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Autor Tópico: Feminismo  (Lida 18508 vezes)

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Offline Lorentz

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Re:Feminismo
« Resposta #300 Online: 29 de Novembro de 2015, 20:35:43 »

Imagina você assistindo um filme medieval e de repente surge do nada um homem com terno e um iPhone, dizendo que viu no twitter que o castelo está sendo atacado pelos inimigos. Se o filme não for do Monty Phyton, isso seria de uma bizarrice grande, a ponto de quebrar a imersão e tiraria muitos pontos do filme.

Há ai a figura do argumento. Enquanto o argumento da garota guerreira de biquini é uma proposta cultural atendendo a uma demanda(ampla e bem sedimentada, diga-se de passagem) o mesmo não acontece com o que você mesmo considera bizarro.

Mas devemos atender a todas as demandas sem nenhuma crítica? As empresas podem e devem ir aos extremos só pelo lucro?

Aliás, eu defendo a sexualização da Viúva Negra da Marvel. No contexto dela faz todo sentido. Ela é uma espiã e assassina russa que assim como várias espiãs, usa de sua sexualidade para conseguir o que quer.

É complicado definir a linha que separa o bom uso e o mau uso para mim. Não estou radicalizando, como quer fazer parecer, só estou tentando identificar onde estariam os limites do que é aceitável, ou respeitoso (para as mulheres, para a inteligência, etc).

"Amy, technology isn't intrinsically good or bad. It's all in how you use it, like the death ray." - Professor Hubert J. Farnsworth

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Feminismo
« Resposta #301 Online: 29 de Novembro de 2015, 21:15:21 »
Tanto personagens masculinos quanto femininos são quase que proporcionalmente sexualizados. A diferença é que a feminilização comumente implicará em maior "erotização", enquanto a masculinização será mais só virilização "funcional".


Eu não digo que não haja nada que chegue ao ponto do absurdo, ou digno de "crítica". Só me parece que em 90% do tempo essa crítica mais pesada é mais proveniente de uma fatia bastante reduzida, porém mais vocal, da população (relacionada ao enunciado do tópico). Enquanto que jogos como "World of warcraft", alvo dessas críticas, ainda tem uma maioria ou quase a metade de jogadores mulheres. Que se não me engano já reclamaram até algo na direção oposta do que feministas considerariam "correto". Não é nada tão surpreendente, se pensar que a maioria não está tão preocupada(o) com realismo num passa-tempo descompromissado, e pode achar "legal" uma armadura tank-top que deixa a barriguinha de fora. E até indo algo mais adiante em erotização haverá algumas adeptas. Não é como se as pessoas no "mundo virtual" fossem querer comumente ser tão ou mais puritanas do que são no real. Ainda que provavelmente homens com personagens femininos sejam os que mais exagerem.


Diga-se de passagem, mulheres mais fãs de jogos de fantasia vão algumas vezes até mandar fabricar armaduras de verdade com essas "feminilizações" que comprometem a funcionalidade como armadura, mesmo sabendo disso. Claro que não vão participar de um daqueles MMA medievais com isso, nem mesmo de "justas" mais moderadas. E as que participam poderão debochar.




Um exemplo disso, mas que não envolve as mulheres, é no Cavaleiros do Zodíaco. Inúmeras vezes discuti com amigos sobre as armaduras que não cobrem metade do corpo dos heróis. Os adversários possuem armaduras no estilo medieval, toda ornamentada, que cobre uns 90% do corpo, enquanto os heróis ficam com o abdomen, pescoço, coxas, cintura e metade da cabeça expostas. Aí levam um soco na barriga e falam que só não morreram graças a suas armaduras.

Creio que as armaduras potencializam o chi, que atua como um campo de força. Por isso mesmo são feitas de metais preciosos.

Offline Lorentz

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Re:Feminismo
« Resposta #302 Online: 29 de Novembro de 2015, 21:24:33 »
Creio que as armaduras potencializam o chi, que atua como um campo de força. Por isso mesmo são feitas de metais preciosos.

Esta é a explicação que tentamos dar para justificar esse problema. Mas seria mais fácil fazer a armadura mais completa, mas no anime nunca foi explicado.
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Offline Buckaroo Banzai

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Re:Feminismo
« Resposta #303 Online: 29 de Novembro de 2015, 21:26:38 »
A "explicação" deve ter a ver com um compromisso do "realismo" com design mais fácil de animar, e de fabricar brinquedos, ou mesmo vendê-los.

Offline Lorentz

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Re:Feminismo
« Resposta #304 Online: 29 de Novembro de 2015, 21:28:42 »
A "explicação" deve ter a ver com um compromisso do "realismo" com design mais fácil de animar, e de fabricar brinquedos, ou mesmo vendê-los.

Não faz sentido porque os cavaleiros de ouro possuem armaduras bem completas e vendem bastante, e aparecem bastante também no anime.
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Offline Buckaroo Banzai

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Re:Feminismo
« Resposta #305 Online: 29 de Novembro de 2015, 22:03:45 »
Acho bem provável que a complexidade dos brinquedos, que devem ter sido linhas progressivamente mais caras, possa ter sido um fator, mas talvez não tenha sido.

Simplicidade de animação deve ser mais determinante, mas junto com isso também vem conceitos ainda mais básicos de design: é um jeito mais fácil de fazer as armaduras de ranking superior serem obviamente superiores, mesmo que não seja 100% realista, diferentemente do resto do desenho.

