Autor Tópico: Reportagem sobre ateísmo na revista Época  (Lida 11799 vezes)

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Offline FZapp

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Re: Reportagem sobre ateísmo na revista Época
« Resposta #50 Online: 15 de Novembro de 2006, 13:49:11 »
Para quem não conseguiu (ou não quer) comprar, um anônimo escaneou: http://www.mediafire.com/?2nzwzlmzeiz
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Si hemos de salvar o no,
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Offline Alenônimo

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Re: Reportagem sobre ateísmo na revista Época
« Resposta #51 Online: 15 de Novembro de 2006, 15:32:51 »
Parece que já liberaram a matéria toda no site.
“A ciência não explica tudo. A religião não explica nada.”

Offline Diego

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Re: Reportagem sobre ateísmo na revista Época
« Resposta #52 Online: 15 de Novembro de 2006, 16:42:37 »
Concordo com a Mimi: não existe nada menos provinciano do que a ciência. Para comprovar, basta você
ir a uma grande conferência internacional. Lá é possível ver pessoas das mais diversas culturas, das mais
variadas nacionalidades. Todas falando essencialmente a mesma língua. Não existe uma "química francesa", uma
"biologia sul-africana" ou uma "astronomia chinesa". A ciência é uma só. Um bem de todos.


Nunca havia pensado dessa maneira!
Mais um bom argumento a favor da ciência q acabei de aprender!

CuritibaCetica

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Resposta de um dos redatores da revista Época
« Resposta #53 Online: 15 de Novembro de 2006, 16:50:59 »
Um dos redatores da revista Época postou a seguinte mensagem na lista de discussão da STR, que se encontra em
http://br.groups.yahoo.com/group/strbrasil/message/32575


Colegas,
 
Orlando e outros companheiros dessa lista.
Fico feliz de ver que alguns de vocês leram a matéria da Época desta semana.
O Orlando tem razão. Publicar essa matéria já foi enfrentar um tabu. Conseguimos explorar bem os argumentos ateus, e isso já foi o suficiente para incomodar boa parte dos leitores mais religiosos. Alguns deles nem prosseguiram na leitura da matéria.
Mas acho que conseguimos pelo menos fazer um relato equilibrado.
É um tema absurdamente polêmico. Temos certeza que jamais poderíamos agradar a todos.
Não tínhamos a pretensão de chegar a conclusão alguma sobre a verdade com essa matéria. É apenas um relato jornalístico. Nossas intenções eram apenas duas:
 
Primeiro, apresentar o tema com a maior profundidade possível, sem agredir a fé dos leitores religiosos.
 
Segundo, enfatizar a posição de quem prega a tolerância. Afinal, não é hora de acirrar o conflito.
 
E vocês? O que acham?
 
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Alexandre Mansur
Revista Época

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Re: Reportagem sobre ateísmo na revista Época
« Resposta #54 Online: 15 de Novembro de 2006, 17:15:23 »
A matéria tava muito "xoxa" pro meu gosto. Maneiraram bastante para não "ofender os religiosos". Poderia ter sido melhor, na minha opinião.

Eles não conseguem explicar a falta de religiosidade e espiritualidade do ateu e dão a entender que este tipo de coisa continua sendo necessária na vida das pessoas. :no:

Bom, já é o começo. Espero que comece matérias como essa possa dar, pelo menos, mais visibilidade aos ateus e céticos.
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Offline FZapp

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Re: Reportagem sobre ateísmo na revista Época
« Resposta #55 Online: 16 de Novembro de 2006, 08:09:30 »
Além de ter ficado extremamente incomodado com o título (e a grande maioria vai ler só ler o título), as conclusões finais são preconceituosas e a caracterização como neo-ateu é um espantalho.  |(  :x  :x  :hmph:

Vou cobrar da Época o tempo que perco para explicar que não tem nada a ver com o que estão pensando...  :twisted:
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Offline Fred

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Re: Reportagem sobre ateísmo na revista Época
« Resposta #56 Online: 16 de Novembro de 2006, 11:20:31 »

e por conclusão: "Em um aspecto, pelo menos, quem acredita em Deus está em situação favorável. Pesquisas sugerem que as pessoas religiosas vivem mais e se sentem mais felizes. Também, pelas taxas de natalidade dos EUA e da Europa, os religiosos parecem se reproduzir mais que os não-crentes. Isso é uma vantagem competitiva inquestionável, em termos darwinistas."

