Suponho que é melhor crer nisso e em um Deus Criador do que só crer em Deus Criador, mas ainda assim é uma idéia muito curiosa…
Você também é bastante curioso Luis. Mas eu ainda vou descobrir de que lado você joga. Estou observando e aprendendo.
Prefiro observar que você está propondo então que Deus não permite que um espírito se suicide (embora por algum motivo não impeça que uma pessoa viva o faça), mas ao mesmo tempo permite que se estabeleça o sofrimento que torna esse rumo atraente.
Isso faz sentido para você? Para mim não.
Não tem problema. Eu compreendo as limitações humanas. Eu vou explicar mais devagar…
Deus não quer a morte do espírito. Ponto. Como Deus é o único que não possui limites para o seu livre-arbítrio, o fato de Ele não querer a morte do Espírito, ela não pode se dar. Se alguém quiser dar cabo da própria existência, Deus o impede ou lhe retira os meios de fazê-lo.
É verdade que ele permite o suicídio na vida corporal. Mas isso não representa a morte verdadeira, mas simplesmente a passagem para outro mundo. A verdadeira morte não é permitida a ninguém.
Mas ao mesmo tempo que Deus quer a vida, ele também quer que as pessoas procurem o bem por livre vontade. Se alguém se desvia, ele não impede, pois o respeito ao livre-arbítrio é uma diretriz divina. Então, Ele separa aqueles que querem viver mal dos que querem viver bem. O mau, enquanto mau, nunca é proibido de praticar o mal. Só que ele convive com outras individualidades que pensam como ele, e essas podem também querer lhe fazer mal, e Deus igualmente não impede. O que vale para um vale para todos. Por isso ocorre o sofrimento.
O sofrimento não é de vontade divina. O que é de vontade divina é o respeito ao livre-arbítrio. O mau uso do livre-arbítrio é que causa o sofrimento.
Compreendeu? Você não precisa acreditar nisso, até porque senão cairíamos naquela velha questão sobre se "Deus existe?". Isso é só para lhe mostrar que a teoria não é ilógica e nem tampouco contraditório com a bondade e justiça divinas e que, ao contrário do que disse, faz bastante sentido.
Kardec usou uma máxima bíblica do AT no frontipício de O Céu e o Inferno, que expressa perfeitamente essa idéia:
"Por Mim mesmo juro - disse o Senhor Deus - que não quero a morte do ímpio, senão que ele se converta, que deixe o mau caminho e que viva". (Ez 33:11)
Ele não quer a morte (logo a morte é proibida) e quer que o ímpio se converta (o livre-arbítrio é respeitado). Kardec foi muito feliz quando selecionou essa máxima.
Um abraço.