Cara Luz,
Posso até concordar que isso pode acontecer. Mas não é uma regra. Comparamos tudo o tempo todo. Comparamos empresas antes de nos fornecerem produtos ou serviços, comparamos candidatos às próximas eleições e comparamos até o tamanho do bilau, como você sugeriu antes.
Comparar significa dizer para si mesmo quem ou o que é melhor ou pior. Não significa que sairemos por aí espalhando nossas conclusões, mas não podemos evitar fazê-las para nós mesmos pelo menos. É intuitivo. Quem é feio e quem é bonito? Quem é inteligente e quem não é? Quem é popular e quem não é? Quem nunca fez essas comparações de foro íntimo? Não é crime nem imoral. Imoral seria usarmos isso para denegrir ou prejudicar outros, como muitos fazem. Daí eu dizer que o problema não está na comparação, mas no comparador.
Vou dar outro exemplo sobre para que servem as comparações: na universidade, estudei uma cadeira que se chamava Planejamento Estratégico. Nela estudamos uma matriz estratégica chamada matriz SWOT (Strengths, Weaknesses, Opportunities and Threats, ou em português Pontos Fortes, Fraquezas, Oportunidades e Ameaças). Os dois primeiros se referem à análises internas, que significa olhar para dentro de si mesmo e dizer o mais sinceramente possível: eu sou melhor aqui e sou pior ali. Quem mentir ou se equivocar a respeito de si mesmo, quebra o seu negócio. Os dois seguintes se referem a uma análise externa e na identificação de onde estão as oportunidades e as ameaças. Temos aí mais um caso de comparação, goste ou não. E neste caso é por sobrevivência no mercado. Na vida pessoal também se aplica. Os maiores vencedores são aqueles que sabem exatamente onde se encontram suas fraquezas (ou suas inferioridades). Os maiores perdedores são aqueles que se acham bons em tudo, ou ainda, iguais a todo mundo. É a vida. É aprendizado. Conhece-te a ti mesmo (ver
Livro dos Espíritos, questão 919, se lhe interessar).
Vamos agora a um exemplo mais polêmico: Quando você vai escolher um lugar para morar, como você faz para escolher? Olha o primeiro anúncio com preço acessível e compra, ou vai ao local e analisa? Se entre dois lugares com preços e condições idênticas, um localizar-se na entrada de uma favela e outro localizar-se perto de um bairro nobre, qual você escolheria? Tem que comparar! Eu poderia acusá-la de preconceituosa por não querer morar perto de pessoas com moral inferior (tipo bandidos, traficantes, assassinos, etc...)? Outro exemplo parecido: suponha duas casas idênticas e com mais ou menos a mesma infra-estrutura: uma localizada num bairro nobre da cidade. Outra localizada perto de uma favela. É discriminação eu cobrar mais caro na venda da primeira? Mais uma vez, a comparação (neste caso, infelizmente, perjorativa para um dos lados) é necessária.
Penso que deveria rever sua opinião, pois as comparações não são tão execráveis assim. São, ao contrário, uma necessidade. O problema, como já disse, é como se usa essas informações. E isso não é tão difícil de enxergar. Mas as suas boas intenções ao opinar são louváveis de qualquer forma.
Um abraço.