Muito obrigado pela excelente contribuição, Pedro Reis. Seu texto levantou vários pontos que eu não havia considerado e, por isso, não terei pressa em respondê-lo. Antes, preciso pesquisar e pensar melhor. Todavia, em um ponto ainda insisto, que não o vejo realmente atacado por sua argumentação:
A definição de Existência de um ateu-materialista é circunscrita enquanto sinônimo do Mundo Sensível e Espaço-temporal. Ora, uma Causa da espaço-temporalidade não pode ter sua raiz naquilo próprio que é por ela causado, pois do contrário seria tão dependente do espaço-tempo quanto as coisas e criaturas e, consequentemente, não poderia dar-lhes sustento.
Se a Causa tivesse seu fundamento no espaço e no tempo, não poderia ser fundamento do próprio espaço-tempo. Disso decorre que o Logos não pode, por necessidade, ser encontrado no Mundo Sensível. Ora, consequentemente, a definição ateísta-materialista de existência exclui por necessidade o Não-Sensível, único lugar onde uma Causa-do-Sensível (necessariamente fora do Sensível) poderia ser encontrada.
Logo, o ateu-materialista planta a semente de sua lógica circular ao delimitar o campo do Ser a justamente o único lugar em que não poderia travar contato com a DIVINDADE. Então, talvez a pergunta correta e honesta do ateu-materialista não deveria ser "Deus existe?" mas "O Conjunto-Realidade é idêntico ao conjunto Espaço-tempo"?
Ué, acaso seriam o tempo e o espaço atributos Em Si, inerentes à realidade? Pois sabemos que se tratam de categorias de percepção atreladas à experiência humana.
Não teríamos com conhecer os elementos situados para além do conjunto Mundo-Sensível-Espaço-Temporal, pois somos incapazes de perceber fora de nossa própria percepção. Por isso, somos obrigados a reconhecer o caráter Transcendental da Realidade, porque não experimentamos a Existência senão através dessa "Humanação" digamos assim.
Nossa percepção da Realidade é, ela sim, espaçotemporal, e organiza as coisas desta maneira para que se apresentem à nossa consciência de maneira útil e conveniente. Logo, é muito fácil para nós tomar nossa experiência da realidade pela realidade mesma, como o neo-ateu faz. Mas veja bem:
A Realidade existe (O Ser É) antes de mim mesmo (até porque me produziu). Será que essa Realidade mesma estaria restrita à percepção que dela tenho? Não existiam ondas eletromagnéticas como a luz antes de desenvolvermos olhos? Não existiam ondas de som antes de as escutarmos? Se sim, então por que continuamos tão prepotentes a ponto de delimitar a Realidade às nossas próprias categorias de percepção (espaço, tempo, sentido etc.)?
Levando em consideração todos esses pontos, a retórica neo-ateísta se mostra desonesta ao inquirir a existência da divindade.