Autor Tópico: Muro das Lamentações do CC  (Lida 1499714 vezes)

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Offline Geotecton

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Re: Muro das Lamentações do CC
« Resposta #17475 Online: 21 de Maio de 2011, 10:34:50 »
Estou no hospital acompanhando meu pai.
[...]
Enfim... é isso!

Faço votos que seu pai e seu irmão se recuperem!
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Offline Diegojaf

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Re: Muro das Lamentações do CC
« Resposta #17476 Online: 21 de Maio de 2011, 10:51:32 »
Melhoras pro teu pai, Dodo.
"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto." - Rui Barbosa

http://umzumbipordia.blogspot.com - Porque a natureza te odeia e a epidemia zumbi é só a cereja no topo do delicioso sundae de horror que é a vida.

Offline uiliníli

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Re: Muro das Lamentações do CC
« Resposta #17477 Online: 21 de Maio de 2011, 11:12:50 »
Se você consegue ver semelhanças entre alguém que é ativamente nocivo para a sociedade e alguém que se aposentou depois de uma vida contribuindo, realmente, temos visões muuuuuuito diferentes.

É, parece que você não sabe o que significa reductio ad absurdum. Ou está se fazendo de ingênuo. Wikipedia pra você.



Estou no hospital acompanhando meu pai.

Não sei o que lamentar mais;

- O fato dele estar doente e, tudo indica, ser algo muito grave (tumor no esofago);
- Nós nunca termos nos dado muito bem ( o que é algo irrelevante hoje, botei uma pedra em cima) e, devido a isso, estarmos um pouco distantes;
- Eu ter que usar dos contatos que tenho para poder agilizar essa internação pra ele, pois se dependesse  dos trâmites normais o único lugar que iria aceitá-lo seria um cemitério (meu lamento é pelas coisas no Brasil chegarem a este ponto);
- Lamento que meu irmão não pode vir ficar no meu lugar (ainda estou precisando de bengala e saí direto do trabalho pra cá) porque está tão bêbado (ele é alcoólatra) que foi dormir todo vomitado.

Enfim... é isso!

Que merda dodo. 

Não sou bom nesse negócio de votos e desejos de melhoras. Tenho que me expressar do mesmo jeito que o Agnóstico. Que merda, dodo  :(

Offline Diegojaf

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Re: Muro das Lamentações do CC
« Resposta #17478 Online: 21 de Maio de 2011, 11:25:04 »

É, parece que você não sabe o que significa reductio ad absurdum. Ou está se fazendo de ingênuo.

Sim, sei. Mas na forma como você coloca, ela se torna mais uma falácia do que um argumento.
« Última modificação: 21 de Maio de 2011, 11:28:04 por Diegojaf »
"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto." - Rui Barbosa

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Offline uiliníli

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Re: Muro das Lamentações do CC
« Resposta #17479 Online: 21 de Maio de 2011, 11:32:53 »
Então tá. Argumento é dizer que eu considero um aposentado a mesma coisa que um criminoso. Dizer que o valor de um ser humano não é medido pela sua utilidade para a sociedade, usando os aposentados como exemplo, é que é uma falácia. Entendi, Jaf, obrigado pelo esclarecimento.

Offline Diegojaf

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Re: Muro das Lamentações do CC
« Resposta #17480 Online: 21 de Maio de 2011, 11:42:16 »
Então tá. Argumento é dizer que eu considero um aposentado a mesma coisa que um criminoso. Dizer que o valor de um ser humano não é medido pela sua utilidade para a sociedade, usando os aposentados como exemplo, é que é uma falácia. Entendi, Jaf, obrigado pelo esclarecimento.

Ué, em que momento eu comparei a "utilidade" de um criminoso à de um aposentado? Não tava mais do que implícito que nesse quesito "utilidade" tava o fato de que o primeiro é nocivo à sociedade?

Não dá pra comparar a forma com que a sociedade encara um aposentado, uma pessoa que depois de uma vida passa a poder descansar (hipoteticamente) e a forma que ela vê um criminoso.