Offline Lorentz

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Re:Feminismo
« Resposta #306 Online: 29 de Novembro de 2015, 22:07:20 »
Acho bem provável que a complexidade dos brinquedos, que devem ter sido linhas progressivamente mais caras, possa ter sido um fator, mas talvez não tenha sido.

Simplicidade de animação deve ser mais determinante, mas junto com isso também vem conceitos ainda mais básicos de design: é um jeito mais fácil de fazer as armaduras de ranking superior serem obviamente superiores, mesmo que não seja 100% realista, diferentemente do resto do desenho.

As armaduras no mangá são até mais simples. No anime eles fizeram elas mais completas, e só mais a frente usaram a versão simplificada do mangá. Então se no mangá tinha a limitação, no anime isso não era tão problemático assim (talvez por ter mais envolvidos e um orçamento maior).
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Offline Sergiomgbr

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Re:Feminismo
« Resposta #307 Online: 29 de Novembro de 2015, 22:11:44 »
Creio que as armaduras potencializam o chi, que atua como um campo de força. Por isso mesmo são feitas de metais preciosos.

Esta é a explicação que tentamos dar para justificar esse problema. Mas seria mais fácil fazer a armadura mais completa, mas no anime nunca foi explicado.
Um herói com sua mensagem de qualidade  intrínseca estando todo e devidamente  paramentado passaria uma ideia deletéria de vulnerabilidade. Simplesmente isso.
Até onde eu sei eu não sei.

Offline Lorentz

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Re:Feminismo
« Resposta #308 Online: 29 de Novembro de 2015, 22:30:40 »
Creio que as armaduras potencializam o chi, que atua como um campo de força. Por isso mesmo são feitas de metais preciosos.

Esta é a explicação que tentamos dar para justificar esse problema. Mas seria mais fácil fazer a armadura mais completa, mas no anime nunca foi explicado.
Um herói com sua mensagem de qualidade  intrínseca estando todo e devidamente  paramentado passaria uma ideia deletéria de vulnerabilidade. Simplesmente isso.

Você nem conhece o anime  |(
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Offline Dr. Manhattan

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Re:Feminismo
« Resposta #309 Online: 30 de Novembro de 2015, 12:25:34 »
A "explicação" deve ter a ver com um compromisso do "realismo" com design mais fácil de animar, e de fabricar brinquedos, ou mesmo vendê-los.

Não faz sentido porque os cavaleiros de ouro possuem armaduras bem completas e vendem bastante, e aparecem bastante também no anime.

Acho que as armaduras são um dos motivos porque nunca suportei esse anime. É curioso como os espectadores (eu incluso) são capazes de suspender a descrença em relação a algumas coisas, mas não a outras. Isso parece depender do nível de conhecimento da pessoa, mas também tem muito a ver com a ideia de consistência. Por exemplo, no caso de Star Wars eu consigo aceitar a Força, as viagens mais rápido que a luz, mas não consigo engolir a estupidez de uma força de infantaria high-tech-super-avançada-super-treinada fazendo um ataque frontal a um exército apoiado por blindados*. :)

No final das contas, é tudo uma questão de contexto. Não vejo problema com personagens exagerados em World of Warcraft, mas seria estranho ver uma personagem com biquini de metal no filme d'O Senhor dos Anéis. Seria o tipo de coisa estranha que arrasaria com a imersão do espectador.**


*Episódio II, ataque dos clones - o ataque do título, no final do filme.

**Um exemplo masculino que parece fora de lugar no filme é a cena de voleibol homoerótico em Top Gun (parece que o diretor era gay, e fez questão de incluir essa cena).
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Offline Skeptikós

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Re:Feminismo
« Resposta #310 Online: 30 de Novembro de 2015, 13:18:25 »
Skeptikós, se as mulheres não tinham direito a votar, elas eram claramente discriminadas. Pela sua argumentação, a escravidão também não era tão ruim assim, afinal proprietários de escravos também tinham o "fardo" de alimentá-los, tinham que lutar na guerra e os escravos não. Os pobres proprietários brancos também tinham que se preocupar com a economia das suas propriedades rurais, enquanto os escravos não. Ou seja, cada um tinha seu fardo, no final era tudo igual.
Comparar a situação vivenciada por escravos e senhores de escravos aos homens e mulheres comuns do início do século XX? Isso é uma falsa analogia e você deve saber bem disso. Senhores de escravos viviam no luxo e não morriam na guerra motivados em defender seus escravos. Voltando a realidade, com exceção de homens poderosos (politica e economicamente), o restante dos homens, assim como as mulheres, não tinham direito ao voto. Mulheres poderosas, como esposas de políticos e empresários, conquistaram este direito muito antes do restante de homens e mulheres (e sem nenhum dever associado a este direito). E inicialmente, os homens simples só conseguiam este direito quando se submetiam ao dever de servir e/ou se alistar no exército, dever este que não era (e ainda hoje não o é) esperado das mulheres, nem mesmo depois das mesmas conseguirem o direito ao voto (o dever de servir ou alistar-se no exército não se tornou obrigatório para elas).

Mulheres podem não lutar nas guerras nos exércitos oficiais, mas são uma das maiores vítimas.
Sim, depois dos homens.

mortes e estupros de mulheres são comuns em todas as guerras travadas pela humanidade.
E os homens serem vitimados em guerras é mais do que comum. Não é nem preciso lembrar que eles são as maiores vítimas (se não em todas as guerras, pelo menos na maioria esmagadora delas).

