Autor Tópico: Regime Militar  (Lida 26741 vezes)

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Offline guicn

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Re: Regime Militar
« Resposta #200 Online: 23 de Outubro de 2008, 14:25:45 »
Toda a família real de Portugal veio quando Napoelão invadiu. Não apenas Dom João VI.
Sendo pintudo? Dom Pedro?
Cara, ele manteve praticamente as coisas do jeito que estavam, sequer aboliu a escravatura.
O Brasil começou a ficar independente em 1808, com a abertura dos portos. A independência foi um mero acordo, nada demais.
Sequer lutar armada teve, como ocorreu na maioria das colônias aqui na américa do sul.

Offline Pregador

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Re: Regime Militar
« Resposta #201 Online: 23 de Outubro de 2008, 14:26:07 »


Na verdade, foi Dom João VI quem veio para o Brasil fugido de Napoleão. Mais tarde, com Napoleão já fora do poder, Portugal se revoltou, o que fez com que Dom João VI voltasse para lá, deixando aqui seu filho, Dom Pedro I, que resolveu ficar (Dia do Fico). No ano seguinte este proclama a Independência, sendo pintudo, na medida em que foi contra o que seu país desejava.




Nas entrelinhas D. Pedro I proclamou a independência meio que empurrado e nem desagradou tanto assim Portugal (afinal, as duas monarquias, se persistissem, acabariam unificadas novamente, já que um tinha direito ao trono do outro). Tanto é que Pedro I voltou para Portugal.

Mas D. Pedro II foi muito bom imperador. Fez caca no final, o que custou-lhe a coroa...
"O crime é contagioso. Se o governo quebra a lei, o povo passa a menosprezar a lei". (Lois D. Brandeis).

Offline JUS EST ARS

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Re: Regime Militar
« Resposta #202 Online: 23 de Outubro de 2008, 14:31:09 »


Toda a família real de Portugal veio quando Napoelão invadiu. Não apenas Dom João VI.
Sendo pintudo? Dom Pedro?
Cara, ele manteve praticamente as coisas do jeito que estavam, sequer aboliu a escravatura.
O Brasil começou a ficar independente em 1808, com a abertura dos portos. A independência foi um mero acordo, nada demais.
Sequer lutar armada teve, como ocorreu na maioria das colônias aqui na américa do sul.

Claro, toda família Real, mas orquestrada por D. João VI.

Há uma mistura de coisas. Ser independente não significa abolir a escravatura, mas somente ser independente. Brasil não prestava mais contas a Portugal, esse é o sentido de ser independente.

Não há qualquer demérito em não ter tido luta armada, eu considero isso um mérito na verdade. Véio, foi por conta desse cara, D. Pedro I,  que o Brasil se desgrudou de Portugal. Mas é claro que ainda haviam problemas. Ele se auto-intitulou Imperador do Brasil. Éramos independentes de Portugal, mas adotamos nessa época um regime absolutista.



Offline guicn

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Re: Regime Militar
« Resposta #203 Online: 23 de Outubro de 2008, 14:32:06 »
E a nossa dívida externa também começou com Dom Pedro I.
Sabe como é, uma independência díficil dessas, precisou de uma ajudazinha dos ingleses.

E depois Dom Pedro II meteu mais ainda o pé na jaca, pedindo mais grana ainda para financiar a Guerra do Paraguai, outro momento que o Brasil foi um mero fantoche.

Um grande historiador aqui no RS, o Peninha (Eduardo Bueno), até brinca que o Brasil não poderia participar da Libertadores da América, afinal não houve uma libertação ou um corte total com Portugal, apenas um mero acordo.
« Última modificação: 23 de Outubro de 2008, 14:36:04 por guicn »

Offline JUS EST ARS

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Re: Regime Militar
« Resposta #204 Online: 23 de Outubro de 2008, 14:39:24 »


Putz cara, eu não sei você, mas não espero que nenhum ser humano esteja certo o tempo todo.