Agora você me vem com "então os aposentados são inúteis, logo, valem menos". Isso foi um verdadeiro tobogã.
"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto." - Rui Barbosa

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Offline uiliníli

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Re: Muro das Lamentações do CC
« Resposta #17481 Online: 21 de Maio de 2011, 11:50:42 »
Estou é questionando sua premissa de que o valor de um ser humano é medido pela sua utilidade, seja ela positiva, negativa ou nula. O ser humano tem valor intrínseco e absoluto, nenhuma pessoa deve ter seus direitos humanos negados por razão alguma.

Offline Diegojaf

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Re: Muro das Lamentações do CC
« Resposta #17482 Online: 21 de Maio de 2011, 11:59:20 »
Estou é questionando sua premissa de que o valor de um ser humano é medido pela sua utilidade, seja ela positiva, negativa ou nula. O ser humano tem valor intrínseco e absoluto, nenhuma pessoa deve ter seus direitos humanos negados por razão alguma.

Por razão alguma?

Realmente, você tem valores muito diferentes...
"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto." - Rui Barbosa

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Offline uiliníli

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Re: Muro das Lamentações do CC
« Resposta #17483 Online: 21 de Maio de 2011, 12:00:51 »
Eu não, eu tenho valores iguais. São os valores que regem o estado democrático de direito. Quem tem valores diferentes é você.

Offline Diegojaf

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Re: Muro das Lamentações do CC
« Resposta #17484 Online: 21 de Maio de 2011, 12:08:59 »
Eu não, eu tenho valores iguais. São os valores que regem o estado democrático de direito. Quem tem valores diferentes é você.
O nosso e todos os Estados prevêm excessões óbvias para a prevalência absoluta de direitos fundamentais. Excessões que são aplicadas diariamente quando um ser humano abre mão de seus próprios direitos ao colocar em risco o direito de terceiros.

Nestas situações, o direito à vida, à integridade física, à liberdade de determinados indivíduos passam a valer menos do que a de outros, tendo em vista a integridade de quem se vê ameaçado por estes. Logo, os DDHH estão londe de serem algo absoluto.

Ou a vida de um sequestrado com a arma direcionada para a sua cabeça tem o mesmo valor de que a de seu sequestrador?
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Offline uiliníli

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Re: Muro das Lamentações do CC
« Resposta #17485 Online: 21 de Maio de 2011, 12:21:29 »
O direito à autodefesa e à defesa de outras pessoas também é um direito humano fundamental. A questão é o que é legítima defesa e o que não é, matar um bandido que ameaça direta e imediatamente a sua integridade ou a de outra pessoa quando não há outra alternativa não letal disponível é legítima defesa; executar um bandido rendido ou imobilizado é assassinato. O bandido pode ser o mesmo, o que muda é a circunstância, então há circunstâncias que legitimam a ação e outras que não legitimam, não é uma questão de quais são os direitos intrínsecos da pessoa. O direito a auto-defesa não contradiz o direito a vida do agressor, portanto, você sabe que o código legal exige que essa defesa seja justificada.
« Última modificação: 21 de Maio de 2011, 12:23:55 por uiliníli »

Offline Geotecton

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Re: Muro das Lamentações do CC
« Resposta #17486 Online: 21 de Maio de 2011, 12:30:47 »
[...]
O ser humano tem valor intrínseco e absoluto, nenhuma pessoa deve ter seus direitos humanos negados por razão alguma.

O ser humano realmente tem valor intrínsico e absoluto?

Os direitos humanos não são o produto da construção civilizacional, portanto relativos aos diversos povos e culturas? Ou não?
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Offline Diegojaf

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Re: Muro das Lamentações do CC
« Resposta #17487 Online: 21 de Maio de 2011, 12:31:33 »
O direito à autodefesa e à defesa de outras pessoas também é um direito humano fundamental. A questão é o que é legítima defesa e o que não é, matar um bandido que ameaça direta e imediatamente a sua integridade ou a de outra pessoa quando não há outra alternativa não letal disponível é legítima defesa; executar um bandido rendido ou imobilizado é assassinato. O direito a auto-defesa não contradiz o direito a vida do agressor, portanto, você sabe que o código legal exige que essa defesa seja justificada.

