Num primeiro momento, sim. Mas também é possível (e até certo ponto necessário) desenvolver uma visão dialética que transcende essas duas respostas limitadas e as substitui por algum repertório mais sofisticado. Um bom autor para esse assunto é Piaget.
hein?

Estávamos falando sobre modelos e a tendência a imitá-los ou a nos rebelar contra eles. O texto acima é a minha forma afetada de dizer que com a maturidade aprendemos a não nos preocupar tanto em imitar ou evitar e passamos a pegar a cada momento a atitude mais construtiva que pudermos encontrar. Ou seja, a desenvolver discernimento.
Isso não está mais para cooperação ou camaradagem do que para caridade?
Ôxe! E o que é a Caridade senão cooperação e camaradagem (leia irmandade)?
O que a palavra significa depende do contexto, claro. Pessoalmente eu não gosto dela, porque vejo embutidas nela uma comparação e um juízo de valor; o "superior" pode ter caridade pelo "inferior", mas não vice-versa. Cooperação e camaradagem são conceitos muito mais recíprocos e saudáveis.
Penso que sim, até porque o trecho que pus em itálico parece ilustrar pelo menos uma auto-imagem de quem quer merecer uma recompensa ou retorno.
Sim, o retorno que se espera é a cooperação e a camaradagem dos outros para conosco, afinal, quem um dia não necessitará disto? E quem gostará de receber em troco indiferença e repreensão?
Mas esse é o ponto, Euzébio: se eu acredito que um dia vou precisar de pagamento pelo que faço - e que minha chance de consegui-lo está aumentando por causa do que estou fazendo - não estou sendo desinteressado.
O que não é demérito, que fique bem claro. Ninguém deve se envergonhar por ser um mortal com necessidades, limitações e desejos.
Nada de errado com isso, mas um interesse altruísta não deixa de ser interesse por ser altruísta.
E qual o problema com o interesse? Afinal, o interesse move o mundo. O problema real está em querer levar vantagem sobre os demais, e não em se ter interesse em receber de volta o bem que se faz a outrem. Uma mão lava a outra, aqui ou em qualquer outro lugar...
Nenhum problema com o interesse. É completamente legítimo ter interesse em estar saudável, prestigiado, amado e confortável e agir de acordo com esses interesses. E sim, há uma tendência a se cultivar cooperação e boa vontade, a recebê-las quando se tem o hábito de oferecê-las. Isso é solução e não problema. Mas por mais belo que seja, continua sendo interesse e não altruísmo.