Autor Tópico: Tropa de Elite - Filme  (Lida 28746 vezes)

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Offline Donatello

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Re: Tropa de Elite - Filme
« Resposta #50 Online: 02 de Outubro de 2007, 15:07:52 »
Amom, eu não estou tentando me justificar  :|. Estou apenas ironizando, mesmo correndo o risco de tomar duas punições de uma só vez.  8-)

Citar
Quero copyright  :histeria:

????????? Ou eu não entendí ou eu não entendí...  :) Copyright de que e de quem?  :umm:

Offline Spitfire

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Re: Tropa de Elite - Filme
« Resposta #51 Online: 02 de Outubro de 2007, 15:25:20 »
Introduzi o uso rotineiro de abreviações do tipo PQP, VTNC e VSF em substituição ao termo propriamente dito.
Só deixando claro, que nunca na intenção de ofender e sim como forma de intensificar a indignação.    :ok:

Offline Dr. Manhattan

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Re: Tropa de Elite - Filme
« Resposta #52 Online: 02 de Outubro de 2007, 15:45:00 »
Heh... Horas atrás eu escrevi duas mensagens concordando com o van Dijck para esse tópico,
mas acabei desistindo de enviar. Elas estavam tão cheias de FDPs e VTNCs e outras menos cotadas
que achei melhor deixar a cabeça esfriar antes de escrever...

Agora fiquei na dúvida: palavrão em inglês é proibido também? Mesmo que seja um verso do
poeta Samuel L. Shakespeare, por exemplo: Go forth and faeck thyself, maetherfaecker!:?
You and I are all as much continuous with the physical universe as a wave is continuous with the ocean.

Alan Watts

Offline Oceanos

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Re: Tropa de Elite - Filme
« Resposta #53 Online: 02 de Outubro de 2007, 15:48:43 »
Se for pra xingar, é...

Offline Dr. Manhattan

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Re: Tropa de Elite - Filme
« Resposta #54 Online: 02 de Outubro de 2007, 15:51:26 »
 :ok:
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Alan Watts

Offline Oceanos

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Re: Tropa de Elite - Filme
« Resposta #55 Online: 02 de Outubro de 2007, 15:59:07 »
Ham, eu quis dizer que se for pra ofender outro usuário, é sim, já que o problema não é o palavrão, nunca foi, problema é ofender o cara mesmo... Se for pra xingar qualquer um que não esteja cadastrado no fórum, fique à vontade... :)

Marcon

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Re: Tropa de Elite - Filme
« Resposta #56 Online: 02 de Outubro de 2007, 20:44:56 »
Olha, não sei o motivo de um forista me agredir verbalmente por eu escrever qual é minha opinião (mesmo que muitos possam achar ela nosense).

Ningúem é dono da verdade, você têm sua opinião e eu a minha. O que eu disse não é o que irá acontecer, nada irá acontecer... todos vão continuar se matando em favelas, o tráfico irá continuar cada vez pior, várias pessoas inocentes vão morrer, vai continuar existindo policiais corruptos, bandido vai estar cada vez mais atrevido... e por assim vai...

Mas o importante é que devemos aprender a respeitar a opinião do outro, isso é importante para um bom andamento de um fórum. Senão, daqui a pouco iremos estar parecendo com evangélicos que não aceitam de maneira nenhuma qual a opinião do outro quando se trata de religião... ;)

Seu acho que branco é azul e você acha que branco é vermelho... não vamos discutir ok! rsrs... :)

E por enquanto é só... eu espero. rsrsrs... :ok:

Offline Adriano

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Re: Tropa de Elite - Filme
« Resposta #57 Online: 02 de Outubro de 2007, 21:36:27 »
Seu acho que branco é azul e você acha que branco é vermelho... não vamos discutir ok! rsrs... :)

Mas aqui é pra discutir Marcon, é um fórum de discussão  :D

Mas é como você disse, tudo com respeito!  :ok:
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Offline RickRJ

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Re: Tropa de Elite - Filme
« Resposta #58 Online: 02 de Outubro de 2007, 22:13:26 »
Não assisti o filme.Mas já conhecia o BOPE.Pra entrar ali, tem que ser muito, muito casca-grossa.
Mas essa de consumidor não ter culpa pela existência do tráfico é uma piada! Se não existe consumo ou ele é ínfimo, não existe oferta.
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Offline Alenônimo

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Re: Tropa de Elite - Filme
« Resposta #59 Online: 03 de Outubro de 2007, 00:05:05 »
Amon, se acalma vai. Ele fez uma exclamação, e não uma ofensa.