Me pareceu crítico, pouco imparcial e bastante direcionado, mas não exatamente ao ateísmo.

Ninguém mais teve essa impressão?


O fato de que pessoas adeptas de uma religião ou crença espiritual têm maior possibilidade de se sentirem mais felizes é um fato inquestionável e comprovado por estudos sérios ( um bom exemplo pode ser encontrado no livro de Martin Seligman, Authentic Happiness ). Quer gostemos ou não...isto é um fato. Da mesma forma que a questão das taxas de natalidade. Um cético racionaliza tudo, inclusive o número de filhos que pretende ter. Diferente da maioria das religiões, que incentivam a reprodução.
Portanto, nestes casos específicos, não vi parcialidade na reportagem.
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Offline Fred

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Re: Reportagem sobre ateísmo na revista Época
« Resposta #57 Online: 16 de Novembro de 2006, 11:34:13 »
Também senti que houve uma tentativa explícita de chamar a atenção para determinadas "vantagens" da religiosidade sobre o ateísmo. Não posso criticar a escolha desse enfoque pelos autores da matéria, mas percebo que esse é o enfoque de toda a reportagem sobre ateísmo no Brasil, e lamento a falta de sensibilidade dos autores de enxergar a situação por outro prisma. Seria pelo menos original. 

Como disse acima, independente da suposta imparcialidade da revista ou das opções pessoais de cada um, não se pode negar que existem algumas vantagens em ser religioso. Aos olhos de um cético, o mundo é visto como de fato é, mas inegavelmente se torna mais "duro" no aspecto emocional do que aos olhos de um crente. E se levarmos em consideração que o objetivo da vida é sermos felizes, não tenho dúvidas de que uma pessoa religiosa leva uma certa vantagem sore mim.
Infelizmete, o meu grau de consciência já não me permite mais ter a opção de escolha. Quem descobre o caminho da razão, não consegue mais retornar mesmo que queira.
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Re: Reportagem sobre ateísmo na revista Época
« Resposta #58 Online: 16 de Novembro de 2006, 11:57:57 »

Citação de: Revista Época número 443
..."Contava como um deles (um asteróide) pode nos varrer do planeta, assim como ocorreu com os dinossauros.  E que isso não tem nada a ver com a versão do apocalipse que está na Bíblia", afirma.  Nessa hora, diz Gleiser, um ouvinte entrou na linha e se queixou: "Mas o doutor está querendo tirar até Deus da gente".  Foi um estalo, diz.  "A gente tira Deus e não oferece nenhum apoio espiritual no lugar."
Isso é uma verdade.  Os ateístas e os materialistas se esforçam por derrubar dogmas, mas são incapazes de oferecer coisa melhor.  Mas essa coisa melhor existe e o fato de se derrubar velhos dogmas na realidade abre lugar para as idéias progressistas, que serão buscadas por aqueles que realmente estão em busca desprevenida pela verdade.  Mas não adianta procurar no materialismo, pois lá só encontrarão "o nada".  É uma opinião.

Que "coisa melhor" é esta que a Ciência deveria oferecer em troca de Deus ?
O objetivo da Ciência é simplesmente entender o funcionamento das coisas e não barganhar o conforto espiritual de humanidade.
A busca desse "algo a mais" é uma questão de foro íntimo e atribuir esta responsabilidade à Ciência seria deturpar o seu propósito único, que é descobrir e entender a natureza.
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Re: Reportagem sobre ateísmo na revista Época
« Resposta #59 Online: 16 de Novembro de 2006, 12:20:39 »