D. Pedro I se auto proclamou Imperador. Mais tarde, seu pai D. João VI que estava em Portugal morreu, ele foi assumir lá, largando D. Pedro II, de 5 anos aqui. Depois do período de regência, que teve que acontecer em razão da pequena idade dele, D. Pedro II assume, faz essa guerra com o Paraguai que você mencionou, e em 1889 proclama a República.

Rui Barbosa faz a 1ª Constituição da República, com sistema presidencialista e tudo o mais.

Assim, devemos a D. Pedro II o fato de termos saído de um sistema absolutista e entrado na República.



Offline guicn

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Re: Regime Militar
« Resposta #205 Online: 23 de Outubro de 2008, 14:57:23 »
Não devemos a D. Pedro II nada.
Caso não houvesse pressão dos militares, descontentes com a política da monarquia, que os proibia até de falar com a imprensa sem a autorização do Ministro de Guerra. Claro, também queriam faturar com a corrupção adoidada que ocorria na Monarquia, sem dúvida.
E também devido a pressão feita pelos grandes produtores rurais de café que queriam mais poder e representatividade no governo, afinal eram de grande importancia para economia do país.
E lembre-se que depois da Proclamação se institui a politica café-com-leite, onde apenas esses grandões alternavam no poder.
Fora a situação no mundo todo, com todas as Monarquias absolutistas caindo na Europa.

Eu duvido que Dom Pedro II iria se mexer pra proclamar qualquer coisa, caso não houvesse toda essa pressão.
Qualquer retardado no lugar dele teria feito o mesmo. Não teve praticamente escolha. Caso continuasse com a Monarquia, possivelmente mais tarde tirariam ele na marra do poder.
« Última modificação: 23 de Outubro de 2008, 15:00:44 por guicn »

Offline JUS EST ARS

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Re: Regime Militar
« Resposta #206 Online: 23 de Outubro de 2008, 15:31:11 »


Olha, eu vejo muita tinta de pessimismo, descaso, demérito e necessidade de inferiorizar essas coisas aqui no Brasil.

Eu vejo essas conquistas pelos resultados, até porque é impossível saber o que de fato motiva qualquer pessoa a fazer qualquer coisa. Você não tem como simplesmente entrar na cabeça de ninguém, ainda mais alguém morto, como quando se fala de História. Eu analiso assim:

D. Pedro I - > Independência - > Beleza! :ok:

D. Pedro II - > República - > Beleza! :ok:




Offline Galthaar

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Re: Regime Militar
« Resposta #207 Online: 23 de Outubro de 2008, 15:35:11 »

Na História é muito difícil determinar exatamente se o que ocorre é por causa dos heróis, ou se os heróis ocorrem pelas causas... Em muitos casos há mesmo um amálgama.
"A dominação social no capitalismo, no seu nível mais fundamental, não consiste na dominação das pessoas por outras pessoas, mas na dominação das pessoas por estruturas sociais abstratas constituídas pelas próprias pessoas."

Moishe Postone, Tempo, trabalho e dominação social

Offline guicn

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Re: Regime Militar
« Resposta #208 Online: 23 de Outubro de 2008, 16:02:08 »
Concordo com Galthaar. Mas no caso que citei de Dom Pedro II, poxa vida, não precisa entrar na cabeça dele.
É tão simples fazer uma analise dos acontecimentos que desencadearam a Proclamação da Republica. Justamente no exato momento que começou as mudanças na Europa, as pressões internas aqui no pais, é que por "mágica" Dom Pedro II decidiu aceitar a República. Na verdade chutaram ele daqui. É aquele velho ditado "Ou dá ou desce".

Não é questão de pessimismo, descaso ou qualquer outro adjetivo citado por JUS EST ARS.
Eu tento analisar os fatos e tirar uma conclusão mais realista possível, em último caso proclamar alguém herói.
Há muita podridão em toda a nossa história e não julgo errado falar que todos esses momentos que achamos muito importantes (independencia e Proclamação), são meras trocas de interesse político e poder. Não houve nenhum grande ideal nessas ocasiões, muito menos ações dirigidas ao povo.