Mulheres não podiam votar,
Inicialmente, a maior parte dos homens também não, e como dito, boa parte deles só conseguiram este direito se submetendo ao dever de servir na guerra.

tinham dificuldade de trabalhar fora,
E os homens a obrigação de proteger e sustentar sozinhos, a sua família.

tinham que obedecer cegamente seus maridos sob pena de repúdio dos mesmos e da sociedade em geral, eram sexualmente reprimidas, dentre outras coisas. Esse papo de "Ah, mas os homens podiam ser chamado de virjões, era a mesma coisa" não faz sentido. Não é a mesma coisa.
Como dito, homens e mulheres foram e são prejudicados de maneira diferente. Não cabe um ranking da opressão para saber quem é ou foi o mais oprimido durante a história. Reconhecer que ambos são privilegiados e desfavorecidos em situações diferentes já é um caminho.

Concordo até que o feminismo atualmente tem em alguns casos ultrapassado a fronteira entre busca de direitos e a busca de privilégios, mas no passado definitivamente não era assim. E mesmo hoje, tirando os exageros absurdos que nem deveriam ser levados a sério, a igualdade de direitos entre homens e mulheres tem que ser buscada.
Perante a constituição, esta igualdade já é garantida. Na prática, homens e mulheres são prejudicados por tendências sexistas, praticadas tanto pelo Estado como pela população em geral. A desvantagem vivida pelas mulheres vocês já conhecem, mas as vividas pelos homens, parece ser preciso explicita-las:

  • Ainda hoje, filhas solteiras de servidores públicos falecidos tem direito a pensão praticamente vitalícia, já que a mesma dura até o tempo em que a mulher se casar, mesmo que ela tenha um ótimo salário e tenha um parceiro intimo financeiramente bem sucedido (a maioria delas não se casam, obviamente, para não perderem o direto a esta pensão). Filhos solteiros de de servidores públicos falecidos não possuem este mesmo direito.1
  • Homens se aposentam mais tarde, apesar de terem uma expectativa de vida em geral, menor do que a das mulheres2 e de terem uma jornada de trabalho em geral, mais longa e extenuante do que a delas.3 Usam o argumento de dupla jornada de trabalho das mulheres para justificar esta medida,4 sem levar em consideração que nem toda mulher tem jornada dupla de trabalho e que muitos homens a possuem.
  • De acordo com a recente tipificação do feminícidio, um homem que assassinar uma mulher, se este for parente, parceiro intimo e/ou conhecido da mesma, deverá receber uma pena mais longa,5 mas se uma mulher assassinar um homem, e esta for parente, parceira intima e/ou conhecida do mesmo, a mesma lei não se aplica.
  • Homens, em média, recebem penas mais duras e 63% mais longas que mulheres pelo mesmo crime cometido.6
  • Mulheres condenadas possuem duas vezes menos chances do que homens de irem para prisão pelo mesmo crime cometido.6

E as situações onde homens são desfavorecidos por tendências sexistas que privilegiam as mulheres não param por ai, mas vou terminar por aqui para não deixar esta lista muito extensa.


1 Raphael Gomide (19/11/2013). As filhas de servidores que ficam solteiras para ter direito a pensão do Estado: As pensões a filhas solteiras de funcionários públicos consomem por ano R$ 4,35 bilhões do contribuinte – e muitas já se casaram, tiveram filhos, mas ainda recebem os benefícios. Revista Época.
2 Expectativa de vida da mulher brasileira é 7 anos maior que a do homem (01/12/2014). Uol notícias.
3Walter Block (9 de março de 2012). Sobre a diferença salarial entre homens e mulheres. Instituto Ludwing von Mises.
4 Pedro Tonon Zuanazzi. A dupla jornada e a diferença da idade para a aposentadoria de homens e mulheres. FEE - Carta de conuntura. Ano 24 nº 07 - 2015
5 DILMA ROUSSEFF, José Eduardo Cardozo, Eleonora Menicucci de Oliveira & Ideli Salvatti (Brasília, 9 de março de 2015) LEI Nº 13.104, DE 9 DE MARÇO DE 2015. Presidência da República - Casa Civil: Subchefia para Assuntos Jurídicos
6 Starr, Sonja B., Estimating Gender Disparities in Federal Criminal Cases (29 de agosto de 2012). University of Michigan Law and Economics Research Paper, No. 12-018
« Última modificação: 30 de Novembro de 2015, 13:30:35 por Skeptikós »
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Dante, Inferno, XI, 93; cit. p/ Montaigne, Os ensaios, Uma seleção, I, XXV, p. 93; org. de M. A. Screech, trad. de Rosa Freire D'aguiar

Offline Skeptikós

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Re:Feminismo
« Resposta #311 Online: 30 de Novembro de 2015, 13:25:45 »
Tanto homens quanto mulheres são prejudicados por papéis de gênero, em níveis equivalentes

Aí é que está. Embora possa haver prós e contras de ambos os lados, não existe necessariamente uma equivalência, não é como se fosse uma constante física ou algo assim.

E nem será necessariamente algo "homogêneo", mas algo que "interage" com as diferenças de nível sócio-econômico.
Inicialmente eu coloquei isso em termos de equivalência, e talvez (provavelmente) eu esteja errado. Talvez homens sejam mais desfavorecidos no geral, ou talvez as mulheres, mas não acho que tenhamos uma maneira de provar isso, não por enquanto.

