a lei:

a) sofrer sanções, e algumas delas resultam em prisão: ninguém deveria ter obrigação de virar mártir para fazer uma "desobediência moral da lei";
b) se sempre nos sentíssemos obrigados a desobedecer as leis só porque não concordamos com elas, nunca existiria Estado de direito até que 100% de nós concordássemos com tudo que a legislação manda. E isso aconteceria apenas NUNCA. Por exemplo, se muitos juízes desobedecessem o ordenamento jurídico toda vez que achassem uma lei injusta, eles estariam criando o incentivo para que outros juízes desobedecessem uma lei justa da qual eles não concordam.
« Última modificação: 17 de Abril de 2018, 22:09:05 por -Huxley- »

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« Resposta #265 Online: 18 de Abril de 2018, 09:12:22 »


Os problemas de não obedecer a lei:

a) sofrer sanções, e algumas delas resultam em prisão: [...]



Felizmente  o  Estado  brasileiro  não é uma entidade onisciente  (em regimes autoritários o Estado tenta saber muito via espionagem, e pode chegar a um nível enorme de controle sobre os cidadãos  (agora transformados em servos do  poderoso Estado),  mas felizmente não é o caso do Brasil).



« Última modificação: 18 de Abril de 2018, 09:35:53 por JJ »

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« Resposta #266 Online: 18 de Abril de 2018, 09:25:40 »
b) se sempre nos sentíssemos obrigados a desobedecer as leis só porque não concordamos com elas, nunca existiria Estado de direito até que 100% de nós concordássemos com tudo que a legislação manda. E isso aconteceria apenas NUNCA.


Uma pessoa não precisa se sentir obrigada  a desobedecer as leis.

Aliás porque uma pessoa deveria  sentir  isso  ? 

Sequer vejo sentido nessa afirmação.

Uma pessoa pode simplesmente avaliar racionalmente se  um  texto   votado   por  políticos  está de acordo com os seus valores ou não.   E  juntamente com a análise do alcance da  capacidade de  vigiar   e   punir   que   estes   textos  e  o  aparato  repressivo  estatal  dão  aos  agentes estatais, a pessoa poderá  avaliar se  se  submete  ao poder dos agentes estatais  ou se tem condição de  escapar à capacidade  de  vigiar  e  punir  dos  agentes  estatais.


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« Resposta #267 Online: 18 de Abril de 2018, 12:45:52 »


Os problemas de não obedecer a lei:

a) sofrer sanções, e algumas delas resultam em prisão: [...]



Felizmente  o  Estado  brasileiro  não é uma entidade onisciente  (em regimes autoritários o Estado tenta saber muito via espionagem, e pode chegar a um nível enorme de controle sobre os cidadãos  (agora transformados em servos do  poderoso Estado),  mas felizmente não é o caso do Brasil).





Não onisciência do Estado é detalhe irrelevante para o caso de gerenciamento de risco. No que diz respeito a vigilância da cobrança de impostos, por exemplo, nós somos de Primeiro Mundo. A nossa Receita Federal é bastante eficiente em detectar sonegadores do IR. Ademais, a probabilidade cumulativa de ser pego ao longo de um período grande é infinitamente maior do que a probabilidade de ser pego em um período de um ano de infração da lei.
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« Resposta #268 Online: 18 de Abril de 2018, 12:53:46 »
b) se sempre nos sentíssemos obrigados a desobedecer as leis só porque não concordamos com elas, nunca existiria Estado de direito até que 100% de nós concordássemos com tudo que a legislação manda. E isso aconteceria apenas NUNCA.


Uma pessoa não precisa se sentir obrigada  a desobedecer as leis.

Aliás porque uma pessoa deveria  sentir  isso  ? 

Sequer vejo sentido nessa afirmação.

Uma pessoa pode simplesmente avaliar racionalmente se  um  texto   votado   por  políticos  está de acordo com os seus valores ou não.   E  juntamente com a análise do alcance da  capacidade de  vigiar   e   punir   que   estes   textos  e  o  aparato  repressivo  estatal  dão  aos  agentes estatais, a pessoa poderá  avaliar se  se  submete  ao poder dos agentes estatais  ou se tem condição de  escapar à capacidade  de  vigiar  e  punir  dos  agentes  estatais.




