O filme-tucanopor Felipe Atxa em 16 de outubro de 2007 "O uso de drogas existe desde que o mundo é mundo e não vai ser a repressão que vai acabar com o consumo. Mas a legalização pode acabar com o tráfico."; “Fico preocupado quando vejo o capitão Nascimento ser tratado como herói. Fico pensando como reagiria ao filme uma platéia sueca. Não creio que pensariam naqueles policiais torturadores como heróis, assim como muita gente que vê o filme aqui pensa.” - Wagner Moura, ator principal do longa (
http://www.vnews.com.br/site_new/detalhe_area.aspx?id=17542&type=5)
"Polícia era uma coisa que eu abominava. Continuo com a mesma opinião, mas agora conheço as pessoas". - André Ramiro, ator do filme (
http://www.medianeira.com.br/noticias.php?id=607499)
"Havia interação com os moradores. Às vezes os traficantes apareciam e davam conselhos, como: 'Não é assim que se queima um cadáver". - José Padilha, diretor, sobre as filmagens (
http://cinema.terra.com.br/interna/0,,OI1923396-EI1176,00.html)
De tempos em tempos, brasileiros inteligentes, cansados da dominação esquerdista na cultura, agarram-se ao primeiro filme “diferente” que vêem pela frente, na esperança de que “algo possa mudar” ou ser sinalizado num contexto amplamente dominado pelo pensamento único. Esse fenômeno vem desde “2 Filhos de Francisco” (ode à iniciativa individual? Claro que não: os vilões do filme são o “empresário corrupto” – que se aproveita dos cantores mirins - e o “governo militar” – motivo da censura da música da dupla na rádio - , mostrando que o sucesso só vem quando o “pobre se mobiliza” – o pai dos cantores, que convence seus colegas de canteiro de obras a telefonar para a rádio pedindo que toquem a canção dos filhos) e chega agora a “Tropa de Elite”. (Em tempo: os “cérebros” por trás de “2 Filhos de Francisco” notabilizaram-se também por fazer campanha para Lula e dar declarações de deboche a respeito do movimento “Cansei”.) (
http://odia.terra.com.br/cultura/htm/geral_119731.asp)
Tudo é altamente suspeito em “Tropa de Elite”. A começar com o escândalo feito em relação à pirataria do DVD do filme, que coloca a produção em situação extremamente confortável: ocasiona uma publicidade gratuita gigantesca, e ao mesmo tempo permite ao filme um salvo-conduto caso não estoure na bilheteria: “ah, foi por causa da pirataria”. Quem conhece minimamente o mercado cinematográfico sabe que há uma diferença imensa entre o público que compra um DVD falso de um camelô a 5 reais do espectador que paga 18 reais num cinema de shopping. Sabe também que o público de Cinema Brasileiro é, por si só, diferenciado em relação ao público de forma geral. A pirataria prejudica “Tropa de Elite”, mas prejudica muito antes e com muito mais força filmes como “Homem-Aranha 3”. Não se vêem camisetas explorando o fato distribuídas pelos produtores desses filmes norte-americanos.
Quem vê o filme e o chama de “conservador” ou “revanchista” não percebe o óbvio: seu caráter é de denúncia contra a violência policial, contra o “sistema”, engenhosamente posicionado para confundir a opinião pública e se passar por um “filme brasileiro diferente”. Diferente coisa nenhuma: feito com 9 milhões em dinheiro público (
http://sif.ancine.gov.br/projetosaudiovisuais/ConsultaProjetosAudiovisuais.do?method=detalharProjeto&numSalic=040238), dirigido por um cineasta cujo filme anterior é um libelo contra as “desigualdades sociais” (
http://www.cineclick.com.br/cinemateca/ficha_filme.php?id_cine=10821), co-distribuído pelo magnata esquerdista Harvey Weinstein (
http://www.imdb.com/name/nm0005544/bio), baseado no livro de um célebre sociólogo esquerdista colega de MV Bill (
http://www.luizeduardosoares.com.br/), a partir de depoimentos de ex-policiais que saíram do BOPE exatamente para fazer carreira como civis denunciando os “abusos” dos ex-colegas (
http://www.luizeduardosoares.com.br/). Atores e diretores, preocupados em desfazer o “mal-entendido”, não cansam de ir à TV para defender a legalização das drogas. Não dizem, obviamente, se os milhares de assassinos e bandidos envolvidos com o tráfico deverão ser automaticamente “legalizados” junto com o produto que vendem, ou se deverão partir para negócios correlatos, como seqüestro e roubo a banco. Ou ainda se, pensando-se numa “terceira via”, serão agraciados por algum governo com uma espécie de “Bolsa-Vagabundo”, para ex-criminosos de crimes que não mais existem e pelos quais não poderão mais ser condenados (lembremos que modificações na lei penal podem retroagir para beneficiar o réu).