Mas reconhecer que, a premissa feminista que ignora e/ou ao menos omite ou diminui as desvantagens vivenciadas pelos homens e a conclusão de que quem é a favor da igualdade de direitos é automaticamente feminista, e que quem não é feminista é consequentemente contra essa igualdade, são respectivamente uma premissa falsa (ou no mínimo contestável), e a conclusão, uma falsa dicotomia. 

Isso é fator suficiente para provar que, se você discordar da premissa base do feminismo e da conclusão subsequente a ela, você pode ser a favor da igualdade de direitos e deveres entre homens e mulheres sem ser feminista, ou se declarar não-feminista sem que isso o torne por consequência, uma pessoa contra a igualdade de direitos e deveres entre os gêneros.

Abraços!
"Che non men che saper dubbiar m'aggrada."
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Dante, Inferno, XI, 93; cit. p/ Montaigne, Os ensaios, Uma seleção, I, XXV, p. 93; org. de M. A. Screech, trad. de Rosa Freire D'aguiar

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Feminismo
« Resposta #312 Online: 30 de Novembro de 2015, 17:06:32 »
Mas reconhecer que, a premissa feminista que ignora e/ou ao menos omite ou diminui as desvantagens vivenciadas pelos homens e a conclusão de que quem é a favor da igualdade de direitos é automaticamente feminista, e que quem não é feminista é consequentemente contra essa igualdade, são respectivamente uma premissa falsa (ou no mínimo contestável), e a conclusão, uma falsa dicotomia. 

Ou a contestação disso algo que se aproxima de uma "picuinha". As pessoas comuns devem pensar mais em "feminismo" não como o movimento contra uma "supremacia universal de poder masculino", mas de casos mais factuais e objetivos de disparidade nesse sentido, como direito ao voto, e discriminação sexista contra mulheres (existente ou suposta) -- o que não implica em não poder haver anisonomia ou discriminação prática prejudicial aos homens, também. Então ser feminista é componente necessário de se ser a favor da igualdade.

Mas estou falando novamente do "feminismo de dicionário", e não de tudo que acaba abrangendo na prática, que vai essencialmente incluir todo tipo de bizarrice imaginável que seja colocada como algo em defesa mulher, passando por minimizações ou negações de sexismo e discriminação afetando negativamente aos homens.

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Feminismo
« Resposta #313 Online: 30 de Novembro de 2015, 17:18:15 »

  • De acordo com a recente tipificação do feminícidio, um homem que assassinar uma mulher, se este for parente, parceiro intimo e/ou conhecido da mesma, deverá receber uma pena mais longa,5 mas se uma mulher assassinar um homem, e esta for parente, parceira intima e/ou conhecida do mesmo, a mesma lei não se aplica.
  • Homens, em média, recebem penas mais duras e 63% mais longas que mulheres pelo mesmo crime cometido.6
  • Mulheres condenadas possuem duas vezes menos chances do que homens de irem para prisão pelo mesmo crime cometido.6


E ainda assim, a incidência e reincidência masculina devem ser bem maiores, sugerindo que talvez as penas masculinas devessem ser ainda mais desproporcionalmente maiores, para ter efeito de desencorajamento preventivo.

Offline Skeptikós

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Re:Feminismo
« Resposta #314 Online: 01 de Dezembro de 2015, 20:35:22 »
Mas reconhecer que, a premissa feminista que ignora e/ou ao menos omite ou diminui as desvantagens vivenciadas pelos homens e a conclusão de que quem é a favor da igualdade de direitos é automaticamente feminista, e que quem não é feminista é consequentemente contra essa igualdade, são respectivamente uma premissa falsa (ou no mínimo contestável), e a conclusão, uma falsa dicotomia. 

Ou a contestação disso algo que se aproxima de uma "picuinha". As pessoas comuns devem pensar mais em "feminismo" não como o movimento contra uma "supremacia universal de poder masculino", mas de casos mais factuais e objetivos de disparidade nesse sentido, como direito ao voto, e discriminação sexista contra mulheres (existente ou suposta) -- o que não implica em não poder haver anisonomia ou discriminação prática prejudicial aos homens, também. Então ser feminista é componente necessário de se ser a favor da igualdade.
Não o é, pois ao partir da premissa base em questão, o que acontece ao se dizer feminista e apoiador do feminismo militante e político, que aprova leis e cria tendencias sociais comportamentais, é a perpetuação e ampliação das desigualdades de gênero que prejudicam os homens, como as listadas a cima e outras mais (que ninguém vê ou prefere não ver).

Mas estou falando novamente do "feminismo de dicionário", e não de tudo que acaba abrangendo na prática, que vai essencialmente incluir todo tipo de bizarrice imaginável que seja colocada como algo em defesa mulher, passando por minimizações ou negações de sexismo e discriminação afetando negativamente aos homens.
A definição de feminismo no dicionário é de senso comum, dicionários são importantes para encontrar definições de palavas comuns, mas quando se trata de termos oriundos de especialidades do saber, o mais ideal são as definições encontradas em material didático especializado, como dicionários de filosofia, enciclopédias de ciências sociais, naturais ou daquele campo do saber de onde o termo seja originário.