Analisar a história de maneira tão rasa, não serve pra mim. Se isso é ser pessimista, então infelizmente eu sou.


Offline DDV

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Re: Regime Militar
« Resposta #209 Online: 23 de Outubro de 2008, 20:11:01 »
Citação de: guicn
E depois Dom Pedro II meteu mais ainda o pé na jaca, pedindo mais grana ainda para financiar a Guerra do Paraguai, outro momento que o Brasil foi um mero fantoche.

Fantoche?

Olha, provavelmente você está se referindo àquela interpretação revisionista, de inspiração marxista, que começou a entrar na moda nos anos 70 e dizia que a Guerra do Paraguai nada mais foi do que um grande plano maquiavélico tramado pela Inglaterra para destruir o Paraguai, que era um exemplo perigoso por ser "avançado" e estar em via de desenvolvimento industrial.

Essa interpretação está completamente errada. Foi refutada por dados e documentações da época: nem o Paraguai era um país com tendência a se tornar bem desenvolvido, Solano López não era um ditador "progressista" (na verdade, muito pelo contrário) e nem a Inglaterra teve qualquer papel nessa guerra (os documentos do governo inglês da época só se referem ao Paraguai umas 2 ou 3 vezes, falando apenas de comércio).

Enfim, procure se atualizar um pouquinho. Os livros mais recentes (acho) já refutam isso.
Não acredite em quem lhe disser que a verdade não existe.

"O maior vício do capitalismo é a distribuição desigual das benesses. A maior virtude do socialismo é a distribuição igual da miséria." (W. Churchill)

Offline Luiz Souto

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Re: Regime Militar
« Resposta #210 Online: 23 de Outubro de 2008, 22:41:00 »
Fantoche?

Olha, provavelmente você está se referindo àquela interpretação revisionista, de inspiração marxista, que começou a entrar na moda nos anos 70 e dizia que a Guerra do Paraguai nada mais foi do que um grande plano maquiavélico tramado pela Inglaterra para destruir o Paraguai, que era um exemplo perigoso por ser "avançado" e estar em via de desenvolvimento industrial.

Essa interpretação está completamente errada. Foi refutada por dados e documentações da época: nem o Paraguai era um país com tendência a se tornar bem desenvolvido, Solano López não era um ditador "progressista" (na verdade, muito pelo contrário) e nem a Inglaterra teve qualquer papel nessa guerra (os documentos do governo inglês da época só se referem ao Paraguai umas 2 ou 3 vezes, falando apenas de comércio).

Enfim, procure se atualizar um pouquinho. Os livros mais recentes (acho) já refutam isso.

A interpretação da Guerra do Paraguai como articulada pelo imperialismo inglês , sendo o Brasil e Argentina seus agentes , foi divulgada pelo livro do Julio José Chiavenatto " Genocídio Americano: a Guerra do Paraguai".
O excelente livro de Francisco Doratioto " Maldita Guerra" destrói esta interpretação baseando-se em fontes primárias brasileiras ,argentinas , paraguaias e inglesas e mostra que a guerra foi fruto de conflitos regionais.

Citar
Na verdade, tanto a historiografia conservadora quanto o revisionismo simplificaram as causas e o desenrolar da Guerra do Paraguai , ao ignorar documentos e anestesiar o senso crítico.Ambos substituiram a metodologia do trabalhohistórico pelo emocionalismo fácil e pela denúncia indignada.Para uma análise mais precisa das origens e do desenrolar da guerra faltaram à historiografia conservadora, devido à época de seu surgimento , conhecimento metodológico e ,mesmo, documentação acessível ao pesquisador. Dessas atenuantes, porém, não se beneficia o revisionismo , em sua vertente antiimperialista , que tem a explicá-lo o momento histórico em que foi gerado e se desenvolveu , nas décadas de 1960 a 1980 , quando as sociedades destas partes da América do Sul viviam sob ditaduras militares , que , apesar de castradoras das liberdades civis , reivindicavam para si a defesa do pensamento liberal.Uma das formas de combater essas ditaduras era desmoralizar seus referenciais históricos , seus ídolos - na Argentina , Mitre ; no Brasil , o duque de Caxias - , e seus alicerces ideológicos. Daí o espírito acrítico com que o mundo acadêmico aceitou e reproduziu , naquele momento , publicações "revisionistas" sobre a Guerra do Paraguai , que mistificavam Solano Lopez e responsabilizavam o imperialismo britãnico pelo conflito. Contudo , continuar a defender , hoje , essa interpretação somente pode ser resultado da ignorância histórica ou , então , da natural dificuldade de se reconhecer errado.

