Buckaroo,
Obrigado pelo link, interessante o tópico. Deixe-me antes de começar a responder, colocar a seguinte informação: Também sou ateu. Não acredito em Deus ou em qualquer conjunto de idéias que se apóie no sobrenatural, naquilo que não se pode confrontar com um padrão.
Minha crítica a tal corrente ateísta-científica não foi direcionada ao ateísmo e sim a colocação de que seria científica e que por ser científica "prega" (?) que a religião é intrinsecamente ruim. Me preocupa que o adjetivo científico hoje em dia seja aplicado sem o devido cuidado, gerando grande distorção que leva leigos a enxergar a ciência como quase "sagrada", temida e admirada ao mesmo tempo. Se os adeptos de tal corrente realmente tivessem uma visão mais científica do mundo (em oposição ao ateísmo político) não afirmariam categoricamente ("prega!?") que a religião é ruim sem acesso a resultados de estudos nesse sentido.
Como foi bem desenvolvido no próprio tópico que você me recomendou, qualquer estudo nesse sentido esbarra no seguinte problema: não se pode comparar a religiosidade de duas nações como em um laboratório, como se todos os outros fatores fossem mantidos constantes. Se, como no estudo citado no tópico, os EUA são sem dúvida mais religiosos do que grande parte da Europa, também são muito diferentes em uma série de outros aspectos, que não podem ser ignorados ao se pensar em questões como a violência e o "desenvolvimento social" (que para começo de conversa, acredito ser um conceito subjetivo demais para ser comparado automaticamente). Tanto é que a URSS, marxista, ateísta a princípio (concordo que a extensão desse ateísmo a população é discutível, mas ignoremos isso por enquanto), não foi um primor em termos de respeito aos direitos do cidadão, ou prevenção da violência (praticada em larga escala pelo próprio estado ateu).
É claro também que argumentos de religiosos de que a crença é necessária para oferecer os fundamentos morais e éticos de uma sociedade saudável não fazem o menor sentido, e que o fundamentalismo está profundamente ligado a violência legitimizada pela crença, mas como disse antes o fato de (freqüentemente) a religião ser utilizada para coerção não implica necessariamente que haja algo de intrinsecamente ruim na crença em si. Sei que a analogia é um tanto exagerada mas, assim como a física nuclear pode gerar bombas ela também pode ser usada na medicina para salvar vidas. Isso por quê ela não é "má" ou "boa", é apenas uma ferramenta da qual podemos nos servir para os mais diversos fins. Vejo a religião da mesma forma.