PT: estratégia de manter candidatura de Lula pode ser suicidaSe não escolher rapidamente um novo candidato, o PT corre o risco de não ir para o segundo turno e perder relevância como partido
Por Maílson da Nóbrega access_time 11 maio 2018, 07h26
Com negação, pelo STF, do recurso em favor de soltura de Lula, as chances de ele obter liberdade passam a depender de uma distante e incerta decisão do STF revogando a súmula que tratou da prisão após decisão de segunda instância. Dificilmente isso acontecerá nas próximas semanas.
O PT e Lula estão, assim, diante de um difícil dilema. Uma decisão eleitoralmente racional é aceitar que o ex-presidente está fora da corrida presidencial, escolhendo imediatamente o novo candidato. Outra saída, eleitoralmente irracional, é manter a ideia de registrar a candidatura de Lula no próximo dia 15 de agosto.
A decisão racional requer um líder com coragem e força para levar a má notícia a Lula. Embora ele tenha escrito uma carta liberando o partido para decidir sobre o assunto, ninguém o levou a sério, pois isso equivaleria a abandoná-lo. A manutenção da candidatura serve até como consolo para enfrentar suas atuais agruras e para preservar a esperança de breve saída da cadeia.
Como parece não existir esse líder neste momento, o PT pode ser forçado a manter a candidatura de Lula. Acontece que o Tribunal Superior Eleitoral pode impugnar o registro em duas ou três semanas, dada a relevância do assunto. Poucos duvidam de que o ex-presidente se tornou inelegível com a condenação no TRF-4 de Porto Alegre.
O PT teria, então, menos de um mês para construir uma nova candidatura. Além disso, Lula perde a cada dia a capacidade de transferir votos. Isso requer que ele seja visto muitas vezes com o candidato que apoia, em diferentes lugares. Trata-se de missão praticamente impossível.
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