Franciscco Doratioto , Introdução in Maldita Guerra - Nova história da Guerra do Paraguai , Companhia das Letras , 2002
Se não queres que riam de teus argumentos , porque usas argumentos risíveis ?

A liberdade só para os que apóiam o governo,só para os membros de um partido (por mais numeroso que este seja) não é liberdade em absoluto.A liberdade é sempre e exclusivamente liberdade para quem pensa de maneira diferente. - Rosa Luxemburgo

Conheça a seção em português do Marxists Internet Archive

Offline Moro

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Re: Regime Militar
« Resposta #211 Online: 24 de Outubro de 2008, 00:10:43 »
Isso Isso Isso, DDV e Luis

Esse é um dos mitos mais escrotos e sem nexo que eu tenho visto, mesmo vendo muitos mitos escrotos e sem nexo.
“If an ideology is peaceful, we will see its extremists and literalists as the most peaceful people on earth, that's called common sense.”

Faisal Saeed Al Mutar


"To claim that someone is not motivated by what they say is motivating them, means you know what motivates them better than they do."

Peter Boghossian

Sacred cows make the best hamburgers

I'm not convinced that faith can move mountains, but I've seen what it can do to skyscrapers."  --William Gascoyne

Offline JJ

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Re:Regime Militar
« Resposta #212 Online: 06 de Novembro de 2018, 14:44:31 »
Os rebeldes sem armas emboscados por um agente duplo da ditadura


Em tempos de delação premiada, obra de jornalista retrata o massacre da granja São Bento, de 1973, e traz a história de um dos famosos dedos-duros da ditadura, cabo Anselmo

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AFONSO BENITES

Brasília 4 SET 2017 - 15:18   CEST


O jornalista Luiz Felipe Campos.

NATHALIA PEREIRA DIVULGAÇÃO


Quantas pessoas você trairia para se livrar da prisão e de sessões de torturas? Quantas delas entregaria as vidas para assassinos vestidos de fardas e uniformes policiais? José Anselmo dos Santos, ex-marinheiro brasileiro conhecido como cabo Anselmo, foi um dos principais agentes duplos da ditadura militar e delatou ao menos 200. Sendo que cerca de cem perderam suas vidas. Seis delas durante uma chacina no então município de Paulista, em Pernambuco. É a história deste assassinato múltiplo que é retratada no livro O Massacre da Granja São Bento, lançado no último dia 29, em Recife.


MAIS INFORMAÇÕES
Os laços de um ex-militar do DOI-CODI com o infiltrado entre manifestantes em São Paulo
“Parecer do Governo sobre demarcação indígena é um retrocesso de 50 anos”
O Brasil desassombrado pelas palavras-fantasmas



Os minuciosos detalhes deste caso, ocorrido em janeiro de 1973, finalmente vieram à tona na obra assinada pelo jornalista e mestrando em antropologia Luiz Felipe Campos. Justamente em um momento em que os delatores são apontados no Brasil como uma espécie de heróis. A diferença, é que nos dias de hoje, eles desvelam casos de crimes de colarinho branco envolvendo a cúpula política e empresarial. Nos anos da ditadura militar, contribuíram para o cometimento de centenas de homicídios e torturas de presos políticos.