Mas aqui não precisa dificultar muito, é só dizer, o feminismo é o movimento sócio-político que luta pela ampliação dos direitos das mulheres, com base na premissa histórica da opressão infringida contra elas pelos homens; em uma sociedade patriarcal e machista; criada por eles e em benefício deles, e a custa delas; o que colocaria as mulheres como predominantemente em desvantagem em relação a direitos e oportunidades quando comparadas aos homens. Eu discordo desta ideia e por tanto não sou feminista. Simples assim.

Abraços!
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Dante, Inferno, XI, 93; cit. p/ Montaigne, Os ensaios, Uma seleção, I, XXV, p. 93; org. de M. A. Screech, trad. de Rosa Freire D'aguiar

Offline Skeptikós

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"E, não menos que saber, duvidar me agrada."

Dante, Inferno, XI, 93; cit. p/ Montaigne, Os ensaios, Uma seleção, I, XXV, p. 93; org. de M. A. Screech, trad. de Rosa Freire D'aguiar

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Feminismo
« Resposta #316 Online: 11 de Dezembro de 2015, 14:06:57 »
Citar
Drunken streaker runs through women's rights protest after downing nine pints on stag do

Peter Barker was so drunk he did not realise he was interrupting a demonstration by women and children standing up to domestic violence and rape in Nottingham





http://www.mirror.co.uk/news/uk-news/drunken-streaker-runs-through-womens-6995783




Offline Buckaroo Banzai

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Re:Feminismo
« Resposta #318 Online: 06 de Fevereiro de 2016, 22:53:01 »











http://www.theguardian.com/lifeandstyle/womens-blog/2015/jan/12/manslamming-men-more-likely-to-bump-into-people

http://nymag.com/thecut/2015/01/manslamming-manspreading-microaggressions.html

Citar
[...] Breslaw had one key standard: “If they don’t make any indication that they’re cognizant of the fact that our bodies are impacting each other, if they don’t sway a little bit to the side or move their shoulder a little bit back,” then it counted as an instance of manslamming. The result? She spent most of November and all of December colliding with dozens of men, on sidewalks and in train stations and outside of cafés. On one particularly eventful instance in early January, every single man who came across her path on the stretch of narrow East Village sidewalk between the N train and her sister’s apartment smacked right into her, she says. It was like that for the whole experiment, wave after wave of men knocking into her with an elbow or a shoulder or a full-on body-check. [...]

Offline Rocky Joe

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Re:Feminismo
« Resposta #319 Online: 07 de Fevereiro de 2016, 21:51:30 »
Esse artigo do The Guardian é muito legal.

Citar
As armaduras no mangá são até mais simples. No anime eles fizeram elas mais completas, e só mais a frente usaram a versão simplificada do mangá. Então se no mangá tinha a limitação, no anime isso não era tão problemático assim (talvez por ter mais envolvidos e um orçamento maior).

Provavelmente há pouca animação, digo, pouco movimento, já que as armaduras são complexas. Não sei dizer, já que a última vez que vi era pirralho. Mas lembro dos personagens terem sempre o mesmo golpe e mesmo movimento para fazê-lo, haha.

Offline JJ

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Re:Feminismo
« Resposta #320 Online: 27 de Setembro de 2017, 11:17:51 »

Oficina de “desprincesamento” ensina autonomia a garotas de Iquique


Meninas de 9 a 15 anos desconstroem mito do amor romântico e aprendem técnicas de autodefesa


MARSÍLEA GOMBATA 16 de março de 2016


Imagem: Meninas mudam letras de música populares


A alma gêmea. A tampa da panela, a cara-metade. A parte firme que complementa a figura conciliadora da relação. O mito do amor romântico, uma entre as inúmeras fábulas que povoam o imaginário feminino desde a infância, tornou-se um dos alvos de uma oficina de “desprincesamento” para meninas em Iquique, no Chile.



O curso, dirigido a garotas de 9 a 15 anos, é o mais recente experimento da Oficina de Proteção dos Direitos da Infância (OPD) da cidade, apoiada pelo Serviço Nacional de Menores. O objetivo é ensinar as chilenitas a ter autossuficiência e que para ser feliz não é preciso um homem ao lado, bastam elas mesmas. Para tanto, explicam as psicólogas Lorena Cataldo e Jendery Jaldin, busca-se fortalecer valores como liberdade e exterminar preconceitos associados a gênero, a começar pela eterna procura pelo príncipe encantado, retratado há muito como sinônimo de felicidade em contos de fadas e filmes da Disney (nem mesmo as atuais versões de clássicos como Rapunzel fogem à regra, uma vez que em Enrolados (2011) ela só escapa da torre com o auxílio do fora da lei Flynn Rider).


Por que então trabalhar o desprincesamento se a ideia romanceada das relações afetivas existe há séculos? Coordenador da OPD de Iquique, Yuri Bustamante explica que, apesar de promoverem desde 2004 cursos sobre gênero para turmas mistas de meninos e meninas e há cinco anos as pequenas participarem das oficinas Promotoras de Direitos, nas quais debatem a incumbência dos afazeres domésticos, em 2014 uma urgência levou a mudanças nas prioridades. Com o terremoto de 8,2 graus em 1º de abril daquele ano, a cidade litorânea a 1.857 quilômetros ao norte de Santiago viu 464 famílias perderem suas casas e serem alojadas em cinco acampamentos de emergência, como o de El Mirador, onde moram 240 famílias com 268 crianças. “Considerando que nos acampamentos de emergência os índices de vulnerabilidade e de abuso sexual de meninas são altos, tínhamos diante de nós um contexto de grande risco”, explica Bustamante. “Eram 100 meninas entre 7 e 12 anos vivendo em El Mirador.”