Se muitos juízes do judiciário do Estado-nação seguissem essa moral, a de que têm o direito de desobedecer ao ordenamento jurídico de leis injustas, então eles estariam criando o incentivo para que juízes que desobedecem ao ordenamento jurídico de leis justas surgissem aos montes. O Estado Democrático de Direito correria sério risco de virar letra morta.
« Última modificação: 18 de Abril de 2018, 13:06:55 por -Huxley- »

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« Resposta #269 Online: 18 de Abril de 2018, 16:04:54 »


Os problemas de não obedecer a lei:

a) sofrer sanções, e algumas delas resultam em prisão: [...]



Felizmente  o  Estado  brasileiro  não é uma entidade onisciente  (em regimes autoritários o Estado tenta saber muito via espionagem, e pode chegar a um nível enorme de controle sobre os cidadãos  (agora transformados em servos do  poderoso Estado),  mas felizmente não é o caso do Brasil).





Não onisciência do Estado é detalhe irrelevante para o caso de gerenciamento de risco. No que diz respeito a vigilância da cobrança de impostos, por exemplo, nós somos de Primeiro Mundo. A nossa Receita Federal é bastante eficiente em detectar sonegadores do IR. Ademais, a probabilidade cumulativa de ser pego ao longo de um período grande é infinitamente maior do que a probabilidade de ser pego em um período de um ano de infração da lei.


Tem melhorado a vigilância, mas felizmente  o agentes  estatais  repressores  ainda não são  muito eficientes para várias coisas.  Para  o confisco de renda eles tem melhorado a eficiência, mas ainda é possível evitar  um  certo tanto de confisco.  De qualquer forma minha referência foi bem além disso, pois nos textos loucos que os  políticos canalhas votam, há até mesmo previsão de punição para quem der um analgésico  para outra  pessoa  sem  que tenha um  título  autenticado  por uma  entidade corporativa.   Felizmente o nível de capacidade de vigilância e controle  dessa  entidade  mafiosa brasileira  (o Estado brasileiro e seus numerosos orgãos e autarquias) não estão num nível semelhante ao da máfia estatal da Coréia do Norte.  Felizmente ainda não chegamos num nível de servidão semelhante ao dos coreanos do norte.


« Última modificação: 18 de Abril de 2018, 16:22:01 por JJ »

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« Resposta #270 Online: 18 de Abril de 2018, 16:17:07 »
Se muitos juízes do judiciário do Estado-nação seguissem essa moral, a de que têm o direito de desobedecer ao ordenamento jurídico de leis injustas, então eles estariam criando o incentivo para que juízes que desobedecem ao ordenamento jurídico de leis justas surgissem aos montes. O Estado Democrático de Direito correria sério risco de virar letra morta.



Os juízes ganham remuneração (pagas por  tributos  tomados da população) em torno de 25 vezes ou mais do que a média dos trabalhadores no Brasil,  então  eles são  beneficiados  acima  da média  com  a redistribuição do dinheiro que é tomado a força dos brasileiros.  Portanto, eles  tem  bons incentivos positivos  para   considerarem que  as atividades  (e as regras)  estatais  continuem mais ou menos do jeito que estão.  Ou simplesmente para não se importarem muito  com a modificação  das atuais regras e práticas.  Pode se dizer que eles já estão bem adaptados ao sistema.


 
« Última modificação: 18 de Abril de 2018, 17:22:07 por JJ »

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« Resposta #271 Online: 18 de Abril de 2018, 19:52:57 »


Os problemas de não obedecer a lei:

a) sofrer sanções, e algumas delas resultam em prisão: [...]



Felizmente  o  Estado  brasileiro  não é uma entidade onisciente  (em regimes autoritários o Estado tenta saber muito via espionagem, e pode chegar a um nível enorme de controle sobre os cidadãos  (agora transformados em servos do  poderoso Estado),  mas felizmente não é o caso do Brasil).





Não onisciência do Estado é detalhe irrelevante para o caso de gerenciamento de risco. No que diz respeito a vigilância da cobrança de impostos, por exemplo, nós somos de Primeiro Mundo. A nossa Receita Federal é bastante eficiente em detectar sonegadores do IR. Ademais, a probabilidade cumulativa de ser pego ao longo de um período grande é infinitamente maior do que a probabilidade de ser pego em um período de um ano de infração da lei.