No livro, o autor relata como cabo Anselmo articulou uma falsa reestruturação de um grupo revolucionário armado em Pernambuco e os entregou para serem aniquilados por policiais e militares na área rural da então cidade de Paulista. Entre os assassinados estava a mulher com quem Anselmo viveu maritalmente em Recife, a militante paraguaia Soledad Barret Viedma.


O agente duplo cabo Anselmo, em 1972.
O agente duplo cabo Anselmo, em 1972. REPRODUÇÃO


Motivado por contar um caso regionalmente conhecido, mas pouco explorado por jornalistas e historiadores nacionalmente, Campos juntou cerca de 2.000 páginas de documentos em cinco anos de investigações que resultaram na obra. Ao menos 50 pessoas foram entrevistadas no período. Os principais relatos foram dados por um dos sobreviventes da chacina, o paraguaio Jorge Barrett, cunhado de Anselmo. “Percebi que essa era uma história que não estava bem contada. Tinha muito da versão oficial, algumas tentativas de desconstruir a versão de que chamava as vítimas de terroristas, mas nada que tentasse juntar todos os elos”, afirmou o jornalista ao EL PAÍS.


No livro, ele vai além: “No caso da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) em Pernambuco, a guerrilha nunca chegou a existir: desde sempre teve suas pernas amputadas e uma sentença de morte sobre as costas. Com os seis mortos foram enterrados também os sonhos de toda uma geração de guerrilheiros que, a seu modo, buscavam uma Sierra Maestra para chamar de sua no Brasil”.


Em um ritmo de thriller policial, a obra orbita em torno do cabo Anselmo. Mostra como ele reuniu no Pernambuco seis militantes contrários à ditadura sob a justificativa de reiniciar a luta armada urbana contra o regime. Segundo essa aprofundada pesquisa que gerou o livro, o ex-militar queria dar um tiro de misericórdia na Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) e em todo outro grupo que tentasse se articular contra os ditadores. “Em 1971, a luta armada de esquerda estava desmobilizada. Anselmo concordou em ser usado pelo regime para dar esse tiro de misericórdia. Era para passar um sinal para os outros grupos de que a luta armada não valeria a pena”, explica o autor. Um dos “comandantes” de Anselmo nessa trama foi o famoso delegado torturador Sergio Paranhos Fleury, um obstinado perseguidor de rebeldes que atuou no Departamento de Ordem Política e Social de São Paulo.


As vítimas do massacre da granja São Bento foram Soledad Barret, Jarbas Marques, Eudaldo Gomes da Silva, Evaldo Luiz Ferreira de Souza, Pauline Reichtsul e José Manoel da Silva. Todos foram traídos por Anselmo. Por quase um ano articularam maneiras de como unir forças para combater o regime militar. Não conseguiram adquirir uma só arma. Mas morreram identificados como terroristas, conforme estamparam em suas manchetes os jornais Diário de Pernambuco e Jornal do Commercio, em uma clara adesão à versão oficial.


Reprodução de jornal pernambucano de 1973.
Reprodução de jornal pernambucano de 1973. REPRODUÇÃO


Entre os dias 7 e 8 de janeiro de 1973, os seis foram presos. Seus corpos foram encontrados crivados de balas nas proximidades da chácara São Bento, no dia 9. Dos 32 projéteis encontrados nos corpos, 14 estavam alojados nas cabeças das vítimas. Diversas armas foram espalhadas ao redor dos cadáveres. A polícia, na ocasião, disse que desbaratou um congresso de militantes da VPR. Trocou tiros com eles. Matou todos. E nenhum policial saiu ferido, nem de raspão.


Uma das razões para a chacina ter ocorrido foi que o jogo duplo de Anselmo começou a ser desvendado. Na antevéspera do massacre, Soledad, a mulher dele, recebeu uma carta em que o comando da VPR que estava exilado no Chile alertava sobre a possibilidade da traição de Anselmo. Ingenuamente, ela mostrou a carta para o ex-militar. Foi sua sentença de morte e dos outros cinco companheiros dela. Assim que o sexteto foi preso, Anselmo deixou Recife da mesma forma que chegou, clandestinamente.


