Muita confusão parece surgir por causa da óbvia vantagem cognitiva do homem em relação aos outros animais. Claro que, como
já foi dito aqui, isso não implica em uma superioridade intrínseca.
Na minha opinião, a consciência (e não apenas a inteligência) que homem desenvolveu causou uma espécie de pequena "singularidade" biológica: uma característica de uma espécie, que é útil para sua sobrevivência, se tornou hipertrofiada e passou a agir como se tivesse uma agenda própria, mesmo em detrimento do seu "hospedeiro".
Num exemplo exagerado, seria como se os chifres de uma espécie de antílope crescessem de forma exagerada e passassem a obrigar esses animais a realizar atividades que não necessariamente ajudam a sobrevivência da espécie. Essas atividades podem até ter origem numa função mais útil, mas tornam-se deformadas e até prejudiciais para a espécie. No nosso caso, temos atividades como: ascetismo, celibato e auto-flagelação. Existe também a arte e a própria busca pelo conhecimento (dificilmente algum cientista vai afirmar com sinceridade que a busca pela perpetuação da espécie foi o que motivou seu interesse pela ciência). Resumindo: no contexto da evolução da espécies, a mente humana pode ser vista como uma aberração. Um câncer. Por isso, eu não diria que a inteligência ou a consciência possa ser usada como um critério de "superioridade". Ela se tornou (novamente, isso é só um palpite meu) algo que transcende o contexto da evolução [1].
Antes que alguem comente,
isso não é um juizo de valor: Não estou dizendo que a inteligência humana é algo intrinsecamente bom ou ruim. Penso, logo defendo o pensamento
. Se a mente é uma aberração, é uma aberração que tem a capacidade de se auto-regular. Podemos destruir o ambiente e extinguir espécies, mas também podemos descobrir meios de controlar essa destruição.
[1] Se a biosfera pudesse opinar, ela certamente consideraria o homem como um Problema Fora de Contexto
:
http://en.wikipedia.org/wiki/Outside_Context_Problem