Quanto ao Buck, eu continuo não negando a premissa de que seja mais fácil/acessível a carreira para a população de classe média que (não) por acaso geralmente é branca, mas continuo não entendendo isso como explicação primeira do cenário e acho que a propaganda da Antarctica deixa isso muito óbvio. Os produtores da DM9 não devem ter tido mais trabalho para compor um cast de mais de um cento de modelos tão europeus quase nórdicos quanto os profissionais da Taterka tiveram para compor o cast multiétnico e realista do Natura Plants.
E além do mais duvido muito que no caso da publicidade estas definições partam da agência, ou a última palavra fique com elas. Essa definição especificamente é muito mais provavelmente vinda do contratante, para quem o trabalho que vai dar pra achar os modelos adequados pouco importa. As campanhas da Natura sempre têm este cuidado, as da Ambev raramente tem. Se trocassem a DM9 e a Taterka de lugar duvido que o resultado, pelo menos neste quesito, mudasse grande coisa.
Por exemplo, esta
aqui foi feita pela Capuano para a Natura Naturé, tem três crianças, uma apenas é negra mas as outras são "brancas brasileiras". A Natura* manda fazer campanhas com modelos "brasileiros", a agência se vira pra fazer seja qual for a dificuldade de encontrá-los, seja a DM9 ou qualquer outra.
Por outro lado a tônica em campanhas da AmBev vai ser sempre diferente:
<![CDATA[<a href="http://www.youtube.com/v/1Jg2hKhbCrw" target="_blank" class="new_win">http://www.youtube.com/v/1Jg2hKhbCrw</a>]]>Por outro lado eu concordo com o Buck quando ele diz que os negros nos habituamos a não ser representados "graficamente" na mídia de modo que não faz tanta diferença para a audiência negra se vai haver personagens negras representadas até inclusive pelo "ficaríamos todos pelados".
*Pode ser que os negros das campanhas de Natura por exemplo também possam ser lidos como token black boys no sentido que o Uili deu de "vamos colocar uns negrinhos aqui pra mostrar que não somos racistas" mas nestas campanhas acho que a coisa é no mínimo bem mais bem feita do tipo a ponto de fato criar uma empatia e um senso de universalidade do destino da mensagem e não um "que porra caralho aquele crioulo tá fazendo perdido no meio de um bando de catarinenses?" do primeiro comercial ou algo como o black token boy que é o melhor amigo do galã e que termina o filme casando com uma menina negra contra o black token boy que é o único aluno que vai para a excursão sem ter sido convidado e morre nos primeiros cinco minutos.