Tem melhorado a vigilância, mas felizmente  o agentes  estatais  repressores  ainda não são  muito eficientes para várias coisas.  Para  o confisco de renda eles tem melhorado a eficiência, mas ainda é possível evitar  um  certo tanto de confisco.  De qualquer forma minha referência foi bem além disso, pois nos textos loucos que os  políticos canalhas votam, há até mesmo previsão de punição para quem der um analgésico  para outra  pessoa  sem  que tenha um  título  autenticado  por uma  entidade corporativa.   Felizmente o nível de capacidade de vigilância e controle  dessa  entidade  mafiosa brasileira  (o Estado brasileiro e seus numerosos orgãos e autarquias) não estão num nível semelhante ao da máfia estatal da Coréia do Norte.  Felizmente ainda não chegamos num nível de servidão semelhante ao dos coreanos do norte.


Quando o pior cenário é a ruína, a única posição aceitável é aversão paranoica ao risco. Para entender isso, tente imaginar análise de relação custo-benefício padrão para o caso de um jogo de recompensa multimilionária de sobrevivência a roleta russa. E nós sabemos de muitos casos de gente que foi para uma cela imunda no Brasil por causa do descumprimento de lei injusta; imagine o que isso pode fazer em alguém que tem uma promissora carreira no ambiente corporativo, por exemplo. Ademais, quando se lida com a História, o passado é não-repetível (você corre risco demais tentando adivinhar o futuro olhando para um retrovisor) e as probabilidades são desconhecidas ou instáveis, nem seria possível usar a mesmo tipo de gerenciamento de risco que se usa em jogos de azar.

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« Resposta #272 Online: 18 de Abril de 2018, 20:04:30 »
Se muitos juízes do judiciário do Estado-nação seguissem essa moral, a de que têm o direito de desobedecer ao ordenamento jurídico de leis injustas, então eles estariam criando o incentivo para que juízes que desobedecem ao ordenamento jurídico de leis justas surgissem aos montes. O Estado Democrático de Direito correria sério risco de virar letra morta.



Os juízes ganham remuneração (pagas por  tributos  tomados da população) em torno de 25 vezes ou mais do que a média dos trabalhadores no Brasil,  então  eles são  beneficiados  acima  da média  com  a redistribuição do dinheiro que é tomado a força dos brasileiros.  Portanto, eles  tem  bons incentivos positivos  para   considerarem que  as atividades  (e as regras)  estatais  continuem mais ou menos do jeito que estão.  Ou simplesmente para não se importarem muito  com a modificação  das atuais regras e práticas.  Pode se dizer que eles já estão bem adaptados ao sistema.


 

O que está acima desvia do assunto da conversa, pois o que está se discutindo é o que aconteceria com o Brasil se os juízes resolvessem seguir à risca sua moral que descrevo como "só faço realizar o que acho justo". E o que aconteceria seria... Os juízes, muitos deles intoxicados com ideologia socialista nas universidades, passariam a descumprir o ordenamento jurídico para fazer descumprir as leis que considerariam injustas. Ainda bem que, em grande medida, o pessoal do Direito que passa em concursos de juiz aprende a importância de seguir o ordenamento jurídico independentemente de sua vontade pessoal (exceto talvez quando a lei é excessivamente arbitrária), a despeito da intoxicação ideológica que existe no ambiente acadêmico brasileiro.
« Última modificação: 18 de Abril de 2018, 20:10:47 por -Huxley- »

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« Resposta #273 Online: 19 de Abril de 2018, 07:50:02 »
Se muitos juízes do judiciário do Estado-nação seguissem essa moral, a de que têm o direito de desobedecer ao ordenamento jurídico de leis injustas, então eles estariam criando o incentivo para que juízes que desobedecem ao ordenamento jurídico de leis justas surgissem aos montes. O Estado Democrático de Direito correria sério risco de virar letra morta.
Os juízes ganham remuneração (pagas por  tributos  tomados da população) em torno de 25 vezes ou mais do que a média dos trabalhadores no Brasil,  então  eles são  beneficiados  acima  da média  com  a redistribuição do dinheiro que é tomado a força dos brasileiros.  Portanto, eles  tem  bons incentivos positivos  para   considerarem que  as atividades  (e as regras)  estatais  continuem mais ou menos do jeito que estão.  Ou simplesmente para não se importarem muito  com a modificação  das atuais regras e práticas.  Pode se dizer que eles já estão bem adaptados ao sistema. 

