Autor Tópico: Milícias cariocas  (Lida 13367 vezes)

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Offline Kao

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Re: Milícias cariocas
« Resposta #150 Online: 27 de Fevereiro de 2007, 21:48:17 »
O problema não é a venda de drogas, que por mim seria liberada e sim a violência gerada pelo tráfico de drogas, essa atinge pessoas que não tem nada a ver com isso.

Offline Donatello

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Re: Milícias cariocas
« Resposta #151 Online: 19 de Maio de 2008, 11:28:48 »
*ressussitando*

Um delegado da Polícia Civil é executado com um tiro na nuca em plena luz do dia, numa área considerada nobre da cidade, diante de câmeras de segurança. Não é a Chicago dos anos 20. É o Rio de Janeiro. A polícia investiga a hipótese de a execução do delegado Alcides Iantorno, ocorrida na manhã deste domingo, ter sido praticada por pistoleiros a mando de milícias (grupos armados formados por policiais ex-policiais civis e militares) que já dominam 115 favelas do Rio e estão infiltradas em pelo menos oito batalhões da PM. Depois do tráfico, é o novo exército paralelo, só que incrustado dentro da própria polícia e, por isso mesmo, muito difícil de se combater porque conta com o corporativismo e até mesmo a cumplicidade de agentes do Estado.

Este blog tem alertado sobre o risco que representa a ação das milícias para o estado democrático de direito. A Secretaria de Segurança já havia aberto uma investigação que apontou cerca de cem policiais envolvidos com as milícias, mas a punição deles é mais lenta do que corrida de jabuti. O próprio secretário Beltrame diz que é complicado investigar as milícias (veja entrevista a Reuters de fevereiro do ano passado).

É a primeira vez nos últimos 30 anos que um delegado de polícia é executado dessa maneira, sem chance de defesa, no Rio de Janeiro. O delegado João Kepler Fontenele me disse agora há pouco que não lembra de nenhum caso semelhante e ele tem uma memória afiada dos últimos 49 anos na segurança pública.

- Fiquei muito chocado com esse crime, sobretudo porque o delegado era meu amigo, um sujeito de grande coração e extramamente dedicado ao trabalho policial - afirmou o delegado Kepler.

O único caso de delegado de polícia executado no Rio que me recordo foi o de Octávio Gonçalves Moreira Júnior, que atuava no DOPS paulista, na repressão política, e foi assassinado por subversivos em Copacabana, em 1973.

O assassinato do delegado coloca em xeque todo o sistema de segurança pública do estado. É uma afronta ao Estado e à sociedade. A audácia os bandidos não pode contar com a complacência de nenhum cidadão e muito menos de qualquer policial de bem desta cidade (dos maus não dá para se esperar nada mesmo).

Dada a gravidade do caso, considero que o Ministério da Justiça deveria determinar que a Polícia Federal entrasse na investigação da morte de Iantorno, em apoio à Polícia Civil do Rio. Deveriam formar uma força-tarefa para esclarecer o crime e aproveitar para fazer uma limpa na polícia do Rio. Até porque a PF é encarregada de investigar segurança clandestina em sua Delesp (Delegacia de Segurança Privada), um crime geralmente praticado por policiais e ex-policiais. Milícias nada mais são do que segurança clandestina só que formada por pistoleiros de aluguel.

http://oglobo.globo.com/rio/ancelmo/reporterdecrime/post.asp?t=blog_propoe_forca-tarefa_para_investigar_morte_de_delegado&cod_Post=103291&a=135

(parece que a cegueira romântica e conveniente que tratava estes bandos de criminosos como defensores da ordem e dos cidadãos de bem está se curando; temo apenas que seja muito tarde para que se comece a enxergar o problema como ele é  :? )

Offline Rodion

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Re: Milícias cariocas
« Resposta #152 Online: 21 de Maio de 2008, 00:41:57 »
pobre rio.
"Notai, vós homens de ação orgulhosos, não sois senão os instrumentos inconscientes dos homens de pensamento, que na quietude humilde traçaram freqüentemente vossos planos de ação mais definidos." heinrich heine

Offline Donatello

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Re: Milícias cariocas
« Resposta #153 Online: 02 de Junho de 2008, 22:44:56 »
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A BARBARIDADE DAS MILÍCIAS
E o que era terrível ficou ainda pior
E o Brasil conseguiu, de novo, piorar algo que era absolutamente terrível. A tortura a colegas do jornal "O Dia", na favela do Batan, revelada este fim de semana, amplifica algo que quem milita ou se interessa pela área de segurança está cansado de saber: as milícias acabam com o tráfico, mas são ainda mais cruéis no trato com a população. Em nome de oferecer segurança, um punhado de outros serviços e de fechar as bocas-de-fumo, impõem o preço alto, alto demais, de um estado de exceção comparável às mais ferozes ditaduras. O resultado é a produção de mais e mais violência. Não resolve nada.