A inspiração para a oficina de desprincesamento veio de um projeto dirigido a mulheres adultas na Espanha, o Faktoria Lila. O espaço de aprendizagem feminista em Bilbao ministra cursos como o Se Apaixone Pela Vida, no qual são pensadas formas de organização de vida fora do formato familiar, assim como o sexo desconectado do amor. “No caso de Iquique, entretanto, a ideia era mostrar às pequenas como estavam embebidas em estereótipos ligados a valores como delicadeza que limitam o desenvolvimento de sua identidade”, explica Cataldo. “O que fazemos é questionar esses limites e mostrar que podem ser meninas e mulheres também de outras maneiras.”


O curso de férias ocorreu em fevereiro em seis encontros, dos quais participaram 20 estudantes. Elas começaram a discutir valores inerentes ao ser feminino e passaram para uma segunda etapa, do desprincesamento propriamente dito. Nesta foram realizadas atividades como mudar letras de músicas populares – de Arroz con leche, me quiero casar para Arroz con leche, yo quiero jugar ou de Te esperaré para No te esperaré porque viene mi mamá a buscarme – e questionar o reflexo de padrões de beleza em seus corpos. Além disso, trataram do mito do amor romântico como algo que pode existir, mas não é eterno nem a única fonte de felicidade. “A ideia é entenderem que nem tudo está predeterminado e que elas não estão incompletas, não lhes falta a outra metade”, descreve a psicóloga.



Imagem: Técnicas de autodefesa são ensinadas na oficina


As jovens tiveram ainda contato com figuras emblemáticas da América Latina, entre elas Frida Kahlo, e artistas atuais como ateen argentina Vicu Villanueva, autora da música Disney Miente, na qual afirma: a ideia de princesa é medieval, e hoje estamos no século XXI.


Na última fase as meninas aprenderam técnicas de autodefesa – em uma palestra intitulada Desprincesamento: Porque nós, meninas, podemos ser mais que “princesinhas” – e voltaram a responder à pergunta inaugural do curso: o que é ser menina? Se na primeira sessão as respostas deram conta de adjetivos como delicada, sensível, amável, tranquila e frágil, na última despontavam outras qualidades: forte, inteligente, capaz.


“O curso não pretende mudar suas identidades, mas ampliar as possibilidades do que é ser menina”, observa Bustamante, cuja equipe foi convidada a replicar a experiência em outras cidades chilenas e também em Lima, no Peru. “Não é uma oficina antiprincesas, mas de desprincesamento. Queremos livrá-las desse encarceramento.”



http://www.cartaeducacao.com.br/reportagens/oficina-de-desprincesamento-ensina-autonomia-a-garotas-de-iquique/




Offline Geotecton

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Re:Feminismo
« Resposta #321 Online: 27 de Setembro de 2017, 16:00:23 »
Quer dizer então que todas (a maioria, pelo menos) as mulheres das gerações pregressas que assistiram as animações da Disney, resultaram em mulheres apáticas e que passam as suas vidas esperando por algum 'príncipe encantado'?

Quanta idiotice...
Foto USGS

Offline JJ

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Re:Feminismo
« Resposta #322 Online: 27 de Setembro de 2017, 18:23:15 »
Quer dizer então que todas (a maioria, pelo menos) as mulheres das gerações pregressas que assistiram as animações da Disney, resultaram em mulheres apáticas e que passam as suas vidas esperando por algum 'príncipe encantado'?



No texto  há a proposição  de que tal  procura pelo príncipe encantado é   "retratado há muito como sinônimo de felicidade em contos de fadas e filmes da Disney" , mas não afirma que isso é o suficiente para resultar em mulheres apáticas e que passam as suas vidas esperando por algum príncipe encantado.


Esses filmecos da Disney certamente reforçam essas ideias, mas certamente que apenas e tão somente assisti-los  não  obrigatoriamente resultará em  "mulheres apáticas e que passam as suas vidas esperando por algum príncipe encantado".


Para ver que o texto não dá toda esta importância aos filmecos da Disney repare neste trecho:


"O mito do amor romântico, uma entre as inúmeras fábulas que povoam o imaginário feminino desde a infância, tornou-se um dos alvos de uma oficina de “desprincesamento” para meninas em Iquique, no Chile."



« Última modificação: 27 de Setembro de 2017, 18:35:04 por JJ »

Offline JJ

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Re:Feminismo
« Resposta #323 Online: 27 de Setembro de 2017, 18:34:34 »
'Febre de princesas' impulsiona escola e gera oficina de 'desprincesamento'



Quando abrir as portas do salão cor-de-rosa e dourado para sua primeira turma de alunas, em dezembro, a filial paulistana da franquia Escola de
Princesas já terá um projeto antagonista na cidade: as oficinas de "desprincesamento".


Criada pela psicopedagoga mineira Natália de Mesquita, em Uberlândia (MG), a Escola de Princesas gerou controvérsia entre educadores e feministas ao anunciar que pretende formar "princesas modernas do mundo real" a partir de aulas de etiqueta social, maquiagem, culinária e organização, além de noções de autoestima e orientações para "o passo mais importante da vida de uma mulher": o casamento.