Publicar essa matéria já foi enfrentar um tabu. Conseguimos explorar bem os argumentos ateus, e isso já foi o suficiente para incomodar boa parte dos leitores mais religiosos. Alguns deles nem prosseguiram na leitura da matéria.
Mas acho que conseguimos pelo menos fazer um relato equilibrado.
É um tema absurdamente polêmico. Temos certeza que jamais poderíamos agradar a todos.
Não tínhamos a pretensão de chegar a conclusão alguma sobre a verdade com essa matéria. É apenas um relato jornalístico. Nossas intenções eram apenas duas:
 
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Alexandre Mansur
Revista Época

Sou assinante da Época e já deixei aqui registrada a minha opinião sobre a matéria . Apesar de algumas ressalvas, achei o saldo positivo. O ponto fraco sem dúvida foi o comentário do Cavallari, que de certa maneira, evidencia a tendência editorial da revista. E nem poderia ser diferente sob o aspecto comercial por questões óbvias. É impossível fazer uma reportagem sobre assunto tão delicado sem incomodar alguém...e se alguém se incomodar, que seja a minoria...rs...
Não podemos ser tão simplistas e desconsiderar o fato de que toda publicação precisa vender o máximo possível. E como certamente a quantidade de leitores religiosos é infinitamente maior, seria comercialmente arriscado colocar uma nota editorial "pendendo" para o lado dos ateístas.
Sem falar que um ateu compreende muito mais facilmente esta questão do que um crente, não levando a questão para o campo da ofensa pessoal. Na análise das perdas e ganhos, eu teria feito o mesmo se fosse da Época.
Portanto, mais uma vez, deixo registrado meus parabéns ao Alexandre e à revista Época pela iniciativa de colocar esta questão em debate, correndo o risco de incomodar tantos leitores.
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Offline Luis Dantas

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Re: Reportagem sobre ateísmo na revista Época
« Resposta #60 Online: 16 de Novembro de 2006, 12:33:52 »
se levarmos em consideração que o objetivo da vida é sermos felizes, não tenho dúvidas de que uma pessoa religiosa leva uma certa vantagem sobre mim.
Infelizmente, o meu grau de consciência já não me permite mais ter a opção de escolha. Quem descobre o caminho da razão, não consegue mais retornar mesmo que queira.

Ei, também não é assim, Fred.  Ou você acha mesmo que ilusão é vantagem?  Quem tem coragem de procurar ver o mundo da forma mais clara possível não pode estar em desvantagem.
Wiki experimental | http://luisdantas.zip.net
The stanza uttered by a teacher is reborn in the scholar who repeats the word

Em 18 de janeiro de 2010, ainda não vejo motivo para postar aqui. Estou nos fóruns Ateus do Brasil, Realidade, RV.  Se a Moderação reconquistar meu respeito, eu volto.  Questão de coerência.

Offline Res Cogitans

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Re: Reportagem sobre ateísmo na revista Época
« Resposta #61 Online: 16 de Novembro de 2006, 14:25:36 »
Seria bom se quem leu a matéria se manifestasse mandando um e-mail para Época. Seja sua impressão positiva ou negativa, acho bastante recomendável que os que leram a revista se manifestem.
Acredito que um dos motivos para que o ateísmo seja capa da revista é o lançamento do livro de Dennet pela editora Globo, mandando e-mails para a Época dizemos "olha... nós ateus existimos e compramos livros e revistas", o que possibilita um novo olhar editorial sobre obras cético-ateístas. Quem sabe um dia nós não tenhamos um espaço nas livrarias, como está começando a ocorrer nos EUA.
« Última modificação: 16 de Novembro de 2006, 15:26:55 por Res Cogitans »
"Conhecer a verdade não é o mesmo que amá-la, e amar a verdade não equivale a deleitar-se com ela" Confúcio

Offline Nina

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Re: Reportagem sobre ateísmo na revista Época
« Resposta #62 Online: 16 de Novembro de 2006, 15:04:43 »
A reportagem não está tão ruim assim. Ruins são os comentários dos visitantes do blog.