O que está acima desvia do assunto da conversa, pois o que está se discutindo é o que aconteceria com o Brasil se os juízes resolvessem seguir à risca sua moral que descrevo como "só faço realizar o que acho justo". E o que aconteceria seria... Os juízes, muitos deles intoxicados com ideologia socialista nas universidades, passariam a descumprir o ordenamento jurídico para fazer descumprir as leis que considerariam injustas. Ainda bem que, em grande medida, o pessoal do Direito que passa em concursos de juiz aprende a importância de seguir o ordenamento jurídico independentemente de sua vontade pessoal (exceto talvez quando a lei é excessivamente arbitrária), a despeito da intoxicação ideológica que existe no ambiente acadêmico brasileiro.



Eu considero que um incentivo importante que eles tem para  seguir os textos das tais leis é que  os juízes do STJ poderiam  invalidar o julgamento deles caso  deixassem de seguir tais leis.   E isto feito de forma reiterada iria trazer problemas sérios para eles.  Então, não me parece que eles não tenham bons  incentivos  para não seguir as tais leis (pelo menos de forma explícita). E de qualquer forma também é bom lembrar que  leis não são  equações  matemáticas, existem  possibilidades de interpretações diferentes por diferentes juízes.  E isto fica bastante óbvio  quando temos decisões em colegiados, onde pode ocorrer que por um voto uma interpretação diferente e contrária ganha da outra.


« Última modificação: 19 de Abril de 2018, 07:55:51 por JJ »

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« Resposta #274 Online: 19 de Abril de 2018, 10:33:04 »
Se muitos juízes do judiciário do Estado-nação seguissem essa moral, a de que têm o direito de desobedecer ao ordenamento jurídico de leis injustas, então eles estariam criando o incentivo para que juízes que desobedecem ao ordenamento jurídico de leis justas surgissem aos montes. O Estado Democrático de Direito correria sério risco de virar letra morta.
Os juízes ganham remuneração (pagas por  tributos  tomados da população) em torno de 25 vezes ou mais do que a média dos trabalhadores no Brasil,  então  eles são  beneficiados  acima  da média  com  a redistribuição do dinheiro que é tomado a força dos brasileiros.  Portanto, eles  tem  bons incentivos positivos  para   considerarem que  as atividades  (e as regras)  estatais  continuem mais ou menos do jeito que estão.  Ou simplesmente para não se importarem muito  com a modificação  das atuais regras e práticas.  Pode se dizer que eles já estão bem adaptados ao sistema. 

O que está acima desvia do assunto da conversa, pois o que está se discutindo é o que aconteceria com o Brasil se os juízes resolvessem seguir à risca sua moral que descrevo como "só faço realizar o que acho justo". E o que aconteceria seria... Os juízes, muitos deles intoxicados com ideologia socialista nas universidades, passariam a descumprir o ordenamento jurídico para fazer descumprir as leis que considerariam injustas. Ainda bem que, em grande medida, o pessoal do Direito que passa em concursos de juiz aprende a importância de seguir o ordenamento jurídico independentemente de sua vontade pessoal (exceto talvez quando a lei é excessivamente arbitrária), a despeito da intoxicação ideológica que existe no ambiente acadêmico brasileiro.



Eu considero que um incentivo importante que eles tem para  seguir os textos das tais leis é que  os juízes do STJ poderiam  invalidar o julgamento deles caso  deixassem de seguir tais leis.   E isto feito de forma reiterada iria trazer problemas sérios para eles.  Então, não me parece que eles não tenham bons  incentivos  para não seguir as tais leis (pelo menos de forma explícita). E de qualquer forma também é bom lembrar que  leis não são  equações  matemáticas, existem  possibilidades de interpretações diferentes por diferentes juízes.  E isto fica bastante óbvio  quando temos decisões em colegiados, onde pode ocorrer que por um voto uma interpretação diferente e contrária ganha da outra.




Quando a premissa de que se deve fazer realizar aquilo que pessoalmente se considera o certo foi tomada por todos os juízes ou pelos principais, tudo o mais vira supérfluo. Veja o caso do TSJ, a Suprema Corte Bolivariana da Venezuela. Não existe nada que possa impedir que tais juízes da Suprema Corte hajam como ditadores, caso sua moral descrita anteriormente seja seguida a risca. E é exatamente isso que eles fazem na Venezuela.
« Última modificação: 19 de Abril de 2018, 10:38:04 por -Huxley- »

 

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