Vou dar meu pitaco baseado na minha vivência de ambulatório/ aulas. Mas já aviso que não é bem "minha área não".
A princípio achei a ideia ridícula e até dei risada. Mas depois fiquei com isso na mente e resolvi pesquisar sobre psicopatia, e o que me deixou cabulado é que praticamente todas características dela se encaixam no perfil:
- Orgulhoso, egoísta;
- Dono da razão, nunca está errado;
- Possessivo;
- Dramatizar situações;
- Desejar o mal aos outros;
- Detestar animais;
- Se passa por vítima, reclama que o mundo é injusto;
- Manipulador, gosta de ser o centro das atenções;
- Não sente culpa;
- Desequilibrado emocionalmente;
- Entre outras coisas.
Quando os psiquiatras estabelecem critérios de diagnóstico para doenças que realmente impactam a nossa vida, geralmente isso é feito tendo em mente sintomas muito mais extremos do que você imagina ao ler a descrição. Por exemplo: uma pessoa histriônica, que quer ser o centro das atenções fica literalmente gritando e falando coisa atrás de coisa atrás de coisa ao extremo para ser o centro de atenção.
"Detestar animais" deve significar que a pessoa fica chutando e violentando animais (não cutucando, machucando mesmo).
Ser o "dono da verdade" deve significar mais pessoas que falam, por exemplo: A, o carro era laranja, era laranja sim e briga feio por uma discussão assim, não o fato de ela achar uma coisa e você não conseguir mudar a opinião dela.
"Se passar de vítima" deve ser uma pessoa que fica dizendo que fica enfatizando muito que a culpa de todos os seus problemas são outras pessoas, que ela não tem poder nenhum sobre a sua vida (mas novamente, interprete isso de uma forma mais extrema do que parece, uma pessoa que acha que o governo ou uma empresa a prejudica não se encaixa muito bem).
"Não sente culpa": tipo, ofende as pessoas a troco de nada e, se você perguntar, ela vai dizer que não achou errado fazer isso (a ponto de prejudicar muito própria vida de si mesma por fazer isso).
E além do mais, cada psicopatia é uma psicoptia. Não ache que uma pessoa histriônica ou bipolar é perigosa porque provavelmente não é. E tem estudos que mostram que tipo 30% (não sei exatamente, mas é grande) da população poderia ser enquadrado em algum diagnóstico desses. Ou seja, poderia se dizer que muita gente é psicopata mas não machucam ninguém por isso. Acho que você só deveria se preocupar em casos de sintomas extremos.
Acho que o que ocorre é que muitos psiquiatras fazem essas perguntas para os pacientes e eles respondem sim só por identificarem essas coisas pelo que entendem da pergunda, não pela interpretação de que quem fez esses critérios. Eu particularmente acho a forma como são fraseados esses critérios leva a um exagero de diagnóstico: a dizer que características das pessoas são uma doenças e que consequentemente devem ser tratadas.
Mesmo com essas características negativas, no geral ela é uma boa pessoa e me dou bem com ela. Porém acho estranho a ideia dela ser psicopata... Talvez seja apenas algo que coloquei na minha cabeça. Devo simplesmente ignorar isso ou ser mais cauteloso na minha convivência?
Eu não me preocuparia, são poucas as pessoas que acabam "evoluindo" a psicopatia a um nível de te machucar, se você gosta dela, deixa isso de mão. Se fosse um caso de esquizofrenia, ela achar que tem gente vigiando ela (a pessoa acha que o vizinho está instalando câmeras na sua casa, que tem um chip no cérebro, etc), ouvindo vozes, vendo coisas, aí sim acho justificado manter uma distância (mas deve valer a pena pedir para ela se tratar antes de se afastar dela), pois acho que essas pessoas realmente podem ser perigosas. Se a pessoa tiver um surto psicótico também talvez seja bom se afastar dela. Tipo se a pessoa jogar móveis pela janela, acabar com um encontro de amigos sem uma boa razão, sumir e for encontrada em outra cidade depois. Mas veja, são casos óbvios graves, fora isso repito que a possibilidade de ela vir a te machucar devido a alguma outra "psicopatia" é muito pequena.
Dito isso, acho que há mais uma coisa que você devia considerar nesse caso. Uma pessoa com depressão se afasta das pessoas pois está deprimida, isso é interpretado de forma ruim pelas outras pessoas que acabam se afastando mais dela por isso, o que cria um feedback positivo perverso. Então, não sei como é a situação dela, mas acho que você discriminar ela pelo tal do diagnóstico poderia ser desnecessário e cruel.
Para finalizar, repito que não é a área que mais gosto de estudar, muito possivelmente tem gente aqui, mesmo não médicas que pode ter um entendimento da coisa melhor que eu.