 :chorao:
"A ciência é mais que um corpo de conhecimento, é uma forma de pensar, uma forma cética de interrogar o universo, com pleno conhecimento da falibilidade humana. Se não estamos aptos a fazer perguntas céticas para interrogar aqueles que nos afirmam que algo é verdade, e sermos céticos com aqueles que são autoridade, então estamos à mercê do próximo charlatão político ou religioso que aparecer." Carl Sagan.

Luz

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Re: Reportagem sobre ateísmo na revista Época
« Resposta #63 Online: 16 de Novembro de 2006, 19:00:32 »

e por conclusão: "Em um aspecto, pelo menos, quem acredita em Deus está em situação favorável. Pesquisas sugerem que as pessoas religiosas vivem mais e se sentem mais felizes. Também, pelas taxas de natalidade dos EUA e da Europa, os religiosos parecem se reproduzir mais que os não-crentes. Isso é uma vantagem competitiva inquestionável, em termos darwinistas."

Me pareceu crítico, pouco imparcial e bastante direcionado, mas não exatamente ao ateísmo.

Ninguém mais teve essa impressão?


O fato de que pessoas adeptas de uma religião ou crença espiritual têm maior possibilidade de se sentirem mais felizes é um fato inquestionável e comprovado por estudos sérios ( um bom exemplo pode ser encontrado no livro de Martin Seligman, Authentic Happiness ). Quer gostemos ou não...isto é um fato. Da mesma forma que a questão das taxas de natalidade. Um cético racionaliza tudo, inclusive o número de filhos que pretende ter. Diferente da maioria das religiões, que incentivam a reprodução.
Portanto, nestes casos específicos, não vi parcialidade na reportagem.

Fred,

O que chamou a minha atenção não foi o fato dessas pesquisas terem sido citadas, mas o fato de terem sido citadas como "conclusão" do texto.


Offline Alenônimo

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Re: Reportagem sobre ateísmo na revista Época
« Resposta #64 Online: 16 de Novembro de 2006, 19:09:13 »
O fato de que pessoas adeptas de uma religião ou crença espiritual têm maior possibilidade de se sentirem mais felizes é um fato inquestionável e comprovado por estudos sérios ( um bom exemplo pode ser encontrado no livro de Martin Seligman, Authentic Happiness ). Quer gostemos ou não...isto é um fato. Da mesma forma que a questão das taxas de natalidade. Um cético racionaliza tudo, inclusive o número de filhos que pretende ter. Diferente da maioria das religiões, que incentivam a reprodução.
Portanto, nestes casos específicos, não vi parcialidade na reportagem.

É claro que um religioso é mais feliz que um cético. Da mesma maneira que um bêbado é mais feliz que um sóbrio.
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Offline Fred

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Re: Reportagem sobre ateísmo na revista Época
« Resposta #65 Online: 16 de Novembro de 2006, 19:18:21 »

Ei, também não é assim, Fred. Ou você acha mesmo que ilusão é vantagem? Quem tem coragem de procurar ver o mundo da forma mais clara possível não pode estar em desvantagem.