Logo, existem exceções e estes direitos não são absolutos. Existem ocasiões onde um indivíduo abre mão deles e o Estado não passa mais a protegê-lo.

Como diz a própria Declaração, todos podem ter estes direitos, mas eles não serão aplicados àqueles que agem de maneira contrária aos seus objetivos.

Felizmente nosso Estado entende e aplica isso. Pelo menos até que a ladainha das entidades de DDHH continue sendo só isso, ladainha.
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Offline Moro

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Re: Muro das Lamentações do CC
« Resposta #17488 Online: 21 de Maio de 2011, 18:38:02 »
Estou é questionando sua premissa de que o valor de um ser humano é medido pela sua utilidade, seja ela positiva, negativa ou nula. O ser humano tem valor intrínseco e absoluto, nenhuma pessoa deve ter seus direitos humanos negados por razão alguma.

E quem mediria essa utilidade?
“If an ideology is peaceful, we will see its extremists and literalists as the most peaceful people on earth, that's called common sense.”

Faisal Saeed Al Mutar


"To claim that someone is not motivated by what they say is motivating them, means you know what motivates them better than they do."

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Sacred cows make the best hamburgers

I'm not convinced that faith can move mountains, but I've seen what it can do to skyscrapers."  --William Gascoyne

Offline Nina

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Re: Muro das Lamentações do CC
« Resposta #17489 Online: 21 de Maio de 2011, 21:28:35 »
Estou no hospital acompanhando meu pai.

Não sei o que lamentar mais;

- O fato dele estar doente e, tudo indica, ser algo muito grave (tumor no esofago);
- Nós nunca termos nos dado muito bem ( o que é algo irrelevante hoje, botei uma pedra em cima) e, devido a isso, estarmos um pouco distantes;
- Eu ter que usar dos contatos que tenho para poder agilizar essa internação pra ele, pois se dependesse  dos trâmites normais o único lugar que iria aceitá-lo seria um cemitério (meu lamento é pelas coisas no Brasil chegarem a este ponto);
- Lamento que meu irmão não pode vir ficar no meu lugar (ainda estou precisando de bengala e saí direto do trabalho pra cá) porque está tão bêbado (ele é alcoólatra) que foi dormir todo vomitado.

Enfim... é isso!

Lamento muito, Dodo. Muito mesmo.

Estimo melhoras para seu pai e que seu irmão perceba que precisa de ajuda.
"A ciência é mais que um corpo de conhecimento, é uma forma de pensar, uma forma cética de interrogar o universo, com pleno conhecimento da falibilidade humana. Se não estamos aptos a fazer perguntas céticas para interrogar aqueles que nos afirmam que algo é verdade, e sermos céticos com aqueles que são autoridade, então estamos à mercê do próximo charlatão político ou religioso que aparecer." Carl Sagan.

Offline Dr. Manhattan

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Re: Muro das Lamentações do CC
« Resposta #17490 Online: 21 de Maio de 2011, 21:59:59 »
Lamento por seu pai e seu irmão, Dodo. Estimo melhoras a ambos.
You and I are all as much continuous with the physical universe as a wave is continuous with the ocean.

Alan Watts

Offline gogorongon

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Re: Muro das Lamentações do CC
« Resposta #17491 Online: 21 de Maio de 2011, 22:30:08 »
Flor. Esse foi o nome do coelho da minha mãe.

Quando minha mãe pegou ele jovem para criar, pegou junto com um coelho branco de olhos vermelhos. Flor era marrom.

Minha mãe achou que Flor fosse fêmea, por isso deu esse nome e os dois coelhos viviam juntos. Depois que os coelhos foram crescendo e o coelho branco passou a agredir o Flor invés de tentar cruzar com ele, minha mãe começou a perceber que tinha algo estranho. Depois de alguns meses com o Flor crescendo e apanhando do coelho branco dentro da gaiola de 1,5 m² em que eles viviam, minha mãe percebeu que Flor também era macho, e algum tempo depois arrumou outro dono para o coelho branco.

A princípio minha mãe disse que também arrumaria outro dono e outro nome para Flor, mas já estava apegada a Flor e gostava demais do nome para mudar. Flor viveu sozinho na gaiola desde então.