Já as oficinas de "desprincesamento" replicarão por aqui o modelo criado em Iquique, no Chile, por um grupo de sociólogos e pedagogos, para "libertar as meninas de concepções femininas limitadoras", os chamados estereótipos de gênero, que "alimentam desigualdades profundas" entre homens e mulheres. O projeto foi encampado pelo Ministério da Justiça chileno, que nacionalizou as oficinas por meio dos serviços de atenção à infância.


"Ficamos indignadas que, em 2016, exista uma proposta de educação para meninas que não é emancipadora porque não dá liberdade para a ela escolher seus papéis e na qual o grande objetivo da vida da mulher é o matrimônio", diz Larissa Gandolfo, pedagoga e professora de filosofia e uma das responsáveis pelo "desprincesamento" no Brasil.
A psicopedagoga Natália de Mesquita defende seu método, que teria surgido em um sonho. "As críticas vêm de quem pega num ponto e não conhece o
trabalho como um todo. Não é um retrocesso. A gente fala que as meninas são princesas empreendedoras. A mulher não precisa abrir mão de ser mãe, de ter um relacionamento ou de cuidar da casa por causa da carreira. A mulher pode ser bem-sucedida em todas essas áreas", diz.


Heloísa Buarque de Almeida, professora de antropologia da USP, pondera que a princesa é uma "produção de feminilidade tradicional e antiga " e avalia que "existem muitas maneiras de ser mulher no mundo". "Não precisamos estabelecer um padrão, ainda mais num momento de retrocesso político ligado a questões de costumes."


Para a apresentadora Silvia Abravanel, que levou a franquia para São Paulo, a princesa formada na escola não é antiquada. "É uma princesa moderna. Ela pode usar uma calça jeans, mas seu tênis vai estar sempre limpinho", explica.


Psicóloga, consultora em educação e colunista da Folha, Rosely Sayão vê neste padrão uma restrição à infância. "Criança tem que brincar, e quem
brinca tem que se sujar. Ficar mais preocupado com a aparência do que com a brincadeira prejudica a criança", diz. Segundo ela, o estabelecimento não
deveria ser chamado de escola. "Um negócio comercial deste tipo estimula preconceitos", avalia.


ETIQUETA


Para Abravanel, que fez curso de etiqueta na adolescência, a Escola de Princesas faz as meninas "viverem um conto de fadas". "É muito legal essa
coisa de se portar à mesa, de sentar como uma 'lady', de fazer movimentos sutis, de docilidade, de amabilidade." Segundo ela, as prendas ensinadas na
escola "preparam as meninas para se virar no mundo".


"Vender sonhos é coisa de comerciante, mas educar um pouco as pessoas não faz mal", diz Costanza Pascolato, consultora de moda, estilo e etiqueta, que avalia como positivo o ensino de competências sociais. "Na minha época, etiqueta era ensinada em casa. Mas as pessoas hoje ou não têm noção ou não têm tempo para isso."


A consultora de etiqueta Claudia Matarazzo explica que a revolução cultural dos anos 1960 e 1970 rotulou como careta o ensino de etiqueta. "Os filhos
daquela época foram criados sem isso e hoje sentem falta dessas referências.
Já tive de criar vários cursos de boas maneiras a pedido de empresas", conta. Para ela, o ensino de certas habilidades não é frescura nem tem a ver com
moral ou sexualidade e não deve se restringir às meninas. "Se os meninos também não forem treinados, onde essa menina vai encontrar um príncipe? O
mundo tem cada vez mais sapos."


Costanza pondera a grita feminista contra os ensinamentos da escola. "Saber um pouco de tudo faz parte da educação. A menina não pode ser feminista e fazer um arroz bem feito?", questiona. Ela acredita, no entanto, que exaltar o casamento como ponto alto da vida da mulher é como "espalhar histórias da carochinha". "Nenhum casamento é um conto de fadas."


PRINCESAMENTO


Cinderela, Ariel, Branca de Neve, Aurora, Bela, Jasmin, Mulan e Tiana formam o famoso time Princesas da Disney que há pelo menos cinco anos
viraram mania infantil por meio de desenhos e de uma série de produtos e brinquedos. Nesse contexto, a Escola de Princesas, criada há pouco mais de
três anos, foi um sucesso imediato e se multiplicou em quatro unidades.


"Esperava atender 150 meninas no primeiro ano da escola, mas recebi 150 alunas apenas no primeiro mês", conta Mesquita.


O curso principal da escola, chamado Vida de Princesa, inclui seis módulos, que vão da identidade da princesa ao casamento, passando por etiqueta,
estética, organização e orientação sexual.


"A gente enfatiza o conceito do coração, dizendo que não é a aparência, o vestido ou a conta bancária que faz da menina princesa. A princesa de verdade tem valores no coração e isso eleva a autoestima", diz a psicopedagoga mineira.


Na chegada para uma tarde de princesas, no endereço da franquia, na zona sul da capital paulista, um grupo de meninas discorreu sobre o que é ser
princesa e o que aprenderiam.


"Ser princesa é ter educação, classe, ser gentil com as pessoas e não ficar gritando toda hora", disse Raphaella Barbosa, 9, que achou tudo da escola "muito bonito". "Parece um castelo de verdade". Para ela, princesa não veste nada muito ousado. "Também nunca vi princesa usando short ou camiseta", admite.