Luis, não estou afirmando que ser crente é melhor do que ser ateu. Eu me refiro à sensação de conforto que traz um religião. Neste sentido, a ilusão é boa e torna a percepção do mundo mais amena e agradável. A religião supre várias necessidades do ser humano, ainda que de modo simplista e enganoso. Ela tem respostas prontinhas para todas as nossas perguntas...conformismo para os infortúnios e as perdas...alento para alcançar objetivos...esperança...ilusão...proteção para os medos...consolo para a angústia da morte...
Não é à toa que, mesmo depois de 10.000 anos, 95% do mundo procura refúgio para seus enseios e respostas para suas dúvidas nesta vã filosofia. Se ser ateu fosse uma "opção" tão agradável, seria o contrário, não é mesmo ?
E seja lá qual for a verdade das coisas, ela o é independente de acreditarmos ou não. A Terra não pára de girar em torno do Sol, acreditemos ou não em deus. Portanto, se acreditar em deus aumenta minhas chances de ser feliz e não faz a Terra mudar seu curso, creio que sim, existe uma vantagem intrínseca em querer acreditar nele.
É óbvio que para aqueles como a maioria de nós, que enxergam o mundo de forma clara e racional, isto pode parecer uma estupidez. Mas supondo que você não tivesse esta visão e pudesse optar sem a consciência que possui hoje, o que escolheria ? Se analisarmos os estudos sobre felicidade, a resposta mais racional ( por mais absurdo que possa parecer isto ) seria acreditar em deus. Mas isto é uma abstração, é claro. Não tem efeito prático.
E esta não é uma pergunta difícil de ser comprovada. Veja a história dos grandes gênios da humanidade...quase todos descrentes, socialmente excluídos, depressivos ( Nietzsche & Cia ), com problemas psiquiátricos graves, péssimos pais, muitos suicidas, etc...
Pegue um grupo de céticos sentados em uma mesa de bar discutindo o mundo e compare com um grupo de crentes orando e cantando música gospel. Qual dos dois grupos será que é mais feliz ? Eu não tenho dúvida alguma nesta questão. Um crente não perde tanto tempo pensando na vida...ele apenas vive.
Não me sinto corajoso nem afortunado por ser cético, pois isto não é uma escolha de vida. É algo que me tornei naturalmente por questionar tudo à minha volta. Ser cético não é uma opção...é um fardo pesado, na minha opinião.
A humanidade só é o que é hoje graças aos céticos. Não questiono isso. Mas a maioria deles deu a sua vida em prol da humanidade. E pensando de maneira egoísta, não vejo nenhum benefício nisto. É a esta vantagem a que me refiro dos crentes sobre os céticos. No âmbito pessoal unicamente.
Se alguém aqui puder me apontar vantagens PRÁTICAS que tornem a vida de um cético mais feliz, gostaria muito de ouvir. Mas que sejam coisas das quais somente um cético consiga usufruir em função da sua postura.
Abraço a todos !
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Offline Fred

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Re: Reportagem sobre ateísmo na revista Época
« Resposta #66 Online: 16 de Novembro de 2006, 19:42:53 »

É claro que um religioso é mais feliz que um cético. Da mesma maneira que um bêbado é mais feliz que um sóbrio.

Pois é, meu caro Alenônimo...esta é a frase que sempre ouvi do pai enquanto eu crescia e questionava a vida diante dele. Meu pai, engenheiro e físico, estudou em Cambridge, foi pesquisador no Istituto de Energia Atômica da USP e hoje é especialista em espectrometria de raios X, passou a maldição do ceticismo pra mim apesar de eu ser da área de Humanas...menos o gosto pela bebida, pois só tomo suco e Coca Light enquanto ele aprecia um bom vinho...rs...
Mas repito a pergunta à qual meu pai sempre fugiu pela tangente...se é consenso que um religioso é mais feliz que um cético, qual é a vantagem de ser cético ?
Gostaria de uma resposta objetiva e prática, sem metáfora ou alegorias como esta do bêbado e do sóbrio.
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Offline Fred

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Re: Reportagem sobre ateísmo na revista Época
« Resposta #67 Online: 16 de Novembro de 2006, 19:52:59 »

Fred,

O que chamou a minha atenção não foi o fato dessas pesquisas terem sido citadas, mas o fato de terem sido citadas como "conclusão" do texto.



OK, entendi. Agora eu gostaria de propor uma simulação, Luz.
Se você fosse a redatora e tivesse que concluir a matéria sendo parcial para o outro lado ( no caso o ateísmo ), como você o faria ? Como você seduziria o leitor de maneira prática, mostrando como isto tornaria sua vida melhor ?
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Offline Rodion

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Re: Reportagem sobre ateísmo na revista Época
« Resposta #68 Online: 16 de Novembro de 2006, 19:57:44 »
Citar
se é consenso que um religioso é mais feliz que um cético, qual é a vantagem de ser cético ?

não se é cético por ser mais vantajoso do que ser religioso, pelo menos não é o meu caso. não duvido que uma religiosidade saudável seja muito mais gratificante do que o exercício do ceticismo, mas não é por isso que vou resolver acreditar em deus. se você olha uma caneta azul, consegue acreditar que ela é vermelha? eu não.
"Notai, vós homens de ação orgulhosos, não sois senão os instrumentos inconscientes dos homens de pensamento, que na quietude humilde traçaram freqüentemente vossos planos de ação mais definidos." heinrich heine

Offline Alenônimo

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Re: Reportagem sobre ateísmo na revista Época
« Resposta #69 Online: 16 de Novembro de 2006, 20:09:18 »

É claro que um religioso é mais feliz que um cético. Da mesma maneira que um bêbado é mais feliz que um sóbrio.

