Por exemplo?
A negação da existência de uma entidade superior, a visão referente a moralidade.
Temos ateus fortes, ateus fracos, agnósticos, panteístas, até mesmo "católicos não-praticantes" que são ateus em tudo exceto na aparência superficial. E nem mesmo conseguimos consenso sobre o que esses termos significam...
e quanto à moralidade, temos ainda menos união; há o Humanismo Secular, o Utilitarismo, o Niilismo, o Marxismo e duas ou três doutrinas egocêntricas parareligiosas imbecis que procuram se infiltrar no meio e encher o saco...
Podem, claro. Mas não o farão simplesmente por ser ateus, nem deveriam.
Mas por que não deveriam?
Porque o que buscamos é respeito ao nosso direito exercer nossa liberdade de não seguir os mesmos dogmas que a maioria da sociedade, não o direito de renunciar a essa liberdade para criar nossos próprios dogmas...
Respeitado, sim. Mas apresentado como uma ideologia ou mesmo religião? Isso já é ir um tanto longe demais, e traz o risco de parecer legitimizar movimentos especificamente contra-ateístas.
Longe demais? O ateísmo é uma corrente de pensamento que está crescendo em todo o mundo. Por que não podemos "oficializar" nossa posição?
Ateísmo não é uma corrente de pensamento, é um atributo MENOR que tem afinidade em vários graus com uma variedade de correntes distintas que não tem realmente muito a ver umas com as outras.
Não vejo vantagem em fazer do ateísmo uma bandeira; isso só reforçaria os preconceitos dos que crêem que há uma "mentalidade ateísta" que quer impor uma visão específica sobre moralidade, filosofia da ciência, economia ou educação.
Essa visão sempre foi ingênua, mas custa a morrer.
Se apresentarmos um "inimigo concreto" (em vez de uma quimera imaginária) para quem quer "defender o povo do mal que é o ateísmo" só vamos conseguir mais aborrecimento.
Afinal de contas, a não-existência de Deus é apenas um fato que constatamos; não é como se fosse uma MUDANÇA a ser proposta ou defendida... o mundo não vai mudar por causa do ateísmo, e sim pelo estabelecimento de uma MATURIDADE que aceite o ateísmo com a naturalidade devida. E isso se consegue com
diálogo respeitoso e busca de
integração, não com confronto precipitado.