:sos:
Infelizmente tal artigo ( na íntegra uma sequência de absurdos ) não se encontra digitalizado no site espirito.org tendo eu transcrito aqui direto do livro.
Assim neste artigo Kardec não só tenta novamente dar uma base "científica" para uma diferenciação física de capacidades intelectuais entre negros e brancos quanto determina que a "escala evolutiva do espírito" leva o individuo do "corpo negro inferior" ao "corpo branco superior".
Além da abominável e temerosa tentativa de justificar o Genocídio como "útil" do ponto de vista espiritual já que selvagens "longe de sofrer com isto" terão a oportunidade de reencarnarem em "corpos e cultura superiores" ( cauásico, europeu ) .
Hi Fuhrer !
[ ]´s
APODman,
Você não acha que está exagerando um pouco nas suas conclusões? Um coisa é questionar o valor das opiniões a respeito das raças. Outra coisa é sugerir que esses textos se constituiriam numa apologia ao genocídio. Se quiser questionar a nossa moral, tenha, por favor, moral superior à nossa. Não aprendeu nada do tempo em que foi espírita (ou que diz ter sido)? Distorcer a interpretação de textos para adaptá-los à sua opinião não é muito diferente do que outras crenças fazem para nos qualificar de demoníacos, distorcendo textos bíblicos e os nossos próprios textos. Você é muito inteligente e sabe que nem a doutrina espírita e nem esse texto que você citou fazem apologia ao genocídio. O que eu posso pensar então? Má fé?
Mas enfim... Mal intencionado ou não, o fato é que você tem o direito de expressar a sua opinião da forma que bem entender e uma questão destas, pela gravidade, não pode ficar sem resposta. Eu não vou me dar ao trabalho de comentar as observações de Kardec sobre as diferenças humanas, pois penso que o que foi dito anteriormente esclarece a situação. Vou me limitar a demonstrar somente que o texto não faz apologia ao genocídio, como você se esforça para fazer parecer.
O espiritismo, assim como
todas as religiões teístas, afirmam que nada acontece na Terra sem ser pela vontade ou permissão de Deus. Pois bem. Neste caso, não faz sentido em se afirmar que o desaparecimento dos aborígenes do México, que o Holocausto, que todas as guerras sangrentas e nem tampouco o desaparecimento dos homens das cavernas aconteceram em um hora que Deus cochilou ou que foram contra a Sua vontade. Se Ele existe, ele sabia e provavelmente até preparou esses acontecimentos (como vou mostrar mais abaixo). Quer pedir contas dessas coisas, vá pedir a Deus que consentiu, e não às religiões que somente procuram uma explicação lógica para essa Sua vontade e para os fatos. O Espiritismo tem uma explicação, que nos parece bastante racional e é explicada pelas seguintes passagens de O Livro dos Espíritos:
737. Com que fim fere Deus a Humanidade por meio de flagelos destruidores?
“Para fazê-la progredir mais depressa. Já não dissemos ser a destruição uma necessidade para a regeneração moral dos Espíritos, que, em cada nova existência, sobem um degrau na escala do aperfeiçoamento? Preciso é que se veja o objetivo, para que os resultados possam ser apreciados. Somente do vosso ponto de vista pessoal os apreciais; daí vem que os qualificais de flagelos, por efeito do prejuízo que vos causam. Essas subversões, porém, são freqüentemente necessárias para que mais pronto se dê o advento de uma melhor ordem de coisas e para que se realize em alguns anos o que teria exigido muitos séculos.” (744)
742. Que é que impele o homem à guerra?
“Predominância da natureza animal sobre a natureza espiritual e transbordamento das paixões. No estado de barbaria, os povos um só direito conhecem - o do mais forte. Por isso é que, para tais povos, o de guerra é um estado normal. À medida que o homem progride, menos freqüente se torna a guerra, porque ele lhe evita as causas, fazendo-a com humanidade, quando a sente necessária.”
743. Da face da Terra, algum dia, a guerra desaparecerá?
“Sim, quando os homens compreenderem a justiça e praticarem a lei de Deus. Nessa época, todos os povos serão irmãos.”
744. Que objetivou a Providência, tornando necessária a guerra?
“A liberdade e o progresso.”
a) - Desde que a guerra deve ter por efeito produzir o advento da liberdade, como pode freqüentemente ter por objetivo e resultado a escravização?
“Escravização temporária, para esmagar os povos, a fim de fazê-los progredir mais depressa.”
745. Que se deve pensar daquele que suscita a guerra para proveito seu?
“Grande culpado é esse e muitas existências lhe serão necessárias para expiar todos os assassínios de que haja sido causa, porquanto responderá por todos os homens cuja morte tenha causado para satisfazer à sua ambição.”
