Tambem estou relendo "O Capital". Esta é a minha terceira vez.
Mas confesso que me sinto como se fosse a primeira pelas razões abaixo.
O Capital tem que ser entendido como um livro sobre economia poilitica que procura compreender o processo capitalista de produção.
Mas parte das premissas erradas. O trabalho dá valor a uma mercadoria, é isso que diz 30 páginas do livro, e Marx tenta justificar dando um exemplo mais absurdo que o outro. Se você tiver tempo(e paciência) de ler todas as 28 páginas dessa discussão
Karl Marx, para crianças. Vai ver toda essa premissa derrubada.
O capitalismo tem uma única lei: lei de oferta e procura. Você tem dinheiro, eu tenho uma mercadoria, não importa se eu trabalhei 1 hora, 10 horas. Se você estiver disposto a pagar o que eu to pedindo, você leva. Se você não quiser você procura outra pessoa que tenha a mesma mercadoria, e vê se o preço que ela tá pedindo é maior ou menor que o meu, e compra. Simples.
Nesse sentido, para le-lo, deve-se retirar todo o preconceito politico que o
nome Marx leva.
É dificil esquecer o holodomor, o grande salto adiante, o terror vermelho, os expurgos, pol pot e o khamer vermelho, revolução cultural, revolução russa... Mas eu tento.
Estou lendo a versão em inglês, acompanhado do livro "A Companion to Marx's Capital", de David Harvey.
O professor leciona um curso de leitura do Capital (que é transcrito no livro) que pode ser acompanhado no link:
http://davidharvey.org/
Assim, eu sigo o curso e leio o livro conforme o curso solicita.
Devo dizer que nunca percebi a profundeza da argumentação de Marx como agora.
Marx usa o método dialético, que foge bastante da dialética Hegeliana.
No primeiro capitulo, por exemplo, ele retira do conceito de valor tudo o que considera não fundamental, como se estivesse descacando uma cebola, para chegar ao âmago do conceito. Ö entendimento do que é o conceito de valor de Marx só se faz completo quando se chega ao fim do primeiro volume.
O curso do Prof. Harvey me fez perceber muitos detalhes que eu havia perdido nas leituras anteriores.
Talvez tambem a militancia poltica da época em que li me tenha nublado a visão nas outras vezes...
A leitura do Capital se transformou na nova moda nas universidades americanas desde a crise de 2008, que se repete agora.
Como o comunismo felizmente desabou e práticamente inexiste atualmente, O Capital, começa a ser lido como deveria ter sempre sido lido: a melhor análise já feita até hoje do método de produção capitalista.
Talvez possamos tirar, da leitura desse livro, ensinamentos que levem os economistas e politicos de hoje a perceber e melhorar as contradições do sistema sem que se precise destrui-lo.
É esse o primeiro volume que eu li e ainda procurei na internet para ver se era mesmo o capital que eu tava lendo e não uma paródia.
Não tem nada a ver dizer que é o trabalho que dá valor a uma mercadoria, e nem que o trabalho é o valor de um produto. Tem gente que joga tinta num quadro e vende por milhares de dólares, qual é o trabalho embutido nisso?
E a crise de 1929? Que foi causada por um aumento de produção e falta de mercado. Se o trabalho é que gera riqueza então a crise de 1929 não deveria ter acontecido, pois nunca se produziu(trabalhou) tanto, e mesmo assim cadê a riqueza? Cadê o valor do trabalho de 1929?