Pois é, meu caro Alenônimo...esta é a frase que sempre ouvi do pai enquanto eu crescia e questionava a vida diante dele. Meu pai, engenheiro e físico, estudou em Cambridge, foi pesquisador no Istituto de Energia Atômica da USP e hoje é especialista em espectrometria de raios X, passou a maldição do ceticismo pra mim apesar de eu ser da área de Humanas...menos o gosto pela bebida, pois só tomo suco e Coca Light enquanto ele aprecia um bom vinho...rs...
Mas repito a pergunta à qual meu pai sempre fugiu pela tangente...se é consenso que um religioso é mais feliz que um cético, qual é a vantagem de ser cético ?
Gostaria de uma resposta objetiva e prática, sem metáfora ou alegorias como esta do bêbado e do sóbrio.

Não sei você, mas pra mim a verdade é fundamental. Eu não conseguiria dormir tranqüilo sabendo que estou crendo em uma mentira. Além do mais, não espero as coisas caírem do céu e dou mais valor à minha vida conhecendo a realidade.

Na verdade, procurar um conforto psicológico na ciência é algo idiota. A ciência não tem como objetivo tornar as pessoas felizes, mas buscar a realidade. O ateísmo e o ceticismo não vão te tornar feliz por sí só.

Você quer vantagens?

  • Sem religião, você é livre para pensar o que quiser. Você não é ameaçado ao Inferno ou qualquer coisa parecida.
  • Sendo cético, você sabe que seu ponto de vista estará sempre mais próximo da realidade. Você não é iludido.
  • Você não cria falsas esperanças. Você sabe que tudo acontece aqui no mundo real e não fica desejando que aconteça algo ruim para alguém quando ela morrer.
  • Você pode curtir a beleza da natureza mais plenamente. Nâo foi ninguém que fez tudo, então admire como pode o mundo ser como é hoje tendo surgido de um fenômeno natural.
  • Você valoriza os avanços científicos, e faz uso melhor deles. Você não vai deixar de receber sangue só por causa de uma crença ridícula, por exemplo. Você não vai deixar de ver TV, ou de usar o computador, etc.
  • Você não precisa ir na Igreja, ouvir sermões e perder seu tempo domingo de manhã. Acaba ganhando algumas horas de sono. :hihi:

Além do mais, eu duvido dos testes dessas pesquisas que dizem que religiosos são mais felizes do que céticos. Sabemos o quanto os crentes gostam de querer ter mais vantagens sobre as outras pessoas e dificilmente admitiriam passar por problemas. Céticos são mais sinceros pois não se vêem na obrigação de dizer que estão felizes para tornar o ceticismo algo mais atrativo. A verdade é que a vida das pessoas é cheia de altos e baixos, independente de religião.
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Offline Alenônimo

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Re: Reportagem sobre ateísmo na revista Época
« Resposta #70 Online: 16 de Novembro de 2006, 20:10:38 »

Fred,

O que chamou a minha atenção não foi o fato dessas pesquisas terem sido citadas, mas o fato de terem sido citadas como "conclusão" do texto.



OK, entendi. Agora eu gostaria de propor uma simulação, Luz.
Se você fosse a redatora e tivesse que concluir a matéria sendo parcial para o outro lado ( no caso o ateísmo ), como você o faria ? Como você seduziria o leitor de maneira prática, mostrando como isto tornaria sua vida melhor ?

