Quanto às razões práticas e filosóficas que vocês tem contra a pena de morte, praticamente todas elas podem ser usadas para defender a abolição de todas as outras formas de punição existentes.
De onde você tirou isso? O que eu disse ou sugeri que apontasse nessa direção? Eu não sou contra a punição de criminosos.
O que eu questiono é a eficácia da pena de morte como:
(a) mecanismo de intimidação e prevenção do crime, como alguns sugeriram, pois não há indicação disso em lugar nenhum, em tempo algum;
(b) prevenção contra crimes futuros de bandidos irrecuperáveis, pois isso iria ferir os princípios do Direito e finalmente;
(c) o raciocínio de que a pena de morte é proporcional ao crime hediondo cometido - e explico porque agora.
Agora consideremos que um homem mata o filho de outro. Como pode ser reparado o crime? Não há modo de reparar. Se você entende "justiça" como a reparação dos danos causados, então a "justiça" não pode ser feita neste caso. Deixemos o cidadão solto, então? Absurdo.
Depende do que você entende como "reparação". Obviamente que preço nenhum, ou quantidade de anos nenhuma na cadeia vai trazer uma pessoa assassinada de volta.
Não sou advogado ou jurista, mas entendo que reparação nesse caso seria tirar o criminoso de circulação por um tempo X, definido pelas leis locais. Ainda segundo entendo, essa punição tem que ser proporcional ao delito. Como classificar a pena de morte, então? Uma morte paga uma morte? E dez? E mais? Não está claro para mim, até agora, como a morte de um pode pagar a morte de outro.
Nos casos em que os danos não podem ser reparados, justiça significa o mesmo que vingança.
Justiça evoca mais um sentimento desapaixonado, imparcial e, por que não dizer, misericordioso. Vingança é olho por olho, dente por dente, e principalmente sangue por sangue. Uma é impessoal, a outra não, mesmo quando aplicada pelo Estado, pois não deixa de ser um apelo à emoção. Vou contar uma história:
Os anglo-saxões tinham leis muito estritas sobre vingança oficializada e sobre como apenas uma morte poderia acabar com outra morte. Mas naquele caso havia um costume interessante - o homem ofendido, ou alguém de sua família tinha que pegar numa arma, derrotar e matar o criminoso. Esses costumes mudaram com o tempo e hoje, junto com o Direito Romano, são as fontes do Direito nos países Anglo-Saxões. Eu lhes pergunto: é surpresa que a pena de morte tenha durado o tempo que durou (ou ainda dura) nesses países?
Você acha mesmo que os grupos de defesa de direitos humanos têm esse poder todo? Quem dera…! 
Se têm… Isso é bom por um lado, o problema é que o pessoal exagera.
Quem, por exemplo? Quem exagera? Quem exagera
e consegue ter seu lobby aceito?
Não sei qual o forçômetro que você utilizou, mas poderia, para deixar papo no nível qualitativo apenas, apontar uma única personalidade, dessas que põem a cara na televisão a todo instante pra reclamar de coisas como os abusos em Abu Ghrabi (ou algo assim, lá no Iraque), que faça o mesmo para defender o lado contrário?
O "forçômetro" são justamente todas as violações da Declaração dos Direitos Humanos que ocorrem todos os dias em todos os países do mundo enquanto as autoridades ou fingem que não vêem ou contribuem ativamente.
Mas se são nomes que você quer, eu lhe dou Ann Coulter, por exemplo, árdua defensora das ações americanas no Oriente Médio (a ponto de dizer que todos os muçulmanos deveriam ser mortos ou convertidos ao cristianismo). E se você considera que ela é caricata demais, existem outros, dentro e fora dos Estados Unidos: Rush Limbaugh, Le Pen, nosso Deputado Jair Bolsonaro, muitos daqueles que apareceram na campanha Anti-Proibição no referendo das armas, Pat Robertson e tantos outros.
E não sei quanto à correção política, não. Eu, pelo menos, tenho razões de ordem prática, além das de ordem filosófica, para ser contra a pena de morte.
Eu, por exemplo, sou contra a pena de morte por princípio. Qual o problema das pessoas assumirem isso?
Ué, nenhum.
Só que além dos meus princípios, eu também tenho razões práticas
