É complicado, não havendo comprovação de que seja possível reverter uma condição qualquer do sujeito, o nanismo, por exemplo, adotar terapias nesse sentido. Que base temos para supor que a condição sexual seja de natureza distinta? Fazer uso da defesa da liberdade de escolha do indivíduo para propor experimentos é a raiz do coletivismo. É como querer resolver a qualquer custo, sem que a própria pele esteja em jogo, quase sempre, um problema que, por sua complexidade, não permite prever as consequências.
Se há mais perguntas do que respostas é o caso, nisso concordo, de continuar estudando, mas com responsabilidade, e não arriscar a agravar o problema na tentativa de ajudar. Essa é a definição de qualquer custo.
A liberdade de escolha do paciente está em dispensar o tratamento proposto e não em propor o tratamento. O terapeuta, por sua vez, deve se limitar aquilo que tem eficácia comprovada. Do contrário, não só a psicologia, mas toda a medicina perde sua função.
Ou eu entendi errado ou a disfunção aí é a egodistonia e não a condição sexual. Se tem algo a ser tratado, portanto, é aquela e não essa. Consultório não é lugar de pesquisa, quando muito contribui para essa na coleta de dados. Experimentos se fazem sob condições de controle. Se não é o caso, é de uma irresponsabilidade maquiavélica por o dos outros na reta em nome, seja da boa intenção ou da pesquisa científica, sob a defesa da liberdade de escolha (sempre que essa é arrogada, convém ligar o ceticômetro). Se o resultado for o oposto do pretendido resta dizer um "foi mal aí" e segue a vida? De boas intenções e má ciência o inferno está cheio.
Esse é ponto: pessoas com conflitos mentais ou sem uma definição de sexualidade definitiva. Acho importante o tratamento para esse tipo de pessoa. Mas como disse vivemos num mundo com uma filosofia anti idealista e com conflitos ideológicos que emperram esses estudos de uma certa forma. Por isso sou contra a definição de cura gay para esse tratamento. Porque poe uma interpretação equivocada que só serve como combustível ideológico.
Não estou entendendo seu ponto. Há indicativos de que a identidade de gênero, seja ela qual for, é cultural, podendo ser aprendida e, portanto, revertida? Se não, isso não passa de uma aposta irresponsável, como demonstra o caso de David Reimer, por exemplo.
Essa sua definição de liberdade de escolha do indivíduo paciente não está de acordo com a ideologia liberal nem a ideologia libertária. O individuo deve ser livre para fazer o que quiser desde que não esteja claramente causando danos reais a terceiros.
Para exemplificar, se um individuo quer fumar cigarro (num ambiente não público fechado) e se o tal cigarro traz algum prejuízo a saúde dele, então isto é um problema do indivíduo, o qual o Estado não deve se intrometer.
De forma semelhante se um indivíduo quer buscar ajuda para tentar mudar as sua vida sexual , então isso é um problema do indivíduo, o qual o Estado não deve se intrometer.
Essa é mais uma questão em que está em jogo a liberdade individual versus a intromissão do poder estatal. Individualismo versus coletivismo estatal.
Essa é minha base de definição de Liberdade. Você não pode impedir a natureza humana de buscar algo para si seja para benefício ou malefício por qualquer intenção envolvida. Você pode é divulgar os perigos daquele ato (com no caso o de fumar colocando alertas na embalagem), mas não pode coagir o indivíduo de buscar aquilo que quer, no caso quando ele tem sua autoconsciência definida.
Se não há indícios de que o consumo de açúcar possa tratar o diabetes, como poderiam preferir os pacientes, qual deve ser a atitude do médico: anarquia?
Insisto que a liberdade de escolha do paciente está em recusar o tratamento proposto, que, por sua vez, deve ser estritamente baseado naquilo que tem eficácia comprovada. Ciência não é ideologia, é ferramenta.
O que, obviamente, não deve implicar na criminalização do comércio de açúcar.
A contradição é tão gritante que não compreendo como não percebem. O que vocês estão defendendo é algo análogo a prescrição "medicinal" do fumo para tratar os desconfortos da abstinência, a pedido do paciente.
Só há liberdade de escolha, de fato, quando há parâmetros confiáveis que nos permitam eleger dentre as opções disponíveis, qual a que melhor pode nos conduzir a nossos objetivos, sejam eles quais forem. Do contrário, todas as opções se equivalem, ficando a liberdade de escolha a cargo da sorte - o que a descaracteriza. E se o melhor que temos para nos fornecer tais parâmetros é a ciência, sua credibilidade não é mero luxo socialista coletivista autoritário antiliberal.