Uma gaiola com chão de plástico, aonde Flor tinha que dormir e caminhar em meio à própria urina e fezes até algum de nós ter tempo disponível para limpar. Ele comia ração, folhas de alface, e não sei se mais algo, além de tomar água. Minha mãe gostava de conversar com Flor, e de vez em quando fazia algum carinho nele.

Essa gaiola fica junto à garagem e ao quintal, e Flor era o único animal de estimação nosso que vivia preso. Era por proteção, porque alguns dos nossos gatos adultos já tentaram atacar ele, e também para protetê-lo contra os gatos da vizinhança. Meu cachorro, que tem porte pequeno, chegava a latir para Flor e já correu atrás dele, mas já fazem alguns meses que tinha se acostumado.

Hoje meu expediente era para ter sido apenas até as 16:00. Minha líder resolveu me botar para cuidar do fechamento do expediente no lugar dela, e saiu mais cedo no meu lugar. Desde a hora em que ela me deu essa noticia passei o resto do dia com desgosto, porque já sou encarregado disso durante metade dos dias da nossa escala, e porque eu queria aproveitar o sol para fazer alguma coisa em casa, invés de chegar tarde e já cansado.

Minha mãe apareceu de surpresa no meu serviço pouco depois das 16:00 para me levar para casa, e tive que contar a ela que ainda poderia levar mais de três horas para eu poder sair. Quando tudo terminou e pude sair já estava escuro, eram 19:10.

Ao chegarmos em casa, abri o portão, e a boxer que minha mãe recentemente pegou para ajudar a cuidar da segurança da casa estava solta. A cachorra saiu pelo portão e tentou correr atrás de um dos nossos gatos menores, aí agarrei ela pela coleira e trouxe para dentro. Minha mãe entrou com o carro e não encontrou o coelho na gaiola. Minha irmã pegou uma lanterna para ajudar a procurar o coelho, aí meu cachorro a guiou e mostrou aonde o coelho estava. Morto. No quintal.

Após minha irmã contar que o coelho estava morto, minha mãe segurou meu cachorro pelo pescoço e ficou gritando e batendo nele. Passo pouquíssimo tempo em casa para saber, mas pelo que minha irmã disse meu cachorro tem o costume de ajudar a boxer a se soltar para os dois brincarem juntos. A boxer já tinha tentado atacar o coelho e os gatos antes, se jogando contra a gaiola do coelho, e da outra vez em que fez isso o coelho fugiu da gaiola e correu para um canto entre um móvel e as paredes da garagem, a tempo da gente segurar a boxer. Mas dessa vez não estávamos em casa, e o coelho, que não tinha a liberdade nem a mesma capacidade de fuga que os gatos, morreu. Tanto quanto tristeza, minha mãe ficou com raiva dessa situação toda, e já gritou com todo mundo aqui.

Meu ponto é que esse finado coelho levou uma vida de sofrimento. Completamente privado da autonomia que poderia ter tido e impossibilitado de ter uma vida diferente. Ele não pôde ter escolhas. Passei meses comentando, tentando argumentar com minha mãe que Flor merecia uma vida que não tínhamos condições de dar. Ele morreu sem passar por algo na vida além do que passava naquela gaiola. E é assim que fui criado.

Tenho um medo mortal de passar o resto da minha vida com minha família. Tenho minha própria cota de desastres previsíveis para acontecer quando minha mãe não estiver mais presente, e ela não me dá autonomia. Na eventualidade de acontecer alguma coisa com ela posso quase certamente dar adeus a tudo. Não tenho margem de manobra -- amigos, família, ou um emprego que me dê independência.

Eu tenho medo de um dia não valer mais a pena eu viver. E sou capaz de passar por cima do que quer que seja, nem que seja por cima de mim mesmo, para poder evitar isso.

Minhas mãos ainda estão com cheiro dos pêlos do coelho morto, que tive que enterrar. Eu tinha que desabafar essa m* em algum lugar, agora vou me limpar.

