Adriano,
O futuro é nada no seu caso como um espírita, pois não existe vida após a morte. Retribuindo o elogio. O futuro de quem não acredita na vida após a morte é do seu momento atual até a morte, esse sim o futoro real.
Como respondi ao HSette, aqui não é o lugar para discutir o que ou o que não é, mas o que seria ou o que não seria.
- pensaria mais em mim mesmo e em como ser mais feliz aqui, e deixaria de me preocupar muito com os outros;
Isto me parece mais um ataque do que uma racionalização. E está fazendo isso, então não é questão de ser cético.
- se algum dia me ocorresse algo muito desagradável, uma doença degenerativa, uma prisão perpétua, um AVC que me colocasse numa cadeira de rodas para sempre, como exemplos, eu consideraria seriamente a possibilidade de suicídio;
Não há suicídio nessa situação e sim eutanázia, e é um tema muito controverso independente de ser cético.
- também não me esforçaria tanto para domar certos desejos instintivos em mim, mas que penso não serem adequados por ferirem os sentimentos alheios;
Novamente só vejo como ofensa aos céticos.
Esses seus questionamentos mereceriam desenvolvimento, mas como já foi anteriormente feito em respota à Fabi e ao Luis Dantas, não vou fazê-lo novamente.
Claro, assim como você não seria besta de agir da maneira que falou se fosse cético:
É claro que agiria. Eu sempre ajo pelo lado mais prático e racional.
Respondendo por mim, que sou espírita, caso adquirisse a convicção do "nada" ou da perda da individualidade:
Já começa com um preconceito ao pensar que outras formas de pensar que não espírita seja nada ou perda individualidade. Afirmação preconceituosa e que não convém numa discussão séria.
Este tópico se refere aos que assim pensam. E eu não disse que era "nada" o que as outras pessoas pensavam ou que perdiam a individualidade. Eu disse que eram os que criam no "nada", ou na perda da individualidade após a morte, que em linhas gerais é quase a mesma coisa.
- eu trabalharia mais para o presente do que para o futuro;
Apesar do futuro não ser outras vidas a lógica é a mesma, existe um futuro numa única vida e não há motivo
algum para se pensar diferente quanto ao futuro.
Eu quis dizer que trabalharia para um futuro mais imediato e de curto prazo (sei lá, 30 ou 40 anos), e não para um futuro mais distante que nem mesmo nessa vida eu conseguirei ver.
- não teria filhos, pois não iria querer a minha prole sofrendo neste mundo por nada e não iria querer gastar o meu tempo cuidando de crianças quando poderia aproveitar a vida;
O mundo não fica pior por não existir outras vidas. É o mesmo mundo de um espírita.
Eu tenho filhos porque quero influir na educação de alguns irmãos espirituais e ajudá-los a melhorar. Mas eles dão trabalho, geram despesas, tiram bastante a sua liberdade, e você ainda por cima se afeiçoa a eles. Sem filhos eu não teria que pensar no futuro. Para que esse trabalho todo se tanto o futuro deles quanto o meu é o nada? É mais uma vez uma questão de ser prático.
- se algum dia conseguisse enriquecer, colocaria tudo numa poupança que rende 0,5% ao mês e iria viver a vida de playboy milionário, ao invés de abrir empresas, que dão muitas dores de cabeça;
O que tem a ver ser playboy milionário? Apenas demonstra a sua opinião degratande de um cético como uma pessoa sem moral. Mas usou um bom artifício para fazer isso.
Estava só dizendo o que eu faria. Hoje eu creio que a riqueza é um empréstimo que deve ser usada para impulsionar o progresso, e não um favor divino que eu tenho que tratar de usufruir até acabar. Se o futuro fosse o "nada" e eu não tivesse que prestar contas a ninguém, nada mais racional do que sair por aí, conhecer pessoas, conhecer culturas, restaurantes, belas paisagens, etc... Aguentar empregados, sindicato, prefeitura, impostos, para quê?
- me desesperaria perante uma grande injustiça que eu não pudesse evitar, etc…
Claro, pois o espírita sabe que tal injustiça vai ser equacionada pela lei da cause e efeito e acha que o cético é um besta de se desesperar com injustiça.
Houve um tempo em que eu duvidava e me indignava. Eu via aqueles terroristas decapitando um inocente, o ódio invadia o meu coração e eu ficava imaginando meios de matá-los bem devagarinho. Hoje eu tenho pena deles, pelo que terão que reparar no futuro e que poderiam ter evitado.
Não é que eu diga que não devam ter punição, mas o fato de eu saber, de ter certeza, que terão que passar por situações similares às que fizeram outros sofrerem consegue abafar a minha raiva. Antes eu tinha uma sensação de impunidade. Hoje eu não tenho mais e não penso mais em vingança.
Um abraço.