O correto era simplismente não agir parcialmente. Estamos pedindo para alguém mentir pra convencer os religiosos? Eu não.
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Offline Fernando Silva

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Re: Reportagem sobre ateísmo na revista Época
« Resposta #71 Online: 17 de Novembro de 2006, 07:27:23 »
se levarmos em consideração que o objetivo da vida é sermos felizes, não tenho dúvidas de que uma pessoa religiosa leva uma certa vantagem sobre mim.
Infelizmente, o meu grau de consciência já não me permite mais ter a opção de escolha. Quem descobre o caminho da razão, não consegue mais retornar mesmo que queira.

Ei, também não é assim, Fred. Ou você acha mesmo que ilusão é vantagem? Quem tem coragem de procurar ver o mundo da forma mais clara possível não pode estar em desvantagem.
A capacidade de se iludir pode ser uma vantagem se a pessoa conseguir manter a ilusão durante a vida toda e for mais feliz por causa disto.
Algumas não conseguem e apelam para as drogas e a bebida, outras não querem se iludir.
Eu não quero acreditar em Papai Noel, por exemplo, e não conseguiria mesmo que quisesse, mas tem gente que consegue.

Acho que não é possível comparar os casos e as vantagens se você não pode passar de um grupo para outro. E talvez não valha a pena tirar a religião de quem depende dela para ser feliz, no máximo impedir que o crente nos encha o saco.
« Última modificação: 17 de Novembro de 2006, 07:29:45 por Fernando Silva »

Offline Fred

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Re: Reportagem sobre ateísmo na revista Época
« Resposta #72 Online: 17 de Novembro de 2006, 11:31:05 »

Não sei você, mas pra mim a verdade é fundamental. Eu não conseguiria dormir tranqüilo sabendo que estou crendo em uma mentira.


OK, mas para validar a minha argumentação, precisamos pressupor que você não sabe que está sendo enganado. O crente não acredita em uma mentira. Ele é mais feliz porque " de fato" acredita em algo que é autêntico na sua percepção e confortável ao mesmo tempo.
Repito...não quero provar que a religião é boa, mas apenas que traz alguns benefícios de ordem pessoal.
Você e eu não poderíamos jamais nos enquadrar nesta possibilidade a não ser que o próprio Cristo em pessoa nos convidasse para tomar vinho sem trazer a garrafa debaixo do braço...rs...



Você quer vantagens?

  • Sem religião, você é livre para pensar o que quiser. Você não é ameaçado ao Inferno ou qualquer coisa parecida.
  • Sendo cético, você sabe que seu ponto de vista estará sempre mais próximo da realidade. Você não é iludido.
  • Você não cria falsas esperanças. Você sabe que tudo acontece aqui no mundo real e não fica desejando que aconteça algo ruim para alguém quando ela morrer.
  • Você pode curtir a beleza da natureza mais plenamente. Nâo foi ninguém que fez tudo, então admire como pode o mundo ser como é hoje tendo surgido de um fenômeno natural.
  • Você valoriza os avanços científicos, e faz uso melhor deles. Você não vai deixar de receber sangue só por causa de uma crença ridícula, por exemplo. Você não vai deixar de ver TV, ou de usar o computador, etc.
  • Você não precisa ir na Igreja, ouvir sermões e perder seu tempo domingo de manhã. Acaba ganhando algumas horas de sono. :hihi:


.Qualquer um é livre para pensar o que quiser, até mesmo um crente. Ameaças de "inferno" não trazem nada de danoso na prática. Eu tenho medo de sequestro e apenas me faz andar com mais cuidado pela rua.
.O crente NAO sabe que está sendo iludido, portanto este item também é indiferente. Como disse antes, a Terra não pára de girar se eu deixar de acreditar nisso.
.Criar falsas esperanças sobre vida eterna não traz prejuízo nenhum à sua vida, pois quando o cara morrer ele não saberá que estava enganado. Assim como nós não saberemos que estávamos certos. A diferença é que o crente vive com menos angústia.
.Um crente pode curtir a natureza tanto quanto nós, independente de questionar a origem das coisas.
.Neste item você tem razão em parte. Deixar de receber uma trasfusão certamente é uma desvantagem, mas o universo de pessoas que agem assim é muito limitado. A grande maioria dos crentes não é adepta a estes radicalismos inúteis. Não conheço ninguém do meu meio que deixe de assistir TV. Quando eu falo "crente" não me refiro exclusivamente às Testemunhas de Jeová & Cia.
.Esta última é engraçada, mas também não chega a ter efeito prático. São poucos os crentes que perdem tempo indo a cultos. E quando o fazem geralmente é apenas uma hora de Domingo. Eu estou gastando mais tempo respondendo este post do que um crente na missa. E hoje tá o maior sol lá fora, além da minha mesa com uma pilha de contratos para analisar...rs...