Na obra, o jornalista Campos também relata a luta das famílias em conseguir a reparação do Estado brasileiro e o reconhecimento de que todos foram vítimas da ditadura. Vários conseguiram, mas as marcas deixadas em alguns, jamais foram apagadas.




https://brasil.elpais.com/brasil/2017/08/31/politica/1504214451_556106.html



Offline JJ

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Re:Regime Militar
« Resposta #213 Online: 06 de Novembro de 2018, 14:54:41 »
[mode=sarcástico]
Vocês não percebem de quem é a culpa do caos nesse país? Ora, é óbvio: o culpado é o Fausto Silva!!
Explico: o Domingão do Faustão estreou em 1988. Ora, até o final dos anos 80 eu conseguia andar tranquilo nas
ruas. Desde então a violência aumentou absurdamente. Vocês não conseguem ver?! A culpa só pode ser do Fausto
Silva! Vamos invadir o estúdio da globo e prender esse sacana, assim o país vai ficar em ordem novamente!!
[mode off]

Agora substitua "Fausto Silva" por "democracia". |(
Agora vão lá na página inicial e leiam a lista de falácias.
Fico abismado ao ver pessoas aqui defendendo a ditadura, depois de uma geração inteira ter sofrido e lutado para nos
livrar dos governos militares. Aviso a vocês: Hitler reergueu a economia da Alemanha nos anos 30, e Pinochet melhorou
a economia do Chile. Mas isso não justifica uma ditadura.



"Fico abismado ao ver pessoas  [...]  defendendo a ditadura"


E  hoje  tem  muitos  tipos  tais  como:   bolsolóides,   olavóides,   intervencilóides.


Há um zoológico eclético  de   lóides  que defendem  tal coisa.




Offline Cinzu

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Re:Regime Militar
« Resposta #214 Online: 06 de Novembro de 2018, 15:22:17 »
Opinião do Paulo Guedes sobre o Regime Militar:


Com a desculpa de "enfrentar o comunismo", criaram na verdade um comunismo disfarçado.
"Não é possível convencer um crente de coisa alguma, pois suas crenças não se baseiam em evidências; baseiam-se numa profunda necessidade de acreditar"

Offline JJ

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Re:Regime Militar
« Resposta #215 Online: 07 de Novembro de 2018, 00:14:22 »
Traição e massacre na ditadura


Mataram seis numa ação única. O anúncio do tiroteio veio com estardalhaço. A mídia nacional escancarou a morte de seis terroristas num sítio próximo ao Recife. Ali estaria acontecendo um congresso da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), organização esquerdista, responsável por sequestros de embaixadores no Brasil. Àquela altura, janeiro de 1973, ainda segundo a notícia, a VPR já estava desarticulada pelas forças da ordem. Os nomes desfilaram junto com as imagens dos corpos: duas estrangeiras – a tcheca Pauline Reichstul e a paraguaia Soledad Barret Viedma – e quatros brasileiros, Eudaldo Gomes da Silva, Jarbas Pereira Marques, Evaldo Luiz Ferreira de Souza, José Manuel da Silva.

Havia ainda a lacônica informação de que “dois terroristas conseguiram fugir”.

A mídia espalhava a notícia de acordo com o comunicado recebido dos órgãos de segurança. Aliás, a única fonte de informação de fatos ligados à segurança nacional, naquele tempo de rigorosa censura. Era esse o ritual informativo. A censura só permitia publicar a versão oficial. Fora disso, sabia-se pouco, ouvindo emissoras de rádio do exterior (BBC de Londres, Voz da América, Rádio Moscou, Rádio França Internacional), muitas vezes, graças aos boletins de notícias e análises distribuídos pela Frente Brasileira de Informação, fundada em 1969 por exilados brasileiros na Argélia, à frente Miguel Arraes.