Bianca Abrahão, 11, diz que se considera "mais ou menos princesa". "Como muito fast food. Princesa come menos do que eu", avalia sobre seu lado
menos princesa. O lado mais, diz ela, é "ser delicada e educada". "Mesmo que uma menina faça mal pra mim, eu não faço mal pra ela." Bianca disse que queria aprender na Escola de Princesas a ter "postura e a se defender melhor."


Durante um ano, a pesquisadora Michele Escoura estudou o impacto da febre de princesas entre crianças de diferentes extratos socioeconômicos. "As meninas associam ser princesa a ter coisas, como joias, vestidos e coroas, a ser bonita num padrão eurocêntrico e a se casar."


"A imagem da princesa está muito associada à da noiva. Não existe princesa solteira para elas, o que é limitador porque sabemos que existem outras formas de ser feliz."

Abravanel defende o resgate do matrimônio como função social da Escola de Princesas. "A gente quer valorizar o casar e a família, e não o morar junto.

Não que morar junto seja uma coisa feia... Mas queremos valorizar a virgindade, o se guardar para o seu príncipe encantado."


DESPRINCESAMENTO

"Queremos formar meninas autoconfiantes e integrais. Seres completos e perfeitos que não precisam de um marido para ser feliz", prega a jornalista Mariana Desimone, da oficina de desprincesamento, que inclui noções de assédio e até aulas de defesa pessoal.


"Este tipo de educação não prepara a menina para o quadro de violência contra a mulher, para situações em que a menina precisa se impor. A postura da princesa é de submissão", completa Gandolfo, para quem a escolha de um modelo de mulher não se dá no vazio, mas a partir de estímulos. "A menina pode escolher ser princesa, mas se a gente só estimular a menina a ser isso,  ela não vai querer ser mais nada. E, aí, não estou formando uma menina, estou deformando-a."


Yuri Bustamante, sociólogo criador das oficinas de desprincesamento no Chile, conta que o formato foi replicado no México e na Argentina. "Apesar da barreira linguística, nossas culturas são muito semelhantes no que tange à desigualdade de gênero, que causa tanto estrago no Chile como no Brasil, onde mulheres são assassinadas por sua condição e muitas vezes não sabem como se defender."


Para ele, o advento de uma escola de princesas deve ter sido considerado uma afronta para muitas brasileiras. "Na mesma semana tivemos mais de 30 brasileiras nos procurando de maneira desarticulada para replicar a experiência das oficinas de desprincesamento." Segundo Bustamente, a escola de princesas é a vida cotidiana das meninas. "Elas estão sempre sendo obrigadas a serem delicadas, sensíveis e submissas."


http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2016/11/1832619-febre-de-princesas-impulsiona-escola-e-gera-oficina-de-desprincesamento.shtml



Offline Gabarito

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Re:Feminismo
« Resposta #324 Online: 27 de Setembro de 2017, 18:39:08 »
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Silvia Abravanel lança Escola de Princesas — recatadas e do lar

A instituição de origem mineira chega a São Paulo pelas mãos da filha de Silvio Santos, e foi inaugurada na noite de quarta, 19

Por Mabi Barros
Veja

20 out 2016, 17h14 - Atualizado em 20 out 2016, 21h27

A apresentadora Silvia Abravanel, do SBT, inaugurou na noite desta quarta-feira a primeira filial da Escola de Princesas em São Paulo, na zona sul da cidade. A iniciativa surgiu na cidade mineira de Uberlândia, e tem como propósito “resgatar valores éticos e morais”, como diz sua página oficial, e ensinar garotas de quatro a 15 anos a cozinhar, costurar, organizar a casa, se portar dentro das regras de etiqueta — por exemplo, em um tradicional Chá da Tarde. Sob o mote “Toda menina sonha em ser uma princesa”, o curso é estruturado em módulos de duas horas a três meses, que custam a partir de 150 reais.

Quando anunciada, a escola recebeu muitas críticas porque, para alguns, representaria um retrocesso na caminhada da mulher para fora de casa. Em meio a movimentos feministas que buscam o empoderamento da mulher, em especial nas redes sociais, a instituição as levaria de volta para dentro de casa, sob o manto de “boa esposa”. Cleber Belato, diretor e fundador da Escola de Princesas, rebate essa ideia. Para ele, as tarefas domésticas são apenas uma pequena porcentagem do que o curso tem a oferecer. Segundo ele, a instituição proporciona às garotas uma “independência saudável”. “No caso de ela passar no vestibular e ir morar sozinha, vai saber lidar com essa situação sem depender de ninguém”, diz.

Belato é casado com Nathalia de Mesquita, a idealizadora da instituição. Segundo ele, a esposa sonhou com a escola — sonho do qual tirou desde a estrutura física à metodologia da academia. Em um segundo momento, o casal consultou especialistas e percebeu que o projeto não só era viável, mas pioneiro. Cleber e Nathalia vieram a São Paulo para a inauguração da quarta franquia de sua iniciativa, encabeçada pela filha de Silvio Santos.

A Escola de Princesas, como o próprio nome diz, não aceita príncipes para as suas lições: “Somos uma empresa privada que definiu seu público, como um salão de beleza feminino ou masculino”, diz Cleber. Isso não significa, diz Belato, que os meninos não precisem aprender os mesmos valores, pelo contrário: “É necessário também instruí-los”.

 

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