"Puta que pariu" se escreve de diversas maneiras e não é incomum ouvir no formato "puta que o pariu". Acho que ele teria ofendido mesmo se tivesse dito algo como "vá para a puta que te pariu!"

Vamos acalmar os ânimos, por favor.
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Offline Alenônimo

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Re: Tropa de Elite - Filme
« Resposta #60 Online: 03 de Outubro de 2007, 00:08:54 »
Querem uma solução para a violência e o tráfico de drogas? Uma guerra civil.

Não é necessário uma ditadura para se botar exército nas ruas. Basta declarar uma espécie de guerra contra o tráfico e matar todos esses vagabundos. Esses vagabundos são "traidores" da pátria e atacam com armamento pesado a população brasileira.

Mas parece que o país vive com medo do exército por causa da ditadura. É um saco.
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Marcon

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Re: Tropa de Elite - Filme
« Resposta #61 Online: 03 de Outubro de 2007, 10:26:17 »
Querem uma solução para a violência e o tráfico de drogas? Uma guerra civil.

Não é necessário uma ditadura para se botar exército nas ruas. Basta declarar uma espécie de guerra contra o tráfico e matar todos esses vagabundos. Esses vagabundos são "traidores" da pátria e atacam com armamento pesado a população brasileira.

Mas parece que o país vive com medo do exército por causa da ditadura. É um saco.

Lembrei da reportagem de quando queriam entrar com o exército na favela... eu não sei quem foi o indivíduo na reportagem, que disse que se colocarem o exécito nas ruas vão estar desmerecendo o serviço da policia militar e dando descrédito à força nacional, já que sua utilização deve ser para outros fins. (?)

Mas o medo da ditadura é principalmente por causa dos crimes que foram cometidos na época... mas a população esquece que naquela época podiam ficar na rua depois das 22 horas, durmir de janela aberta, não precisavamos de cerca elétrica... rsrsrs

Quando pegavam um bandido não tinhamos mais notícias dele... Sim muitos inocentes morreram e tivemos vários casos de tortura... Mas pelo menos esses marginais vagabundo não pintavam e bordavam com a impunidade como hoje em dia. Ah... sem contar que a maiorida desses políticos corruptos que estão governando hoje estavam exilados (s) nesta época... :D

Sim, sou a favor de exécito nas favelas. ;)
« Última modificação: 03 de Outubro de 2007, 10:28:37 por Marcon »

Offline Nightstalker

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Re: Tropa de Elite - Filme
« Resposta #62 Online: 03 de Outubro de 2007, 18:55:43 »
Querem uma solução para a violência e o tráfico de drogas? Uma guerra civil.

Não é necessário uma ditadura para se botar exército nas ruas. Basta declarar uma espécie de guerra contra o tráfico e matar todos esses vagabundos. Esses vagabundos são "traidores" da pátria e atacam com armamento pesado a população brasileira.

Mas parece que o país vive com medo do exército por causa da ditadura. É um saco.

Creio que não é tão simples assim, Alenônimo. O tráfico existe justamente porque há demanda, o tráfico não acabará se todos os traficantes forem mortos, outras pessoas certamente tomarão o lugar deles e conduzirão o tráfico.
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Offline Vito

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Re: Tropa de Elite - Filme
« Resposta #63 Online: 04 de Outubro de 2007, 04:15:44 »
Acabo assistir de novo com legenda. :)
Alguém quer legenda, é só pedir MP comigo.

Offline Ricardo RCB.

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Re: Tropa de Elite - Filme
« Resposta #64 Online: 04 de Outubro de 2007, 06:58:11 »
PQP, Que filme. Assisti o que estava disponível no youtube.

