Aquilo que questiono acima, é a premissa feminista de que a sociedade em que vivemos foi construída por homens e em função dos homens, onde apenas mulheres foram e são oprimidas, enquanto os homens são e foram os únicos privilegiados. Ou mesmo a ideia de que, apesar de admitir que homens também foram vítimas deste sistema social, eles são os únicos culpados, e as mulheres foram e são muito mais prejudicadas do que eles. Homens e mulheres são e foram historicamente desfavorecidos e privilegiados por papéis de gênero, em níveis equivalentes e por contribuição de homens e mulheres. É nisso que eu acredito.
Eu discordaria mais do aspecto mais "conspiracionista clube-bolinhista" da coisa. Mas ainda assim não raramente a mulher (talvez seguida de idosos e crianças) é que acabava ficando na pior, embora a coisa não deixasse de ser ruim para muitos homens também, não é como se fosse um sistema binário de classes/castas.
Feministas de maneira geral discordam disso, pois isso vai contra uma de suas premissas bases, que é a da opressão histórica da mulher pelo homem, em uma sociedade criada e mantida pelos homens, em benefício deles, a custa do sofrimento delas.
No passado, mulheres não tinham direito ao voto, mas muitos homens só garantiam este direito mediante um dever que era ao mesmo tempo um fardo duro de carregar, como o de servir o exército de seu país em uma guerra, obrigação está que não era esperada das mulheres (e até hoje não o é, na maior parte das nações).
Não sempre. E quando não, ou, até independentemente disso, as mulheres ficaram de qualquer forma em desvantagem por não terem praticamente o mínimo poder quanto a legislação que as afetava (e que tinham que obedecer), num sistema que elas ajudavam a financiar com impostos. Uma situação que se aproxima a de escravos libertos, ou imigrantes ilegais.
Hoje a diferença de salário pode não se dever significativamente à discriminação, mas não foi sempre o caso. As coisas também foram diferentes com relação a direitos trabalhistas, incluindo segurança no trabalho.
MRAs não raramente reclamam das mulheres terem maior direito à custódia dos filhos, já foi também o contrário.
Mulheres enfrentam por muito tempo, com intensidades diferentes relativas a época e ao local, a expectativa social de serem sozinhas, donas de casa fiéis e dedicadas. Mas homens enfrentam igualmente por muito tempo, a expectativa social de serem sozinhos, protetores e provedores corajosos e bem sucedidos para sua família. Mulheres são comumente adjetivadas de vadias, por manterem uma vida sexual intensa e promiscua, mas homens são chamados de virjões, e sua masculinidade pode ser colocada em cheque, caso levem uma vida sexual pouco ativa.
"Virjão"! Parece "elogio" que se esperaria se os católicos praticantes fossem uma cultura dominante e determinante do que é "legal"/aceito. "Putz, meu, você pensa que é virgem, se guardando para o casamento, mas meu, você não viu o Carlos. Aquele é virjão mesmo -- nunca nem pegou na mão de uma mulher!" "Uaaaau! Queria ter essa força para agradar a Deus!"
Nessas expectativas culturais há prós e contras de ambos os lados, mas a mulher fica numa situação argumentavelmente pior, menos "livre". Mesmo descontando o maior risco de ser vítima violência, nesse quesito especificamente.
Tanto homens quanto mulheres são prejudicados por papéis de gênero, em níveis equivalentes
Aí é que está. Embora possa haver prós e contras de ambos os lados, não existe necessariamente uma equivalência, não é como se fosse uma constante física ou algo assim.
E nem será necessariamente algo "homogêneo", mas algo que "interage" com as diferenças de nível sócio-econômico.