EUA dizem que Coreia do Norte não vai conseguir chamar a atenção com ameaçasA Coreia do Norte não vai conseguir chamar a atenção do mundo com ameaças que nada farão além de reforçar mais ainda seu "isolamento", avisou nesta quarta-feira a Casa Branca, depois de o regime comunista ter ameaçado a Coreia do Sul com um ataque militar.
"A Coreia do Norte não vai conseguir chamar a atenção com ameaças. Suas ações não fazem nada além de reforçar seu isolamento" no cenário internacional, declarou à imprensa o porta-voz Robert Gibbs.
Gibbs destacou que seria preferível que a Coreia do Norte volte seus esforços para "o cumprimento de seus direitos e obrigações", e admitiu que os Estados Unidos estão "preocupados" com as ameaças proferidas pelo regime comunista.
Hillary reitera apoioA secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, reiterou nesta quarta-feira o compromisso dos Estados Unidos com os aliados Japão e Coreia do Sul frente às ameaças da Coreia do Norte. Hillary Clinton disse esperar que Pyongyang possa retornar às negociações para que o país abandone seus programas nucleares.
Durante coletiva de imprensa, Hillary disse também que a Coreia do Norte, que conduziu seu segundo teste nuclear na segunda-feira, está agindo de maneira provocativa e agressiva com seus vizinhos e que há consequências para tal comportamento.
Fim do armistícioA Coreia do Norte, que enfrenta reprimendas internacionais por causa do seu teste nuclear desta semana, ameaçou nesta quarta-feira atacar a Coreia do Sul após o governo de Seul ter se unido a uma iniciativa norte-americana de interceptar navios suspeitos de envolvimento com armas de destruição em massa.
Agravando a tensão regional ainda mais, Pyongyang reativou sua usina que produz plutônio enriquecido para bombas atômicas, de acordo com a imprensa sul-coreana.
Em Moscou, uma fonte oficial disse a agências de notícias que a Rússia está tomando medidas preventivas de segurança, por temer que a tensão na região vizinha possa levar a uma guerra nuclear.
O Conselho de Segurança da ONU está discutindo formas de punir a Coreia do Norte pelo teste nuclear de segunda-feira, depois do qual Seul anunciou que iria participar da chamada Iniciativa de Segurança da Proliferação, mantida pelos EUA desde o governo de George W. Bush.
"Qualquer ato hostil contra os nossos pacíficos navios, inclusive operações de busca e apreensão, será considerado uma infração imperdoável da nossa soberania, e iremos responder imediatamente com um poderoso ataque militar", disse um porta-voz do Exército norte-coreano à agência oficial de notícias KCNA.
Ele reiterou que o Norte não se considera mais vinculado ao armistício que encerrou a Guerra da Coreia (1950-53), já que os EUA ignoraram sua responsabilidade como signatários do tratado, ao atrair a Coreia do Sul para os seus esforços contra a proliferação de armas.
Soldados da Coreia do Sul observam fronteira com Coreia do Norte / APAs duas Coreias travaram violentas batalhas navais em 1999 e 2002, perto de uma fronteira marítima disputada na sua costa oeste. Ao longo do último ano, o Norte ameaçou atacar navios do Sul nessas águas do Mar Amarelo.
O teste nuclear também gera preocupações de que Pyongyang poderia transferir armas ou tecnologia nuclear a outros países ou grupos. Washington acusa o regime comunista norte-coreano de tentar vender tecnologia nuclear a Síria e outros.
Kim Jong-il prepara a sucessãoAnalistas dizem que a nova fase de intimidações é parte de uma estratégia do dirigente comunista Kim Jong-il para reforçar seu poder e direcionar sua sucessão em benefício de um de seus três filhos, além de desviar a atenção para a grave situação econômica da Coreia do Norte.
Há especulações de que Kim estaria com a saúde abalada por causa de um derrame sofrido em agosto, e que desejaria preparar seu filho caçula como sucessor. O próprio Kim tornou-se líder do regime, em 1994, com a morte de seu pai, Kim Jong-il.
A comunidade internacional tem pouco a fazer para conter a Coreia do Norte, que já sofre sanções internacionais desde 2006 devido a teste nucleares e com mísseis, e precisa de ajuda internacional para alimentar sua população de 23 milhões de pessoas.
Uma fonte do Departamento do Tesouro dos EUA disse que Washington cogita possíveis medidas para deixar a Coreia do Norte ainda mais isolada financeiramente.
Os presidentes da Coreia do Sul, Lee Myung-bak, e da Rússia, Dmitry Medvedev, disseram numa conversa telefônica que a comunidade internacional precisa reagir com firmeza às ações do Norte, inclusive com uma resolução do Conselho de Segurança da ONU, segundo relato do governo sul-coreano.
Usina religadaO misterioso regime norte-coreano parece ter levado adiante a ameaça feita em abril de reativar sua usina de plutônio em Yongbyon, de acordo com o jornal Chosu Ilbo, o maior da Coreia do Sul.
"Há vários indicativos de que as instalações de reprocessamento de Yongbyon retomaram suas operações, detectadas por um satélite de vigilância dos EUA, e elas incluem vapor saindo da instalação", disse uma fonte governamental não-identificada ao jornal.
A usina de Yongbyon, remanescente da era soviética, vinha sendo desmantelada como parte de um acordo multilateral que previa ajuda ao país. Mas por enquanto não há sinais de que a Coreia do Norte voltou a separar plutônio no local.
Depois do teste de segunda-feira, resta ao país provavelmente material para mais cinco a sete bombas, segundo especialistas. Mas o regime poderia extrair plutônio de cápsulas usadas de combustível, de modo a obter, até o final do ano, material para mais uma bomba.
A KCNA disse que o país celebrou o êxito do teste nuclear com um desfile militar na capital. "O teste nuclear foi uma grande realização para proteger os interesses supremos da RDPC (Coreia do Norte) e defender a dignidade e a soberania do país e da nação", disse um dirigente comunista à agência.
O próximo passo do regime pode ser retomar as atividades em toda a usina de Yongbyon, e especialistas dizem que o Norte poderia levar até um ano para reverter todas as medidas de desarmamento adotadas. Quando a usina estiver funcionando, ela pode gerar plutônio suficiente para uma bomba por ano.
Pyongyang também ameaça lançar um míssil balístico de longo alcance se o Conselho de Segurança da ONU não pedir desculpas por ter endurecido a fiscalização das sanções, em reação ao disparo de um foguete em abril, que supostamente violou a proibição de teste de mísseis em vigor desde 2006. A Coreia do Norte alega que o foguete serviu para colocar em órbita um satélite com fins pacíficos.
Infográfico:
http://images.ig.com.br/infograficos/CNorteNuclearPT2605/start.swfhttp://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/2009/05/27/eua+dizem+que+coreia+do+norte+nao+vai+conseguir+chamar+a+atencao+com+ameacas+6376906.html