Segundo li o filme estréia na próxima sexta-feira (dia 05) no RJ e SP.

Vou assistir, muito bom, muito recomendado (e isso pelo que vi no youtube).
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Donald Kendall

Offline Nightstalker

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Re: Tropa de Elite - Filme
« Resposta #65 Online: 04 de Outubro de 2007, 13:27:02 »
PQP, Que filme. Assisti o que estava disponível no youtube.

Segundo li o filme estréia na próxima sexta-feira (dia 05) no RJ e SP.

Vou assistir, muito bom, muito recomendado (e isso pelo que vi no youtube).

Ao que me parece, a versão que será lançada será diferente da que vazou pela internet.
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Offline Adriano

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Re: Tropa de Elite - Filme
« Resposta #66 Online: 04 de Outubro de 2007, 14:23:10 »
PQP, Que filme. Assisti o que estava disponível no youtube.

Segundo li o filme estréia na próxima sexta-feira (dia 05) no RJ e SP.

Vou assistir, muito bom, muito recomendado (e isso pelo que vi no youtube).

Ao que me parece, a versão que será lançada será diferente da que vazou pela internet.
Também vi sobre isso, mas é bom o final do pirata é muito tosco. A expectativa fica maior.
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Offline Oceanos

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Re: Tropa de Elite - Filme
« Resposta #67 Online: 04 de Outubro de 2007, 14:44:38 »
É, o final podia ser melhor mesmo...

Offline Alegra

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Re: Tropa de Elite - Filme
« Resposta #68 Online: 04 de Outubro de 2007, 15:26:48 »
Por mim colocava todos no paredão...não faziam falta nenhuma.

Só não esquecerem os usuários, que também ter que estar nesse paredão...

Há quem o diz....eu, já é sabido que não o digo e não concordo.



Já sinto sua falta. Vá em paz meu lindo!

Offline Donatello

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Re: Tropa de Elite - Filme
« Resposta #69 Online: 04 de Outubro de 2007, 15:33:13 »
Citação de: Arnaldo Bloch em O Globo
'Tropa de Elite é fascista?'

Pelos gritos de ’caveira’ na estréia e os urros sensuais da platéia, sei não...

H algo de muito, muito hipócrita, no reino de euforia que cercou a estréia do filme mais celebrado da história do cinema brasileiro. A começar pelo discurso do diretor José Padilha, que perguntou à platéia que jorrava das fileiras do Odeon, quem já tinha visto o filme, "só por curiosidade". Quatro honrados gatos pingados levantaram as mãos, confessando-se piratas. O restante, em ato de alta covardia coletiva, emudeceu, e fez-se um silêncio sepulcral no palácio cinematográfico na Cinelândia.

Com a maior credulidade do mundo, sem qualquer signo de ironia, Padilha, herói de todo um Brasil de honestidade, retribuiu:

- Que bom! Uma platéia virgem!

Risadas, festa, alegria, quel esprit! Sentado no balcão lá atrás, bem malocado (o termo é proposital) dos holofotes, não resisti e gritei a plenos pulmões, ou o que resta deles, maltratados que foram no tempo remoto em que fumava (tabaco, é claro, imaginem!):

- Bando de mentirosos!

Claro que, afora aqueles dois otários (coitados, pensaram que iam ser maioria...), ninguém dos 800 vultos que hiperlotavam o cinema, apertando-se nas escadas e no chão, ia ser besta de assumir o ato de contravenção, ainda mais que estava lá o Secretário de Segurança, outro que emudeceu.

Se assumissem, como é que iam depois ter cara para gritar "caveira" em corinho (quase vomitei o pastel de cordeiro, delicioso, que comi antes) à medida que o capitão Nascimento, o nosso Rambo do Bope (magistralmente interpretado por Wagner Moura) ia se sagrando herói da noite, libertador de todos os medos e de todas as culpas, vingador natural de todos os corações desprotegidos, resultante transcendente de todo o bem e todo o mal ?