Esses trechos são auto-explicativos. E o que o é mais é que o homem causa as guerras por causa de sua inferioridade. Quando evoluir, as guerras deixarão de existir. Mas isso ainda não o torna menos instrumento de Deus e poderia-se pensar que ele não é culpado pelas guerras que causa. Essa dúvida é explicada pelo trecho abaixo, de O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. VIII - Os que têm puro o coração:
16. Mas, ai daquele por quem venha o escândalo. Quer dizer que o mal sendo sempre o mal, aquele que a seu mau grado servir de instrumento à justiça divina, aquele cujos maus instintos foram utilizados, nem por isso deixou de praticar o mal e de merecer punição. Assim é, por exemplo, que um filho ingrato é uma punição ou uma prova para o pai que sofre com isso, porque esse pai talvez tenha sido também um mau filho que fez sofresse seu pai. Passa ele pela pena de talião. Mas, essa circunstancia não pode servir de escusa ao filho que, a seu turno, terá de ser castigado em seus próprios filhos, ou de outra maneira.
Ainda que os flagelos tenham ocorrido por vontade de Deus, e que homens maus tenham sido os seus agentes com a Sua permissão, isso não os isenta de culpa, castigo e reparação. A doutrina adverte todos os seus adeptos disso e, por isso, não pode ser acusada de fazer apologia às guerras, genocídios e qualquer outro flagelo que queiram inventar. Como um bom espírita, que tenho certeza que se esforçou por ter sido, devia saber disso. É claro, APODman, que você abandonou a doutrina porque não a considerou boa o suficiente para você. Julgando-se melhor do que ela, você não vai querer nos desacreditar com a parcialidade, vai? Você não precisa disso, lembra? A doutrina é falsa. Você só precisa demonstrar isso honestamente, ou se isentar se não for capaz e se for de boa índole.
O texto de Kardec que você citou somente procura uma explicação divina para o desaparecimento dos aborígenes do México e jamais justifica as más intenções dos conquistadores espanhóis. Para a doutrina eles são culpados dos males que eventualmente causaram e terão que expiar e reparar. O texto somente tenta explicar a sua utilidade geral sob o ponto de vista espiritual da evolução dos povos, pois cremos sempre que Deus nada faz ou permite que se faça de inútil na Terra. Está certo ou errado o texto? Não sei. Mas para quem crê, para quem tem a
certeza cristalina que eu tenho da existência do mundo espiritual e da justiça divina, certeza essa baseada em
fatos que vocês não admitem e que eu respeito seus pontos de vista, o texto não é nem absurdo, nem irracional e nem tampouco imoral. Mas isso depende do olho do observador e vocês podem pensar o que quiserem.
Já que gosta de textos polêmicos, por que não comenta as previsões abaixo, feitas entre 1856 e 1866? A maioria delas se concretizou com holocaustos, genocídios e imensas guerras que devastaram o século XX e juntas causaram mais de 150 milhões de mortes diretas? Supondo-se que não foram simplesmente coincidências, foram os espíritas ou os espíritos os seus causadores primários (pois se usou o termo "se prepara")? A doutrina teve alguma influência? Hitler se inspirou em algum de nossos ensinamentos para fazer o que fez? E Stalin? E Mao Tsé Tung? E os outros ditadores e fascínoras do século XX? Eram espíritas eles? Seríamos culpados por termos sabido (crido) antes que essas coisas aconteceriam (caso as previsões sejam legítimas)? Será que esses textos também fazem apologia ao genocídio? Será que se
todos os causadores tivessem lido, crido e se convertido ao espiritismo, teríamos tido esses acontecimentos? Eu estou certo que não. E você, APODman? Dê-nos a sua opinião. Aguardo os comentários (ou as ironias e/ou zombarias), se houver.
7 de maio de 1856:
Pergunta — A comunicação há dias dada faz presumir, ao que parece, acontecimentos muito graves. Poderás dar-nos algumas explicações a respeito? Resposta — Não podemos precisar os fatos. O que podemos dizer é que haverá muitas ruínas e desolações, pois são chegados os tempos preditos de uma renovação da Humanidade.
P. — Quem causará essas ruínas? Será um cataclismo? R. — Nenhum cataclismo de ordem material haverá, como o entendeis, mas flagelos de toda espécie assolarão as nações; a guerra dizimará os povos; as instituições vetustas se abismarão em ondas de sangue. Faz-se mister que o velho mundo se esboroe, para que uma nova era se abra ao progresso.