Além do mais, eu duvido dos testes dessas pesquisas que dizem que religiosos são mais felizes do que céticos. Sabemos o quanto os crentes gostam de querer ter mais vantagens sobre as outras pessoas e dificilmente admitiriam passar por problemas. Céticos são mais sinceros pois não se vêem na obrigação de dizer que estão felizes para tornar o ceticismo algo mais atrativo. A verdade é que a vida das pessoas é cheia de altos e baixos, independente de religiao

Se você duvidar de um estudo sério feito durante mais de 30 anos por cientistas renomados, aí você estaria tendo a mesma atitude de um crente. Além do que você estaria se contradizendo, pois no seu post anterior confimou aceitar o fato de que crentes são mais felizes do que céticos.
http://www.terra.com.br/istoe/1925/comportamento/1925_segredos_da_felicidade.htm
Até agora ninguém conseguiu me mostrar algo consistente que comprove vantagem pessoal em ser cético, a não ser o risco menor de ser ludibriado em negócios. Mas isto também não serve, pois basta tentar fazer negócio com judeu ou muçulmano para constatar que um cético não leva vantagem nenhuma só por ser cético...rs....
Mas foram boas tentatativas, Alenônimo. Eu vou continuar aguardando novas sugestões dos demais.
Abraço.
“Não tenho medo das perguntas difíceis: tenho pavor das respostas fáceis.” A. Malcot

Offline Res Cogitans

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Re: Reportagem sobre ateísmo na revista Época
« Resposta #73 Online: 17 de Novembro de 2006, 11:45:28 »
Citação de: Alenônimo
Não sei você, mas pra mim a verdade é fundamental. Eu não conseguiria dormir tranqüilo sabendo que estou crendo em uma mentira.

Essa frase não tem sentido. Crer em algo é considerar que este algo tem maior probabilidade de ser verdadeiro que de ser falso. 
Você não pode considerar que X tem maior probabilidade de ser verdadeiro e ao mesmo tempo saber X é falso.
"Conhecer a verdade não é o mesmo que amá-la, e amar a verdade não equivale a deleitar-se com ela" Confúcio

Offline Fred

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Re: Reportagem sobre ateísmo na revista Época
« Resposta #74 Online: 17 de Novembro de 2006, 11:52:39 »

O correto era simplismente não agir parcialmente. Estamos pedindo para alguém mentir pra convencer os religiosos? Eu não.

Concordo com você que o certo é agir com imparcialidade. Em tese, pois na prática isto é quase impossível em qualquer meio de comunicação. Cada publicação têm a sua linha editorial própria, além de interesses comerciais particulares.
Mas o que eu pretendia ao propor uma simulação de parcialidade era apenas ouvir algum bom argumento ou vantagem prática em ser cético. Não sugeri ou defendi a parcialidade na revista. Muito menos mentir, pois se fosse preciso utilizar este recurso para convencer um religioso, estaríamos inocorrendo no mesmo artifício usado pelas religiões.
Meu questionamento sobre a vantagem de ser crente não tem efeito prático algum. É pura abstração mental e conversa jogada fora. Nenhum cético vai se tornar crente mesmo que se convença de que isto aumenta suas chances de ser feliz.
É filosofia de botequim, do tipo que nós céticos tanto gostamos para passar o tempo...rs...
Se fóssemos crentes apenas diríamos "Aleluia ! Assim está escrito ! Querida, me passe a cerveja que está o maior calor hoje !" ...rs...
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