Offline Geotecton

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Re: Muro das Lamentações do CC
« Resposta #17492 Online: 22 de Maio de 2011, 00:37:22 »
[...]
Tenho um medo mortal de passar o resto da minha vida com minha família.

Provavelmente não acontecerá, se voce for atrás dos seus objetivos. Neste interim procure levar a relação o mais serena possível. Eu, por exemplo, somente saí da casa dos meus pais com 37 anos, apesar de já possuir meu próprio local.


Tenho minha própria cota de desastres previsíveis para acontecer quando minha mãe não estiver mais presente, e ela não me dá autonomia. Na eventualidade de acontecer alguma coisa com ela posso quase certamente dar adeus a tudo. Não tenho margem de manobra -- amigos, família, ou um emprego que me dê independência.

É necessário que planeje a vida financeira e patrimonial tanto sua como a de sua irmã no caso de uma eventual falta repentina de sua mãe, principalmente se a sua irmã for de menor. Uma previdência privada mensal, mesmo que de pequena monta, fará uma tremenda diferença, em especial se voce for novo (30 anos ou menos).

 
Eu tenho medo de um dia não valer mais a pena eu viver.

Vale a pena viver sim, dia-a-dia, principalmente se voce tiver objetivos bem definidos, não importando quão simples eles sejam.


E sou capaz de passar por cima do que quer que seja, nem que seja por cima de mim mesmo, para poder evitar isso.

Minhas mãos ainda estão com cheiro dos pêlos do coelho morto, que tive que enterrar. Eu tinha que desabafar essa m* em algum lugar, agora vou me limpar.

Um bom banho e uma boa noite de sono lhe farão bem.
« Última modificação: 22 de Maio de 2011, 12:38:22 por Geotecton »
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Offline Fabi

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Re: Muro das Lamentações do CC
« Resposta #17493 Online: 22 de Maio de 2011, 00:42:54 »
Meu ponto é que esse finado coelho levou uma vida de sofrimento. Completamente privado da autonomia que poderia ter tido e impossibilitado de ter uma vida diferente. Ele não pôde ter escolhas. Passei meses comentando, tentando argumentar com minha mãe que Flor merecia uma vida que não tínhamos condições de dar. Ele morreu sem passar por algo na vida além do que passava naquela gaiola.
:( ...  Que triste.
Hoje eu descobri que um gato que eu tinha visto, fazia umas duas semanas, rondando (que achei e me disseram que era de algum vizinho) na verdade tinha sido abandonado por uma vizinha sem coração, e tava passando fome. Mas o gato já foi adotado.

Eu fiquei indignada com essa vizinha que adotou um gatinho, contou pra todo mundo, e aí abandonou assim do nada.  Isso que ela já tinha adotado outros 2 gatos, que também queria desfazer depois, e minha mãe ajudou a encontrar alguém que adotasse os dois. E agora pegou esse e jogou fora. :hmph:
E é assim que fui criado.

Tenho um medo mortal de passar o resto da minha vida com minha família. Tenho minha própria cota de desastres previsíveis para acontecer quando minha mãe não estiver mais presente, e ela não me dá autonomia. Na eventualidade de acontecer alguma coisa com ela posso quase certamente dar adeus a tudo. Não tenho margem de manobra -- amigos, família, ou um emprego que me dê independência.

Eu tenho medo de um dia não valer mais a pena eu viver. E sou capaz de passar por cima do que quer que seja, nem que seja por cima de mim mesmo, para poder evitar isso.

Minhas mãos ainda estão com cheiro dos pêlos do coelho morto, que tive que enterrar. Eu tinha que desabafar essa m* em algum lugar, agora vou me limpar.
Não adianta passar a vida com medo/pensando no que vai acontecer porque as vezes pode nem acontecer (a gente tende a exagerar um pouco).

E se afastar de pessoas que nos fazem mal ajuda bastante. Acredite, eu tenho uma parentada infernal que não posso nem ver na minha frente.
Difficulter reciduntur vitia quae nobiscum creverunt.

“Deus me dê a serenidadecapacidade para aceitar as coisas que não posso mudar, a coragem para mudar o que posso, e a sabedoria para saber a diferença” (Desconhecido)

Offline José H.