Na antevéspera do Natal de 2006, numa das maiores favelas do Complexo da Maré, a rua do comércio estava obviamente apinhada, quando, por volta de 16h, um carro preto, com os vidros pretos, parou bem no meio da multidão. Desceram três homens armados, encapuzados, de preto da cabeça aos pés. Carregavam, subjugado, um adolescente negro, algemado com as mãos para trás, ensangüentado de tanta pancada. O bando o pôs de joelhos, um dos algozes encostou a pistola na nuca do rapaz e, diante do olhar paralisado de milhares de pessoas, puxou o gatilho.

A cena é educativa para entender por que a milícia não resolve, nem vai resolver. Ninguém saiu melhor, mais tranqüilo, da cena na Maré. Muito ao contrário. No estado democrático de direito, a truculência não pode vigorar. Ainda que muita gente - internautas que freqüentam o blog, inclusive - defenda a ditadura das armas, os exemplos estão aí para ensinar quem está disposto a aprender.

Um detalhe da reportagem d'o Dia que quase passa despercebido, diante do festival de abjeta violência, exibe boa parte do mal que a milícia causa aos abandonados moradores das comunidades populares: mulher sozinha não pode sair à noite de casa. Está nas regras dos costumes impostos pelos ditadores marginais. E, em pleno Brasil do século XXI, alguns lugares adotam práticas medievais, comuns a regimes de totalitarismo religioso, aqueles condenados mundo afora. Só para se ter noção do tamanho do atraso.

Mas o mais desesperador é constatar que, em pelo menos 78 favelas (os números mais aceitos pelos especialistas no tema), a polícia conseguiu, sim, acabar com o tráfico. É isso mesmo: o que parecia impossível sequer foi difícil, jogando por terra todo aquele blablablá de que os traficantes eram invencíveis, as favelas, inexpugnáveis, etc. Só que não foi pelo bem estar da população ou pelo cumprimento da lei. Foi para os homens da lei se travestirem de bandidos e dominar as comunidades em troca de dinheiro.

Os repórteres correram risco excessivo - desde a morte do grande Tim Lopes, seis anos atrás, os jornalistas cariocas tinham decidido não ameaçar a própria vida em comunidades conflagradas - para mostrar um cenário de brutalidade que conta com a tolerância e cumplicidade dos governantes. Faz tempo que os inquilinos do poder no Rio mais atrapalham do que ajudam na questão da segurança. E a milícia, para eles, é uma mão na roda, porque ajuda a controlar comunidades inteiras, com as quais os governantes não querem se preocupar.

Houve quem fizesse pacto com bandido, abençoando determinados crimes desde que outros, mais próximos da elite, não fossem cometidos, criando uma falsa sensação de paz. Há quem prefira "sentar o dedo" nas comunidades populares, achando que vai resolver. Não vai. Bem que o governador Sérgio Cabral podia, no intervalo entre uma viagem e outra, se debruçar sobre o assunto. Mal não faria.

http://oglobo.globo.com/rio/ancelmo/chopedoaydano/post.asp?t=e_que_era_terrivel_ficou_ainda_pior&cod_Post=105272&a=128



Offline Moro

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Re: Milícias cariocas
« Resposta #154 Online: 02 de Junho de 2008, 23:11:51 »
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Ricardo
Não deixa de ser curioso que meia duzia de policiais militares que fazem partem dessas milícias consigam expulsar e acabar com o tráfico em várias regiões e o Estado, sentado em cima de toda a estrutura que possui e de todo o dinheiro que pagamos em impostos, não consiga fazer o mesmo - utilizando os mesmos policiais, diga-se.

Excelente ponto Ricardo. Algumas associações:


1- Fazendo uma associação à Guerra EUA x Iraque. Alguém tem dúvida de que se os EUA usasse seu poder militar como utilizou por exemplo em Dresden na segunda guerra mundial, não haveria resistência? A questão é que não é mais aceito esses procedimentos por parte de nações civilizadas, sob pena de se ter uma pressão insustentável.

2- Uma empresa sul africana chamada Executive Outcomes (mercenários) conseguiu estabilizar, em algo como UM ANO, uma guerra civil em Angola e Serra Leoa, tarefa que a ONU não conseguiu. Como? Agindo de maneira não restrita, não se importando com a crítica de abusos e etc..  A guerra voltou imediatamente após a empresa abandonar suas operações, devido às críticas... Mas o fato é que a situação, mais complexa que a nossa (guerra financiada pela industria de diamantes, questões étinicas envolvidas) foi estabilizada durante a operação da empresa.