Não foi à toa que parte do público sentiu-se à vontade para gritar o lema da tropa corrupta e matadora. Afinal, ao optar pelo capitão Nascimento como narrador do filme, Padilha assumiu, de maneira sistemática, acrítica e quase pedagógica - e justificou para a média reacionária da sofrida sociedade espectadora - o discurso e o ponto de vista do que há de pior na corporação, o discurso da pseudo-razão enlouquecida dentro da loucura institucional, o discurso do "não há saída, tem mesmo é que matar." Tudo no filme que não é o discurso do Capitão Nascimento soa ridículo, risível, até porque os demais personagens são extratos estereotipados numa narrativa que se quer naturalista, mas crivada de cortes que de abrangentes nada têm.

Assim, no filme de Padilha, só a classe média-alta universitária de Zona Sul consome maconha e cocaína. Esta classe média-alta (a "galera"), para fazê-lo, necessariamente, e até com uma certa boa disposição de espírito, trava as melhores relações com o comando do tráfico, descarregando sua culpa burguesa em ongs-fantasia que nada mais são que organismos-títeres da alta bandidagem.

Curioso que, num filme tão up to date, tão distribuído por tantas majors (aliás, quando apareceu "Universal Pictures" na tela, teve gente quase esvaindo de gozo), as várias discussões sociológicas que se travam sobre a questão da violência policial (no âmbito da universidade onde estuda a bandidagem burguesa, no caso, a PUC) não há uma sílaba sequer referente a teses modernas, como a liberação do consumo de drogas, hoje altamente aceitas, ao menos como tema de debate, em qualquer foro, mas não na sala de aula retratada por Padilha, onde só há viciados alienados, com exceção do policial Matias, que conhece a realidade.

A preocupação obsessiva de Padilha é com o baseado que a galera queima, reforçando a tese surrada de que os maiores culpados pela violência do tráfico são os usuários (todos, naturalmente, burgueses). A cada menção desta abobalhada burguesia com "consciência social" (as aspas são do cineasta), gritinhos histéricos eram ouvidos em redutos da plateia, reforçados por palmas tímidas que logo se ocultavam ante a não-aderência (felizmente!) da massa presente. E ao final, quando o aspirante Matias se transformou num "policial de verdade" (leia-se: quando abandona seus princípios e aceita a tortura a crianças como método válido para seus nobres fins de vingança contra el capo) uma ovação aliviada consagrou "Tropa de elite" como porta-voz de nossas inquietações. E dá-lhe "caveira"!

http://oglobo.globo.com/cultura/mat/2007/09/25/297870057.asp

É parece que eu não sou tão burro quanto até estava me convencendo de que era. Há quem tenha visto o filme do mesmo modinho que eu vi: ler nas entrelinhas... coisa tão difícil que nem quando as entrelhinhas aparecem em caixa-alta e neguinho ainda consegue.

Por falar em entrelinhas, pra saber se o filme faz ou não defesa de um modo criminoso de ser polícia é fácil. É só dar uma lidinha nos posts de quem afirmou que não, neste tópico. Como eu sempre digo: pra quem acha que matar, roubar, torturar e discriminar não são ações criminosas, fazer propaganda destas ações nunca será apologia ao crime.
« Última modificação: 04 de Outubro de 2007, 16:19:27 por Donatello van Dijck »

Offline Donatello

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Re: Tropa de Elite - Filme
« Resposta #70 Online: 04 de Outubro de 2007, 15:56:50 »
Citação de: João Paulo Quenca, no mesmo O Globo
Talvez precise esclarecer a alguns ideólogos unicelulares que, da mesma forma que existe reacionarismo "involuntário", como esse de "Tropa...", existe reacionarismo de direita e de esquerda. Falando em cinema, talvez seja exemplo emblemático “Soy Cuba”, de Mikhail Kalatozov. Quando lançado, em 1964, era um filme “revolucionário”. Hoje, me soa reacionário (de esquerda) até o fim – mas nada disso tira dele o mérito de ser um grande filme.