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Re: Muro das Lamentações do CC
« Resposta #17494 Online: 22 de Maio de 2011, 02:06:28 »
Tenho um medo mortal de passar o resto da minha vida com minha família. Tenho minha própria cota de desastres previsíveis para acontecer quando minha mãe não estiver mais presente, e ela não me dá autonomia. Na eventualidade de acontecer alguma coisa com ela posso quase certamente dar adeus a tudo. Não tenho margem de manobra -- amigos, família, ou um emprego que me dê independência.

Eu tenho medo de um dia não valer mais a pena eu viver. E sou capaz de passar por cima do que quer que seja, nem que seja por cima de mim mesmo, para poder evitar isso.

Minhas mãos ainda estão com cheiro dos pêlos do coelho morto, que tive que enterrar. Eu tinha que desabafar essa m* em algum lugar, agora vou me limpar.
Gogorongon, sei exatamente como se sente. Já citei aqui no fórum que morei na Finlândia, mas a parte ruim eu ainda não contei:

Em 2004 conheci uma garota finlandesa que fazia intercâmbio aqui, nos apaixonamos e casamos 1 ano e meio depois, eu tinha apenas 20 anos e fui morar no meio do gelo, onde não conhecia ninguém e não sabia o idioma. O primeiro ano foi um verdadeiro martírio, passava horas em trabalhos muito cansativos (trabalhos temporários) e depois ainda tinha de assistir 4 horas de aula para ter direito a uma ajuda monetária do governa, da qual dependíamos para pagar o aluguel.

Depois de muito sofrimento e muito frio, finalmente consegui ser contratado para um trabalho fixo, mas outra coisa começou a piorar: meu casamento. Em Julho de 2010 decidimos nos separar e eu decidi voltar para o Brasil, voltei a morar com meus pais aos 25 de idade e isso é muito, muuuito frustrante as vezes. Pior ainda são as lembranças que mesmo depois de quase um ano não saem da minha cabeça; e ainda, sentir o peso do tempo que perdi, não tenho mais os antigos amigos (todos se casaram e têm suas famílias) e eu não tenho mais tanta facilidade para conseguir namoradas, estou mais gordo e mais desajeitado com as mulheres.

Retomei o curso de Direito que havia trancado, acho que aos poucos as coisas vão melhorando, é só não perder o foco.

Offline Arcanjo Lúcifer

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Re: Muro das Lamentações do CC
« Resposta #17495 Online: 22 de Maio de 2011, 02:08:25 »
Citar
Tenho um medo mortal de passar o resto da minha vida com minha família. Tenho minha própria cota de desastres previsíveis para acontecer quando minha mãe não estiver mais presente, e ela não me dá autonomia. Na eventualidade de acontecer alguma coisa com ela posso quase certamente dar adeus a tudo. Não tenho margem de manobra -- amigos, família, ou um emprego que me dê independência.

Não sei qual é sua idade, mas todo mundo um dia já pensou do mesmo modo.
 O que vc pode fazer no momento  é continuar estudando para conseguir alguma capacitação e ir mudando de emprego até vc chegar a algo que ache satisfatório.

Talvez tentar um emprego público que te dará alguma estabilidade se for o que vc quer.
« Última modificação: 22 de Maio de 2011, 02:42:14 por Arcanjo Lúcifer »

Offline Arcanjo Lúcifer

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Re: Muro das Lamentações do CC
« Resposta #17496 Online: 22 de Maio de 2011, 02:22:53 »
 

 :( ...  Que triste.
Hoje eu descobri que um gato que eu tinha visto, fazia umas duas semanas, rondando (que achei e me disseram que era de algum vizinho) na verdade tinha sido abandonado por uma vizinha sem coração, e tava passando fome. Mas o gato já foi adotado.

Eu fiquei indignada com essa vizinha que adotou um gatinho, contou pra todo mundo, e aí abandonou assim do nada.  Isso que ela já tinha adotado outros 2 gatos, que também queria desfazer depois, e minha mãe ajudou a encontrar alguém que adotasse os dois. E agora pegou esse e jogou fora. :hmph:


Não adianta passar a vida com medo/pensando no que vai acontecer porque as vezes pode nem acontecer (a gente tende a exagerar um pouco).