Só nos anos de 1980, com o processo de abertura política lenta, segura e gradual, no jargão oficial, é que outras versões daquele mesmo episódio sangrento começaram a ser difundidas com base em testemunho de parentes, amigos e companheiros, estimulados a revelar o que sabiam em face do clima de liberdades democráticas. Assim, o episódio narrado no início deste artigo foi sendo esclarecido aos poucos. Já agora, em 2017, pode-se conhecer, finalmente, de forma ordenada, documentada e sistemática, todos os passos da morte daquelas seis pessoas.


Não houve tiroteio, foi um massacre.


É isso que revela o livro O massacre da Granja São Bento: a história de como um traidor e um torturador de aliaram em um dos crimes mais brutais da ditadura militar no Brasil, narrado pelo jovem Luiz Felipe Campos, jornalista, que cursa o mestrado do Programa de Pós-graduação em Antropologia da UFPE. O livro foi publicado em agosto pela Companhia Editora de Pernambuco – CEPE.


Quem é o traidor?


O traidor é José Anselmo dos Santos, um soldado da Marinha que se notabilizou como cabo Anselmo, presidente da Associação dos Marinheiros e Fuzileiros Navais do Brasil (AMFNB) que liderou movimento de rebeldia de cabos e soldados das forças armadas, um dos pretextos visíveis para a deflagração do movimento golpista de 1964 que depôs o presidente João Goulart. Entre as pessoas então assassinadas estava a própria companheira de Anselmo, Soledad Barret. Solidad provinha de família de militantes políticos afeitos à luta clandestina contra a ditadura do general Alfredo Strossner. Eles se conheceram em Cuba, quando frequentaram curso de guerrilha, no tempo da ilusão revolucionária de Che Guevara de criar na América Latina situações como a do Vietnam.

E o torturador?

Era uma figura emblemática da repressão, o delegado paulista Sérgio Fleury, convocado para cumprir missões sujas, à margem da lei, destinadas a combater as organizações de esquerda que optaram pela luta armada. Ou mesmo cidadãos que contestavam o regime militar.

Fonte: Diário do Sertão, 16/10/2017


http://memoriasreveladas.gov.br//component/content/article?id=347

Offline Arcanjo Lúcifer

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Re:Regime Militar
« Resposta #216 Online: 07 de Novembro de 2018, 02:44:26 »
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Entre as pessoas então assassinadas estava a própria companheira de Anselmo, Soledad Barret. Solidad provinha de família de militantes políticos afeitos à luta clandestina contra a ditadura do general Alfredo Strossner. Eles se conheceram em Cuba, quando frequentaram curso de guerrilha, no tempo da ilusão revolucionária de Che Guevara de criar na América Latina situações como a do Vietnam.

Só gente boa, coitadinhos.

Offline JJ

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Re:Regime Militar
« Resposta #217 Online: 07 de Novembro de 2018, 10:13:40 »
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Entre as pessoas então assassinadas estava a própria companheira de Anselmo, Soledad Barret. Solidad provinha de família de militantes políticos afeitos à luta clandestina contra a ditadura do general Alfredo Strossner. Eles se conheceram em Cuba, quando frequentaram curso de guerrilha, no tempo da ilusão revolucionária de Che Guevara de criar na América Latina situações como a do Vietnam.

Só gente boa, coitadinhos.

Gente boa sim. Gentemuito melhor do que os direitistas que eu conheço aqui em Goiás e Tocantins.

E independentemente da classificação subjetiva gente boa ou não gente boa , o que interessa fundamentalmente é que eles estavam tentando exercer o direito de terem seus próprios valores políticos. Isto é um direito democrático que foi tirado pelos canalhas que implantaram a ditadura e pelos monstros psicopatas malditos que covardemente os atacaram.
 

Offline JJ

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Re:Regime Militar
« Resposta #218 Online: 07 de Novembro de 2018, 10:21:08 »



Tem direitistas que conheço aqui em Goiás e Tocantins, que inclusive usam um linguajar muito semelhante a nazistas, pois falam em exterminar pessoas que tenham ideologias políticas que contrariem a ideologia deles


 8-)
« Última modificação: 07 de Novembro de 2018, 12:24:43 por JJ »

 

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