Rápida nota: já que andou-se comparando, "O poderoso chefão", muito ao contrário de "Tropa de Elite", não é uma obra moralista.Não questiono a intenção do diretor de "Tropa...". Apenas afirmei e afirmo que Padilha fez, querendo ou não, um filme reacionário. Outra coisa: Nascimento, além de protagonista, é herói do filme, sim. Não há confusão alguma. É apresentado como herói, filmado como herói, iluminado como herói, fotografado como herói etc. Cinema não se faz com discurso pós filme. Cinema se faz na tela, independentemente do discurso do seu diretor e dos seus atores.

Para esclarecer ainda mais o tema, faço questão de reproduzir abaixo um e-mail que recebi do leitor Gustavo Alejandro Oviedo:

“No primeiro filme de Mel Brooks, “Os Produtores”, os protagonistas tentam criar uma peça teatral repulsiva, uma apologia ao nazismo chamada “Primavera para Hitler” com a intenção de que ela fosse tão ofensiva para o publico que resultasse num fracasso absoluto. Para o espanto dos referidos produtores, a obra acaba sendo um sucesso estrondoso.

“Tropa de Elite” é “Os Produtores” ao avesso.

A maioria dos comentários que ouvi e li sobre “Tropa de elite” demonstram admiração pelo filme. Muitos o consideram o melhor filme brasileiro dos últimos tempos, enquanto outros já conseguem ver a Sonia Braga entregando o Oscar do melhor filme estrangeiro à Padilha. Mas o mais perturbador é que a mesma admiração é também destinada ao BOPE e a sua forma de atuar. O filme conseguiu legitimar o pensamento reacionário que muitos não se animavam a manifestar: a idéia de que bandido bom é bandido morto; que a policia pode ser assassina e torturadora (mas apenas com os favelados, é claro) desde que não seja corrupta; que é o consumidor de drogas quem financia o tráfico e não a proibição delas que a transformam num grande negócio; que as ONGs protegem bandidos, etc. Trata-se do típico discurso do brasileiro que, cansado da violência e a impunidade, apela à saudade da ditadura, ainda que não a tenha vivido - ou talvez por isso. É uma forma de pensar, afinal, tão legitima como a de quem opina o oposto. O grande problema é que, suspeito, Padilha não pensa dessa maneira. Nesse sentido é que digo que Tropa de Elite é um filme ideologicamente falho.

Pois, de qual lado está “Tropa de elite”? Reparem: a historia é contada pelo protagonista, quem nunca revela arrependimento pelo que faz. Pelo contrario, há orgulho por pertencer à força, do jeito que ela é até o final do filme. Tudo o que se passa na favela, ou com os universitários, ou com a PM, possui a intenção argumental de aprovar a reação brutal do BOPE, que fica finalmente aos olhos do espectador como a única instituição pura da sociedade. Os problemas domésticos do capitão Nascimento, assim como o treinamento a que são submetidos os recrutas, não fazem mais do que realçar o sacrifício heróico dos protagonistas.

Atenção, na historia do cinema, nem todo grande diretor foi politicamente correto. Exemplos disso são Griffith, Ford, Kazan, ou ainda Mel Gibson, para quem quiser colocá-lo na categoria. Mas todos eles sempre assumiram sua postura torta. Sempre, digamos, assinaram embaixo de sua ideologia.

“Tropa de Elite” seria uma grande obra cinematográfica se Padilha fosse um extremista de direita. Como ele não o é, o que restou foi um fracasso artístico, embora um sucesso comercial. “Uma Primavera para Hitler” à brasileira.”

Gustavo Alejandro Oviedo

***

Não agüento mais “Tropa de elite”. Apesar de levantar algo que poderia ser um bom debate, me sinto um pouco mal por ocupar esse espaço por mais do que três dias sobre um filme, cá entre nós, nem tão bom assim.

Resisti até agora a tocar no assunto, já que o tema proposto aqui não é minha opinião sobre o filme em si, mas... Numa frase: não gosto do filme porque é maniqueísta (ainda que se pretenda “socialmente consciente”), e repleto de clichês propagados por um off constrangedor e interminável ditado enquanto as imagens se sucedem em ritmo de ágil videoclip de testosterônica violência estilizada cucaracha style com trilha sonora para “empolgar a garotada”. No gênero, prefiro os filmes do Dirty Harry, do tempo em que o Clint ainda não era um gênio do cinema.

