O Geo não escreveu nada sobre a escola constranger a criança, o fruto do problema foi uma decisão dele que a estava isolando em uma determinada situação do contato com os colegas.
Então, isso provocou um constrangimento à criança diante da família e dos colegas. E a decisão do Geo não foi nenhum absurdo, a escola não tem o direito de obrigar ninguém a atender a uma disciplina cujo corpo não é baseado em evidências e que não contribui para a formação intelectual da pessoa. A simples existência dessa disciplina é uma fonte de constrangimento para as minorias religiosas. E por que a criança se sentiu isolada? Os professores a levavam para um canto, onde ela ficava sentada sozinha numa cadeira sem fazer mais nada por 50 minutos? Colocaram a matéria num horário que impossibilitava que ela pudesse ser simplesmente buscada de volta para casa? Há de se averiguar como foi o tratamento da escola à criança também.
Eu concordo que cada um tenha direito de passar seus valores espirituais para os seus filhos. Mas também não dá para esquecer a realidade de que o ensino religoso é oinpresente em nossa educação, e comprar briga por causa de algo tão pequeno não vale a pena, ainda mais se isso está fazendo mal como foi o caso citado.
Tudo bem, eu concordo com você que não vale a pena brigar por isso se isso colocar a criança numa situação desconfortável, e como eu disse, se a criança já tiver algumas ferramentas de pensamento crítico ela vai sobreviver à aula de religião. O que eu acho um absurdo é existir esse tipo de aula na escola.
Que medo todo é esse? Mesmo que essas aulas venham carregadas com uma abordagem unilateralmente cristã, o foco da matéria é passar valores às crianças que independem do seu credo: tolerância, respeito, compaixão, força de espírito. Mesmo supondo que o enfoque do professor seja na religião cristã, não deixa de ser uma excelente oportunidade para o filho do Geo aprender sobre religião e sobre os valores pelos quais a civilização onde vive foi edificada.
Isso varia de escola para escola, depende de se o ensino religioso ali é confessional ou não. Mas mesmo que seja como você exemplificou, existe o perigo de a aula perpetuar a mensagem de que esses valores só existem dentro da religião. Se a pessoa aprende ética na aula de religião, ela pode ficar com a impressão de que não é possível ter ética fora dela. A missão de transmitir ética e valores para os filhos deveria caber aos pais, a escola existe para ensinar fatos.
Interessante teu comentário sobre os livros do Dawkins. Eu particularmente tive uma relação bem próxima com o cristianismo antes de concluir que aquilo não passava de mitologia. Talvez se tivesse conhecido os argumentos do "novo ateísmo", considerasse que eles possuem uma visão grosseira da religião. Acho triste quando algumas pessoas se afastam das religiões por preguiça de tentar compreendê-las e se agarram unicamente em uma visão cientificista.
Acredito que a maioria dos ateus vem de lares religiosos. Eu ia para o centro espírita toda semana e tive aula de religião, o máximo de literatura ateísta que eu tinha lido antes de virar ateu foi o livro Contato, onde fui introduzido a uma protagonista que era ateia e mesmo assim era uma pessoa extraordinária, e O Mundo Assombrado Pelos Demônios, que na verdade não fala nada sobre ateísmo. E eu gostei do resultado, ter superado as amarras da religião é um dos maiores orgulhos que eu tenho na vida, pois eu sei que foi um processo difícil e que eu consegui fazer sozinho, sem ajuda dos meus pais, dos meus amigos, de ninguém. Só fui conhecer outro ateu pessoalmente muitos anos depois e na época eu não tinha certeza nem de que o Carl Sagan fosse, eu já cheguei a imaginar que eu era o único ateu do mundo e acho que aquele sentimento de solidão absoluta me fez muito mais forte. Um dos dilemas que eu tenho com relação a paternidade é que eu não gostaria de introduzir um filho à religião, mas também não gostaria de tirar dele a oportunidade de caminhar sozinho.
No más, se o Geo considerar que as aulas forem muito apelativas podes oferecer um contraponto em casa.
Definitivamente. É até uma boa oportunidade para introduzir esses assuntos.