E se afastar de pessoas que nos fazem mal ajuda bastante. Acredite, eu tenho uma parentada infernal que não posso nem ver na minha frente.

Aqui acontece sempre, sem contar com minha cachorrada,  estou com três gatos que vieram de casas vizinhas, eles se mudaram para cá por vontade própria. Tem um quarto gato de rua que vem "roubar" comida dos meus e nós (Eu e meus familiares) fazemos vista grossa porque sabemos que ele tem fome.

Sobre a parentada, somos dois a pensar assim.




Offline Dr. Manhattan

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Re: Muro das Lamentações do CC
« Resposta #17497 Online: 22 de Maio de 2011, 12:35:02 »
Já eu passei 5 anos morando sozinho, mas depois voltei a morar com meus pais (aos 28 anos!) Só que foi tudo de caso pensado:
a ideia era eu morar com eles uns tempos, sem pagar aluguel, para ir juntando dinheiro para comprar um apê. Ajudou muito o fato de
eu ter uma ótima relação com eles, mas isso não impediu de eu passar 4 anos me sentindo um fracassado. No final deu tudo certo: fui
morar de aluguel, depois consegui dar uma entrada numa casa logo que casei.

A chave é ter sempre em mente que a vida da gente muitas vezes muda drasticamente e de forma rápida. Você pode até pensar "nada
vai mudar essa situação num futuro próximo" até que BAM, ela muda. É só manter uma atitude positiva e a esperança* no futuro.

E sobre parentes escrotos: eu prefiro ficar com a imagem de antipático do que ter que aturar certas pessoas.


*Que é diferente de fé religiosa.
You and I are all as much continuous with the physical universe as a wave is continuous with the ocean.

Alan Watts

Offline Nina

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Re: Muro das Lamentações do CC
« Resposta #17498 Online: 22 de Maio de 2011, 14:55:30 »
Parente chato tem que é ser mantido longe mesmo. Não faz falta.
"A ciência é mais que um corpo de conhecimento, é uma forma de pensar, uma forma cética de interrogar o universo, com pleno conhecimento da falibilidade humana. Se não estamos aptos a fazer perguntas céticas para interrogar aqueles que nos afirmam que algo é verdade, e sermos céticos com aqueles que são autoridade, então estamos à mercê do próximo charlatão político ou religioso que aparecer." Carl Sagan.

Offline Vito

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Re: Muro das Lamentações do CC
« Resposta #17499 Online: 22 de Maio de 2011, 17:12:18 »
Menos eu não tenho problemas dos vizinhos, mas tem outro me incomoda é jogar o cigarro na janela onde fica o corredor minha casa. Lá na janela não tem como ele limpar, quem vai limpar sou eu: Subir a escada, varrer e recolher os montes de lixos. Reclamei, mesmo assim jogam... que raiva... e a vizinha que fica terreno colocou o cartaz quinta: NÃO JOGUE CIGARRO na parede onde ela fuma cima e joga.

E a parte o tópico ficou bem interessante, ainda vivo a casa na família, tenho menos parentes chatos, mas mesmo assim tenho conviver e só falar tudo bem e tal...
Eu hoje posso sentir o fracasso porque ainda vivo é que ajudo a minha mãe o pior não existe a lei esperífica para ela aposentar INSS e isentar o Imposto de Renda com causa doença de Huntington. Se não quem fica pagando sou eu, mas eu ganho pouco que ela. Mesmo assim ela é muito cansada, perde as coisas no trabalho, ela só pode aposentar 65 anos.

Eu fico topando a esperança que existem dois projetos da leis (isentar IR e aposentadoria e também inclusive quem sofrem outras doenças por exemplo Hepatopatia Grave e Esclerose Lateral Aminiotrófica poderão receber benéficos) assim ela, minhas tias, meus primos e minhas primas ficararão muito felizes e tranquilidade. É absurdo não exisitir benéficos e inclusive eu tenho chance aparecimento a doença maldita e incurável então somos discriminados.

 

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