Ainda assim, gosto da atuação do Wagner Moura. Gosto da edição de som (melhor som que já ouvi num filme brasileiro), da montagem primorosa, e do “politicamente incorreto” do personagem – isso faz falta no cinema nacional. Por outro lado, a narrativa é didática demais.

Enfim, o filme, seu diretor, atores, produtores e árduos defensores me parecem ideologicamente mais ingênuos e confusos do que a galera da casinha da PUC que se mete com os traficas do morro em “Tropa de elite”. Vide "defesas" ao filme que nada falam sobre o filme e o já citado grito de "caveira!" antes da pré-estréia.

Faço a ressalva: isso é muito menos culpa do filme do que deste país, claro. Se o filme é ingênuo, o país é brutalmente violento. Como não estamos na Suécia, o que se vê é "Capitão Nascimento para presidente" e o aplauso geral à práticas de exceção. Que, na vida real, fora do filme, são aplicadas também contra inocentes - e "Tropa de elite", aliás, não mostra isso em nenhum momento. O que faz com que todos os argumentos inflamadinhos de que o filme é “realista” caiam por terra.

Sobre "caveira!":

Estranhei mesmo foi ler no jornal que o grito de guerra da produção e dos atores abraçadinhos antes de entrar no cinema na noite de estréia era “Caveira!” Guardadas as proporções, é como se o grupo de atores de uma peça sobre o nazismo gritasse "Heil Hitler" de mãos dadas no camarim para atrair boas energias antes do espetáculo.

Sobre a casinha da PUC:

Falando um pouco sobre o filme em si: uma das boas coisas é o retrato (meio esteriotipado, mas esse não é o problema) da ideologia vacilante dos estudantes "maconheiros" da PUC. A cena da passeata para mim é o ponto alto. Mas isso infelizmente se perde no meio de uma narrativa unidimensional.


« Última modificação: 04 de Outubro de 2007, 16:01:17 por Donatello van Dijck »

Offline Rodion

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Re: Tropa de Elite - Filme
« Resposta #71 Online: 04 de Outubro de 2007, 17:03:42 »
hm, estou curioso pra ver. estréia amanhã.
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Re: Tropa de Elite - Filme
« Resposta #72 Online: 04 de Outubro de 2007, 17:22:20 »
Não sei quando vai estrear aqui no Paraná :(
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Offline Adriano

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Re: Tropa de Elite - Filme
« Resposta #73 Online: 04 de Outubro de 2007, 17:32:34 »
É parece que eu não sou tão burro quanto até estava me convencendo de que era. Há quem tenha visto o filme do mesmo modinho que eu vi: ler nas entrelinhas... coisa tão difícil que nem quando as entrelhinhas aparecem em caixa-alta e neguinho ainda consegue.

Por falar em entrelinhas, pra saber se o filme faz ou não defesa de um modo criminoso de ser polícia é fácil. É só dar uma lidinha nos posts de quem afirmou que não, neste tópico. Como eu sempre digo: pra quem acha que matar, roubar, torturar e discriminar não são ações criminosas, fazer propaganda destas ações nunca será apologia ao crime.
A justificativa do Padilha é bem interessante. Ele alega que o filme demonstra a realidade policial, e nisso eu concordo. É possível interpretar o filme como uma denúncia da tortura que ocorre, e o Bope se manisfestou dizendo que o filme mostrava uma face violenta do batalhão.

As entrelinhas aparece que a reportagem indicam, e gostei desse ponto de vista, é da narrativa ter um componente ideológico. Mas é válido já que possibilita a discussão sobre o tema.

A lei de tortura no Brasil já é mais rigorosa e os direitos humanos estão para regular as ações do estado. Quem fiscaliza os indivíduos é o estado, então os direitos humanos vem contra balancear essa situação.  E não tem como fugir do exemplo da Alemanha com o nazismo, quando o  estado perdeu a noção de humanidade.
 
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Re: Tropa de Elite - Filme
« Resposta #74 Online: 04 de Outubro de 2007, 18:57:44 »
É, o final podia ser melhor mesmo...

Parece com os finais de livros de Phillip K. Dick.
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