É falso se afirmar que não há heróis em “Tropa de Elite”. Há, sim, precisamente um: Maria, a garota que trabalha na ONG, interpretada por Fernanda Machado. Ela é gentil, bem-intencionada e honesta o tempo todo. O que o filme “quer dizer com isso”? Que há gente de bem nas ONGs - mas não na polícia: os policiais, quando não são corruptos covardões, são assassinos em série e espancadores. As personagens dos bandidos têm a profundidade de uma folha de papel de seda. O filme é relativamente crítico quanto ao papel das organizações sociais e sua relação com criminosos, mas seu foco não é esse: o tiro certeiro de “Tropa de Elite” é contra, mais uma vez, as classes médias urbanas. Drogadas e depravadas, aproveitam-se dos serviços da mão-de-obra de favelados, meninos de rua etc. E os pobres, mais uma vez, são vítimas das circunstâncias, robôs sociológicos fazendo o que o “sistema apodrecido” os ordena.
O que se diria de um filme que, abrindo mão de mostrar algum dos mil gols que Romário fez, por exemplo, escolhesse a dedo dois ou três episódios desabonadores de sua carreira? Ninguém seria inocente o suficiente para dizer que o filme imaginário mostraria o “ponto de vista de Romário”, ou que fizesse uma “celebração de sua carreira”. Pois bem: o caso de “Tropa de Elite” é análogo a esse. Entre milhares de operações levadas a cabo por um batalhão de elite, o filme escolhe narrar duas ou três que supostamente teriam acontecido, e dado muito errado: os policiais erram a mão, descumprem a lei e atentam contra os direitos de cidadãos desarmados. O filme seria “pró-polícia” se arriscasse mostrar as milhares de operações efetuadas pela tropa e as conseqüentes milhares de vidas salvas por suas ações. Mas a produção está pouco interessada nisso: o melhor que apreende dos policiais é os tapas na cara que dão nos suspeitos desarmados.
O mais incrível da história toda é como direitistas e conservadores, acostumados a perceber – com razão - manipulações esquerdistas por todos os lados, tenham tanta dificuldade de enxergar o óbvio: o filme não será usado, nem aqui nem lá fora, como uma celebração do policial honesto e incorruptível, mas sim para, mais uma vez, colocar em xeque toda e qualquer ação da justiça armada contra o banditismo organizado. Quando a polícia age, na óptica do filme, o faz à margem da lei (torturando, espancando e matando). Melhor que não aja, então: porque o problema é, antes que repressivo, de “distribuição de renda”, “excesso de desigualdade”, etc. A mesma ladainha esquerdista de sempre, facilmente percebida caso se deixe um pouco de lado o conteúdo do filme (a “historinha”) e se reserve um pouco mais de atenção a sua mensagem (o que o filme “quer dizer”, no final das contas?). A questão é que o filme, o diretor, os produtores e o distribuidor perceberam que o público, cansado de ver bandidos glorificados na tela ou na televisão, reagiria de forma entusiasmada à “catarse de justiça violenta” promovida pelo Capitão Nascimento. Nunca se viu um filme sobre nazistas utilizar de forma despreocupada a suástica em sua logomarca de divulgação. Pois bem: “Tropa de Elite” coloca a caveira do BOPE no cartaz do filme, apelando aos instintos de uma platéia sedenta de um pouco de ordem na bagunça judicial em que se transformou o país. Mas os produtores não querem ser confundidos com “esse tipo de gente”. Querem os milhões de reais em ingressos vendidos para “fascistas”, “conservadores” e “direitistas”, mas abominam ser confundidos com eles. Similar ao caso dos Democratas ou do PSDB de São Paulo, por exemplo, que permitem que o dinheiro público financie a propaganda da “revolução social” (
http://www.midiasemmascara.com.br/artigo.php?sid=5981&language=pt), mas precisam dos votos da direita para ter existência eleitoral.
Da mesma forma como pouco se pode esperar de políticos cujos partidos estão umbilicalmente ligados a organizações internacionalistas ou revolucionárias como o Foro de SP e o Diálogo Interamericano (pois cada ação isolada só pode ser compreendida à luz de um projeto maior, na linha do tempo e correlacionada com dezenas de outras ações aparentemente também isoladas, mas que passam a fazer sentido se vistas dentro de um processo revolucionário), um filme produzido dentro de um esquema altamente dependente do Estado esquerdista e inspirado pela intelectualidade militante não poderia ser visto como nada além de outra iniciativa de um projeto maior de dominação cultural, determinado e levado a cabo, obviamente, pela mesma esquerda que atua na política e na guerra ideológica. Pensar qualquer coisa diferente disso é estar tão equivocado quanto aqueles que acreditam que o PSDB é um partido conservador ou que o Democratas possa, sozinho, fazer frente a 40 anos de fomentação do pensamento esquerdista nos corações e mentes dos brasileiros.
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