P. — A guerra não se circunscreverá então a uma região? R. — Não, abrangerá a Terra.
P. — Nada, entretanto, neste momento, parece pressagiar uma tempestade próxima. R. — As coisas estão por fio de teia de aranha, meio partido.
P. — Poder-se-á, sem indiscrição, perguntar donde partirá a primeira centelha? R. — Da Itália.
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12 de maio de 1856:
P. — Disseram os Espíritos que os tempos são chegados em que tais coisas têm de acontecer: em que sentido se devem tomar essas palavras? R. — Em se tratando de coisas de tanta gravidade, que são alguns anos a mais ou a menos? Elas nunca ocorrem bruscamente, como o chispar de um raio; são longamente preparadas por acontecimentos parciais que lhes servem como que de precursores, quais os rumores surdos que precedem a erupção de um vulcão. Pode-se, pois, dizer que os tempos são chegados, sem que isso signifique que as coisas sucederão amanhã. Significa unicamente que vos achais no período em que se verificarão.
P. — Confirmas o que foi dito, isto é, que não haverá cataclismos? R. — Sem dúvida, não tendes que temer nem um dilúvio, nem o abrasamento do vosso planeta, nem outros fatos desse gênero, porquanto não se pode denominar cataclismos a perturbações locais que se têm produzido em todas as épocas. Apenas haverá um cataclismo de natureza moral, de que os homens serão os instrumentos.
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30 de janeiro de 1866:
Permiti que um antigo dignitário da Táurida abençoe vossos dois filhos. Possam eles, sob a égide das respectivas mães, tornar-se inteligentes em tudo e ser para vós causa de reais satisfações! Desejo que sejam espíritos convictos, isto é, de tal modo se saturem da idéia de outras vidas, dos princípios de fraternidade, de caridade e de solidariedade, que os acontecimentos, que se precipitarão quando eles estiverem em idade de consciência e de razão, não os espantem, nem lhes enfraqueçam a confiança na justiça divina, em meio das provas por que tem a Humanidade de passar.
...
Mas, os acontecimentos, mais fortes que as maquinações em surdina, preparam no horizonte político um temporal bastante violento e, quando a tempestade estalar, tratai de estar bem abrigados, de ser bem fortes e muito desinteressados. Haverá ruínas, invasões, delimitações de fronteiras e, desse naufrágio imenso, que virá da Europa, da Ásia, da América, somente escaparão, ficai sabendo, as almas temperadas, os espíritos esclarecidos, tudo o que for justiça, lealdade, honra, solidariedade.
...
(sobre a Rússia) ...Pouco importa que o Sol não se esconda sobre as vossas conquistas, nem por isso haverá menos deserdados, menos ranger de dentes, todo um inferno ameaçador e de fauces escancaradas como a imensidade.
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25 de abril de 1866:
Não olheis para o céu em busca dos sinais precursores, porquanto nenhum vereis, e os que vo-los anunciarem estarão a enganar-vos. Olhai em torno de vós, entre os homens: aí é que os descobrireis.
Não sentis que um como vento sopra sobre a Terra e agita todos os Espíritos? O mundo se acha na expectativa e como que presa de um vago pressentimento de que a tempestade se aproxima.
Não acrediteis, porém, no fim do mundo material. A Terra tem progredido, desde a sua transformação; tem ainda que progredir e não que ser destruída. A Humanidade, entretanto, chegou a um dos períodos de sua transformação e o mundo terreno vai elevar-se na hierarquia dos mundos.
O que se prepara não é, pois, o fim do mundo material, mas o fim do mundo moral. É o velho mundo, o mundo dos preconceitos, do orgulho, do egoísmo e do fanatismo que se esboroa. Cada dia leva consigo alguns destroços. Tudo dele acabará com a geração que se vai e a geração nova erguerá o novo edifício, que as gerações seguintes consolidarão e completarão.
...
Assim, orai por esses endurecidos, a fim de que se emendem enquanto ainda é tempo, visto que se aproxima o dia da expiação.
Infelizmente, a maioria, desconhecendo a voz de Deus, persistirá na sua cegueira e a resistência que virá a opor mascarará, por meio de terríveis lutas, o fim do reinado dos que a constituem. Desvairados, correrão à sua própria perda; provocarão destruições que darão origem a um sem-número de flagelos e de calamidades, de sorte que, sem o quererem, apressarão o advento da era de renovação.
Admita-se a existência dos espíritos e a multiplicidade das encarnações humanas e esses acontecimentos não espantam e nem nos enfraquece a confiança na bondade e justiça divinas, como disse acima o ex-arcebispo da Táurida. Para quem não admite, só resta um problema moral eternamente sem solução.
Um abraço a todos.