É um assunto MUITO difícil. As milícias são criminosas, esta é a parte fácil. E ninguém pode defender o abuso cometido em Dresden (ou Nanquin, ou Stalingrado, ou Berlin) para não parecer anti-americano.

Isto é: Quando podemos utilizar força máxima para erradicar um problema? Qual o nível de consequencias fora do nosso controle que estamos dispostos a aceitar? É melhor sofrer essas consequencias todas de uma vez ou ir sofrendo a conta gotas sem resolver o problema?

Não gosto desta opção. Mas também é difícil ver outra opção que não entre, dada à nossa situação, em uma utopia.
« Última modificação: 02 de Junho de 2008, 23:15:15 por Agnostico »
“If an ideology is peaceful, we will see its extremists and literalists as the most peaceful people on earth, that's called common sense.”

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Offline Luiz Souto

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Re: Milícias cariocas
« Resposta #156 Online: 22 de Julho de 2008, 13:30:10 »
Prendê-lo já é um avanço , embora o advogados dele já estejam preparando o pedido de habeas corpus.
 A questão é , será que se conseguirá condená-lo?
Se não queres que riam de teus argumentos , porque usas argumentos risíveis ?

A liberdade só para os que apóiam o governo,só para os membros de um partido (por mais numeroso que este seja) não é liberdade em absoluto.A liberdade é sempre e exclusivamente liberdade para quem pensa de maneira diferente. - Rosa Luxemburgo

Conheça a seção em português do Marxists Internet Archive

Offline Donatello

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Re: Milícias cariocas
« Resposta #157 Online: 22 de Julho de 2008, 13:34:05 »
Mas foi em flagrante... há habeas corpus contra flagrante?  :umm:

Edit: acho que viajei, dei uma olhadinha no Google e parece que não tem nada a ver o cú com as calças... :histeria:
« Última modificação: 22 de Julho de 2008, 13:38:54 por Donatello van Dijck »

Offline Donatello

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Re: Milícias cariocas
« Resposta #158 Online: 22 de Julho de 2008, 13:41:41 »
O foda é ver aquele bando de gente desocupada batendo panela em frente à delegacia e berrando palavras de ordem... dizendo que a polícia tem que se preocupar em prender os bandidos... tá bom |(

Offline Luiz Souto

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Re: Milícias cariocas
« Resposta #159 Online: 22 de Julho de 2008, 14:30:34 »
Da mesma forma como  bloqueiam ruas e mandam fechar o comércio quando prendem o dono da boca.
A cooptação do apoio das comunidades é a base da manutenção do poder do crime organizado
Se não queres que riam de teus argumentos , porque usas argumentos risíveis ?

A liberdade só para os que apóiam o governo,só para os membros de um partido (por mais numeroso que este seja) não é liberdade em absoluto.A liberdade é sempre e exclusivamente liberdade para quem pensa de maneira diferente. - Rosa Luxemburgo

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Offline Dodo

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Re: Milícias cariocas
« Resposta #160 Online: 22 de Julho de 2008, 14:48:54 »
Da mesma forma como  bloqueiam ruas e mandam fechar o comércio quando prendem o dono da boca.
A cooptação do apoio das comunidades é a base da manutenção do poder do crime organizado


Minha cidade é de médio porte, em algumas regiões ela ainda mantém aquele ar de cidade do interior, mas aqui já existem traficantes que possuem uma "caixinha" para ajudar aos moradores.
As "ações sociais" são coisas banais, tipo comprar um butijão de gás, uma aspirina, pagar uma fatura de luz, etc.
Resultado: um dos traficantes só foi preso porque foi feito uma "tocaia" na casa de uma namorada, em outro bairro. No bairro dele, pessoas totalmente idôneas guardavam armas, escondiam comparsas e até produtos oriundos de roubo.
A polícia daqui, mesmo tendo o mesmo número de homens de 20 anos atrás e tendo de se desdobrar para atender a todas as regiões da cidade que, obviamente, cresceram neste período, vem coibindo este tipo de atitude e, pelo menos até agora,  obtido um certo sucesso.
Só me pergunto até quando eles vão conseguir manter a situação controlada.
« Última modificação: 22 de Julho de 2008, 14:51:11 por Dodo »
Você é único, assim como todos os outros.
Alfred E. Newman

Offline Donatello

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Re: Milícias cariocas
« Resposta #161 Online: 29 de Agosto de 2008, 10:28:12 »
Filha de Jerominho é presa sob suspeita de crime eleitoral
:yahoo:

Vejamos quanto tempo esta vaca fica na cadeia, tomara deus que nunca mais veja a luz do sol.

 

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