Eu não nasci ontem, sei exatamente o que o encontro do Temer com um empresário, da forma como foi, significa. E não seria preciso nem gravação da conversa, só esse encontro furtivo nos subterrâneos de Brasília com alguém como o J. Batista, a gente já sabe do que se trata.
Mas são duas coisas distintas: o Temer ser um corrupto e o departamento de jornalismo da Globo ser calhorda. E a primeira não justifica a segunda.
Pra nós, bons entendedores que somos, não faz diferença se ele disse que tava dando dinheiro pro Cunha ou se tava de bem com o Cunha. Mas juridicamente tem uma galáxia de distância entre uma coisa e outra. Porque se a versão divulgada fosse fidedigna consistia em prova suficiente pra pedir impedimento e até abrir processo contra o Michel Temer, enquanto que o conteúdo real da gravação não tinha na verdade valor de prova nenhum.
E não foi um mero deslize, um desleixo: a notícia foi dada inicialmente no jornal impresso, e imediatamente começaram uma campanha nas rádios do grupo Globo, na TV aberta e na Globo News. E foram quase 48 horas agitando o país, chegou a afetar o pregão da Bolsa, e em todo esse tempo não divulgaram a gravação original.
As pessoas não precisam e nem devem ser enganadas. Um jornalismo correto deveria somente dar a informação honesta, inclusive disponibilizando a gravação no site G4, e cada um que tire suas próprias conclusões.